Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine
Assim que abri a porta do apartamento, me desesperei. Amy estava rolando na cama suando frio e gemendo.
Fui a seu encontro coloquei sua cabeça em meu colo e sacudi seus ombros de leve.
— Amy! Amy acorde!
Ela se debatia e murmurava:
— Por favor...por favor não...Senhor, não...
Eu coloquei a mão em sua testa e vi seu sonho.
Um homem alto e branco com terno marrom em um escritório estava amarrando uma garota na mesa. Os cabelos da menina estavam soltos e a roupa lhe fora rasgada. Ela gritava, mas a mordaça abafava o som da sua voz já rouca.
O homem abriu suas pernas com violência e lambeu seu sexo.
— Você tem um gosto bom...
Ela chorava e implorava, mas ele apenas ignorava e tirava seu terno com calma. Subiu na mesa e grudou a garota pela cintura. Quando ele a penetrou, ela gritou e chorou, virou o rosto e eu vi a feição da jovem Amy. A órfã desesperada sendo abusada sem nenhuma esperança de salvação. O homem grudou seu rosto e a obrigou a olhar para ele.
Tirei a mão de sua testa e a sacudi com mais força.
— Amy, acorde!
Ela gritou e se afastou de mim chorando.
Eu a puxei para mim e a abracei embalando-a até que ela se acalmasse.
Depois do que pareceu horas, ela se afastou de mim e enxugou as ultimas lagrimas.
— O-obrigado...
Eu acariciei seu cabelo e peguei suas mãos beijando-as.
— Não precisa mais se preocupar com isso.
Ela sorriu com dor.
— Você não entende...eu sempre vou me preocupar.
Eu a abracei de novo e deitei com ela em meu peito.
Ela chorou em silencio e dormiu abraçada a mim.
Draco pulou na cama e lambeu a ponta do nariz dela.
— Não a acorde pulguento!
Ele miou e se deitou na minha barriga.
— Folgado...
Acordamos no meio da tarde abraçados e os rostos muito próximos.
— Eros...
Eu abri os olhos.
— Está melhor?
— Sim. Eu falei algo enquanto dormia?
— Não.
A mentira não me pesou pois eu vi que a verdade a faria sofrer. Ela se sentiria obrigada a contar tudo e eu não aguentaria vê-la relembrar aqueles momentos. Já bastava os que a atormentava em sonhos.
Ela sorriu.
— Obrigado.
Eu a encarei e senti a aproximação ficando maior. Seu rosto emanava calor e seus olhos brilhavam. Seu hálito tinha cheiro de café e hortelã. Ouvi seu coração bater mais alto e quando fechamos os olhos, Draco pulou entre nós.
— Ah pulguento!
— Não chame ele assim!
Eu a soltei e me sentei na cama cuspindo os pelos dele.
Ela se levantou com ele no colo e olhou o relógio.
— Droga...Nora deve estar pirando!
Eu sai do apartamento e a esperei sentado na calçada como no dia anterior.
Pensei no sonho, do estado em que ela estava, em seus lábios...
Ela apareceu e começou a andar rápido.
— Vamos Eros!
Eu me levantei e a segui um pouco atrás.
Ela usava uma calça jeans velha com respingos de tinta, o coturno e uma camiseta preta com as fases da lua pintadas a mão. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto e balançava conforme ela corria. Ela virou a esquina rapidamente e eu continuei caminhando.
Assim que dobrei a rua, trombei com ela.
— Amy, mas que droga!
Mas ela estava parada.
Petrificada no lugar olhando para a floricultura do outro lado da rua.
Segui seu olhar e vi o motivo do transe dela.
Era ele.
O velho do sonho usando o mesmo terno marrom.
Peguei Amy pelos braços e a puxei de volta.
— Vamos.
— Não...não pode ser!
— Amy, vamos!
Ela não se mexia.
— Amy, por favor!
Ela me olhou desesperada.
— Como?
Eu peguei seu rosto em minhas mãos e colei os lábios em sua testa.
— Amy, vamos.
Foi errado usar a persuasão com ela. Mas se continuássemos ali, ele a veria. A reconheceria e sabe-se lá o que aconteceria!
Assim que terminei a frase, ela começou a andar.
Quando voltamos ao apartamento, ela deitou na cama e chorou sufocando as lagrimas no travesseiro.
Eu fiquei ali, assistindo ela sofrer. Sentindo sua dor. Me despedaçando por dentro a cada lagrima que ela derramava.
Quando se acalmou, ergueu a cabeça e me ofereceu a mão.
Eu aceitei e deitei ao seu lado a encarando.
— Aquele homem...foi ele...ele...ele...
Beijei a ponta do seu nariz e acariciei sua bochecha molhada.
— Não se preocupe. Nenhum sofrimento dura para sempre e nenhuma injustiça fica escondida por muito tempo.
— Já se passaram oito anos e até hoje, ninguém sabe.
— Mas vão saber. Uma hora, tudo vem a tona. Nenhuma mentira é eterna Amy.
Ela engoliu o choro e me olhou:
— Como posso te agradecer por tudo? Tudo o que já fez por mim?
— Ligue para Nora e diga que esta semana você não vai pois não esta bem. – Draco ronronava atrás da cabeça dela – E se livre do pulguento.
— Sim para o primeiro e nunca para o segundo.
Ela se levantou e eu bufei.
— Bom...pelo menos eu tentei. – Draco veio para perto de mim e me encarou. Por um instante, senti que ele sabia o que eu escondia. – O que você ta olhando saco de pulgas?
Amy o pegou no colo e se sentou com o telefone na mão discando um número.
— Alô, Nora? Sim, eu sei, desculpe. Não estou bem...claro. Se não for problema. Tudo bem. Obrigado.
Ela desligou e se deitou novamente.
— E então?
— Ela disse que é para eu descansar o resto da semana.
— Otimo, então trate de fazer isso.
— Não estou com sono.
Eu a olhei no fundo dos olhos:
— Sim, você está.
Segundos depois, ela dormiu.
Draco miou e eu o olhei:
— Escute pulguento, eu sei que não é legal fazer isso, mas no momento eu tenho que ajuda-la. Você quer que ela sofra mais? – Ele miou de novo – Pois é, eu também não. Agora, cuide dela. Eu já volto e quando eu voltar nós nunca mais vamos ter essa conversa.
Me levantei e olhei enquanto ela se ajeitava na cama e o gato se enrolava com ela. Como se a protegesse de tudo.
— Eu estou falando com gatos...depois de décadas, eu cheguei ao ponto de falar com gatos.
Abri uma Porta e pensei aonde ela estaria.
" - Vegas."
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!