Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 25
Vinte e cinco




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O raciocínio lógico me abandonou e eu só consegui pular atrás dela, abrindo em sequencia uma Porta para o lugar da canção que se formava em minha mente, rezando para que a queda não a ferisse e para que seu corpo sobrevivesse á passagem.

Nunca antes um Material havia passado pela Porta, mas eu aceitaria correr o risco

Caímos na grama molhada com a leve chuva que passou e Amy começou a se afastar de mim engatinhando:

— Eu sabia...eu sabia...

Eu me aproximei desesperado checando cada parte do seu corpo:

— Amy, olhe pra mim. Você esta bem? Esta sentindo alguma dor?

— O que é você?

Eu segurei seu rosto firmemente:

— Olhe para mim Amy! Se concentre! Você esta bem? Esta machucada?

— Eu...eu estou bem.

— Tem certeza?

Ela acenou com a cabeça e eu suspirei aliviado.

— Você tem noção do que fez? Você poderia ter morrido! E se eu não estivesse lá?

— Você sempre esta.

— Mas e se eu não estivesse? E se você não tivesse sobrevivido a passagem? Em algum momento você pensou em como eu me sentiria?

— E você? Pensou em algum momento em como eu me sentia sendo enganada por você? Você não é uma alma perdida. Eu sei que não, então me diga, o que você é?

Eu me levantei e suspirei novamente. Me concentrei e puxei meu arco de dentro do meu peito e deixei que ela me visse. Minha roupa deu lugar a uma calça de linho branco larga, a camisa se desfez e em minhas costas  o coldre de flechas vermelho sangue surgiu. A marca em rosto brilhou refletida em seus olhos.

— Você...por que não me disse antes?

— Eu não podia. Você nem ao menos poderia me ver. Eu não sabia que isso era possível até aquele dia.

Ela se levantou cambaleando e ficava claro em sua feição que ela estava encaixando as peças do quebra-cabeça

— Você sempre some e volta com outra roupa...as pessoas obedecem o que você diz....e aquela noite, a noite em fizemos amor pela primeira vez, eu vi outro dois. Existe mais de um Cupido?

— Não. Naquela noite você viu Morte e Vida. São bons amigos meus. Você estava morrendo antes da sua hora chegar e Vida lhe devolveu a sua essência.  Mas ele não poderá fazer isso de novo então, por favor, pare de se jogar de prédios!

— Onde...Onde estamos?

— Tailândia.

— Como isso é possível?

Eu materializei uma Porta e a luz forte a vez tapar os olhos, quando o brilho diminuiu, ela encarou os adornos dourados esperando pelo destino a ser tomado.

— Você só precisa dizer aonde quer ir, e ao passar por ela, estará lá.

Ela concordou e eu desfiz a Porta.

— Por que estamos aqui?

— Eu ouvi uma Canção um pouco antes de você achar que podia voar e em meu desespero de te salvar, acabamos aqui.

— Canção?

— Sim. Cada coração apaixonado tem uma Canção. É como um chamado que apenas eu escuto.

Ela acenou novamente com a cabeça e veio até mim, me abraçando.

— Eu sinto muito Eros. Eu não sei o que me deu...eu só queria pular. Eu desejava muito! E sim, eu pensei em você. Mas no momento eu te odeio por ter mentido  para mim todo esse tempo.

— Eu não menti Amy. – Ela me encarou e se afastou – Veja bem, eu sou o Regente do Amor. Eu não posso mentir, se você tivesse feito as perguntas certas, eu seria obrigado a te dizer. Mesmo sendo contra as regras.

— Você disse que era uma alma perdida.

— Em momento algum eu disse isso. Você acreditava nisso. Lembra-se? Você tentou me guiar para luz por que achou que eu era uma alma, mas eu nunca afirmei.

— Mas nunca discordou.

— Você estava feliz acreditando nisso e eu não fui criado para destruir a felicidade. – Eu me aproximei dela e levantei seu rosto pelo queixo. – Eu sinto muito. Fiquei assustado. Nunca soube da existência de um Material que pudesse ver a mim e aos outros.

Ela sorriu e ficou na ponta do pé para me beijar.

— Eu te desculpo.

— Ótimo. Agora venha, chegamos em uma noite especial.

Peguei sua mão e a levei para fora da floresta e após caminharmos um pouco, paramos  na margem  do rio. A escuridão prevalecia em todo lugar até que uma a uma, as lanternas foram banhando o céu como estrelas.

— Meu Deus...

— Esse é o festival  das lanternas. – abaixei seu rosto e apontei para o rio onde entre a escuridão vários barquinhos eram iluminados por velas e lanternas. – Veja, casais pedindo proteção aos seus recém-nascidos ou pedindo por um primogênito. E esta vendo aquele com flores rosa? Ali estão o Tidul e a doce Miraj.

— Você sabe o nome de todos?

— Apenas dos que me chamam.

— Foi a Canção deles que você ouviu?

— Sim.

Observamos o casal acender a lanterna e se equilibrar na pequena embarcação. Ambos fizeram seus pedidos em silencio e quando se encararam e sorriram, eu soube que era a hora.

Quando preparei o arco e puxei a flecha, senti o corpo de Amy enrijecer ao meu lado e seus olhos sobre mim absorvendo cada detalhe do que eu fazia, e quando soltei a flecha ela a seguiu e sorriu mais ainda ao ver o casal se beijando.

— Isso...isso é incrível!

— Sim...eu nunca me canso de ver.

Ela encarou cada detalhe de cada barco, pessoa, lanterna, flor...a lua brilhava levemente no horizonte e eu soube que estava perdoado por ter quebrado as regras. Ela era minha responsabilidade. Ela era o amor da minha existência.

Um pequeno bote submergiu da água entalhado com pavões e nuvens e decorado com Não-me-esqueças e algumas velas. Ela me olhou, sorriu e permitiu que eu a ajudasse a subir. A água nos guiou para o centro do rio a vista era tão linda quanto a própria Amy.

No céu, corujas e pavões tão brancos quanto  a neve, dançavam com as luzes e faziam seu trabalho.

Amy me olhou e eu sorri.

— Vê as corujas? São as filhas de Vida. Elas estão aqui para depositar nos ventres das mulheres um novo ser.

— E os pavões?

— São minhas filhas.

— Filhas?

— Sim. Elas estão aqui para unir casais ou coloca-los no mesmo caminho para que algum dia sejam flechados.

Um pavão branco pousou na borda do bote e Amy se encolheu perto de mim. Não havia medo em seu olhar, mas sim curiosidade e encanto.

As penas do pavão brilharam e quando se apagaram a jovem Flerah sorria para nós.

— Olá meu pai.

— Olá Flerah.

— Olá Amy. É muito bom finalmente poder te ver.

— O-olá...meu Deus...você é linda!

Flerah riu:

— Tudo bem, eu gostei dela. Vocês tem minha benção.

Amy relaxou e riu também. FLerah se despediu e alçou voo com suas irmãs.

Amy encostou a cabeça em meu peito e suspirou.

— Quantas filhas você tem?

— Muitas. Flerah é minha primeira. Arly é minha ultima.

— Arly?

— Sim. Você a viu. Cabelos loiros e olhos azuis celestes.

— Ah! Eu m elembro. Ela ficou apavorada quando eu a encarei e sumiu de repente. Na época eu não entendi o por que , mas agora tudo faz sentido.

Eu ri e beijei sua cabeça.

 - Estou feliz por finalmente ter te contado tudo, mas temos que ir. Morte quer te ver.

Ela me olhou e empalideceu.

— Eros...

— Não se preocupe. Apenas confie em mim.

Ela segurou em minha mão e suspirou novamente ao ver a Porta se abrindo, os arranjos dourados já se moldavam ao nosso destino e quando eu anunciei, ela me encarou assustada.

— Estatuas Moai, Ilha de Páscoa.

Ao passarmos vimos que  Morte, Vida e Honestidade nos esperavam.

Encaravam Amy como se ela fosse um Alien.

— Gente...vocês estão querendo assusta-la?

Vida foi o primeiro a se desculpar e a cumprimentar.

— Olá, eu sou Vida. Um velho amigo do seu príncipe encantado aqui. – Morte se aproximou e a abraçou. – Este é meu irmão, Morte.

— Eu os vi no meu apartamento. Achei que fosse um sonho. Vocês são irmãos?

Morte quem respondeu:

— Sim, eu sei que é difícil acreditar, eu assim, tão boa pinta irmão de alguém como ele.

Amy riu e Vida fuzilou o irmão com o olhar.

Honestidade se aproximou e examinou Amy com um olhar profundo e por um minuto pude ver o ciúme direcionado a Morte pela brincadeira.

— Olá, sou Honestidade.

Seu vestido rosa fluorescente e esvoaçante fez Amy prender o fôlego.

— Você é linda.

— Sei disso. – Ela me olhou e piscou. – Gostei dela.

Eu concordei com a cabeça e os encarei:

— Eu agradeço a todos pelo o que estão fazendo e saibam que eu nunca vou esquecer.

— Por que você os levou?

A voz de Amy nos fez encara-la.

Ela olhava para Morte de um jeito firme. Sem acusações ou lagrimas. Apenas duvida.

— Eu...veja Amy...eu...Eu não os levei.

— Como não? Você é a Morte. Não é? Se você não levou meus amigos, ou melhor, minha família. Quem foi?

Morte suspirou e antes que eu pudesse abrir a boca ele pegou a mão de Amy e ela arfou.

— O que você acabou de ver era o futuro de cada um deles. Não sei ainda quem se intrometeu no meu trabalho, mas eu te garanto que essa pessoa vai pagar caro.

Os olhos de Amy lacrimejaram e ele a abraçou.

Vida se aproximou e beijou sua cabeça o que fez Amy sorrir de uma forma que eu nunca havia visto.

— Tem certeza?

Vida sorriu:

— Eu nunca erro.

Os três me olharam e ela veio até mim acariciando meu rosto.

— Vamos para casa Cupido?

Beijei sua testa e sorri.

— Vou aonde você for minha amada.


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