MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 12
O encontro dos escolhidos


Notas iniciais do capítulo

Finalmente os protagonistas tiveram o primeiro contato.
Será que serão amigos ou inimigos?
A historia que cada um carrega, o peso de seus cargos, a cultura que foram criados permitirá que eles façam a vontade divina?
Ou gerará mais caos, terror, mortes e guerras?
*
— Sim, empolguei com as perguntinhas *-*
Enjoy ^-^



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A manhã a se espreguiçar vagarosa distendendo os dedos alvos para cada folha. O sol ascendendo para cada gota de orvalho e milhares de olhos vivos que se moviam, eram criados nesse instante. E o orvalho pingava das folhas menores paras as maiores, das maiores para as mais baixas e dessas, escorregava ainda pelas trepadeiras de riscos azulados, até que caía nas grandes raízes se infiltrando na terra, entontecido de sono.

E vinha aquele cheiro gostoso de terra úmida e descansada.

Pelo verde da flora na extensão do local, encontrava um topo loiro levantando, revelando uma silhueta fina e delicada, uma garota bocejando em sonolência e massageando os olhos pela invasão da claridade, rara no local, mas intensa como todo raio de sol era.

Lunally não saberia explicar como conseguiu dormir naquele lugar, nem a hora exata que adormeceu. Só sabia que depois e de tantos dias na floresta, ela já havia aprendido algumas coisas: a floresta sabia quem vinha por mal e quem vinha por bem. E o espírito Caius tinha certo poder em Mellory, pois até então, nada fez mal a garota nem assustou ela, pelo menos não propositalmente, porque um simples cair de uma folha apavorava a cidadã de Golty.

Com fome, tendo em sua bagagem a ultima refeição que trouxe em seu pequeno estoque. Um pedaço de bolo de cenoura com chocolate — uma bela refeição para uma amante de doces — e o ultimo gole de água. Desfrutava vagarosamente, caminhando no mesmo ritmo. Seu olhar era atônico, estava triste e pesarosa, estava desamparada e com saudades de sua família.

— Oh não. — abaixou a mão que segurava o bolo e levantou a outra com garrafa de água apontando para a vista de uma grande construção. — O maldito templo de lótus! — começou a pular e dançar entre as folhas secas que quebravam com o contato de seus pés. Ria, gargalhava de alivio por ter chegado ao seu destino. Deslumbrava o topo das arvores que novamente se moldaram para que não houvesse passagem de luz, escutava o silencio no local sumir, criando o som de água, provavelmente o rio que cruzava todo o continente que também passava no meio da floresta, cigarras cantando, pássaros apareceram e voavam em voltas dos caules. Era como se perto do templo a vida nascesse, como se o despertar de tudo acontecesse lá.

Fez esforço para gastar a ultima força que tinha para chegar lá, abandonou a dor em seu corpo e o cansaço de sua mente e foi em direção ao templo de Mellory. Percebeu passos pesados e muito fortes ao seu lado. Seus olhos abriram em surpresa e seu coração falhou algumas vezes, o corpo paralisou e ficou parado, estado de inércia. Era um wendigo.

— Porque sempre... — Luna tentava falar, mas esqueceu de como fazer isso por um instante, sua cabeça estava confusa, queria chorar, mas segurava a vontade. — Está do meu lado, não é? — a criatura chegou perto dela e sentou.

Lunally transfigurou sua expressão para alegria. A bipolaridade dela era muito volátil. — Então está comigo, né? — fez uma voz besta como se tivesse falando com um cachorro. — Vai me ajudar? Que coisa fofi... Diferente! Você é diferente! — falava com a criatura. Estendeu a mão para tocar no wendigo e este rosnou se levantando.  — Ok. Entendi. — Luna afastou em um pulo, assustou, mas compreendeu. — Não somos amigos, apenas colegas de trabalho. O cervo também de deu uma missão, não é? — o monstro bufou e balançou a cabeça em afirmativo. E andou na frente da loira.

*

Hatori deferindo sua espada montante de lamina larga feita de aço reforçado em todos os obstáculos que a floresta lhe impunha adentrava mais e mais em busca de Miguel. O alfa maior esta furioso, pensava até em prender seu irmão. “como pode aquele estúpido me desobedecer? Logo quando eu fiquei sabendo da verdade.” — pensava com raiva e desespero. Na verdade não era isso que lhe importava, rezava para os dragões que este estivesse vivo. Levou um dia para montar o grupo de expedição para fazer a busca e fazia três dias desde que entrou na densa floresta amaldiçoada; e nem sabia como estava à situação em Draken ou de seu irmão. Isso só fazia Hatori se sentir impotente, era uma vergonha não saber o que deveria estar sobre seu controle.

Will guiava a pequena comitiva que Hatori reuniu, logo que o alfa soube da fuga do irmão foi atrás da única pessoa que poderia saber: Will melhor amigo de Miguel; logo que Hatori forçou a barra com Will, este confessou tudo, não por falta de fidelidade, mas porque também estava preocupado com Miguel, e alem do mais, seria morto se mentisse para o Alfa.

Helio estava em Draken, pois a grande casa dos anciões não poderia saber sobre o ocorrido, muitos conflitos poderiam acontecer. O certo era Hatori ficar lá, mas se ficasse entraria em euforia e não se concentraria em nada, queria seu irmão seguro e logo de volta em seu reino.

Assim ali estava ele com alguns betas da FMR, em busca do alfa menor. A floresta era úmida e tenebrosa, situações terríveis passavam na cabeça de Hatori, sempre foi proibido entrar no interior daquela selva, Hatori só entrava ali em missões muito específicas, e outros de Draken só entravam com permissão do Alfa, também em casos extremos. Mellory não era um único caminho para os outros reinos, tinha outros, como ir por trás dos países pelas montanhas que cercavam o reino, era mais longo o caminho da viagem, porem mais seguro e mais utilizado.

— O templo está logo em seguida! Acho melhor irmos para lá, que é o meio exato da floresta, assim nos localizaremos melhor. — Matt, um beta muito competente, declarou.

Hatori estava bravo em seu interior, mas quem o visse iria sentir-se tão calmo com sua expressão e espírito que acharia que ele estivesse em um passeio na perigosa e gigantesca floresta. Mellory estava sossegado sem animais grotescos ou selvagens, um pouco suspeito, porem um alivio.

Lunally solta um pequeno grito de felicidade, e começa a rodopiar em volta de si mesma, a garota nem se quer estava acreditando que estava bem na frente da porta do templo, depois de tantos dias caminhando, apesar de não ter sido atacada ela sofreu bastante com sua mente assustada. Expectativa é uma coisa horrível.

Mellory era uma construção de pedra branca e bem lapidada, de cinco andares superiores, e sabe se lá quantos inferiores. Tinha grandes sacadas que davam para grandes portas de vidro que eram embasados e não se enxergava nada lá dentro. Era todo coberto de trepadeira e tinha duas arvores ao lado que cresceram tortas e entravam nos corredores das sacadas largas e extensas. Uma grande porta de vidro cromado fosco de uns três metros e meio era a única coisa que a impedia de infiltrar no local.

— Será que tem uma chave? Palavra mágica? Ou eu tenho que empurrar isso? —a garota suja e com fome indagava enquanto analisava a construção e observava em volta se o cervo iria aparecer para lhe ajudar. — Até parece... — Ela cruzou os braços para o Wendigo esperando que ele falasse algo, contudo, não foi isso que houve. Apenas mais silencio uma calada perturbadora e assustadora. A garota abominava estar sem gente para conversar.

O animal místico arrepiou o corpo do nada, catou Luna com a boca e escondeu atrás da arvore do lado do templo. Estavam no lado direito do local e alguém vinha na central. Lunally não entendeu o porquê da reação do animal, mas não disse nada, ficou com medo. Apenas olhou para onde a criatura mirava os olhos e esperou.

— Parece que não tem ninguém nessa parte também. — afirmou Will. O templo ficava em uma área meio limpa de vegetação no solo e não tinha aqueles emaranhados de raízes no chão que atrapalhavam a caminhada, então dava para ter uma vista mais ou menos clara dos seres vivos que apareciam ali, exceto por alguns pontos cegos.

O templo era admirável, sua estrutura era avançada e muito conservada. Hatori andou um pouco mais para averiguar se não tinha pessoa escondidas — selvagens, apátridas perigosos ou ciganos — pois como todos sabem esse templo era reservado para Golty, mas eles não veem muito ali desde a morte dos antigos alfas, então outros reinos tentam invadir ele, sem sucesso até agora. E os selvagens eram bem esquisitos, a única coisa que ele não queria topar era um desses. Que viesse um troll e não um selvagem.

— Pare! — Hatori ordenou e apontou a espada montante para o indivíduo que saiu de trás da arvore. Era uma mulher, uma linda mulher. Seus cabelos eram tão compridos e cheios que brilhavam em seu loiro intenso e magnífico. Seu olhar delicado e meigo, seus lábios macios, rosados e carnudos. Seu rosto era delicado como de uma boneca de porcelana, estava com um quimono destruído, mas sem duvidas caro e bem costurado. Não era uma selvagem pelo visto. — De onde vem? — Hatori perguntou bonançoso, com a voz branda, mas sua posição e face estavam rígidas e severas, preparadas para degolar a mulher se necessário.

Matt e Will estavam logo atrás, não fizeram nada, pois Hatori não mandou. Eram obedientes e disciplinados, e sabiam que o alfa daria conta de qualquer ameaça.

Lunally ficou paralisada por um momento, piscou algumas vezes e se recompôs. — Que falta de educação! — repreendeu e colocou as mãos na cintura. — Não te dei essa liberdade para sair apontando uma espada para mim!

— Responda. — O alfa mandou e aproximou mais ainda a espada, não gostou nem um pouco do jeito que a menina falou com ele. Era orgulhoso e gostava de ter respeito.

— Por céus. Se fosse ao menos educado seria perfeito já que és bonito. — Lunally comentou e encarou o homem. Hatori se surpreendeu com a fala da garota. — Bem, digo que não sou inimiga, eu vim em missão de paz pelo Deus de Golty, o cervo: Caius, que, por favor, bem que poderia aparecer agora! — falou exaltada olhando para o topo das arvores com esperança de ser ouvida. Ela resolveu falar a verdade de sua nacionalidade, pois se falasse que era de Draken, Findoram ou Premin seria morta, esses países eram inimigos de muita gente. Se falasse que era selvagem: morte. E se não falasse nada: morte de novo, e todo mundo ama Golty, e qualquer coisa ela corria para dentro do templo, pois só ela pode entrar lá, mesmo que ainda não saiba como.

Matt aproximou curioso — Uma cidadã de Golty na floresta? Impossível vocês são medrosos de mais para vir aqui. — falou desconfiado da informação que a garota tinha dado.

— Pois fique sabendo que está certo. — confirmou Luna e os rapazes mais uma vez ficaram pasmos com a fala da garota. — Fui forçada a vim aqui. — reclamou e quando terminou de falar viu que Matt se afastou, e a posição de Hatori ficou mais tensa, ficaram mais alerta do que antes, e olhavam para trás dela.

— Monstro! — Lunally virou a cabeça para ver o wendigo e em um segundo Hatori a virou de costas para ele. Prendeu-a e colocou a espada em seu pescoço e trancou seus pés com o dele. Suas mãos eram seguradas com uma dele, suas mãos eram fortes e ásperas, mostrava que era um lutador de longa data, o que preocupou Luna. Matt e Will foram para frente para atacar o animal. — Me solte, não sabe o que está fazendo, ele é bom! — insistiu tentando se livrar do Homem que a segurava.

— Calada, você deve ser uma selvagem, eles tem controle dos animais, se disfarçou bem. Mas vai morrer aqui. — O alfa de Draken levantou a espada para cortar a garganta da mulher. Lunally chorava em silencio, ela sabia que daria nisso. Hatori não tinha misericórdia, ele sabia que isso não ajudaria em nada, ainda mais sendo Alfa.

“Hatori. Pare!” — O alfa escutou a voz de Dhiren, seu Deus. Seu corpo se arrepiou. E percebeu que estava a cometer um erro, só não sabia qual. Ele nunca foi piedoso com alguém que não era fiel e de Draken. E por alguma razão Dhiren, o deus dragão branco quer que ele tenha piedade com aquela mulher? Seja lá o que os Deuses querem com isso estava deixando Hatori confuso e impaciente, por mais incrível que pareça.

Guardou a espada, porem não soltou sua refém e viu que Matt e Helio iriam em breve atacar o animal que se mantinha sentado e ignorava os seus soldados.

— Betas voltem! — Hatori ordenou. Seus soldados duvidosos pela ordem de seu Alfa voltaram rapidamente, a criatura não revidava e olhava para menina que também encarava o monstro chorando. Olhando desse modo Hatori se sentiu um tirano, mas fazia tudo por sua sobrevivência e por melhoria e zelo de seu reino.

— Corre Wendigo! — Berrou Lunally e soluçou desesperadamente sacudindo o corpo para sair das mãos do homem que a atacou. — Se houver mortes que seja só a minha. Corre besta!

— Eu não vou te matar. — declarou Hatori e jogou a garota no chão. O wendigo não mexeu ainda. O alfa não estava entendendo. Não estava impaciente, mas também não estava contente com a situação.

— Aconteceu algo Hatori? — Matt perguntou e Will ficou vigiando a garota que permaneceu no chão, imóvel e com os olhos arregalados.

Hatori abaixou e ficou agachado bem perto da menina que estava vermelha pelo choro e muito assustada. Hatori enfim percebeu que ela não era ameaça alguma. Porem estava em Mellory, ela deveria ter uma historia a contar, e provavelmente era algo que interessava, pois o Deus dragão interrompeu sua morte.

— Qual é seu nome? — o alfa perguntou educadamente. Os betas já desistiram de entender o que estava acontecendo. Lunally muito desconfiada e com mais pavor ainda encarou o homem que antes queria matar ela e agora quer ser educado? É um psicopata.

— Lunally e o seu? — revidou a pergunta, por mais estranha que fosse a situação, era bom conversar. Ela revestiu novamente sua armadura de coragem para tentar dialogar.

— Hatori. Eu sou o alfa de Draken. Quero saber de onde vem. — mostrou seu emblema real em sua roupa, comprovando sua fala. Percebeu que Lunally se acalmou. Luna sentou direito, pois havia sido jogada no chão. Arrumou o quimono e encarou Hatori, o rosto dele era de um deus grego, mas era tão mau que ela nem mais o achava tão bonito assim. Com tanta força e habilidade só podia ser de Draken, eles são famosos pelas técnicas de luta.

— Bem, sou a Alfa menor de Golty, prazer. — confessou sem relutância, sabia que se fosse o alfa mesmo não machucaria ela, não iriam querem atacar Golty, mais uma vez, pois os Draken eram os principais suspeitos pelos ataques, mas depois daquilo nunca mais apareceram. Se tentassem algo no máximo seria negociar para ela contar onde ficava Golty, mas Lunally com sua convicção morreria e não contaria nada.

Os cidadãos de Draken arregalaram os olhos. Não acreditaram no que escutaram, o dia estava se tornando um surpresa a todo momento.

— Porque a alfa de Golty está aqui? — Hatori indagou.

Lunally estava cansada e com fome, não queria mesmo ter aquela conversa. Nem sabia se era realmente seguro sair falando para o Alfa de Draken quem ela era, não estava pensando direito. Olhou de lado e viu a criatura que a protegeu, seus olhos encheram de água de novo. Hatori ficou preocupado, ele se sentiu extremamente mal por ter machucado aquela garota, seus pulsos ficaram marcados de vermelho, mas como saberia quem ela era? Ou se não era uma ameaça?

— Sinceramente já não sei mais. — Luna chorou em silencio contendo os soluços. — Meu povo não sabia desta viajem. O ancião líder me mandou vir aqui. E quer saber, eu não deveria ter vindo. —contou um pouco de sua situação, não ligava mais, sabia que iria morrer. Já perdeu sua amadura de coragem e aceitou seu medo como mandamento.

—Você disse que veio em missão pelo seu Deus, certo? — Hatori questionou, começou a entender. Ele também tinha uma missão com o Deus dele. Algo estava se conectando.

— Olha, alfa. — Lunally enxugou as lagrimas e fixou o olhar no homem forte e disciplinado em sua frente. — Eu não sou uma ameaça, não sei lutar, muito pior proteger. Se quiser me matar, pelo menos imploro para que seja rápido. Meu reino não tem nada a ver com isso. Então eu respondo pelo meu erro.

Hatori soltou uma risada sarcástica. Não sabia como lidar com a situação. Precisava falar com a menina, mas sem a presença dos betas. Talvez os Deuses estivessem tendo planos e Hatori iria descobrir. — Já disse que não vou te matar, você vai vir comigo para Draken.

— Me recuso! — bracejou, Lunally tinha desprezo por aquele lugar, eles eram os principais suspeitos de terem matado seus pais, nunca iria para lá. Levantou-se de forma rápida e Hatori fez o mesmo, ele era habilidoso e não a deixaria fugir. Mesmo que estivesse meio resistente de prender ela, a suposta alfa parecia ser tão delicada que tinha medo de feri-la.

Will e Matt notaram uma movimentação estranha e foram ver o que era, mas antes Will perguntou para Matt:

— Hatori que mesmo levar ela? — achou estranha a atitude do Alfa, Hatori não era de fazer prisioneiros. Will não soube responder e guiou o outro para verem o barulho no lado do templo.

Hatori viu que sobrou só ele e a Lunally, então resolveu abrir o jogo com a garota, se Dhiren não quis que a matasse, provavelmente era porque ela fazia parte do plano de recuperar a força de Draken. Aproximou-se dela fitando os olhos da garota e Lunally engoli a saliva, nervosa e rubra pela invasão de seu espaço.

— Dhiren, o Deus branco falou comigo também. Tenho certeza que Caius falou contigo. — apontou para Lunally.

— E? — desfez Luna de Hatori.

— É um sinal. Não precisa ficar em Draken, só vá lá e vamos conversar sobre, terá tratamento de realeza, pois é alfa e depois poderá ir para sua casa. — assegurou para a menina assustada. Era estranho ao mesmo tempo em que ela era medrosa tinha um espírito corajoso vibrando dela, ela uma personalidade divertida de conhecer. Isso abriu o interesse do Alfa de Draken.

Luna pensou bem, e viu que poderia ser parte do que Caius queria esse encontro, por mais doloroso que fosse ela iria, e talvez, pudesse confirmar se esse povo matou ou não seus pais. E também, ela não tinha opções. Voltar para casa agora era impossível, já não tinha mais mantimentos, tentar fugir dos Drakianos? Impossível.

A menina olhou para o templo, não sabia se entrava ou não. E ficou com medo de falar sobre com os rapazes e estes quiserem saber algo sobre o que tem lá dentro.

— Você pode entrar ai não é? — Hatori supôs, e pegou Lunally no ponto. Ele como todo o continente sabia que Golty tinha um escolhido do Deus Caius que podia entrar no templo, e estava na cara que era a garota.

— Agora não. Mas talvez em outra oportunidade. — Lunally foi andando, tentando evitar mais conversa sobre o templo. Foi puxada pelo braço por Hatori e se assustou “oh, não ele mentiu. Vai me matar”.

— Espere. Os betas estão averiguando o local, é perigoso, fique perto de mim. — mandou e se colocou na frente da Lunally.  Ele queria saber sobre o templo, mas não iria forçar nada, pois teria que ter a confiança da Alfa de Golty, então resolveu não tocar no assunto por enquanto. Ele sabia que isso seria o ingresso para um grande feito, Golty tinha suas vantagens e se Draken soubesse aproveitar uma amizade com esse país, poderia ajudar na confusão que está por vir.

O wedingo sumiu, Luna sentiu o medo entrar em si, mas não choraria, encararia sua atual realidade. Seu estomago roncou alto. — Santo cervo.

Hatori a encarou, ele ouviu o barulho e vendo a cara da menina com as mãos na barriga lhe deu vontade de rir, mas não seria apropriado. — Quando chegar a Draken me certificarei de prover sua refeição.

Lunally olhou para o alfa com os olhos brilhando. — Até que você é gentil! — elogiou e pegou a mão do alfa sacudindo ela. — Obrigada!

Will e Matt olharam os arredores, a procura de intrusos ou selvagens. Barulhos de galhos sendo estilhaçados e de um pequeno bando se aproximando, fizeram os betas ficarem alertas. Uma silhueta fina feminina se formou no horizonte, acompanhada pelo Alfa menor, Miguel, e mais dois homens e uma mulher, aparentemente ciganos.

— Miguel! – Will nem ao menos pestanejou a gritar.

O Alfa menor olhou no fundo das esferas preocupadas do amigo e correu até ele, cumprimentando-o com um fervoroso aperto de mãos.

— Will. – Suspirou de alívio ao ver alguém conhecido. – O que faz aqui?

— Bem, o senhor não vai gostar de saber. – O beta coçou a cabeça, nervoso. – Seu irmão o estava procurando. E ele não parece nada satisfeito com sua fuga repentina.

— Quer dizer que Hatori está aqui? Por que não deu as caras ainda? – Miguel fincou sua espada no chão e pediu a Kalifas, um dos ciganos que o acompanhavam para trazer Serena à sua companhia.

Matt chamou Hatori do outro lado do templo. O alfa veio acompanhado de uma garota bonita e loira, mas um tanto suja e de aspecto cansado, que fez Miguel arquear uma sobrancelha.

— Não acredito.  – Hatori estalou o maxilar, estava muito bravo, mas não deixou transparecer ainda. — Não sabe o quanto me deixou preocupado. — contou ao irmão, por mais contente que estava por ver seu irmão vivo e bem, tinha que mostrar para ele que fez um erro grave.

— Peço sinceras desculpas por ter gasto seu precioso tempo, irmão. Mas, sem os seus consentimentos, tive de adotar medidas extremas a fim de cumprir meus objetivos. – Miguel se curvou em claro tão de descaso com as palavras do irmão.

— Mais importante do que sua revolta repentina e imprudente, Miguel, é de quem se trata essa mulher e seus companheiros? – Indagou Hatori, confuso, mas tentando manter a prudência e a calma com seu irmão rebelde.

— Minha esposa. – Miguel segurou firme as mãos de Serena, o que incomodou a Alfa, a ponto de fazê-la morder com força o braço dele.

Depois de se libertar, a Ômega se apresentou:

— Não preciso de honoríficos. Meu nome é Serena e sou a Alfa bastarda de Premin.

Luna sorriu com a extroversão da garota à sua frente, ela era linda de aspecto exótico, e sentiu alivio, mais um alfa perdida, elas estavam na mesma situação. Só que ela era casada, aparentemente com seu arqui-inimigo.

— Você está com uma preminiana? Ou pior, com a filha dos assassinos de nossos pais? – O Alfa Maior perguntou incrédulo, já mostrando seu nervosismo e chegando perto de Miguel.

— Foi o que eu disse desde o início. – Serena concordou em voz baixa.

— Com quem eu ando ou o que faço já não é de acordo mais com a sua vontade, mas sob ordens de meu deus, Helias. – Miguel empurrou seu irmão, que recuou um pouco para trás. – Serena é minha esposa. E mais do que isso, prometi a ela algo. Favores em troca de favores. Por isso, não ouse tratá-la com o mesmo tom pejorativo que usaria para se referir ao pai dela, o verdadeiro assassino de nossa família.

— O garoto tem razão. – uma voz rouca penetrou vagarosamente a alma dos presentes. – Serena é uma escolhida. Assim como a menina do cervo.

— Dalila, a senhora despertou! – Kalifas beijou os dedos adornados com anéis da velha cigana.

Todos se viraram para a figura feminina enrugada e curvada atrás deles.

— As virgens nunca mentem. Os que aqui estão são puros de alma. E por isso, escolhidos. Todos vocês receberam um estigma de seus respectivos deuses, mas precisam consolidar sua união. Ou senão, as guerras voltaram mais cedo do que a previsão dos astros. – A cigana explicou gaguejando um pouco.

— Então, você também é uma escolhida? – Lunally perguntou a Serena curiosa com toda a informação que recebia.

— Aparentemente sim. Infelizmente. – A Ômega respondeu cansada de tantas novidades nos últimos dias.

— Vida difícil, não é? Eu entendo bem. Olhe meu estado! Estou em petição de miséria. — comentou Luna em comedia, adorava fazer piadas de sua desgraça.

Ambas riram, diminuindo a tensão do local.

— Pode até não concordar com a minha presença, Hatori. Mas, terá de me aturar por um bom tempo. Como seu irmão disse temos uma aliança. Um elo que não pode ser desfeito. – Serena disse, fitando profundamente os olhos do Alfa, à espera de um pouco de reconhecimento e confiança da parte dele.

— Saiba que não é bem-vinda, mas nós, de Draken, nunca descumprimos um acordo. Por isso, virá conosco para nosso país, como convidada e mulher de meu irmão. – Hatori pensou com clareza e chegou à conclusão de que aquilo era o certo a se fazer. – Mas, dispense os ciganos.

— Eles estão comigo. São parte do meu povo. Matar minha cultura é o mesmo que matar-me, sendo assim, não posso consentir com esse pedido. – Serena afirmou apoiando cada uma das mãos, nos ombros de Dominus e Kalifas.

— Realmente, você não é qualquer uma. – Miguel sussurrou no ouvido da Alfa, admirado pelo enfrentamento que ela exerceu contra seu irmão.

— Sim. Não sou. Sou uma rainha.

Kalifas sorriu com a observação de Vossa Majestade.

— E fique sabendo Miguel! — Hatori começou a falar realmente irritado. — Eu iria aprovar sua expedição para o maldito mercado! E deixaria você comprovar sua tese que Premin, o reino de sua esposa, está tentando nos invadir junto a Findoram. Mas depois desta traição que fez. Acho que vou ter que ser rígido. — Miguel já ia reclamar com seu irmão mais velho, porem Hatori bravejou primeiro: — Eu sou o alfa maior, querendo ou não me deve obediência, e não é só com você que o deus falou. Dhiren fala comigo, e pediu segredo, mas parece que com sua ignorância, saiu falando para todos os ciganos!

Luna arregalou os olhos Hatori estava muito bravo, contido, mas seu tom dava medo. Mesmo quando tentou matar ela, Hatori usou um tom normal.

— Quando nossos pais morreram você disse que seria minha força, meu escudo, mas parece que vai ser a causa de minha morte, do fim de nosso reino! Não quero escutar suas desculpas, cansei de ter que arrumar suas merdas com a cúpula! — Hatori falou mais calmo, porem triste com o descaso e desrespeito que seu irmão o tratou. Ele veio salvar ele e até iria o apoiar. —Irá se explicar sozinho para os órgãos de poder, não vou te defender... — Hatori falou decepcionado. — Onde foi à disciplina e respeito que você tinha líder do exército de Draken, Alfa menor?

— Meu irmão, sei que pode parecer estranho, mas o que estou fazendo é pelo bem de nosso país. Talvez você não consiga entender isso agora, mas tenho certeza que no futuro verá a .... – Miguel começou a explicar, mas foi interrompido por Serena.

— Verá a lealdade de seu chefe militar. – A jovem completou, em alto e bom tom. – Basta esperar. Daremos resultados efetivos em pouco tempo.

Hatori a olhou, um tanto descrente. — Lealdade? Isso eu sei que tem nem é louco de não ter! — Afirmou. — É apenas respeito que lhe falta. — concluiu.

— Então, será que o senhor também o respeita? – Serena perguntou, arisca.

— Hatori, devemos ir logo já que estão todos aqui. — Matt sugeriu querendo parar a briga.

Hatori foi até a Lunally e colocou as mãos e suas costas a direcionando para frente. — Está é a Alfa de Golty, irá conosco. — Falou Hatori indo a caminho para sua casa. Ele estava aborrecido e muito decepcionado. Ciganos em sua cidade, uma cidadã de Premin, seus maiores inimigos. Estava perdido.

O restante não questionou e seguiram as ordens do alfa maior, este guiava a loira desorientada, a fitou de lado e ela sorriu tentando o confortar. A goltyana percebeu como ele estava afetado pela situação.


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Notas finais do capítulo

E ai lindões e lindonas? (juro que não é referencia ao youtuber, só deu vontade de escrever ~kkkk)

Um pouco grande? É que empolgamos!
Falem nos comentarios se gostam de capítulos grandes, pequenos, medianos que vamos tentar obedecer um padrão!

Ps¹: Hatori e Miguel se amam, tá? Por mais que não pareça muito, o orgulho atrapalha muito sabe?

Ps²: Visitem o blog na descrição da Fic♥



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