5 Colours in Her Hair escrita por Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 6
É preciso paciência.


Notas iniciais do capítulo

Um beijão pra K, que me ajudou bastante :*



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E talvez o “encontro” não fosse bem o que a menina esperava. Quando subiu as escadas toda afobada e arrumou-se de acordo com o que tinha aprendido, Lily não parou para pensar no que aquilo realmente significava. Desceu as escadas com borboletas no estômago, como há muito não sentia. Quando entrou no carro, foi se dando conta aos poucos do que havia se metido.

— Já faz uma semana que você anda conversando com o Black — disse James, guiando o carro (após abrir a porta para ela). — Ou seja, está na hora.

— Hora de quê? De adortarmos um cachorro? — brincou Lily, enquanto colocava o cinto. Começando a ficar nervosa, em um sentido não tão interessante. James tinha carteira, aliás?

— Hora do primeiro encontro, Evans — sorriu James. — Hoje você vai aprender como agir num encontro com Sirius Black.

Toda animação da garota foi por água abaixo. James era um professor dedicado, ensinou desde as músicas do rádio, ao jeito de falar, o que vestir, como se portar, o que pedir num cardápio — LIly inclusive aprendeu a não pedir salada, como as outras garotas pediam —, que assunto conversar, sobre tudo.

Lily não podia dizer exatamente quando James passara de um cara desprezível, para alguém aturável. Era como com Sirius, por mais idiota que ele fosse, Lily não conseguia ignorar os atributos físicos, e que em alguns momentos, eles eram pessoas interessantes. Ela havia tido um momento ou outro entre as “lições” onde ela e James realmente haviam dado boas risadas juntos. Ele tinha aquele quê de bad boy que fazia Lily se sentir legal com a atenção, da mesma forma que uma parte de si gostava da atenção de Sirius. É, talvez ela não fosse tão diferente de todo mundo.

— Foi uma ótima noite, Potter, apesar de tudo — disse ela quando ele estacionou o carro em frente à sua casa. Ela poderia ter saído, mas alguma coisa em si quis prolongar um pouco mais o momento. O cheiro de James estava por toda parte, e ele era basicamente o que ela via, iluminado pelo painel do carro, com luzes nas lentes. Lily usando óculos fazia parecer que todo seu rosto era estranho, James de óculos tornava a peça estranhamente sexy.

— Quando você for se despedir de Sirius haja como se estivesse surpresa por ter gostado — ensinou ele, com aquele sorriso conhecido já. O vento que vinha pela janela havia deixado seu cabelo bagunçado, e ela meio que gostava assim. Sentiu uma vontade de passar a mão por ele, mas se conteve. Tão perto, trinta centímetros de distância, mas de alguma forma, tão distante. Um mundo inteiro entre eles.

— Vou me lembrar disso — sorriu a menina, tirando o cinto de segurança e estendendo a mão para abrir a porta. — Bom, boa noite, James.

Abriu a porta e tinha uma perna para o lado de fora quando sentiu uma mão gelada em seu ombro, virou-se e, de repente, James parecia perto demais. Ela podia contar os pingos verdes que ele tinha nos olhos castanho, e ver uns fios de barba no bigode, podia observar de perto seus lábios — um pouco rachados — e então, sentir esses mesmos lábios nos seus.

Okay, aquilo era surreal. Por um segundo Lily travou onde estava, os olhos abertos e a mão na maçaneta. Um segundo, um segundo de completa dúvida, onde nada de substancial passou pela sua cabeça.

Então Lily estava beijando James de volta, ou pelo menos, deixando-se ser beijada. Fechou seus olhos e apenas confiou nele.

James tinha um beijo longo, intenso, uma mão se instalou na nuca de Lily, enquanto a outra guiou uma mão da garota para sua nuca, e depois puxou-a para mais perto pela cintura.

Aquilo tudo era intenso demais. Mas ela não estava reclamando. Voltou para dentro do carro e fechou a porta. James aproveitou o movimento para puxá-la para mais perto, o máximo que o espaço limitado permitia.

Lily buscava seguir o ritmo dele, até que algo em si se descontrolou, e então ela se viu embrenhando suas mãos nos fios negros e puxando o garoto para si. Então o beijo mudou. A mão em sua nuca afrouxou, alojando-se confortavelmente em seu rosto, num carinho suave, enquanto a outra ia para seu cabelo. Os beijos ganharam pausas, e eram mais exploradores, até mais doces, a menina viu-se participando um pouco mais, ditando um ritmo para aqueles lábios experientes. Quando a mão de James percorreu o caminho do topo da sua cabeça até a base de sua coluna, Lily estremeceu, deixando escapar um arfar quando ele a trouxe mais para perto e desceu os seus lábios quentes pelo pescoço da menina.

Então com um estalo, ela caiu em si. Empurrou James, brava, fazendo o garoto ir parar do outro lado do carro com um baque.

— Que merda foi essa?!

James riu um pouco, com os lábios vermelhos e os olhos brilhantes.

— Só estava confirmando se você sabia beijar — respondeu ele.

— Podia ter me perguntado, idiota — com isso ela saiu do carro, batendo a porta no percurso. Que merda tinha feito ali?

 

***

 

Lily tinha cogitado nunca mais olhar na cara de James Potter. Não que Lily ter correspondido o beijo, e gostado de uma forma exagerada, fosse culpa dele. Se bem que para começo de conversa, ele não deveria nem tê-la beijado. Aquilo tinha ultrapassado um limite do que era aceitável. Então, como não podia simplesmente evitar vê-lo, evitou ter que falar muito com ele. Graças à Deus não precisou muito, faltavam duas semanas para o final do mês de outubro, o que só podia significar uma coisa… Festa de Halloween!

Lily nem tinha ideia de que tinha que temer isso, até Marlene chegar saltitando com centenas de projetos e tarefas. E foram duas semanas só trabalhando nisso.

No dia trinta de outubro os alunos que faziam parte da organização estavam reunidos no ginásio de Hogwarts, arrumando os últimos detalhes. O comitê de festas e eventos tinha como líder Dorcas Meadowes, assim como boa parte dos clubes e comitês. Dorcas era legal de se trabalhar, dez vezes melhor que Marlene, ela tinha uma paciência infinita que Lily estava precisando, porque tudo que colocava a mão dava errado, não que Lily fosse boa com trabalhos manuais, mas naquele dia ela estava se superando.

Parte do problema era James Potter. A outra parte era Sirius Black. Ela simplesmente sentia os dois olhares a fuzilando enquanto arrumava a decoração da festa.

Não que eles fossem os únicos. A festa era uma junção de outras escolas, então muita gente que Lily não conhecia estava por ali também. Um deles era uma garoto meio loiro, que não parava de a encarar. Sempre que Lily segurava o olhar, ele desviava constrangido, depois lá estava o menino novamente.

— Qual o nome dele? — perguntou Lily, enquanto ajudava Dorcas com o labirinto do terror.

— Não conhece? — perguntou a menina com as sobrancelhas erguidas. — Achei que todo mundo conhecia. Aquele é Remus Lupin. Foi ele que James Potter atropelou.

Puta merda, Lily pensou. Pelo visto ela teria que ter uma conversa com o tal Lupin.

— Ele ficou com alguma sequela? — quis saber Lily, tentando não demonstrar tanto interesse.

— Não que eu saiba — respondeu a líder de torcida. — Será que vocês podem colocar o esqueleto mais para a esquerda, por favor? — pediu a loira para um grupo de ajudantes. — O que você acha, Lily?

Lily achava que o labirinto estava bem ruim, na verdade. Uma sequência de monstros estava enfileirados na entrada, fazendo a coisa toda de mistério perder um pouco a graça.

— Acho que não devia ter nada na entrada — a menina deu palpite, meio sem jeito. — Tipo… O medo vem do mistério… Que tal enfileirar os monstros no setor dois? Assusta muito mais um começo vazio, aí aparecem os monstros e BOM! É o que eu acho.

— Na verdade, Lily, é uma ideia muito boa — sorriu Dorcas, aquele sorriso branco de comercial de pasta de dente. — Vocês ouviram ela, enfileirando no setor dois!

E com isso os ajudantes começaram a se movimentar. Dorcas e Marlene tinham aquele dom de pôr as pessoas para se mexer, aquele espírito animado. Embora Dorcas fosse infinitamente mais gentil. Lily gostaria de não ter conhecido a menina direito, pois cada vez mais pensava que estava cometendo uma grande injustiça. Dorcas devia ganhar aquele prêmio.

Foi ajudar a McKinnon com umas caixas. Ela não demonstravam nenhuma amizade, mas também não fingiam não se conhecer. Era uma relação bem próxima da que tinham, na verdade.

— Toma, Evans — disse a morena jogando um saco de máscaras em Lily, enquanto carregava apenas uma sacolinha.

— Não sou sua empregada, McKinnon — chiou Lily, devolvendo o saco.

Marlene bufou, mas não replicou. Jogou o saco nos braços de um garoto e saiu pisando duro. Provavelmente ia estender o almoço e não voltar mais. O serviço ainda estava longe de acabar. Lily suspirou, e se deu conta que o garoto que havia acabado de receber um saco de máscaras era o tal Lupin.

— Oi — sorriu ela, o sorriso popular, que estava se acostumando a fazer.

— Oi — ele corou, e Lily não pode deixar de notar o quanto aquilo era fofo.

— Seu nome é Lupin, não é? — perguntou ela de modo educado. — Remus Lupin.

— Isso, e você é Lily Evans — não havia dúvida no tom de voz dele. Lily levantou as sobrancelhas, num questionamento mudo. — Nós estudávamos juntos — explicou ele. — Antes eu tinha dúvidas, mas é você mesmo.

— Nós estudávamos? Desculpe, não consigo me lembrar — desculpou-se ela, embora o rosto dele não lhe fosse estranho.

— Faz bastante tempo, quase não te reconheci, você mudou o cabelo, não é? — sorriu ele, corando um pouco mais. — Mas sabe como eu tive certeza? Seus olhos. Nunca encontrei olhos como os seus.

Dessa vez que corou foi Lily. Era um dos poucos atos que não conseguia evitar. Quando era menor, costumavam elogiar bastante o verde de seus olhos, mas aquilo havia sido há um bom tempo…

— Obrigada, Remus. Posso te chamar assim? — quis saber ela, meio flertando com ele.Era parte de ser popular, mas uma parte de si realmente queria realmente fazer aquilo. Ignorou a sensação de que estava sendo observada, duplamente observada.

— Claro, Evans — sorriu ele, meio sem jeito. O garoto depositou o saco no chão, e alguma coisa em seu sorriso fez Lily se lembrar. O garoto da foto do outro dia, era aquele o amiguinho de infância que sua mãe havia comentado. — Eu estou indo almoçar, que tal almoçarmos juntos?

— Eu adoraria — concordou Lily, deixando o ginásio com ele. Antes de sair, notou um James Potter a encarando, pálido. E um Sirius Black igualmente pálido, com o que uma vez fora um boneco de isopor nas mãos. Talvez ela tivesse criado problemas para si mesma.

 

***

 

O convite macabro dizia que a festa começava às sete, mas desde as cinco Lily tinha ido para Hogwarts acertar os últimos detalhes. Preferia não ter que admitir, mas tinha amado a fantasia que Marlene providenciara.

— James escolheu — disse a morena quando lhe levou o pacote. James não tinha dito à Marlene sobre o beijo, então Lily preferiu não o fazer também. Quando abriu a caixa, encontrou um vestido azul e uma foto, nem precisava, Lily reconheceu na hora sua personagem favorita da infância, aquela era a fantasia de Dorothy Gale, de O Mágico de Oz.

O vestido era curto demais e Dorothy não tinha cabelos coloridos, mas Lily se sentiu a própria personagem.

— Gostosuras ou travessuras? — sussurrou alguém que surgiu do nada e agarrou sua cintura. Ela reconheceu Sirius pelo cheiro, e deixou-se rir enquanto ele depositava  um beijo em seu pescoço.

— Depende, em qual deles eu levo você? — provocou Lily, arrancando um sorriso safado de Sirius. Ele era o próprio pirata Jack Sparrow naquela fantasia.

— Sinta-se com sorte. Sou uma gostosura e posso pensar em mil travessura com você nessa fantasia — Sirius estava perto demais, e Lily teve que disfarçar o constrangimento em uma risada.

— Você está ótimo também, Sirius — concedeu Lily sorrindo. — Mas será que você pode ajudar aquele pessoal com os aparelhos de som?

— Claro, linda — sorriu ele, aquele sorriso brilhante. — Mas antes — Sirius se aproximou, e ali mesmo, onde qualquer um podia ver, colocou a mão na nuca de Lily e a beijou. Só um selinho rápido. Lily só teve tempo de registrar que os lábios dele eram macios e quentes quando Sirius se afastou e saiu sorrindo.

— Wow, você está ferrada — disse uma menina cheia de glitter, fantasiada de fada, com asas verdes. Lily demorou um segundo para reconhecer Dorcas. Claro que a fantasia dela tinha que ser perfeita.

— Você acha? — desconversou, alisando a barra do vestido. — Sirius não é tão difícil de lidar.

— Não estou falando dele, Lily — riu Dorcas, encaixando o braço no seu e começando a andar. — Alguém não gostou muito do que viu.

Lily pode ver claramente o que Dorcas estava dizendo, na arquibancada, parecendo nada satisfeito, estava James, fantasiado de bruxo. Um bruxo bem sexy.

— Eu mal conheço o Potter — disse, tentando não deixar transparecer nada.

— Ele está chateado porque não foi o primeiro, provavelmente — riu Dorcas.

Bom, mas ele tinha sido o primeiro. Um pensamento ruim, de que talvez aquele beijo tivesse sido só mais uma parte da vingança, passou na mente de Lily. Como ela era estúpida…

Marlene passou por elas, disfarçando muito mal o gritante ponto de interrogação estampado em sua testa. Ela usava uma fantasia de diabinha, o que combinava 100% com sua personalidade.

— E Lily — disse Dorcas, ficando em frente a ela. — Tome cuidado com Marlene, okay? Ela destruiria a si própria para destruir alguém.

— Por que está me dizendo isso, Dorcas? — quis saber Lily.

— Porque eu gosto de você, Lily — sorriu a menina e se afastou. Lily duvidou que aquele fosse o motivo.

 

***

 

A menina não tinha ideia que poderia gostar tanto de uma festa quanto estava gostando daquela. As pessoas gritavam no labirinto e a música tocava alto, pessoas dançavam nas pistas, e por todo local, a decoração dark dominava. Havia dançado com Sirius, mas apenas isso. E vinha tentando ignorar a existência de James e Marlene, essa última toda hora colada na boca de alguém diferente. Dorcas dançava com Remus Lupin, o que era meio estranho. Mas os dois eram tão fofos que combinava.

Se não fosse pelos posters de Dorcas, Marlene e Mary MacDonald para rainha do baile colados por todos os cantos, Lily podia quase deixar de lado a ideia de ser rainha. Estava tudo indo bem, até que ouviu-se um grito diferenciado no labirinto, e então alguém estava gritando “fogo” e todos começaram a se movimentar.

Fogo no setor dois, ela ouviu. Alguma coisa havia dado errado.


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