Ascensão dos Mortos escrita por Mary


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão?
Hoje não foi um dos meus melhores dias, tive alguns problemas e espero que eu consiga resolve-los. Enfim, semana que vem entro de férias e tudo se ajeita rs Assim espero.
O capítulo de hoje será focado na Luísa. Boa leitura!



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Cinco anos atrás

Luísa usava um belo modelito. O vestido vermelho contrastava com sua pele bronzeada, devido as férias bem aproveitadas no Rio de Janeiro. O delegado admirava sua bela e inteligente funcionária, aproveitando cada momento daquele jantar a dois.

Espero que goste de vinho. — Luísa preparava a bebida, enquanto seu chefe observava sua silhueta por trás. Estava hipnotizado com a beleza da jovem.

Ela sentou-se a mesa e entregou-lhe uma taça de vinho. O homem analisou a embalagem e saboreou o delicioso vinho daquela safra.

É uma boa safra — comentou. — Você tem bom gosto, Luísa.

Espero que goste do jantar — desejou com um sorriso tímido e um olhar carregado de mistério. — Preparei tudo para que você possa se divertir.

Com certeza nos divertiremos muito — afirmou o homem, com um tom de malícia.

Os dois começaram a jantar. Luísa não se preocupou em comer rápido, tentando adiar ao máximo possível o seu encontro com aquela criatura que ela tanto repugnava. Eles conversavam sobre vários assuntos e sempre que surgia a oportunidade, seu chefe aproveitava para falar algo com duplo sentido. Ele era uma pessoa atraente e divertida, mas era sujo como um porco. Corrupto! Como Luísa o odiava.

Vou pegar um copo de água — anunciou o delegado, começando a sentir o efeito do sonífero que Luísa colocara em sua bebida.

Está tudo bem? — perguntou a jovem fingindo preocupação.

O delegado não foi nem capaz de responder à pergunta de Luísa. Desmaiou, batendo a cabeça no chão. Luísa sorriu, aproximando-se do homem e checando se ele havia mesmo apagado. Deu tapinhas de leve em seu rosto para ter certeza que ele não acordaria tão cedo.

Fazendo um pouco de esforço, puxou o homem pelas pernas. O arrastou até o porão, onde havia preparado tudo para que a noite fosse fantástica — no bom sentido. Algemou o homem em uma cama de solteiro, prendeu suas pernas e passou fita isolante em sua boca.

Pegou uma garrafa de água e jogou no rosto do seu chefe, na tentativa de acordá-lo. O homem resmungou e abriu os olhos lentamente. Estava confuso, porém pensou que aquilo se tratava de uma surpresa sexual que Luísa preparara para ele. Estava terrivelmente enganado.

Você acordou. Que ótimo! — Luísa sentou-se em uma banqueta ao lado do seu chefe, com um bloco de notas em mãos. — Eu lhe farei algumas perguntas e quero que você me responda com toda sinceridade. Tudo bem?

O delegado permaneceu imóvel.

Eu pergunto, você responde. Faça gestos! — Luísa levantou-se e começou a caminhar pelo pequeno porão, enquanto o homem a encarava confuso. — Você estava ciente sobre o esquema de corrupção do governo?

O delegado negou, resmungando. Luísa aproximou-se e sem pensar duas vezes, acertou uma facada na perna do seu chefe. O corte não foi fundo, mas fez com que o delegado se debatesse. Sua coxa esquerda sangrava e seus gritos eram abafados pela fita isolante.

Não minta para mim — ordenou a jovem. — Você estava ciente sobre o esquema de corrupção do governo?

Desta vez o delegado não negou, apenas ficou encarando sua funcionária assustado. Luísa acertou outra facada em sua perna, desta vez com mais força e mais fundo.

Sua última chance, querido. Você estava ciente sobre o esquema de corrupção?

O homem assentiu. Já começava a suar frio.

Bom, garoto! Agora eu lerei alguns nomes. Se eles estiverem em meio a esse esquema, mexa a cabeça positivamente.

Luísa começou a ler uma lista de nomes. Chegou do décimo quinto e o homem não havia assentido para nenhum. Estava mentindo! Não era fácil tirar informações do delegado. Porém ela era persistente, continuou a ler até o último nome.

Já que prefere morrer…

Luísa acertou uma facada em seu peito. O grito saiu abafado e a camisa branca do delegado começou a manchar. Ele ainda estava consciente, mas com muita dor.

Vou reler os nomes. Talvez, você não tenha escutado.

A jovem começou a reler os nomes e desta vez o delegado assentiu para quatro deles. Luísa tinha certeza que mais políticos e empresários estavam em meio a este esquema de corrupção, mas sua paciência já havia esgotado. Era impossível tirar mais informação do delegado! Determinada, ela acertou mais uma facada no abdome do homem.

Mais alguém? Mais algum nome?

O homem não fez nenhum movimento. Entregando ou não mais pessoas, ele sabia que seu destino seria o mesmo. Luísa foi piedosa e com uma facada no pescoço, tirou a vida do delegado. Por incrível que pareça, ela não estava nem um pouco arrependida.

 

 

Luísa estava sozinha com suas lembranças nem tão agradáveis. Segurava uma porta de vidro e travava uma luta indireta com vários zumbis. As chances de ela conseguir sair daquele terraço eram mínimas. Era o momento de arrepender-se de seus pecados e pedir perdão a Deus, mas a ex-delegada não estava nem um pouco arrependida. Todas as coisas ruins que havia feito tinham um propósito ou uma intenção boa por trás, ao menos ela imaginava que sim.

Estava quase desistindo de lutar, quando escutou um grito. Um grito não muito baixo, pois Luísa conseguiu ouvir, mas não alto ao ponto de atrair mais zumbis. Olhando em volta, ela enxergou a mulher que havia gritado. Uma morena baixinha a observava de cima do muro do hospital. Apesar da baixa estatura a mulher deveria escalar muito bem. Ela possuía uma arma de fogo e um facão bem afiado.

— Boa sorte, guria!

A mulher jogou o facão, mas não se arriscou a descer. Luísa correu até o muro com a maior velocidade que conseguiu e pegou o facão com as mãos trêmulas. Com um golpe certeiro acertou um zumbi que estava atrás dela.

Sobe, logo! — gritou a mulher, jogando uma corda cheia de nós.

Luísa concentrou-se e acertou a cabeça de mais dois zumbis que estavam muito próximos, porém a facada entrou mais fundo que o necessário no crânio do carnicento. Percebendo que ela perderia tempo demais tentando retirar o facão da cabeça da criatura, ela se agarrou na corda e começou a escalar o mais rápido que conseguia. Um zumbi agarrou sua perna, tentando mordê-la. Ela conseguiu chutá-lo, porém logo apareceram mais alguns desesperados para conseguir a carne fresca da ex-delegada.

É um teste, Amanda. Não a ajude! A mulher repetia isso mentalmente, porém não deixaria aquela desconhecida morrer. Desobedeceu às ordens de seu irmão e atirou na cabeça de dois zumbis que agarravam a perna de Luísa.

Com esforço, ela conseguiu subir. Sentou-se no muro, respirando fundo e olhando para baixo em seguida. Havia deixado cerca de sete ou mais zumbis para trás. Se não fosse aquela mulher, provavelmente ela teria virado comida daqueles carnicentos horrendos.

— Obrigada — murmurou ofegante.

— Disponha.

A mulher puxou a corda e a lançou para o lado de fora, descendo com bastante agilidade.

— Tu vais ficar sentada aí? — perguntou com certo deboche.

Luísa demorou um pouco mais para descer. Não tinha a habilidade que a gaúcha tinha em escalar muros, embora fosse mais alta. Além de ágil a mulher tinha uma mira boa e sabia dominar bem a arma que utilizava.

— Quem é você? — perguntou Luísa.

— Meu nome é Amanda. E o teu?

— Luísa — apresentou-se. — Agradeço pela ajuda, mas tenho alguns amigos que precisam de mim. Preciso ir...

— Pra que tão cedo, granfina? O chefinho tem que te conhecer.

Luísa não estava a fim de conhecer o chefinho, mas por educação resolveu obedecer a mulher. As duas caminharam até uma picape prata que estava estacionada próxima ao hospital. Se soubesse que Amanda era tão ruim dirigindo, provavelmente a ex-delegada teria se oferecido para pilotar a caminhonete. Temia que a gaúcha batesse o carro, mas felizmente ela conseguiu chegar viva ao local denominado acampamento.

O acampamento ficava um pouco distante do centro, em uma área quase rural. Luísa tentava memorizar o caminho, caso precisasse ir embora. A gaúcha estava concentrada e a ex-detenta não se preocupou em puxar assunto. Se concentrada já dirige mal, imagina conversando.

Luísa suspirou aliviada quando a mulher baixinha estacionou o carro. Amanda desceu e Luísa fez o mesmo observando a pequena fazenda onde eles se abrigavam. Era uma casa enorme, estilo fazenda de café antiga. Um carro estava estacionado em frente ao casarão, também havia duas motos e mais a picape. Calculou que eles eram um grupo grande.

— Vocês ficam bem afastados da cidade. Como me achou? — perguntou Luísa.

— Têm uns piás que ficam lá na cidade para evitar que forasteiros nos encontrem. As pessoas tão piores que os carnicentos!

Amanda apresentou os membros de seu grupo a Luísa. Associava as pessoas pelas características mais marcantes e pelas descrições divertidas da gaúcha. Victor era um bom rapaz, porém andava meio piradinho, segundo Amanda ele ainda não havia se acostumado com esse novo mundo. O casal de nordestinos eram bem-humorados e possuíam uma garotinha bem sapeca. Amanda tinha um filho de aproximadamente sete anos e seu irmão era o líder do grupo deles. O irmão de Amanda era muito diferente dela, se não falassem que eram irmãos, Luísa jamais desconfiaria. César Matarazzo era sério e falava como um político. Com o mesmo carisma forçado para conseguir pessoas que o apoiassem.

Em menos de três dias, Luísa já conhecia quase todas as pessoas do grupo. Começou a se entender melhor com o líder e ele lhe explicou a estratégia usada para manter a cidade segura. Quatro rapazes revezavam entre si, mas toda noite dois dormiam na cidade. Luísa não simpatizou muito com nenhum deles, mas sem dúvidas o mais velho era o pior de todos. Típico cabeça quente que hora ou outra colocaria o grupo em risco.

Ela pretendia ir embora, mas o líder havia deixado bem claro que desejava sua permanência. Havia argumentado que era perigoso uma dama se aventurar sozinha. Luísa não conseguiu quebrar seu argumento, mas pretendia ir atrás de suas colegas em breve.

Era mais uma noite comum, Luísa terminava as tarefas diárias que eram designadas a ela. As pessoas lhe desejavam boa-noite e algumas paravam para conversar. Ela não se importava muito, preferia ficar sozinha. Amanda estava sempre ocupada, porém naquela noite estava livre. Ela aproveitou seu tempo livre para conhecer um pouco mais a ex-delegada. Luísa era cautelosa e não falava muito sobre seu passado, apenas o necessário para que a gaúcha confiasse nela e lhe contasse informações sobre seu grupo.

Depois de conversarem um pouco, a ex-detenta resolveu ir dormir. As tarefas diárias não eram exaustivas e sua insônia havia voltado, revirou-se na cama diversas vezes e, por fim, resolveu levantar-se. Havia cochilado um pouco, mas ainda era de madrugada. Foi até a cozinha beber água, quando escutou um walk-talk tocando.

Ela caminhou cautelosamente seguindo o barulho. Observou pela fresta da porta e percebeu que aquele era o walk-talk do senhor Matarazzo. O líder do grupo levantou-se e atendeu o radiozinho. Luísa encostou-se na porta e começou a ouvir a conversa, prestando atenção nos detalhes. Era necessário ser bisbilhoteira às vezes.

— São quatro mulheres e um homem? — perguntou o líder. — Onde vocês estão?

Luísa esforçou-se para escutar o outro lado da linha, mas tudo que conseguia era ouvir o ruído do aparelho e a voz do líder.

— Estou saindo da fazenda, chego aí daqui a pouco. Não faça nada até eu chegar — ordenou César, desligando o walk-talk.

Poderia ser coincidência, mas a intuição da ex-detenta teimava que aquele era seu grupo. Emily, Nancy, Ester, Nicolas e sua sobrinha, exatamente quatro mulheres e um homem. Não queria ser taxada como bisbilhoteira, mas queria ajudar seu grupo. Se aquele realmente era seu grupo, ela não iria deixá-los nas mãos daqueles capangas nada amigáveis. Disposta a ir para a cidade, resolveu conversar com César.

Bateu à porta e logo o líder veio atendê-la. Luísa lhe explicou a situação e apesar de ele garantir que cuidaria bem dos novos hóspedes, ela argumentou que ficaria mais segura se estivesse junto com seus amigos. César concordou, porém ainda tinha receio em dar uma arma de fogo a novata, portanto lhe entregou apenas um facão.

César preferiu não acordar sua irmã e levou junto consigo apenas Luísa. Eles foram de caminhonete e chegaram na cidade em menos de quinze minutos. Aquele homem, felizmente, dirigia melhor que sua irmã.

Os dois desceram do carro. Estavam no centro da cidade, próximo ao hospital. Ainda estava escuro, mas eles conseguiram encontrar a casa que os forasteiros estavam. A surpresa foi grande quando eles encontraram um dos capangas espatifado no chão. Luísa não o conhecia, mas não lamentou. Afinal, o velho era um tremendo de um encrenqueiro.

César agachou-se e checou sua pulsação.

— Ele está morto — concluiu o líder.

— Talvez ele tenha caído da varanda — sugeriu Luísa.

— Ou alguém tenha o jogado — insinuou César. — Se realmente foi isso que aconteceu, precisará de uma arma para se defender. Você vigiará o perímetro, enquanto eu conhecerei melhor os nossos visitantes.

Obviamente, Luísa não se satisfez com sua tarefa de vigiar o perímetro. Não duvidava que os forasteiros fossem suas colegas. Sabia que tanto Ester como Nancy tinham coragem de empurrar alguém da varanda. Então, se manifestou.

— Eu sou boa em lidar com forasteiros, senhor. Serei bem mais útil lá dentro.

O homem resolveu dar uma chance à novata e deixou que ela fosse junto com ele. Os dois adentraram a residência e conforme subiam a escada, escutaram algumas vozes. Luísa não conseguiu reconhecer quem falava, mas percebeu que era uma voz masculina. Com um chute, César derrubou a porta e Luísa foi a primeira a adentrar o quarto.

Seu cérebro demorou alguns segundos para registrar aquela cena. Estava feliz em ver Emily, mas apavorada em vê-la em perigo. Um homem apontava uma arma para a cabeça de sua amiga e a ameaçava. Ela também apontou seu revólver para a direção do rapaz. Se necessário, atiraria antes mesmo que ele pensasse em machucar Emily.


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Notas finais do capítulo

Temos um novo grupo e talvez vocês se surpreendam com alguns personagens. Gostaram? Não se esqueçam de comentar rs Estou muuuuuito feliz com os comentários de vocês! Se você for um leitor novo, não se acanhe, apareçam fantasminhas ♥ Beijos!