5 Colours in Her Hair escrita por Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 10
você precisava estar perdido




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— É sério, James, se Petunia reclamar mais uma vez dos arranjos de flores, eu saio daqui, e ela que case sem dama de honra!

James riu para o telefone, mas só metade da sua atenção estava ali. Do banco do carro ele tinha uma visão um pouco restrita do restaurante do outro lado da rua, mas era o mais perto que poderia chegar.

— Bata nela com o buquê se ela te encher muito a paciência — brincou ele, alguém abriu a porta ao lado e James pulou no banco do motorista. — Tenho que desligar, anjo. A gente se vê amanhã.

— Eu não vou ser a de branco — disse Lily —, vou ser a de vestido salmão horrível.

— Linda seria até com um saco de batata — respondeu James. — Um beijo.

— Outro para você.

O garoto desligou a ligação, com um sorriso involuntário, fazendo a garota ao lado revirar os olhos.

— Você está tão ferrado, Potter — disse Dorcas.

— Não vamos começar uma discussão sobre que está pior, que dessa vez eu não vou ser o ganhador — sorriu James, fazendo a loira revirar os olhos —, conseguiu alguma coisa?

— Algumas fotos — respondeu ela, desbloqueando o celular e estendendo-o para James.

Ele passava as fotos tiradas meio de longe, por uma Dorcas um tanto disfarçada, que mostravam Sirius Black em um encontro.

— Nojento — comentou ela.

James ergueu uma sobrancelha para ela, sorrindo meio sarcástico. Estava bom, mas não mostrava muita coisa.

— Precisamos de fotos mais comprometedoras — disse o garoto.

— Quem sabe eles deem um beijo de despedida — sugeriu ela. — O que fazemos?

— Esperamos.

Assim os dois encostaram no banco, cada um perdido em sua própria vida fodida.                        

 

***

 

— Então, querida?

Marlene tinha montado um lugar elevado em seu quarto, cercado de espelhos, preparado com cuidado para esse grande momento. A prova do vestido. Esse era um dos dias mais especiais de sua vida, provavelmente nem o dia de seu casamento iria superar isso. Provavelmente ela não ia se casar, mas mesmo assim.

— Querida? — perguntou a costureira mais uma vez. O desenho do vestido era de um estilista famoso e simplista, com um toque especial.

— Está perfeito.

— Ótimo — sorriu a mulher, ajeitando os alfinetes. — Vamos ao de sua amiga agora.

 

***

 

— Ai, Lily! Devagar, assim você está machucando meus pés!

A menina achava um absurdo que tivesse que ser ela a estar ali fazendo massagem relaxante nos pés de Petunia. Que a irmã enorme de Vernon viesse fazer isso, ou uma das dezenas de damas de hornas e amigas — que Lily nem desconfiava que Petunia tinha — que estavam se hospedando na casa delas. Mas foi para ela que coube a tarefa. Despejou toda a sua raiva nos pés ossudos da irmã.

— Mamãe! Lily está me machucando! — gritou a loira, puxando os pés.

— Quantos anos você tem? — resmungou Lily, deixando a massagem mais suave. — Cinco?

— Essa é pra ser uma massagem relaxante, sua anormal! — gritou a noiva.

— Quer saber? Fique estressada então!

A menina saiu do quarto batendo a porta no caminho. Mas não era  suficiente, tinha vestigos do casamento até nos corredores. Pegou um casaco e desceu as escadas, preferindo se sentar do lado de fora da casa.

Com a cabeça nas mãos, Lily suspirou fundo. Estava tão cansada de casa, escola, casamento, Petunia, cor salmão. Nem acreditava que estava faltando tão pouco.

— Algum problema, querida? — perguntou uma voz atrás dela, Lily virou-se e deu de cara com a mãe.

— Não…

Christine não se deixou enganar e sentou-se ao lado da filha.

— Releve Petunia, logo logo ela estará fora de casa e nós vamos sentir muito a falta dela — disse a mãe, passando o braço pelos ombros dela.

— Nós vamos? — murmurou Lily, mas a mãe fez de quem não ouviu.

— Acho que a gente precisa conversar — disse ela, com uma expressão séria.

— Sobre o que, mãe? — quis saber Lily. Vivia com medo da mãe descobrir o que estava aprontando.

— Sobre você — respondeu ela. — Encontrei isso sem querer… Acho que é seu — ela estendeu uma pasta rosa, e Lily engoliu em seco. Era hora de dar mais algumas explicações.

 

***

 

— Minha vida não é tão miserável — disse Dorcar, após um longo momento de silêncio.  — Vou terminar a escola com a melhor média, oradora da turma. Nós ganhamos o Campeonato de Inverno, nas líderes de torcida. Tenho aprovação para uma dezena de faculdades, e logo logo estarei em alguma fraternidade, ou coisa assim. Eu só preciso aguentar mais essas semanas, e pronto.

— E é o suficiente? — especulou James, com o olhar perdido para o lado de fora do carro. — Nada de amigos, ninguém que te conheça, você odeia seus pais por te pressionarem, não tem um namorado, nem se quer alguém que você goste…

— Tem alguém — disse ela, olhando para baixo.

— Você abriu mão do Lupin, Dorcas — lembrou James, pelo que Lily tinha contado.

— Ele é…

— Soropositivo, eu sei — completou o garoto. — Nós meses após o acidente eu visitei ele algumas vezes, a mãe dele contou.

— Então você deve entender que uma relação com ele…

— É perfeitamente possível — contou James mais uma vez. — Ele é consciente, se cuida, busca o máximo fazer com que essa doença não o defina.

— Ele me abandonou também — argumentou ela, brava como a Dorcas de fachada nunca ficava. — Meus pais disseram que não queria e ele concordou, me deixou pelo que era melhor para mim, sem me perguntar se era isso que eu queria ou não.

— E você tentou lutar contra isso? — quis saber James. — Ou só aceitou o que papai e mamãe disseram, mais uma vez? Ele eu posso dizer que fez isso pensando além dele mesmo, mas e você?

— Você não me conhece, Potter!

— Alguém conhece, Dorcas? — perguntou o moreno, com as sobrancelhas erguidas. — Lá vem eles.

 

***

 

— Como? Como assim esse foi o que foi te passado? Será que você não tem olhos? É tão burra assim? É claro que isso não serve, isso está um lixo!

Marlene jogou o bolo de tecido no chão enquanto gritava com a costureira.

— Como você pode ser tão incopetente? Ela veste 36, sua inútil, isso aqui é quase tamanho infantil!

Estava tudo errado. O vestido de Lily não tinha ficado nada bom, a costureira havia errado feio nas medidas, e não havia conserto. Olhou mais uma vez o vestido no chão e quis rasgar o tecido em tiras. Tudo errado. Como ela estava com ódio.

— Saí da minha frente! — gritou com a costureira. — Agora! Não quero nunca mais ver a sua cara! — atirou uma das almofadas do sofá na mulher, que saiu do quarto gritando com Marlene. — Sua inútil!

Pegou o vestido e em um ataque de raiva, rasgou.

— Que ódio! — gritou para as Marlenes refletidas no espelho. Olhou-se no espelho, estava começando a ficar doente, se sentia meio tonta, talvez fosse tanto nervoso. Jogou o vestido longe e decidiu sair. — Se você quer alguma coisa bem feita, faça você mesma.

Pegou a bolsa e saiu. Ela ia fazer o vestido de Lily, e ia ficar perfeito, ou ela não se chamava Marlene McKinnon.

 

***

— Você foi aprovada uma universidade com bolsa integral, Lily! — disse a mãe, tirando um dos papéis da pasta. — Quando ia me contar isso?

Lily recebeu a aprovação no natal, mas decidiu guardar a informação só para si. Já tinha muito com o que lidar, Petunia, preparativos para o baile, a mãe conhecendo Sirius e os dois assumindo o namoro. E talvez, se mantivesse só para sí aquilo, a sensação boa pudesse durar mais.

Mas havia durado pouco, cada vez que olhava para a pasta, onde os documentos de inscrição, e boletins da escola, e memorandos do curso de fotografia ficavam, Lily sentia-se mais e mais enjoada. Tinha valido a pena, não tinha? Ela não poderia dar para trás agora.

— Estava esperando o casamento de Pet passar — explicou para a mãe com um sorriso.

— Ah! minha querida, eu gostaria de ter sabido, fique tão feliz! Meus parabéns! — Christine abraçou forte a filha. — Tenho um presente para você — disse ela, tirando um cheque da bolsa. — Não é muito, mas é o que temos economizado e agora que Petunia está se casando, vamos poder manter seus estudos, e com essas bolsa, ah! Meu bem, estou tão feliz!

Lily sentiu seu estômago afundar mais uma vez enquanto aceitava o cheque, e tentou esconder todas as suas preocupações e focar apenas no abraço quente da mãe.

 

***

 

— Ficaram ótimas as fotos — disse Dorcas, enquanto James parava o carro na esquina da casa dela. — Idiotas, se beijando em público assim… Como se ir para outra cidade fosse adiantar.

— Isso era tudo o que eu estava precisando — admitiu James. — Com toda a informação que eu recolhi, e as provas… Sirius Black já era.

— Uma vinganaça bem cruel — comentou a menina, não muito compadecida de Sirius. — E o que eu pedi?

— Aqui está — disse James, tirando um frasco verde do porta luvas. — Coloque em água, que ele forma uma gosma verde com um cheiro desagradável. Acho que aqui encerramos nossos negócios, Meadowes.

— Foi ótimo trabalhar com você, James — sorriu a menina. — Boa sorte com sua vida miserável, sem amigos, ou alguém que você realmente importe. Não se engane ao pensar que ela vai continuar com você, ela não vai. Lily Evans é feita de um material diferente do nosso.

— Por que você acha que eu me apaixonei por ela? — admitiu ele. Sorriu e acelerou com o carro. Ele não precisava de Dorcas para saber de nada disso.

 

***

 

Estava pronto, tinha conseguido, era quase uma obra prima. Marlene dançou pelo quarto, com sua primeira crianção. Per-fei-ta. Estava perfeita… O vestido mais bonito que alguém poderia ter feito…

O quarto começou a rodopiar, e os espelhos pareciam muito perto…

Muitas Marlenes…

Chão…

Chão…

A próxima coisa que viu foi o teto do hospital, em uma cama desconfortável com um barulho irritante e algo queimando em suas veias.

— Não se mexa, já chamei a enfermeira — disse sua mãe ao seu lado. — Estou tão decepcionada, Lene… Você poderia fazer tudo o que quisesse, só tinha que lembrar de uma coisa...  A camisinha. O que vamos fazer agora?


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Notas finais do capítulo

Penúltimo! Vou começar a chorar...



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