Anna Selina escrita por Georgeane Braga
Notas iniciais do capítulo
Mais um capítulo para vocês ♥
E obrigada às queridas Paty Everllark e Carol Rochaaa por deixarem seus comentários lindos aqui e por estar acompanhando essa estória.
♥ ♥ ♥
E, meninas, eu ainda não respondi os comentários mas farei logo, logo, tá? *-*
Música para acompanhar o capítulo: Wings to Fly - Susan Boyle [youtube]
Boa leitura a todos!
─ Senhor Conde, já está firmado o compromisso com a tal moça austríaca? ─ perguntou o Duque de Villeneuve, o principal do Conselho Político e de Armas do Reino Unido.
O Conde coçou a cabeça diante de todos ali presente. Os membros esperavam a confirmação dessa aliança para que os generais pudessem se unir nos planos estrategistas e de decisões de cunho governamental para todo o país. Era tempo de se aliar devido à corrida para se potencializar cada vez mais diante dos principais países soberanos do século XIX. Ainda havia muito pelo o que lutar e o que conquistar.
─ Senhor Duque, entendo vossa preocupação, porém, haverá ainda um baile promovido pela família Becker onde devo conhecer a dama e logo depois firmar compromisso oficial durante o jantar na Casa do general ─ respondeu Conde George.
─ Oras, senhor Conde, não há tempo para galanteios e floreios. O senhor bem sabes que tal consórcio já poderia ter sido feito por carta através de seu representante. ─ indignou-se o Villeneuve.
─ Sim, de fato. Contudo prefiro seguir as etiquetas. ─ protestou o jovem.
Os homens presentes fuzilaram o Conde com o olhar. Ele só pode revirar os olhos. Colocou as duas mãos sobre a mesa e com cautela, tentou se explicar:
─ Escutem-me, senhores. O baile acontecerá em menos de um mês. Acredito que nenhuma guerra possa acontecer nesse tempo. E se acontecer, temos ótimos generais, porquanto, não dependemos do Senhor Becker.
─ Não entendes nada sobre suas funções, não é mesmo Senhor Campbell? ─ alterou-se o Duque batendo a mão na mesa fazendo o rapaz sobressaltar ─ Não entendes que a iminência de uma guerra paira a todo momento sobre nossas cabeças? A peleja é constante, meu caro, e importantes alianças são necessárias. Não podemos esperar que prioridades românticas de um rapazote, atrapalhem os negócios de um país. O senhor agora é o Conde de Blanchard, haja como tal!
Outro membro tomou a palavra. Era o Governador de Armas, Richard Morris:
─ Senhor Conde ─ disse com firmeza ─, envie a carta de confirmação do noivado ao amanhecer. Precisamos da resposta do General e tão logo a presença dele em nossa mesa. Há muito o que ser tratado. Não precisas esperar o baile para isso, o evento é só uma consequência. Não podemos arriscar perder essa aliança com a Áustria. O General Becker é tão influente quanto útil, não nos faça tomar medidas mais drásticas quanto a isso.
George sentiu a garganta secar. Precisava o quanto antes, enviar Jonh à Viena.
Respondeu:
─ Muito bem senhores, resolverei tal arranjo em breve. Passar bem.
E saiu da presença deles.
Lá fora, o lacaio estava a sua espera.
─ E então, como foi?
─ Eles estão me pressionando, Jonh. Preciso que vá o quanto antes à Viena. ─ disse nervoso.
─ Ainda não vejo o porquê de não ir você mesmo ao Baile. De qualquer forma terás que se casar com a moça? ─ questionou o lacaio.
─ Tenho outros planos, John, e preciso de um tempo antes de ir ao encontro da possível noiva. ─ olhou de soslaio para o outro ─ Estarei em outro lugar no dia do Baile, mas preciso que todos pensem, inclusive minha mãe, que estarei na Áustria.
John o analisou e soube:
─ Seu louco! Fala de Madame Green?
─ Sim.
─ George, George... Não aprendes não é? O que pensas? Será necessário uma tragédia antes de se casar?
─ Não posso evitar, Jonh, será nossa despedida! Sabes que tenho apreço por ela... Afinal são quatro anos de aventura. Ela merece uma explicação antes que eu desapareça para sempre. ─ deu seu risinho maroto de sempre.
─ Explicação. Bem sei. Se o marido dela aparecer, precisarás mesmo de uma boa explicação. És louco! E lembre-se, não estarei aqui para te salvar!
─ Oras! Se não descobriste até hoje, não serás dessa vez! E prometo que estarei em Viena antes que perceba. Vamos, não percamos mais tempo, senão perco a cabeça para esses malditos.
George mantinha uma relação amorosa com a senhora Olivia Green, esposa do Capitão Alexander Green, do Regimento 14 e que também fazia parte do Conselho. Ela e George costumavam se encontrar às escondidas em uma propriedade da família Miller & Campbell a 300km de Londres.
Sendo bem mais velha que o Conde e possuidora de dotes sedutores e grande beleza, ela conseguia prendê-lo de tal forma que todas as vezes que ele decidia não vê-la mais, voltava atrás em sua decisão. Todavia, essa situação se agravava a cada encontro, pois, o Capitão começava a desconfiar das saídas de sua esposa, por mais que esta estivesse com uma de suas damas-de-companhia.
George, por sua vez, se encantara com a tal dama; mais pelos prazeres da juventude do que qualquer outra coisa. Possuía outras aventuras, porém, mantinha a Senhora Green como sua amante oficial.
Ao chegar a Casa Blanchard, os dois jovens ainda conversavam sobre a viagem para breve e todas as atribuições do lacaio.
─ Sua tarefa de se passar por mim será apenas no baile, John, logo depois, já estarei estabelecido em Brno, conforme orientações do Conselho, então ficarás a minha disposição por mais alguns dias e poderás voltar para ficar com minha mãe. ─ falou Conde George.
─ Está certo. Espero que não se atrase por causa de certa senhora ou teremos grandes problemas. Não pode adiantar esse encontro?
─ Não. Ela estarás hospedada na Casa da mãe enquanto seu marido viaja a negócios. Ou seja, isso facilitará nossos encontros na casa de campo. ─ ele olhou para o amigo ─ Eu preciso desses dias com ela, Jonh, antes de partir.
─ Estás apaixonado, quem diria!
─ Não devaneies, homem! Apenas serei o mais correto possível com ela. Devo-lhe ao menos uma justificativa.
─ Está bem. Estarei pronto pela manhã. E George... ─ quis saber ─ E se a senhorita Becker for feia? O que farás? Tens uma importante decisão a tomar.
─ Não me casarei. Não me importa as imposições do Conselho. Eu não suportarei, Jonh, passar o resto dos meus dias com uma mulher sem beleza. ─ lamentou.
O lacaio balançou a cabeça discordando das prioridades do amigo, tão superficiais. E antes de sair disse:
─ O caráter não seria mais importante? Daqui alguns anos sua bela esposa não terá o mesmo semblante jovial e fresco, e o que lhe restará para apreciar? O amor não se limita a aspectos físicos, mas pelo preço que estarás disposto a pagar por tal pessoa; não pelo que ela foi, mas pelo que ela é e representa para você.
E saiu deixando seu amigo com seus pensamentos.
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Anna Selina estava no balanço do jardim da Casa Becker, balançando vagarosamente. Seu olhar triste e pensante perdurava há algum tempo. Ainda não conseguia aceitar sua realidade. Não queria ser condessa nenhuma! Queria ser feliz!
─ Senhorita! Senhorita! ─ era uma das criadas chamando a moça e trazendo-a de volta para o mundo real.
─ Hã... Desculpe! Estava entorpecida em meus pensamentos.
─ A vossa mãe quer ver-te, senhorita.
─ Obrigada, Mercedes. Irei já.
Selina saiu do balanço e caminhou rumo à entrada da casa em total desânimo. Sua mãe sempre lhe advertia sobre tal postura, mas ela não se importava. Ninguém a salvaria do seu destino mesmo, ao menos lhe deixassem sofrer sozinha.
Entrou na sala e sua mãe conversava com a senhora Boursheid.
─ Ah, aí está você! ─ disse a senhora Becker ao ver a filha ─ Estávamos falando de seu futuro promissor!
─ Senhora Boursheid. ─ cumprimentou Selina.
─ Selina estará radiante em seu vestido de noiva! Mandaremos fazer o modelo em Londres, não é mesmo minha querida? ─ disparou a mãe.
─ Minha mãe, o Conde ainda não deu sua palavra final... Talvez nem dará. ─ Disse com certa esperança.
─ Oras, mas que bobagem! Ele se agradará de ti, estou certa disso. Aliás, o acordo já está praticamente firmado. ─ avisou a senhora Becker.
─ Está? ─ indagou Selina, desgostosa.
─ Mas é claro! Pensaste o contrário?
A verdade é que a senhora Becker queria impressionar sua amiga. Ainda não sabia de nenhuma carta do Conde enviada ao seu marido, o general. Essas duas senhoras sempre disputavam conquistas pessoais debaixo da máscara de “boas amigas”.
─ Não me parece muito animada, senhorita Selina? ─ observou a senhora Boursheid..
─ Que disparate! É claro que estás feliz! ─ respondeu a mãe no lugar da filha. ─ Como não poderia estar? Será a Condessa de Blanchard ─ disse toda orgulhosa.
Selina tentou sorrir para elas, a fim de demonstrar um pouco de interesse.
─ Bem. O que eu sei é que minha Erika está muito feliz como senhora Cullmann. Seu marido tem muitas chances de se tornar um magistrado, pois tem recebido muitos convites importantes.
Selina lembrou-se do semblante nada feliz de Erika, no ultimo recital. Casara-se há poucos meses com um nobre bem mais velho do que ela. Com certeza era mais uma vítima da ganância da família. Felicidade não tinha nada a ver com isso.
─ Um magistrado é ótimo, querida. Mas é uma pena que não possua nenhum título, não é mesmo? Isso traria muito mais prestígio à família Boursheid. ─ alfinetou a mãe de Selina.
─ Com certeza não demorará em conquistar uma posição maior do que já possui na sociedade vienense. Contudo, já é bem prestigiado. ─ respondeu a outra senhora, um pouco irritada.
Selina, entediada com a rixa entre as duas, resolveu pedir licença e ir para seu aposento com a desculpa de escrever para sua prima e pedir-lhe que passasse os dias que antecederiam o casamento, na companhia dela.
Debruçou-se no parapeito da janela e contemplou o céu. Só um milagre para poder livrá-la de tal compromisso. O baile estava chegando e com ele, sua condenação.
─ Ajude-me, meu Deus!
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Jonh contemplava o céu de Londres.
Seu desejo era voltar o mais rápido possível depois do casamento de George. Esperava que com tal compromisso, seu amigo e patrão, aquietasse seus ímpetos. Estava cansado de aconselhá-lo em vão. Tinha dois anos a mais que o Conde, mas parecia que essa diferença etária ia muito além.
Nunca se apaixonara, mas também se envolvera muito pouco. Gostaria sim, de se afeiçoar por alguma mulher a ponto de com ela, definir um rumo em sua vida. Cortejara uma das criadas, a Berta, mas ela tinha um espírito ambicioso demais para se contentar com uma vida simples.
Apesar de repreender George devido as suas aventuras imprudentes, no entanto, ele mesmo não se prendia a ninguém. Talvez por almejar um grande amor. Deveria ter esperanças? Ou isso era muito utópico como seu amigo o declarara muitas vezes?
Não sabia. Mas quando olhava para o céu, algo lhe preenchia o coração; como uma certeza sempre renovada.
O céu. O sonho. A realização. O paraíso na terra.
Era isso. Não perderia as esperanças de encontrar seu grande amor.
Quando olhasse para ela, saberia.
─ John, está na hora. ─ disse o Conde.
Os dois, então, se encaminharam para a carruagem e apertaram as mãos. Jonh estava trajado como seu amigo.
─ Te vejo em breve.
─ Assim espero. ─ respondeu John, brincalhão.
O usurpador entrou no carro e partiu rumo ao desconhecido.
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