Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 7
Sete




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Assim que abri a porta do apartamento, me desesperei. Amy estava rolando na cama suando frio e gemendo.

Fui a seu encontro coloquei sua cabeça em meu colo e sacudi seus ombros de leve.

— Amy! Amy acorde!

Ela se debatia e murmurava:

— Por favor...por favor não...Senhor, não...

Eu coloquei a mão em sua testa e vi seu sonho.

Um homem alto e branco com terno marrom em um escritório estava amarrando uma garota na mesa. Os cabelos da menina estavam soltos e a roupa lhe fora rasgada. Ela gritava, mas a mordaça abafava o som da sua voz já rouca.

O homem abriu suas pernas com violência e lambeu seu sexo.

— Você tem um gosto bom...

Ela chorava e implorava, mas ele apenas ignorava e tirava seu terno com calma. Subiu na mesa e grudou a garota pela cintura. Quando ele a penetrou, ela gritou e chorou, virou o rosto e eu vi a feição da jovem Amy. A órfã desesperada sendo abusada sem nenhuma esperança de salvação. O homem grudou seu rosto e a obrigou a olhar para ele.

Tirei a mão de sua testa e a sacudi com mais força.

— Amy, acorde!

Ela gritou e se afastou de mim chorando.

Eu a puxei para mim e a abracei embalando-a até que ela se acalmasse.

Depois do que pareceu horas, ela se afastou de mim e enxugou as ultimas lagrimas.

— O-obrigado...

Eu acariciei seu cabelo e peguei suas mãos beijando-as.

— Não precisa mais se preocupar com isso.

Ela sorriu com dor.

— Você não entende...eu sempre vou me preocupar.

Eu a abracei de novo e deitei com ela em meu peito.

Ela chorou em silencio e dormiu abraçada a mim.

Draco pulou na cama e lambeu a ponta do nariz dela.

— Não a acorde pulguento!

Ele miou e se deitou na minha barriga.

— Folgado...

Acordamos no meio da tarde abraçados e os rostos muito próximos.

— Eros...

Eu abri os olhos.

— Está melhor?

— Sim. Eu falei algo enquanto dormia?

— Não.

A mentira não me pesou pois eu vi que a verdade a faria sofrer. Ela se sentiria obrigada a contar tudo e eu não aguentaria vê-la relembrar aqueles momentos. Já bastava os que a atormentava em sonhos.

Ela sorriu.

— Obrigado.

Eu a encarei e senti a aproximação ficando maior. Seu rosto emanava calor e seus olhos brilhavam. Seu hálito tinha cheiro de café e hortelã. Ouvi seu coração bater mais alto e quando fechamos os olhos, Draco pulou entre nós.

— Ah pulguento!

— Não chame ele assim!

 Eu a soltei e me sentei na cama cuspindo os pelos dele.

Ela se levantou com ele no colo e olhou o relógio.

— Droga...Nora deve estar pirando!

Eu sai do apartamento e a esperei sentado na calçada como no dia anterior.

Pensei no sonho, do estado em que ela estava, em seus lábios...

Ela apareceu e começou a andar rápido.

— Vamos Eros!

Eu me levantei e a segui um pouco atrás.

Ela usava uma calça jeans velha com respingos de tinta, o coturno e uma camiseta preta com as fases da lua pintadas a mão. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto e balançava conforme ela corria. Ela virou a esquina rapidamente e eu continuei caminhando.

Assim que dobrei a rua, trombei com ela.

— Amy, mas que droga!

Mas ela estava parada.

Petrificada no lugar olhando para a floricultura do outro lado da rua.

Segui seu olhar e vi o motivo do transe dela.

Era ele.

O velho do sonho usando o mesmo terno marrom.

Peguei Amy pelos braços e a puxei de volta.

— Vamos.

— Não...não pode ser!

— Amy, vamos!

Ela não se mexia.

— Amy, por favor!

Ela me olhou desesperada.

— Como?

Eu peguei seu rosto em minhas mãos e colei os lábios em sua testa.

— Amy, vamos.

Foi errado usar a persuasão com ela. Mas se continuássemos ali, ele a veria. A reconheceria e sabe-se lá o que aconteceria!

Assim que terminei a frase, ela começou a andar.

Quando voltamos ao apartamento, ela deitou na cama e chorou sufocando as lagrimas no travesseiro.

Eu fiquei ali, assistindo ela sofrer. Sentindo sua dor. Me despedaçando por dentro a cada lagrima que ela derramava.

Quando se acalmou, ergueu a cabeça e me ofereceu a mão.

Eu aceitei e deitei ao seu lado a encarando.

— Aquele homem...foi ele...ele...ele...

Beijei a ponta do seu nariz e acariciei sua bochecha molhada.

— Não se preocupe. Nenhum sofrimento dura para sempre e nenhuma injustiça fica escondida por muito tempo.

— Já se passaram oito anos e até hoje, ninguém sabe.

— Mas vão saber. Uma hora, tudo vem a tona. Nenhuma mentira é eterna Amy.

Ela engoliu o choro e me olhou:

— Como posso te agradecer por tudo? Tudo o que já fez por mim?

— Ligue para Nora e diga que esta semana você não vai pois não esta bem. – Draco ronronava atrás da cabeça dela – E se livre do pulguento.

— Sim para o primeiro e nunca para o segundo.

Ela se levantou e eu bufei.

— Bom...pelo menos eu tentei. – Draco veio para perto de mim e me encarou. Por um instante, senti que ele sabia o que eu escondia. – O que você ta olhando saco de pulgas?

Amy o pegou no colo e se sentou com o telefone na mão discando um número.

— Alô, Nora? Sim, eu sei, desculpe. Não estou bem...claro. Se não for problema. Tudo bem. Obrigado.

Ela desligou e se deitou novamente.

— E então?

— Ela disse que é para eu descansar o resto da semana.

— Otimo, então trate de fazer isso.

— Não estou com sono.

Eu a olhei no fundo dos olhos:

— Sim, você está.

Segundos depois, ela dormiu.

Draco miou e eu o olhei:

— Escute pulguento, eu sei que não é legal fazer isso, mas no momento eu tenho que ajuda-la. Você quer que ela sofra mais? – Ele miou de novo – Pois é, eu também não. Agora, cuide dela. Eu já volto e quando eu voltar nós nunca mais vamos ter essa conversa.

Me levantei e olhei enquanto ela se ajeitava na cama e o gato se enrolava com ela. Como se a protegesse de tudo.

— Eu estou falando com gatos...depois de décadas, eu cheguei ao ponto de falar com gatos.

Abri uma Porta e pensei aonde ela estaria.

" - Vegas."


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