Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine
Ela me soltou e sumiu pela porta recém-aberta. Minha vista escureceu por um momento e quando voltei a enxergar com clareza, vi as mãos de Honestidade me puxando por uma Porta e gritando:
— Mexa-se!
A Porta se abriu em Cameron Highlands no mesmo trecho em que um dia Arly e Caleb se encontravam.
Ela estava ali, coberta de sangue negro chorando e segurando uma foice. Caleb estava ao seu lado de mãos dadas com ela observando Morte e Vida. Os quatro se encaravam e quando nos viram, Arly soltou a foice e a mão de Caleb e correu para meu colo.
Eu a abracei forte e fiquei de joelhos olhando para Morte enquanto Arly chorava. Quando ela se acalmou eu puxei seu rosto:
— O que aconteceu aqui?
— Ele tentou atacar Caleb. Eles começaram a brigar. Mas ele era mais forte e Caleb caiu. Então eu peguei a foice acertei ele. Eu não podia deixar que ele matasse o Caleb. Eu amo ele!
Honestidade se aproximou e pegou a mão de Arly:
— Venha querida, deixe eu te limpar.
Eu me levantei e fui até Caleb:
— Você está bem?
— Sim. Sua filha me defendeu se não se importa, quero ficar com ela.
Ele foi em direção a Arly e observou enquanto Honestidade limpava o sangue.
Morte começou a caminhar e eu e Vida o acompanhamos.
Quando ele finalmente parou a uma boa distancia seu punho me acertou.
— O que Arly é?
Vida o segurava e quando me levantei segurando meu queixo, o encarei.
—Eu não sei, mas temos que agradecer ou então Caleb estaria morto!
Ele se desvencilhou de Vida e começou andar de um lado para o outro. Vida me encarou:
— Você esta bem?
— Vou sobreviver. Agora alguém pode me explicar o que esta acontecendo? Por que minha filha esta coberta de sangue? Como ela conseguiu usar a foice do Caleb? E quem os atacou?
Vida suspirou e coçou a testa
— Aparentemente um dos Seres da sua irmã apareceu aqui e tentou matar o Caleb e a Arly. Caleb tentou defender Arly, mas o filho da Ódio era mais forte e bem...quando Caleb caiu, Arly pegou a foice dele e atacou. – Ele me encarou com os olhos brancos acusativos – Você sabe muito bem como ela conseguiu usar a foice não é? Ela é diferente. Sempre foi.
Eu suspirei:
— Sim. Ela ouve as Canções e pelo o que Ódio me disse, o ultimo dela também ouve.
Morte se aproximou e me abraçou:
— Sinto muito por ter te acertado. Eu...eu não posso perder um dos meus filhos. Não para um dos desgraçados da sua irmã!
Ele me soltou e encarou Honestidade que se aproximava.
— Eles foram embora. Eu pedi para que fossem para minha casa e esperassem lá.
Ela se aproximou de Morte e o beijou.
— Tudo ficara bem. Ele esta a salvo em minha casa e acho que Arly é mais do que capaz de protegê-lo.
Morte riu e nos encarou.
— O que faremos agora?
Foi Vida quem respondeu:
— Se ele conseguiu atacar Caleb e Arly, podemos supor que ele também...mas porque? O que Ódio ganharia assassinando os Primeiros? E porque atacar Arly e Caleb agora?
Eu o encarei:
— Você sabe por que.
— Você acha que ela iria tão longe apenas para se vingar de você?
— Tenho certeza que sim. Para ela tudo é um jogo. Um jogo onde ela tem que sair vitoriosa. Sempre!
Morte praguejou:
— Que filha da puta! Foi ela! Eu tenho certeza! Ela os matou também! E se ela fez isso...
Honestidade se apavorou e me olhou:
— Amy.
Eu abri uma Porta e passei por ela com os três logo atrás de mim. O apartamento estava vazio, então corremos para a floricultura.
Ao entrarmos, não reconheci o lugar. Todas as flores estavam secas e espalhadas pelo chão. No meio do salão, Nora estava caída coberta de sangue.
Eu ajoelhei ao seu lado e ela sorriu.
— Salve-a. Salve a minha menina...salve nossa doce Amy.
Morte se ajoelhou a meu lado e colocou a mão em meu ombro
— Ela não vai aguentar por muito tempo.
Uma porta se abriu e um dos filhos do Morte apareceu.
— Meu pai, me chamou?
— Sim, cuide dela.
O jovem obedeceu e tomou as mãos de Nora nas suas.
Eu cambaleei para fora da floricultura e encarei o céu. Honestidade parou ao meu lado:
— Hoje terá um eclipse total da lua...não acontece a um bom tempo. – Ela suspirou – Como a encontraremos?
— Eu sei exatamente onde ela está.
— Nós iremos logo atrás.
Eu comecei a caminhar em direção a Porta enquanto assumia minha forma.
Quando cheguei ao Coliseu, vi Amy ajoelhada e logo a sua frente estava Ódio e todos os seus Seres com os arcos erguidos, e assim que me viram, lançaram as flechas. Corri em direção a Amy e me ajoelhei a abraçando e a cobrindo com minhas asas.
Ela me encarou e eu sorri:
— Ainda acha que eu sou delicado feito uma moça?
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