5 Colours in Her Hair escrita por Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 4
Por isso temos que saber contornar os imprevistos.


Notas iniciais do capítulo

O capítulo de hoje tem uma música tema! Que é a música Colors, da Halsey :) Espero que gostem!



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O relógio marcava treze horas quando Lily abriu os olhos pela quinta vez desde que desabara na cama. Seu corpo doía e ela estava cogitando arrancar sua cabeça com as unhas, de tanta dor que sentia. Afastou o cabelo do rosto e tentou se erguer, mas assim que viu o estado do quarto, desabou novamente no colchão. Preferia não ter acordado.

Havia vômito ao lado da cama e no meio do quarto. Tinha roupa espalhada por todo canto, Lily inclusive dormia em cima de algumas. Ela queria voltar a dormir, mas o cheiro forte de vômito e o sol quente a incomodavam. A calça colada a incomodava, o fecho do sutiã incomodava, e até sua própria pele não parecia ser nada acolhedora.

Arrancou os jeans aos chutes, a blusa e sutiã foram juntos para o chão, em meio à sujeira. Apenas de calcinha, a menina virou para o lado e voltou a dormir. Esperava poder dormir por toda uma vida.

***

“We'll run where lights won't chase us

Hide where love can save us

I will never let you go”

A cada “never let you go” que o cantor dizia, Sirius a puxava para mais perto. A mão dele em sua cintura era firme, e de repente, não saber dançar não era um problema. Ele era um ótimo condutor, seu corpo levava o de Lily em uma dança animada, sensual e envolvente.

Em algum momento, aquela mesma mão encontrou o caminho por dentro da jaqueta e da blusa, indo repousar na pele nua das costas da menina. Ela tremeu, mas não foi uma sensação ruim. A mão dele subia e descia por suas costas e por sua cintura, enquanto a outra se enrolava no cabelo colorido e conduzia a cabeça de Lily. Os lábios de Black repousavam em seu pescoço, eles eram quentes e causavam tremores por todo o seu corpo.

Lily conseguia sentir apenas aquele corpo forte colado ao seu, as costas onde se agarrava e o peito em que se apoiava, que se movimentavam rápido demais para o seu gosto, enquanto o cheiro de Sirius invadia suas narinas.

Era bom, mas ela estava começando a ficar um pouco tonta com tudo aquilo. Olhou para cima e viu que Sirius a encarava com um sorriso malicioso. Os olhos dele eram azuis acinzentados. E ele cheirava a tequila. E ele ia beijá-la.

***

— Lily? — alguém gritou no andar de baixo, e ela amaldiçoou tudo o que podia quando abriu os olhos e olhou para o relógio. Eram dezessete e meia, a mãe havia chegado em casa.

Ainda meio zonza, pegou um par de roupas no chão, e correu para o banheiro, parando apenas para trancar a porta do quarto.

— Estou no banho! — gritou meio rouca, quando fechou a porta do banheiro atrás de si. Sentou no assento da privada e colocou a cabeça entre as pernas, tentando diminuir a sensação de que o mundo estava em um loop. Nem cinco segundos depois caiu de joelhos e vomitou no vaso. O que era uma grande proeza, considerando que não tinha mais nada no estômago. A ânsia vinha e ela tentava obrigar seus órgãos a permanecerem dentro do seu corpo.

A mãe guardava os remédios na prateleira de cima do banheiro, assim como quando ela era criança. Levantou-se com cuidado, e tirou dois analgésicos de um vidro, engolindo os comprimidos com a água da torneira mesmo. Água era bom. Lavou o rosto, e jogou um pouco no pescoço, então se livrou da única peça de roupa que ainda usava e foi para baixo do chuveiro.

Uma tonelada parecia estar sendo retirada de seus ombros, e se por um lado o desconforto estava indo embora, por outro lado, ela começava a ter consciência de todas as dores e problemas. Estava morta de fome, mas seu estômago revirava só de pensar no assunto. Escovou os dentes e lavou o vômito do cabelo, quanto mais limpa estava, com mais nojo de si mesma ficava.

Sua vida havia desandado um tempo atrás, mas agora ela se sentia no fundo do poço. Encostou a cabeça no azulejo e tentou se lembrar do que diabos tinha acontecido na noite anterior.

***

Naquele milésimo de segundo enquanto Sirius se aproximava, Lily se pegou pensando em como ele era patético e manipulável.

— Eu sinto tanta pena de você — disse ela, sem saber que ocupação melhor dar para os lábios. O garoto franziu o cenho, e afastou sua cabeça, puxando os fios coloridos para trás com força. — Ai! — Lily começou a rir de forma atrapalhada, sentindo seu corpo ser afastado do dele. — Não, Black, volta aqui…

E então ela vomitou. Ainda meio agarrada a ele, vomitou tudo o que tinha bebido.

— PORRA! — gritou Sirius, afastando a menina pelos cabelos com força, mas ele não foi rápido o suficiente e boa parte da sua roupa foi atingida pelo líquido.

Lily caiu no chão da pista de dança improvisada — que agora tinha aberto espaço para eles —, virou para o lado e vomitou mais um pouco, abraçando a barriga. Tinha vômito no cabelo agora.

Tudo girava e ela tinha a completa certeza de que não conseguiria ficar em pé sozinha. Tentou se levantar, quando sentiu mãos fortes agarrando seus braços, erguendo-a.

Quase vomitou novamente, sentindo o mundo instável embaixo de seus pés.   

— A sua noite acabou aqui, garota.

Lily foi deixada na calçada, tombando para o lado logo em seguida. Ela só conseguia sentir o chão frio em contato com seu rosto e ver um par de jeans azuis, em um ângulo errado,  afastando-se.

***

And he’s bluuuue, and he’s bluuuue… — a menina cantarolava enquanto dava um jeito no quarto.

Jogou as roupas de volta no armário, sem se dar ao trabalho de arrumá-las. Marlene tinha levado um punhado delas na noite anterior para “consertos”, o que ela faria com as roupas era um mistério.

Lily sempre tivera esse lado prático que evitava que ela entrasse em desespero. Tomou banho, prendeu o cabelo e limpou o vômito enquanto a mãe estava no andar de baixo. Colocou as roupas de cama e as da noite anterior em um saco bem fechado e trancou no armário. Ainda estava tonta e enjoada, mas se obrigou a deixar o quarto com cheiro de desinfetante e roupa limpa e desceu para ver a mãe.

— Ouvi boatos de que Christine Evans estava fazendo um omelete  — disse a menina ao sentir o cheiro.

— Está com fome? — perguntou a mãe, arrumando dois pratos na bancada.  Sorriu para a filha, e pareceu rejuvenescer uns dez anos. Lily sempre lamentara não ter puxado nada da mãe. Christine era loira, tinha olhos azuis e era delicada. Lily não.

— Estou, mas estou um pouco enjoada também — disse a menina, acomodando-se no banco. A mais velha encarou a filha com o olhar clínico de enfermeira, e Lily morreu de medo que a mãe adivinhasse alguma coisa.

— Tomou um remedinho? É bom se hidratar — recomendou, enquanto servia um copo de leite para a filha.

— Tomei, já está passando — sorriu Lily, começando a comer.

— Você deixou suas botas largadas por aqui ontem, mocinha — a mãe sentou-se ao lado de Lily — Saiu ontem?

— Sim, com a Marlene — respondeu Lily. A mãe não precisava saber de todos os detalhes sórdidos. Eram nessas horas que ela dava graças por a mãe ser meio alienada em relação a sua vida.

— A filha dos McKinnon? Essa é a sua amiga? — sorriu ela.

— Isso. Estuda comigo, começamos a conversar quando fui babá dos irmãos dela — essa era a história que tinham ensaiado. Existiam várias de onde aquela viera, história para encobrir todas as coisas novas, e relações estranhas. — Foi ela quem me ajudou com o cabelo. Estamos trabalhando no meu guarda-roupa também — Lily se sentia desconfortável com cada palavra, aquilo era tão não ela —, importa-se?

— Claro que não, meu amor — a mulher deu um beijo na cabeça da filha. — Só me avise antes caso queria outro piercing ou uma tatuagem.

Lily riu, e a mãe acompanhou.

— Estou pensando em colocar mais um no rosto, que tal?

— Onde?

— Ao lado do olho direito — Lily sorriu, apenas parcialmente de brincadeira. — E já aproveito e faço uma tatuagem no ombro escrita “mamãe”.

— Só aceito se for bem grande, como aquelas dos presidiários — riu Christine.

— Isso com certeza combina com os planos da Marlene — a menina riu, sem prestar muita atenção no que tinha dito.

— Eu me lembro dessa menina quando criança, ela era um amor — a mulher se levantou e alcançou um álbum de fotos que estava em cima da geladeira. — Vamos ver… Aqui, na primeira fila.

Era uma foto dessas que toda a sala de aula tira com a professora. A turma devia ser composta por crianças de cinco e seis anos, e realmente, na primeira fila, uma menininha morena, com o cabelo longo solto e olhos castanhos enormes, sorria para a câmera. Aquela definitivamente era Marlene. E ao lado dela…

— Essa… Essa é a Meadowes? — uma menininha loira com olhos verdes, que usava franjinha, segurava a mão de Lene na foto.

— Sim, inseparáveis — sorriu a mãe. — Eu costumava acompanhar bastante tudo isso, mas depois que seu pai morreu… Bem, as coisas ficaram diferentes. Aqui você — ela apontou para o que Lily considerava uma foto muito sem graça de si mesma —, você e esse menininho — disse apontando para um loirinho no cantinho da foto — ficaram super amigos no primeiro dia.

— Eu não me lembro dele — negou Lily, ainda tentando processar os fatos.

— Mas vocês eram amigos! Você não chorou no primeiro dia, e acho que ele também não. Quando fui buscá-la, vocês saíram de mãos dadas, super calmos, enquanto as outras crianças corriam e choravam.

Lily riu com a lembrança gostosa. Não fazia ideia de quem era o garoto, e provavelmente não importava muito. As crianças iam e vinham em Hogsmeade, Lily nunca fora muito atenta a essa movimentação.

— E o filho dos Potter? — perguntou Lily, ávida por mais informações interessantes.

— Aquele ali, na segunda fileira, de óculos — ela apontou para uma criança bem bonita, com os cabelos bagunçados e um sorriso enorme. Lily ficou um tanto surpresa, meio que esperava uma criança tão emburrada quanto o James carrancudo e sarcástico que conhecia. Mas aquele James era uma criança visivelmente feliz.

— Ele parecia bem atentado — observou ela.

— Ele era uma criança muito alegre. Euphemia Potter, a mãe dele, nunca se cansava de elogiar o menino — disse Christine. — Quem diria que ficaria do jeito que ficou…

— Ele chegou a ir para o reformatório? — quis saber Lily. Essa fora uma das fofocas do século, mas Lily não tinha prestado atenção em nada disso, o pai tinha falecido na mesma época.

— O pai deu um jeito. O garoto pegou serviço comunitário — contou Christine.

Lily observou melhor o menininho da foto, tão feliz, e se perguntou como ele crescera e se tornara aquilo. Mas olhando a menina de trancinhas e olhos verdes, não dava para prever nada de especial também. Lily passou os olhos pela foto, focando-se em um garoto extremamente conhecido.

— Esse é o filho dos Black?

— Sim — respondeu a mulher observando a foto. — O mais velho deles, qual o nome mesmo?

— Sirius.

E ali estava o pior, Black estava ao lado de, ninguém mais, ninguém menos, que James Potter.

— Eles eram amigos? — se revirasse a memória, talvez se lembrasse dos dois andando juntos pelos corredores. Pelos céus, o que tinha acontecido para que eles acabassem naquela situação de ódio?

— Bastante — contou a mãe. — Walburga Black não gostava dessa amizade, embora Euphemia gostasse do garoto como um filho. Mas Walburga tinha esse ar nobre e menosprezava qualquer um. Ela só sorria no programa de televisão, apresentadora numa coluna semanal e agia como uma estrela de cinema.

— O que aconteceu com o programa? — quis saber Lily, curiosa.

— Foi cancelado há alguns anos. Mas ela não perdeu a pose — a mulher bufou. — Há uns seis meses o menino mais novo, Regulus, quebrou a perna. E isso foi de noite. Quem chegou no hospital carregando o menino foi o irmão mais velho. O pai parecia aborrecido demais por ter saído da cama àquela hora, e Walburga só sabia reclamar do atendimento. Vai saber o que aqueles garotos passam — com isso a mãe se levantou e começou a lavar os pratos.

Aquilo tudo parecia um grande quebra-cabeça. Lily não conseguia conciliar o lar estável de James com o bad boy que conhecia. E nem os Black, com a imagem que Sirius passava. Ou talvez fosse previsível e ela não entendesse da humanidade. Se pensasse na noite anterior, tudo começava a fazer sentido.

***

Estava caída na calçada. Alguém havia dito para que ela chamasse um táxi, mas ela não lembrava o número de nenhum. Alcançou o celular no bolso da jaqueta e ligou para o último número discado. James Potter.

— Alô?

— Potter… Potter, eu… — uma forte ânsia dominou a menina, mas dessa vez, pelo menos, ela não vomitou. — Eu preciso de ajuda.

— Evans, você bebeu? Puta que pariu — xingou o garoto do outro lado da linha. — Onde você está?

— Aqui… — e a ligação caiu. O celular havia descarregado.  

E então pareceu que horas se passaram até que ela tivesse vontade de abrir os olhos e tentar se levantar novamente. Só o fez porque chamavam seu nome.

— Lily Evans? — perguntou um cara enorme, com uma barba espessa. — Meu nome é Rubeus Hagrid, vim para levar você para casa.

— Quem te mandou? — perguntou ela muito grogue. Reconheceu o homem vagamente como o zelador da escola.

— Um amigo, senhorita Evans — respondeu ele sorrindo. — Agora venha.

— Como sabe quem eu sou? — quis saber enquanto entrava no carro.

— Falaram para procurar a moça do cabelo colorido. Não existem muitas em Hogsmeade, não é?

Talvez seu pai realmente cuidasse dela lá do céu, pois o que poderia ter sido a sua pior ideia, foi na verdade a melhor. Hagrid a levou em casa, e esperou a menina entrar e fechar a porta para poder partir.

***

A única peça de roupa que fora salva da sujeira era a jaqueta que usava, uma jaqueta preta de couro, que pertencia a James. Fora ele quem havia escolhido a roupa que ela usara na festa. Calças coladas para destacar as pernas, uma blusa bonita, sem decote, e uma bota de salto, que Lily havia comprado principalmente porque a atendente havia dito que Petúnia tinha tornozelos grossos demais para aquele modelo, e para completar o look, o garoto entregou a própria jaqueta.

Tirou da gaveta um par de lentes de contato que não gostava de usar, e guardou os óculos. Tinha feito a maquiagem com Marlene, simples, como Sirius gostava. E repassado uma série de possíveis situações e comportamentos. Ela achava que tinha começado tão bem, havia se enturmado e sido legal, até tudo desandar.

Vasculhou os bolsos da jaqueta procurando pelo celular. E encontrou o aparelho sujo, totalmente sem bateria. Sentou-se ao lado da tomada com o carregador e o aparelho em mãos; enquanto esperava ligar, pressionou a jaqueta no nariz e sentiu o aroma, ainda presente, de James. Era incrível como o couro macio tinha permanecido intacto.

Quando o celular ligou, dezenas de mensagens começaram a chegar. Lily leu por cima os xingamentos de Marlene, e decidiu acabar com aquilo de uma vez. Tinha feito merda, sabia disso. Arruinara suas chances com Sirius Black, o que era quase um alívio, e também desmanchara a fachada cuidadosamente construída, ainda no início.

Discou o número de Marlene e a garota atendeu no primeiro toque.

— Estou passando aí em quinze minutos — foi tudo o que disse. Não havia como evitar aquilo, realmente. Cancelariam a matrícula, e Lily teria que dar um jeito de recompensar todos os gastos. Fora uma ideia ruim desde o começo, ela sabia. Uma falha esperança de conseguir um futuro melhor.

Trocou de roupa e avisou para a mãe que iria sair. Ia ser uma longa noite.

***

Lily sentiu-se ridícula na manhã seguinte, aquele desconforto que dava vontade de sair da própria pele. Nem tanto pelas roupas — que Marlene havia pego para “dar um jeito”, ajustado e customizado —, que haviam ficado legais até. Nem pela leve camada de maquiagem que usava, as unhas pintadas e o cabelo solto. E sim pelo fato que todos olhavam para ela e comentavam sobre a festa.

Ledo engano achar que aqueles dois se dariam por vencidos depois do que acontecera. Após muito esporro e xingamento, onde Lily quis sair porta a fora da casa de Marlene, ela descobriu que o plano continuava de pé. E só estava mais complicado agora.

— Depois dessa estupidez — dissera Marlene na noite anterior —, pessoas como Dorcas Meadowes enfiariam a cabeça num buraco e nunca mais sairiam. E pessoas como eu, ririam como se fosse algo corriqueiro. Você é diferente.

Então ali estava Lily, rindo dos comentários, levemente tímida. Sentia-se humilhada, mas o plano era agir como se fosse algo um pouco vergonhoso, acidental, mas que, infelizmente, acontecia.

Ninguém morre por estar bêbado — disse a morena. Lily quis contestar com algumas estatísticas, mas preferiu ficar quieta. No final, contornar a situação de popularidade não era tão difícil. Quanto a Sirius, era um pouco mais complicado. Parte disso era devido a Lily estar com nojo do cara.

— O que você queria? — perguntou James quando ela contara o que havia acontecido. — Eu te disse que ele não valia nada. Achou que eu estava brincando? Que era só inveja? — mordeu a língua para não dizer que James era tão marginal quanto; não podia ter certeza, mas provavelmente devia seu resgate ao Potter.

Lily se escorou no armário e observou os corredores.

No meio de uma rodinha de jogadores, estava o Black. Jeans azuis, olhos azuis, tênis azuis. Azul da cor das pílulas que passavam de mão em mão, como se fossem muito espertos para serem descobertos. Bem, talvez Lily só estivesse notando porque James e Marlene haviam contado sobre as drogas que usavam a todo momento.

Quantos daqueles garotos chegariam aos vinte e oito? Quantos estariam vivos amanhã? Quantos seriam atingidos por um automóvel e morreriam? Quantos estariam na condução?

— Eu sinto tanta pena de você — ela lembrava de ter dito a Sirius.

Parte de si, a parte artista, admirou cada traço daquela beleza incontestável e quis gravar o simples gesto de jogar o cabelo para trás que o garoto fazia. Focar em como a fumaça, do cigarro recém aceso, saía de sua boca e como o filtro azul do cigarro manchava os seus dedos de azul. Ela quis fotografar isso. O céu azul ao fundo e a calçada cinza. Quis fotografar a beleza e a tristeza de tudo aquilo.

Ele sempre fica para trás por mais um tempo — dissera James. Ele não estava errado. Encostado ao muro do colégio, com um olhar distante, estava Sirius, ele havia ficado sozinho após os amigos entrarem no prédio.

Aproximou-se com passos decididos, sentindo-se sentenciada a algo terrível a cada passo que dava. Se Lily fosse uma tela, já estaria coberta com as cores escuras e selvagens que James Potter e Marlene McKinnon haviam despejado nela. Seus anseios, desesperos e seus rancores. Enquanto se aproximava de Sirius, sentiu medo de que todo aquele azul triste fosse despejado nela também. Ali em sua frente estava um garoto transbordando em si mesmo, cheio de algo que não conseguia lidar, e Lily estava pronta para ser o estopim de uma inundação.

Tão bonito, tão superficial e a menina conseguia enxergar uma espécie de tristeza tão profunda.

— Hey — cumprimentou a menina assim que se aproximou. Sirius concedeu um sorriso, embora claramente tivesse reconhecido ela. — Acho que te devo desculpas — não, ele devia desculpas —, não era minha intenção ficar tão bêbada e despejar tudo em cima de você — ambos fizeram uma careta, e o sorriso que se seguiu pareceu mais sincero. — Podemos tentar novamente?

— Olá — disse Sirius estendendo a mão como forma de cumprimento. Lily levou a mão até a dele, subitamente consciente de que aquela mão já tinha estado nela antes. — Qual é o seu nome, estranha do cabelo colorido?

— Lily Evans.

— Prazer, eu sou Sirius, Sirius Black.


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Notas finais do capítulo

A música que estava tocando quando eles estavam dançando é uma do Zedd :) Gostaram?