Ascensão dos Mortos escrita por Mary


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão? Eu sumi, eu sei. Antes de mais nada, quero pedir desculpas a vocês meus leitores lindos, cheirosos e maravilhosos ♥ Esse fim de ano foi bem corrido para mim. A boa noticia é que fiz uma prova faz algumas semanas e acho que fui bem, espero que eu tenha passado rs E como vocês passaram o Natal? Tirando os tios do pavê ou pra comer, foi bem divertido a ceia aqui em casa. E a virada do ano? Desejo um bom 2017 a todas vocês ♥ Espero que gostem do primeiro capítulo do ano.



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Um ano atrás

Luísa havia percebido algumas mudanças, mesmo que leves, em sua colega de quarto. Emily havia emagrecido nas últimas semanas, não se alimentava bem e nem dormia direito. Sua amiga estava envolvida com drogas, era óbvio.

Ela resolveu segui-la em uma de suas escapadas e suas suspeitas foram confirmadas. A jovem estava se drogando em um dos pontos cegos da cadeia.

Mas que merda. O que você está fazendo? — sussurrou Luísa, se aproximando. A ex-delegada se assustou com a quantidade de crack que sua amiga possuía. — Se te pegarem com isso você vai para a solitária e a sua pena aumenta. Você será acusada de tráfico! Além disso, isso está te prejudicando. Precisa largar desta merda…

Me deixe em paz, você não é minha mãe — murmurou Emily. Minha mãe repugnava essas coisas e morreu cedo do mesmo jeito. Estamos fadados ao inferno, Lulu.

Luísa escondeu a droga dentro do ralo, receosa que alguém pegasse as duas com aquela quantidade de crack. Ela pretendia sair daquele lugar o mais rápido possível e não queria ganhar mais alguns anos naquela penitenciaria por acusação de tráfico. Sentou-se ao lado de sua amiga.

O que aconteceu? Você estava bem, não deveria deixar se recair.

Emily riu.

Estamos presas. Nada está bem.

Não quer sair deste lugar imundo? Porra, Emily… Tenha esperança! Não tem vontade de ver seus amigos, sua família?

Eu quero mais que eles se fodam. Emily riu. Minha família está cagando para mim.

Tenho certeza que alguém deve se importar.

Ninguém se importa garantiu Emily. O efeito das drogas começava a passar e realidade voltava três vezes pior. Às vezes penso que não temos o mesmo sangue.

Na verdade, Emily já pensara na possibilidade de ser adotada. Era a única explicação para a indiferença de seus tios. Ela também imaginou ser fruto de uma gravidez indesejada ou na pior das hipóteses de uma traição. Ela nunca culpou seus tios pelo seu envolvimento com as drogas, mas era obvio que eles possuíam uma parcela da culpa. Eles foram cruéis o suficiente para deixar uma adolescente desamparada, fecharam os olhos como se não enxergassem que ela estava indo pelo mal caminho e ninguém se preocupou em ajudá-la ou aconselhá-la depois da morte de sua mãe.

Emily tentou pegar a droga do ralo antes que uma lágrima escorresse, mas foi impedida por sua companheira de cela.

Você precisa de um banho, comida e de alguém para desabafar. Não dessas porcarias!

Por que está tentando me ajudar?

Porque você é uma pessoa boa, Emily.

 

 Luísa estava parada e mantinha-se atenta ao homem. Qualquer movimento que ele fizesse, ela atiraria, sem pensar duas vezes. Era a vida de sua única amiga que estava em jogo, ela não arriscaria. César foi o primeiro a se manifestar, tentando acalmar os ânimos e fazer com que seu capanga largasse a arma e a garota.

— Abaixe isso, amigo. Vamos conversar!

O rapaz estava tomado pela raiva e não acatou a ordem do líder. César repetiria as palavras, mas não foi necessário. Antes que o homem pensasse em apertar um gatilho, Luísa atirou. Um tiro certeiro acertou seu ombro direito e fez com que ele, involuntariamente, derrubasse a arma e segurasse o ferimento. Ester, que estava mais próxima, agachou-se e pegou o revólver, deixando o rapaz desarmado e incapaz de se defender.

Emily e Luísa se encararam por alguns minutos. Mesmo naquela situação, a loira sorriu e correu até a sua amiga, abraçando-a bem forte. O abraço era reconfortante, como quando Emily saiu da solitária, depois de ter ficado um mês naquele lugar horrível. A diferença é que dessa vez ela acreditou que nunca mais veria a ex-delegada. Sua intuição dizia que sua amiga estava viva, mas os fatos — e Nicolas — insistiam em provar o contrário.

— Você está viva — murmurou Emily, com um sorriso radiante.

― Mas é claro. Vaso ruim não quebra! — sussurrou Luísa.

César agachou-se e tentou ajudar seu capanga, improvisou algo para estancar o sangramento em seu ombro. Emily chutou que ele fosse um médico, afinal, demonstrava plena tranquilidade em fazer o curativo.

― E… eu vou morrer ― murmurava o homem diversas vezes.

Ele tremia e suava frio. A bala não havia se alojado no corpo do rapaz e o tiro não fora fatal, mas ele precisava se acalmar. César retirou alguns comprimidos do bolso e ofereceu ao rapaz, obrigando-o a tomar o coquetel de remédios.

O medicamento melhorou a dor do capanga e fez com que ele apagasse em pouco tempo.

— Quando conhecemos pessoas novas é educado se apresentar — repreendeu o líder quebrando o silêncio e se levantando como se nada houvesse acontecido. As mulheres estavam surpresas com a atitude dele. — César Matarazzo. É um prazer conhecer vocês.

— Nós matamos seus dois homens. Ainda está feliz em nos conhecer? — perguntou Nancy com sinceridade.

— Na verdade, sim — respondeu César. — Quem de vocês matou meu colega?

Elas ficaram em silêncio novamente. Luísa desconfiava de Nancy e Ester, mas não disse nada. Porém, analisando o comportamento das duas, ela já tinha certeza de quem fora a culpada pela morte do capanga idoso. César começou a caminhar em círculos, encarando cada uma das detentas.

— Bom, eu diria que foi… você?

Ele parou em frente a Ester, encarando-a. A mulher não se intimidou e o encarou de volta com um sorriso simpático nos lábios. Não tentaria enganá-lo, afinal, ele aparentava ser uma pessoa bem mais esperta que seus dois capangas.

— Eu mesma ― confessou com um pequeno sorriso tão cínico quanto o dele. ― É um prazer te conhecer, César ― devolveu com a mesma ironia e falsa simpatia que o homem havia utilizado com elas.

— A culpa foi… — Emily tentou se explicar.

— Gosto de pessoas modestas, mas não quero saber dessa história. Dois dos meus homens estão mortos, mas em compensação arrumamos novos amigos.

— Só queremos ir embora — comentou Ester.

— É claro, mas não antes de conhecer nosso grupo. Talvez vocês mudem de ideia — propôs César.

Nenhuma das quatro se convenceram da boa intenção do líder. Ninguém ofereceria abrigo a pessoas que mataram dois de seus homens. Até mesmo Luísa que já havia se convencido que ele era uma boa pessoa, reviu isso, era uma atitude muito estranha.

Mas no momento eles estavam em desvantagem. César ainda possuía dois capangas e sua irmã — que atirava bem e sabia escalar como ninguém — o casal de nordestinos e Victor que aparentavam ser mais tolerantes aos forasteiros, porém em uma guerra eles também contavam como vantagem para o outro lado.

— Eles são boas pessoas, deveríamos conhecê-los.

A fala de Luísa soou tão falsa quanto a de César. Suas amigas não se convenceram muito, mas resolveram aceitar a ajuda do homem. O esforço do líder para que os forasteiros se sentissem bem era inútil, a tensão estava terrível.

— E como essas pessoas boas reagirão quando descobrirem que você está colocando “assassinos” dentro do grupo? — questionou Ester.

— Vocês apenas se defenderam. Eu entendo, de verdade — justificou César. — Eles não precisam saber do incidente com os rapazes.

— Está subestimando a inteligência do seu grupo? — perguntou Luísa. — Eles desconfiarão.

— A melhor solução é irmos embora… — complementou Emily.

— Nem pensar. — César sorriu. — Juntos somos mais fortes.

Ninguém mais argumentou. César caminhou pelo corredor analisando a casa e logo se deparou com os outros dois integrantes. Nicolas estava desmaiado, porém Clarisse estava bem desperta e se debatia tentando soltar-se da cama onde estava presa. César agachou-se e abriu as algemas que prendiam a loira, libertando-a.

— Esperava ouvir um obrigado — repreendeu com um sorriso debochado.

Vá se foder!

Clarisse levantou-se e passou direto por seu grupo. Havia escutado a conversa e não pretendia ir para o grupo daqueles dois homens nojentos, eles planejavam matar seu irmão. Achava um absurdo se submeterem a isso.

Nicolas foi solto em seguida. Resmungou e começou a despertar. Demorou alguns minutos para que aquela cena entrasse em sua cabeça. Sua visão ainda estava turva, portanto pensou se tratar de um delírio. Luísa estava a sua frente, encarando-o com os belos olhos verdes. Era impossível!

— L… Luísa — balbuciou, ainda confuso.

— Em carne e osso. — A mulher sorriu como se o desafiasse. — Eu falei que eu escaparia. Por que não acreditou?

Nicolas se levantou. Sua cabeça estava terrivelmente dolorida e ele ainda se sentia um pouco zonzo, porém estava feliz em ver Luísa. A ex-detenta havia o ajudado no hospital e graças a ela sua sobrinha estava bem, ele jamais esqueceria isso. Ele puxou o corpo de Luísa para um abraço e a envolveu com os braços. Ao contrário do imaginado, ela não se afastou.

— Obrigado — murmurou ele.

Infelizmente a paz não durou muito. Ao descobrir que César era o líder do grupo daqueles dois capangas, Nicolas tentou socar-lhe a cara. Assim como Clarisse, ele não engoliu que aquele homem tinha boas intenções e se negou a ir para o acampamento deles.

— Você é muito desconfiado, rapaz. Peço desculpa pela impressão errada que você teve do nosso grupo, não somos como você imagina. Pode ter certeza que não somos ladrões, estupradores e nem assassinos — afirmou César. — Assim como tenho certeza que vocês também não são pessoas ruins, apenas tiveram que se defender. O que acham de começarmos do zero? Todos juntos?


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Notas finais do capítulo

Preciso agradecer a Menta pela sugestão de apelido. Até eu me acostumei a chamar a tia Luísa de Lulu ksksks Sou muito grata a Menta e a Chay que sempre estão presentes com seus comentários maravilhosos ♥ Chega a cair uma lagrima do olho. E você leitor fantasma sinta-se a vontade para comentar. Estou de braços abertos ♥ Espero que tenham gostado do capítulo. Beijão!



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