Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 30
Trinta




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 ...

Nove anos haviam se passado e Amy não havia sido afetada pelo tempo. Sua beleza continuava a mesma e sua doçura havia apenas aumentado.

Estávamos agora na ilha deserta vendo minhas filhas dançarem e cantarem alegremente. Era noite de lua cheia, mas todos nós sabíamos que um eclipse iria nascer, e estávamos esperando pela hora certa para começarmos a nos despedir.

Uma a uma as Portas foram se a brindo e Morte, Vida, Honestidade; Orgulho, Sabedoria Vicio e até mesmo Inspiração surgiram com seus Seres logo atrás. Todos beijaram e abraçaram Amy que sorria e aplaudia a dançados Seres.

 Olha-la me fazia querer chorar, mas ela havia me feito jurar pelas minhas flechas que eu nunca mais choraria.

O eclipse começou e todos se silenciaram aos poucos. Quando enfim a lua foi tomada por completo, nossos pais surgiram reluzentes caminhando em nossa direção.

Minha senhora, a Lua, estava em um vestido de cetim banhado de diamantes em pó. O decote era tão profundo quanto ao seu sorriso.

Entre seus cabelos se via claramente as perolas perdidas em seus cachos.

O Astro Rei estava com seu terno preto e uma gravata vermelha como a lava de um vulcão.

Minha mãe sorriu para todos e beijou a testa de Amy. Meu pai segurou sua mão e acariciou sua bochecha.

A atenção foi voltada para mim e meu desespero me dominou.

— Eros?

Encarei o mar e suspirei. Observei a escuridão e vi meu futuro refletido. As lagrimas brotaram e antes que uma caísse, Amy pegou minha mão e acalentou todos os meus receios.

— Minha amada...Minha doce Amy.  

Ela sorriu e me beijou profundamente.

— Nunca se esqueça da jura que me fez.

— Nunca. – Eu suspirei. – Amy...eu...

— Não é culpa sua. Não pense assim.

Eu engoli em seco e concordei com um aceno leve de cabeça.

— Meu filho...esta na hora.

Lua me encarava de forma seria e carinhosa. Ela pegou Amy pela mão e beijou seus lábios levemente.

— Minha querida, estarei sempre com você.

— Obrigado, minha mãe.

Lua a abraçou e uma lagrima rolou de seu rosto.

Meu pai se aproximou e abraçou as duas.

— Vamos meninas...

Ele abraçou Amy fortemente e a beijou.

— Minha filha, conte sempre comigo!

— Sempre meu pai.

Ambos choravam e quando eu me aproximei, Amy sorriu.

— Meu amor, esta na hora. Eu sinto.

Meu corpo doía e meus olhos estavam marejados.

— Tudo bem.

Ela estava tão linda quanto da primeira vez que a vi.

A ilha se ascendeu como se todas as estrelas banhassem a terra fazendo brotar das ondas a sinfonia de Bath.

Dançamos até sua respiração começar a falhar. Seus batimentos ecoavam pela imensidão do mar e pouco a pouco ela caiu em meus braços acariciando meu rosto.

Morte se aproximou e eu a beijei mantendo os olhos fechados.

Antes que a foice do Morte cumprisse seu dever, ela sussurrou:

— Obrigado por deixar eu te amar.


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