Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 26
Vinte e Seis




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Ao chegarmos a sua casa, Amy tomou um banho e se sentou na cama indicando para que eu fizesse o mesmo.

— Você não pode mentir, não é mesmo?

— Exato.

— Então me diga o que realmente te preocupa? Eu vejo em seus olhos. Você anda distraído ultimamente.

Eu suspirei e pensei por onde começar.

— Bem... Muitas coisas estão acontecendo ultimamente.

— Que tipo de coisas?

— Em primeiro lugar, você. – Ela arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada. – Eu nunca soube que algum Material poderia nos ver. Mas depois que a conheci, o regente da Sabedoria me disse que você não é a primeira. Que de tempos em tempos um de nós é escolhido para conhecer alguém assim.

— Quem faz essa escolha?

— Não sei ao certo Apenas Sabedoria sabe. Eu acho. Mas cada um de nós segue alguma regra e acho que ele não pode dizer. Mas o que interessa é que você é minha responsabilidade. Você cruzou meu caminho por algum motivo importante e não por um mero acaso.

— Tudo bem...e o que mais?

Eu puxei uma flecha do meu peito e ela a encarou.

— Isto é minha flecha. Meu espírito a produz. Porém cada uma de minhas filhas nasceu de uma flecha. Eu as moldo e quando termino, pingo uma gota do meu sangue na ponta e assim, elas tomam forma. Cada um de nós, Regentes, temos um artefato e a regra vale para todos. Molde seu artefato, pingue uma gota do seu sangue e seu Ser nascera. Não escolhemos entre homem ou mulher. Muitos os chamam de Seres, mas eu os tenho como filhas.

— Entendi.

— Ótimo. Agora, caso um deles cometa um erro catastrófico que possa mudar o curso da humanidade nós temos que mata-los e isso só é possível de uma forma: queimando seu artefato. Porem, apenas o Ser ou seu Criador tem aceso ao artefato. Se por um acaso eu tentar  pegar o artefato do Morte, ele vai desaparecer da minha mão e voltar para o seu dono. Mas...de um tempo para cá algumas mortes aconteceram. Os Primeiros que produzimos são nosso elo mais forte! Jamais, em hipótese alguma nenhum de nós pensaria em desfazer um de nossos primeiros. Porem, isso aconteceu.

— Por quê?

— Está é a questão. Ninguém sabe. Os que sofreram esta perda juram de pés juntos que não fizeram isso e eu acredito.

— Mas...você acabou de dizer que nenhum outro tem acesso ao artefato de alguém que não seja seu Ser.

— Exato.

— Alguém esta assassinando os Primeiros...

— Sim.

— Mas por quê?

Eu suspirei novamente e a encarei.

— Este é um dos problemas. Não sabemos nem como nem porque estão  fazendo isso.

— Sua primeira...

— É a Flerah. Ela está protegida. Só sai de casa acompanhada e em casos de extrema importância.

— E os primeiros do Morte, Vida e da Honestidade?

— Eles fizeram o mesmo que eu.

Um pequeno silêncio permaneceu até que ela perguntou:

— Você desconfia de alguém?

— Não. Eu não possuo esse tipo de sentimento e mesmo que possuísse, ainda seria impossível um de nós conseguir acesso ao artefato do outro.

— Certo...

Draco pulou entre nós e deitou no colo de Amy ronronando levemente. Eu a observei distraída com os pelos do gato e me surpreendi ao ver que ela não estava assustada com toda aquela historia. Qualquer outro humano estaria sendo internado neste exato momento. Mas ela estava tranquila. Sua áurea emanava a tranquilidade que sempre desejou.

— Eros...tenho apenas mais duas perguntas.

— Faça-as.

— Você já desfez alguma de suas filhas?

— Nunca. E nem pretendo fazer. Elas podem destruir o curso da humanidade, eu jamais faria isso. Qual a próxima pergunta?

— Morte e Vida são irmãos, certo?

— Sim. Nós nascemos como pares opostos. Eu tenho uma irmã. Ódio.

— Quando vou conhecê-la?

— Nunca.

— Por quê?

— Você disse que eram apenas duas perguntas. - Ela me fuzilou com o olhar e eu suspirei. – Se ela souber da sua existência, souber do que temos...ela vai destruir sua vida.

— Mas...porque?

— Por que...eu e ela...bem...

— Vocês já foram mais que irmãos.

— Sim. Foi um enorme erro e eu dei um fim quando percebi que estávamos colocando em risco toda a humanidade. Ela não aceitou muito bem e aparecia sempre onde eu estava então me tranquei em minha casa e fiquei lá por anos cuidando de Arly. Eu a fiz assim que eu e Ódio terminamos.

— Ela foi a ultima que você fez?

— Sim.

— Por quê?

— Não senti necessidade em fazer mais nenhuma.

— Sua irmã...vocês ainda se veem?

— Eu a vi há algum tempo atrás. Primeiro ela surgiu procurando ajuda. Dizendo que não conseguia fazer mais nenhum Ser, mas devia ser apenas um pretexto para atormentar minha existência. Eu a encontrei novamente para colocar um fim em qualquer esperança que ela tivesse comigo.

— E funcionou?

— Ela não ficou feliz, mas também não me procurou mais. Nos encontramos apenas quando acontece alguma reunião dos Regentes, o que te acontecido com frequência devido aos assassinatos.

— Você disse que quando vocês terminaram você se trancou em casa. Ela não foi atrás de você?

— Não podemos entrar no território de outro Regente sem um convite.

— Ah...

— Mais alguma duvida?

— Muitas, mas estou exausta.

Eu ri e a beijei.

Durante a madrugada eu a observei dormir. Ela estava tranquila e seus sonhos foram leves. Quando o dia amanheceu, eu a deixei na floricultura e fui para casa com um pensamento em mente. Segui para a sala do Núcleo e retirei uma flecha. Comecei a molda-la e ao pingar meu sangue, esperei pelo brilho e imaginei como seria minha nova filha. Mas a flecha começou a pegar fogo e se desfez em cinzas.

E assim aconteceu com todas as cem flechas seguintes.

Meu coração se apertou e eu corri para a praia abrindo uma Porta e chamando-a em meu pensamento. Quando cheguei ao Coliseu de Roma, Ódio estava no centro dele me encarando.

— Me chamou?

— Como?

— Ah, então você acredita em mim agora? Quantas tentativas?

— Muitas.

— Eu te avisei.

Eu avancei em sua direção, mas parei ao ouvir o grito de Arly em minha cabeça. Sua voz era forte e cheia de medo, eu cai de joelhos segurando a cabeça entre as mãos.

Ódio abaixou em minha frente e puxou meu rosto.

— É melhor correr querido irmão.


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