Deixe-me te amar escrita por Nathália Francine


Capítulo 11
Onze




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Eu encarei aquela imensidão por mais tempo do que eu posso me lembrar. A cena daquela lo visão dançava na minha mente me torturando.

Eu gritei.

Gritei até que o eco da minha voz mandasse eu me calar.

E como uma hiena farejando a carne podre, ela veio.

Eu vi caminha na minha direção com o vestido vermelho voando ao seu redor como labaredas.

Uma imagem do próprio demônio caminhando ao luar da praia!

Assim que ela se aproximou, me beijou.

Um beijo calmo e impactante.

O gosto da destruição brotava dos seus lábios direto para os meus.

Assim como em Sodoma, eu me entreguei.

Me entreguei ao desespero da solidão e abracei Ódio como um naufrago agarra uma boia salva vidas.

Quando ela desceu a mão pela minha cintura e escorregou os dedos por dentro da minha blusa, o frio me percorreu e a única coisa que eu vi foi um par de olhos de duas cores.

Eu me afastei com raiva.

— O que você quer?

Ela me encarou muda.

Sem expressão.

— O QUE VOCÊ QUER DE MIM?

Silêncio.

Então, da mesma forma que ela veio, se foi por uma Porta que eu nem ao menos havia percebido que ela tinha aberto.

Ela se foi pelo brilho me deixando sozinho novamente.

A praia escureceu com o passar de uma nuvem escura em frente a lua e eu me senti mais sozinho do que nunca.

Aquilo não era normal.

Aquilo não era natural.

Eu e Ódio não éramos a escolha certa.

E Amy...

Amy era o impossível.

Um Material não podia nos ver. Nunca puderam!

Um Imaterial não se apaixonava.

Nós não sabíamos o que era isso.

Amor...

Isso não era para nós. Nem amor nem morte. Apenas a existência nos pertence.

Eu estava passando tempo demais com Amy.

Era isso.

Apenas isso: convivência.

Eu fiquei na praia até o sol nascer.

Um dia nublado e obscuro.

Abri uma Porta para o apartamento e quando cheguei o lugar estava tomado pelo cheiro do shampoo dela.

Draco estava deitado na janela olhando os pingos de chuva começarem a cair lentamente. Ele me encarou como se soubesse aonde eu havia ido e o que eu estava planejando fazer. Ele me acusava com o olhar. E eu temia ter que dar adeus ao desgosto que eu veria nos olhos da dona daquele saco de pulgas.

Ela saiu do banheiro enrolada em uma toalha branca e sorriu ao me ver.

— Aonde você foi? Senti sua falta. – Ela foi para traz do biombo e jogou a toalha no chão. – Nora veio ontem para trazer o vestido. Ela quis garantir que eu realmente iria.

Ela saiu e segurou o cabelo virando de costas.

— Fecha pra mim?

Eu me aproximei lentamente e puxei o zíper quase invisível que ia do começo das costas até o meio.

O rosa claro, era quase branco e destacava seu cabelo e seus olhos.

Assim que fechei ela foi para o banheiro e eu ouvi o barulho do secador.

Aquele barulho remoía todos os meus sentidos.

Minutos depois ela veio para o quarto e rodou no mesmo lugar mostrando os detalhes do decote coração que definia cada parte das curvas dos seios perfeitos dela e de sua cintura.

O prendedor dourado não segurava todo o seu cabelo deixando alguns cachos soltos.

Ela sorriu para mim:

— E então? Eu sei que não é muito a minha cara...não escolheria ele, mas Nora disse que esse é especial.

Então eu vi.

Vi uma versão mais nova da doce Nora com o mesmo vestido.

Os cabelos dourados presos em uma trança e os risos do baile de formatura.

— Ele é lindo. Você está linda.

Seu sorriso desapareceu quando eu me aproximei e peguei seu rosto entre as minhas mãos. Acariciei sua bochecha com meu polegar e beijei a ponta do seu nariz.

— Amy...eu preciso te perguntar algo.

Eu vi o medo tomar conta do seu olhar.

— Eros...você está me assustando. O que aconteceu?

— Quero que preste muita atenção.

— Tudo bem.

— Você quer me esquecer?

O medo virou fúria.

Uma fúria tão densa que era quase palpável no ar. Ela segurou minhas mãos e tirou do seu rosto.

— O que? Como assim? – Ela se afastou e começou a andar pelo quarto. – Como assim te esquecer? Por que?

— Amy olhe pra mim. Eu posso apagar tudo. Você sabe! Você já me viu fazer isso. Eu posso fazer você me esquecer. Posso fazer você esquecer todas as suas dores!

— E de brinde eu esqueço de você? Você me salvou! Mais de uma vez!

— Amy...

Ela se aproximou de mim rapidamente e pegou meu rosto entre as mãos.

— Escute bem Eros, eu não quero te esquecer! Eu não vou te esquecer!

Um trovão soou ao longe concretizando o fato.

— Amy, pense bem. As suas dores...

— São minhas! Apenas minhas! Elas me formaram. Elas fizeram de mim o que eu sou! E se eu não fosse exatamente assim, você não estaria aqui. Nós não teríamos nos conhecido. Mesmo você sendo uma alma perdida, eu sou grata por ter te conhecido.

Ela arfava e as lagrimas brotaram em seus olhos. Eu segurei suas mãos e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, a campainha tocou.

Era Nora.

Eu fiquei ali, vendo ela passar pela porta rumo ao baile. Rumo aos braços de outro.

Eu não tinha o direito.

Eu não podia.

Mas eu fiz.

Segui ela até o antigo teatro e fiquei de longe, escondido dela, vendo-a dançar com o jovem Guilherme.

Ele era alto, pele branca e o cabelo militar.

Frio.

Ele não possua uma canção.

Ele era a Luxuria representada em carne.

E eu não iria deixar que minha doce Amy, caísse na armadilha de alguém como ele.


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