Case 1878 escrita por Peter Padilla


Capítulo 1
Mr. Detective


Notas iniciais do capítulo

Oi.
Novo projeto, mas a fic interativa ainda tá aberta.
Vamos começar com as seguintes explicações:
Não vou usar muito o TU e o VOSSO, simplesmente porque são um tanto quanto antigos. Mas se vocês optarem pelo uso de tais palavras, eu vou usa-las.
Segunda pessoa é realmente difícil de escrever, então vamos relevar. Temos decisões nos fins dos capítulos como um RPG.
É algo diferente e ousado, mas estou apenas tentando.
Boa leitura!



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Ainda no corredor, o primeiro cheiro que você sente é o de cloro. Não sabe exatamente o porque, mas o seu olfato é muito potente, tanto que inúmeros casos foram resolvidos graças a ele.

Você abre a porta de madeira, leve e quebrada. Provavelmente, cheia de cupins.

E assim que você entra no quarto, se depara com uma cena peculiar: Uma jovem anoréxica, dependurada pelo pescoço. Cabelos loiros e olhos sem vida que um dia haviam sido azuis, além de uma face bela. Não podia ter mais de quatorze anos, você pensa. Usava um vestido branco, que deixava as pernas cheias de contusões e feridas à mostra.

 O quarto não tinha muita coisa. Morava com os pais, que trabalhavam até tarde e voltava cerca de 18h. Eles não ganhavam muito mais que o salário mínimo.

Naquela manhã, ela não havia ido à escola. Havia amanhecido vítima de uma gripe muito forte, e quando a mãe chegara, a garota já havia se matado.

Seu parceiro, Dan, olha a cena boquiaberto, se aproximando da garota.

— Meu Deus. — Ele olha para as pernas da garota, tomando cuidado para não tocá-las. — Acha que são sinais de luta.

Você nega com a cabeça. Ninguém atacaria as pernas da garota tantas vezes.

— Não. Podem ser de um corte, mais é inviável. A mãe disse alguma coisa sobre depressão ou algo do tipo? — A pergunta é espontânea. Você se aproxima da janela quebrada, sem nenhum caco de vidro no chão.

— Anorexia grave. Depressão também. Tudo indica suicídio. — Dan diz, coçando a nuca.

— Certo.

Você não encerra o caso. Precisaria de mais pistas para que fosse confirmado. Então você resolve olhar a corda.

Estranhamente, não havia sinais de fricção no pescoço da garota. A corda estava justa e muito bem amarrada, com o pescoço da garota quebrado. Sinais de asfixia eram claros, como a face roxa. Mas o que te chamava atenção era a corda, o tipo que crianças utilizavam para brincar. Você se vira para Dan, que procura por pistas para comprovar o suicídio.

— A família possuía uma corda de brincar? E desse tamanho?

— O pai trabalha de engraxate e a mãe faxineira em um hospital. Eles não teriam acesso a isso. — Dan diz, vítima da mesma suspeita que você.

— Claro. E as escolas da região não doariam uma corda desse tamanho. — Você coça o queixo, cheio de dúvidas.

— Ela roubou?

— Isso ou alguém forneceu essa corda para ela. — Sua conclusão é rápida, mas pode significar mais do que aparenta.

Você se aproxima de uma bolsa de bebidas, observando tudo que havia lá. 63 bebidas, e um espaço vazio e fedido...

Rum. O líquido fora derramado lá, mas não havia nenhuma garrafa do conteúdo.

Após dar uma olhada no apartamento, você resolve sair junto de Dan.

Ah, a grande Inglaterra Industrial. Havia carroças para todos os lados, com alguns civis olhando a cena, envolvidos em seus chiques vestidos e ternos. A fumaça de uma usina ali de perto voava para o céu. Eram tantos cheiros, aromas e sons misturando-se à distância. Você e Dan se aproximam dos pais, inconsoláveis. É fim de tarde, e a luz do dia está quase sumindo.

— Nós sentimos muito, senhora. — Dan diz, retirando o pequeno chapéu negro que utilizava na cabeça. A mãe da garota está abalada. — A garota...

— Morreu. — Você completa, de maneira rápida e brutal. Dan bate com o cotovelo no seu braço.

— Eles estão sofrendo. Vamos pegar leve.

— Não gosto de eufemismo, Daniel. Tenho algumas perguntas para vocês.

O pai toma a frente, deixando a mãe velha e triste para trás. Ele olha especialmente para você, que permanece sério e imóvel.

— Sinta-se a vontade, Detetive.

Aquele nome ainda era estranho para você. Não faz mais que um ano que você passou no concurso e entrou para a Scotland Yard. Você já resolvera alguns casos impossíveis e improváveis, mas ser chamado por tal nome ainda era estranho.

— Certo. Sua filha tinha algum namorado ou relacionamento amoroso conhecido por vocês?

— Nenhum, senhor. Claire era antissocial ao máximo.

— Então ela também não tinha amigas?

— Tinha poucas. Ela estudava em um colégio particular, e poucos daqueles riquinhos se importavam com ela.

— Espera um segundinho, como vocês pagavam uma escola particular para Claire? — Daniel pergunta, arqueando o cenho. A curiosidade também atingia você.

— Nós não pagávamos. Claire era mesmo muito inteligente, então um professor público, que por acaso conhecia a diretora da escola particular, recomendou ela para lá.

— E ela entrou assim? — Era muito estranho; Aquilo não te convenceu tão facilmente.

— Ela fez uma prova para entrar. Acertou todas.

Claire era mesmo um gênio. Ela andava fazendo testes com eletricidade, após ouvir que o futuro era a energia elétrica de um dos seus professores. O que ela havia descoberto era simplesmente fantástico, e quando o pai dela te contou sobre como ela explicava o funcionamento daquilo você ficou boquiaberto.

— Para alguém depressivo, ela parecia ter um sonho de fazer isso funcionar. — Você diz, intrigado. — E o que vai ser com os projetos dela?

— Não sei exatamente. Talvez queimar.

Você vê o desperdício que era aquilo, mas a grande maioria dos eletricistas focados em criar um grande sistema moravam hoje no Novo Mundo. Não havia utilidade em manter aqueles projetos ali em Londres.

Com entardecer, você deixou os pais de Claire se hospedar na casa da família do homem. Você rumou para um café junto de Dan, bebendo o líquido nas últimas horas do dia. A lua era forte, embora a noite não tivesse caído por completo.

— É um caso estranho. — Você diz, dando um gole em seu café. Amargo. Você despeja um pouco de açúcar no líquido negro.

— Como os outros vinte suicídios desse ano. — Dan está distraído, bebendo um gole de café e olhando para uma moça do outro lado da rua.

Você respira. O cheiro de café se mistura com o cheiro de fuligem de Londres.

— Talvez. — Você responde simplesmente, olhando o café em silêncio. Daniel coloca a xícara na mesa, encarando você com um sorriso.

— Eu conheço essa cara. Você acha que algo aconteceu.

— Não disse nada.

— Eu sou seu parceiro desde seu primeiro dia na Scotland, não minta para mim.

Você dá um sorriso, olhando para Dan.

Você diz para ele que acha que o que aconteceu ali foi um...


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Notas finais do capítulo

O que aconteceu?



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