Ascensão dos Mortos escrita por Mary


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, acho válido avisar que estarei postando apenas nos finais de semana. Boa leitura!
Capítulo betado.



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O cheiro de podridão não era nada agradável, haviam corpos ensacados que fediam muito por toda a floresta. Alguém precisava checar o estado daqueles cadáveres e tentar chegar em uma suposição do que estava acontecendo. Luísa foi a escolhida, pelo simples fato de já estar acostumada a ver defuntos.

Ela não vomitou, mas teve que se esforçar bastante para este feito. Em anos trabalhando como delegada ela acreditava já ter visto crimes chocantes e nojentos, mas aquilo ultrapassava os limites.

— O que tem aí? — perguntou Emily curiosa, se aproximando.

— Algo extremamente nojento — respondeu Luísa.

Mas as respostas não foram o suficiente para controlar sua curiosidade, ela precisava checar com seus próprios olhos. E antes que Luísa tentasse lhe impedir, ela já havia se agachado e visto o que não deveria, levando a mão à boca chocada e com o estômago embrulhado.

— Eu avisei — acusou Luísa, percebendo o mal-estar de sua amiga — Esqueça isto. Tire esta imagem de sua cabeça.

De qualquer forma, suas palavras foram úteis para Emily. Ela não vomitou o almoço horrível que a penitenciária oferecia.

Já Ester e Nancy estavam um pouco atrás e também curiosas. Não andavam muito próximas das garotas, pois sabiam que elas ainda nutriam um pouco de raiva das duas oportunistas.

— Então, o que temos aí? — perguntou Ester a Nancy, que checava um dos sacos.

— Nada que você não esteja acostumada a ver — retrucou Nancy, rindo em seguida.

Ester se agachou com cuidado e olhou dentro do saco, foi uma das únicas a não sentir repulsa. Um corpo mutilado com as estranhas todas a mostra não era algo chocante para alguém que cometeu crimes tão estranhos e nojentos, como ela.

— O país está em guerra? — questionou Nancy, analisando sua volta.

— Provavelmente. Ou talvez Hitler tenha voltado para te carregar para o inferno — sugeriu ironicamente, fazendo referência ao fato de Nancy ser acusada de neonazismo — Honestamente prefiro a segunda opção.

— Velha macumbeira — xingou Nancy, rindo e não se importando muito com as palavras da colega.

Mas antes que Ester respondesse algo a altura, foram interrompidas por Emily. Que já estava irritada o suficiente para aguentar as pecuinha das duas mulheres.

— Vocês já saíram da cadeia à nossas custas, não precisamos andar juntas. Mas já que insistem em continuar na nossa cola é melhor pararem de brigar e fazerem o favor de calarem a boca.

— Não atrapalharemos vocês, pelo contrário — falou Ester, deixando Nancy surpresa – Eu posso ajudar, tenho uma fazenda...

— Quem diria, hein? Você oferecendo ajuda a alguém? Estou sonhando? — perguntou Nancy boquiaberta.

— É um bom lugar. Não está em meu nome e a polícia não tem conhecimento sobre ele — garantiu. — E Nancy ficará quieta, ou eu arrancarei sua língua e usarei para esfoliar minha pele.

Se tratando de Ester ela não duvidou. Calou-se imediatamente.

— Nós aceitamos sua ajuda — afirmou Luísa, sem ao menos perguntar para sua amiga.

Poderia ser bobagem, mas Emily não sentia uma energia boa em Ester, na verdade ninguém sentia. Porém ela costumava acreditar mais em suas intuições.

— Se tentar nos enganar… — ameaçou a jovem, já imaginando as possíveis intenções de Ester.

— Não quero seu mal, Emily — ela garantiu com ternura — Nem o de sua colega.

Sem muitas opções as garotas aceitaram, eram fugitivas e não poderiam ir para seus respectivos apartamentos. Continuaram a trilha pela floresta, ignorando os cadáveres. Eram mais de cem mortos, talvez uns quinhentos corpos. Não se preocuparam em contar.

Luísa tinha um pequeno mapa e como a fazenda onde pretendiam morar ficava no interior houve uma pequena mudança na rota. Felizmente a floresta era longa e se tudo desse certo, elas sairiam na estrada para o interior de São Paulo.

Elas andaram por um bom tempo e depois daquela pequena discussão não houve mais nenhuma parada. A medida que elas se aproximavam da estrada os barulhos aumentavam e não eram apenas buzinas.

— O que será que está acontecendo? — perguntou Emily, escutando as buzinas e gritos.

— Trânsito — sugeriu Luísa.

— Não é normal as pessoas gritarem desta forma por causa do engarrafamento — concluiu Emily. — Acho melhor eu checar…

― Não — ordenou Luísa, se aproximando da colega — Fique de olho nas duas, eu vejo o que está acontecendo.

Emily apenas assentiu, olhando novamente para as duas senhoras que estavam um pouco atrás. Não era uma missão muito fácil aguentá-las, mas seria necessário. Neste tempo, poderia fazer uma barraca improvisada para descansarem um pouco.

― Tome cuidado! — desejou para sua amiga.

Luísa apenas assentiu e continuou caminhando pela floresta, em direção a estrada. Andava cautelosamente, seguindo os gritos apavorados de algumas pessoas e as buzinas dos carros.

Depois de algum tempo, finalmente conseguiu enxergar os faróis e carros parados, o trânsito estava horrível. Com sua pequena lanterna seguiu em direção a um dos gritos mais desesperados e para seu espanto se deparou com uma adolescente jogada no chão. A garota gritava apavorada e tentava se defender, enquanto uma senhora lhe devorava como se fosse um animal feroz.

Foram necessários alguns segundos para que Luísa reagisse e percebesse que aquilo não se tratava de um pesadelo maluco. Fez uma breve análise e concluiu que talvez aquela senhora estivesse sob efeito de drogas, já havia estudado sobre algumas drogas que induziam ao canibalismo. Era a explicação mais óbvia.

Não poderia ficar naquele lugar com a velha drogada ou corria o risco de ser atacada também. Em passos lentos, tentou se afastar, mas era tarde demais. A senhora já havia escutado o barulho dos seus passos e sua respiração descompassada.

― Não se aproxime — ordenou Luísa com a voz firme.

A mulher não se importou e continuou em sua direção.

― Mais algum passo e serei obrigada a te matar — disse, recuando.

Mesmo com a ameaça a senhora não parou. Ela andava em sua direção e grunhia, possuía o rosto deformado e a pele pálida, com aspecto de podre.

― Está ouvindo, drogada? Pare! — ordenou novamente, sem respostas.

Luísa sabia que poderia ganhar facilmente daquela senhora na corrida, mas não poderia atraí-la para a floresta. Estava escuro e seria extremamente arriscado. Aquela senhora poderia achar Emily e pegá-la desprevenida.

― Quer me atacar? Terá que ser mais rápida – Provocou, parando de recuar.

Ela já havia se afastado dos carros, tudo estava escuro e os gritos estavam mais fortes que as buzinas. Olhou em volta, estava sozinha e sem nada para se defender.

A mulher chegou em sua direção antes do previsto por ela, mas com um chute na barriga ela derrubou-a. Correu até o acostamento e encontrou uma pequena árvore, conseguiu quebrar um galho pequeno com facilidade.

A senhora já havia se levantado, porém ainda não havia chegado ao acostamento. Voltando à estrada, mostrou o pequeno galho pontudo para a senhora.

― Se tentar me atacar, atravessarei esse galho no seu estômago — ameaçou, mas novamente a mulher não reagiu.

Era estranho. Qualquer pessoa reagiria, mas a senhora apenas continuava a caminhar em sua direção ignorando todas ameaças e riscos. Luísa estava lhe ameaçando de morte e ela não parecia se importar nem um pouco com isso.

Morte! Luísa sabia que se ela se aproximasse, seria obrigada a lhe matar. Havia prometido a si mesma que não cometeria mais crimes e lá estava ela, com uma estaca pontuda em mãos ameaçando uma senhora drogada. Se alguém a visse, poderia ser presa novamente.

― Não se aproxime – Falou com a voz trêmula, em quase uma súplica.

Mas a senhora continuou a caminhar e chegou perto o suficiente para que Luísa conseguisse encará-la. Seus olhos amarelados eram desumanos e quase fizeram a jovem perder a noção do espaço e do tempo.

Mas, seu instinto de sobrevivência falou mais alto.

Ela chutou novamente a mulher que caiu no chão. Determinadamente agachou-se e fincou o pedaço de madeira em seu estômago. A mulher não apresentou nenhuma reação, apenas continuava a grunhir. Luísa retirou o pedaço de madeira e começou a atacá-la com vários golpes.

― Mas que diabos! — xingou, enquanto tentava inutilmente matar a mulher.

Luísa já estava coberta de sangue e exausta, porém a mulher ainda parecia bem-disposta para tentar mordê-la. A ex detenta tentava achar alguma explicação lógica para o que estava acontecendo, mas aquilo parecia um delírio. Não podia ser real!

Ela estava concentrada demais, tentando matar a senhora que não percebeu a adolescente ― que havia sido atacada e morta minutos atrás — se aproximar grunhindo e prestes a atacá-la.


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Notas finais do capítulo

Luísa já esta em uma bela enrascada rs Gostaram? Não se esqueçam de comentar.
Beijos!



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