Ascensão dos Mortos escrita por Mary


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Me desculpem pela ausência no Nyah. Fim de ano é muito corrido para mim, mas aproveitarei esse feriado para atualizar as fanfics que leio e para escrever mais capítulos. Toda sexta teremos um capítulo novo. Estou muito feliz com o retorno da fanfic e com os comentários maravilhosos de vocês ♥ Boa leitura!



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Nicolas não concordou com a ideia de Emily em voltar a Piracaia e não conseguiu se calar perante isso. Não confiava na jovem, ela poderia reagir muito mal se visse sua amiga transformada em uma daquelas criaturas. Seu descontrole emocional poderia prejudicar o grupo inteiro. Todos estavam sendo irracionais em concordar com a jovem. Só ele enxergava isso?

— É loucura! — afirmou Nicolas. — A cidade está abandonada e não há nada para aproveitarmos lá.

— Não ficaremos lá — concluiu Emily. — Eu só preciso ver com meus próprios olhos, quero ter certeza que ela está morta.

— Acha que eu amarrei sua amiga em uma cadeira e estou a mantendo presa lá? — O rapaz se alterou. Emily custava acreditar em suas palavras e isso o revoltava muito.

— Não. Acho apenas que você a deixou para trás…

Nicolas sentiu o peso sobre suas costas. Ele havia deixado Luísa para trás, mas não queria voltar para aquela cidade. Era uma viagem desnecessária. Um risco desnecessário! Luísa estava morta.

— Eu sinto muito, Emily. Mas você está arriscando a vida de todos, por uma bobagem.

— Não estou obrigando ninguém a ir comigo — retrucou. — Estamos cercados por zumbis, podemos morrer a qualquer momento. Qualquer coisa que façamos é arriscado! Se pretende seguir outro caminho, sinta-se livre! Eu vou para Piracaia. Alguém vai comigo?

Todos ficaram em silêncio. Clarisse encarou a jovem e logo após seu tio. Não era uma decisão muito fácil, mas ela foi a primeira a se pronunciar.

— Eu vou — garantiu Clarisse.

Nicolas a encarou indignado. Mas nada que ele falasse convenceria sua sobrinha a ficar. Ela devia isso a Emily, estava viva graça a sua ajuda, não deixaria a jovem sozinha nessa missão. Ester também caminhou ao lado das duas garotas, indicando que iria junto com elas, porém não disse nenhuma palavra.

— Vocês não acham que eu distraí os zumbis à toa, não é? — perguntou Nancy. — Eu fico com o carro e junto com minha companheira de viagem.

Nancy se juntou a elas. Nicolas não tinha muitas escolhas, afinal, sobreviver sozinho era um desafio bem maior. Ele estava exausto, sem um automóvel e com uma multidão de zumbis nos arredores. Se ele continuasse sozinho naquele posto, provavelmente morreria em breve.

— Vamos, tio. Não seja cabeça-dura. — Clarisse riu. — Ainda tem espaço no carro, basta você pedir desculpas.

Mesmo achando a ideia estúpida, ele sentiu-se obrigado a concordar. Enfrentou o orgulho e pediu desculpas à ex-detenta.

— Desculpe, Emily.

— Tudo bem. Precisamos de um motorista mesmo.

— Eu sou uma boa motorista — Ester defendeu-se

— Você quase me atropelou, hurensohn* — acusou Nancy, xingando sua colega. O habito de falar palavrões em alemão aprendera com sua tia. Outras coisas ruins também.

— Te confundi com os zumbis — retrucou Ester.

Os cinco entraram no carro. Emily gostaria de ir no banco de passageiro, mas para que não houvesse brigas no caminho, sentou atrás, junto de Clarisse e Nancy. Nicolas dirigiria e Ester acomodou-se no banco da frente. Piracaia não ficava muito longe, demoraria em torno de duas horas para chegarem à cidade. Esperavam não ter distrações no caminho.

[…]

Após duas horas, eles finalmente chegaram a Piracaia. Aquele portal não trazia boas lembranças a Nicolas, muito menos aquela cidade. Já começava a anoitecer, eles precisavam arrumar um lugar para passar a noite.

— Precisamos encontrar alguma casa para dormirmos — sugeriu Nicolas.

— De preferência uma casa alta, de dois ou mais andares. Assim fica fácil ver quem está se aproximando — propôs Ester.

O rapaz diminuiu a velocidade e as mulheres começaram a observar os apartamentos e residências que haviam naquele bairro. Acharia um lugar bom para se hospedarem, mas não na entrada da cidade, pois era um lugar de fácil acesso para os forasteiros.

O centro foi se aproximando e eles encontraram uma casa que os chamou a atenção. Era bem alta, com três andares e uma varanda.

— Aquela parece ser uma boa casa — sugeriu Ester, mostrando a residência para os outros.

Nicolas freou o carro. Estavam bem próximos ao centro e ele se lembrava que na praça havia alguns zumbis, por precaução os mataria depois. Porém, antes precisava se hospedar e checar se a casa estava livre de zumbis e pessoas mal–intencionadas.

O rapaz foi na frente. Bateu três vezes na porta e esperou. Alguém bateu seu corpo com força contra a porta, arranhando-a e tentando abri-la de alguma forma. Pelos grunhidos, ele percebeu que se tratava de um zumbi. Com cuidado, Nicolas rompeu a fechadura e puxou a porta. Um zumbi faminto veio em sua direção, mas antes que o alcançasse ele acertou um golpe, com o facão, em sua cabeça. Estranhou, o zumbi era bem mais rápido que os outros que havia enfrentado.

Com uma lanterna em mãos, ele subiu as escadas do hall de entrada daquela residência. Mantinha-se atento a qualquer ameaça. Atrás estavam Emily, Clarisse, Ester e Nancy.

Ao chegarem no primeiro andar da casa, ele abriu a porta devagar. Pensou que encontraria mais alguns zumbis, mas não havia ninguém no ambiente. Porém, aquele cenário foi bem pior e fez seu estômago embrulhar. Agora, ele sabia porque o zumbi era mais ágil. Aquela criatura havia se alimentado de mais de cinco pessoas. O chão estava coberto por sangue e entranhas daquela família, ou do que restou dela. Emily tampou o nariz e a boca na tentativa de amenizar o mal-estar. Clarisse fechou os olhos e até mesmo Nancy, que ainda estava sob efeito das bebidas alcoólicas, colocou a mão sobre o rosto. Ester admitiu que o cheiro estava insuportável e que aquela não era uma das melhores visões que alguém poderia ter.

Eles continuaram… Tentando não pisar naquilo.

O segundo andar estava limpo. Havia três quartos e apesar da bagunça, eles estavam em perfeito estado. Depois, procurariam por coisas úteis e arrumariam as roupas que estavam jogadas em cima da cama. O banheiro estava limpo e parecia agradável, ou pelo menos, até Clarisse abrir o box e se deparar com uma adolescente morta dentro da banheira. A água estava suja e seu corpo começava a desfalecer, provavelmente já havia se matado há alguns dias. Se os corpos dilacerados eram da família da jovem, já era possível entender os motivos que a levaram a cometer suicídio. No terceiro andar havia outro corpo, que foi encontrado por Nicolas. O homem se matara com uma espingarda e por sorte ela ainda continha munição.

— Precisamos limpar isso — opinou Clarisse. — É deprimente.

— O que faremos com os corpos? — perguntou Ester.

— Deveríamos queimá-los — sugeriu Nancy.

Recebeu um olhar repreensivo de Emily e Clarisse. Ambas não gostaram da referência que a descendente de alemães usou para dizer aquilo.

— Eles são pessoas! Deveríamos enterrá-los, pelo menos a adolescente e o homem — propôs Clarisse.

— Faça o quiser, mas tire os corpos desta casa. Nancy e eu faremos a limpeza no andar de baixo — determinou Ester.

— Eu vou checar o perímetro e já volto para ajudar — disse Nicolas.

Ester e Nancy desceram para o segundo andar e começaram a arrumar a cozinha. Acharam alguns sacos plásticos na gaveta e fizeram luvas improvisadas, também usaram alguns panos como máscara. O cheiro era muito forte e mesmo depois de limparem tudo, o lugar ainda cheirava a podre.

Emily e Clarisse tiraram o corpo das duas pessoas de dentro da casa. Ali perto havia uma pracinha com algumas flores e árvores pequenas. Com uma pá, que encontraram na residência, cavaram duas covas não muito fundas. Enterraram dignamente os dois corpos e Clarisse, que era mais religiosa, fez uma oração para que aquelas almas descansassem.

Voltando para casa, as coisas estavam melhores. Ester e Nancy lavavam o local, tentando economizar a água da caixa, pois poderiam precisar dela futuramente. Emily e Clarisse subiram e começaram a arrumar os quartos, aproveitaram que as pessoas haviam deixado bastante roupas e jogaram fora as suas vestimentas que estavam em um estado crítico.

Acharam sabonetes, desodorantes, escovas de dente e mais alguns produtos de higiene. Todas aproveitaram aquele luxo temporário e tomaram banhos, não muito demorados, pois precisavam economizar a água. De início, estavam receosas com o fato de uma garota ter se matado naquele banheiro, mas a vontade de se livrar de toda aquela sujeira com certeza era maior que qualquer outra coisa.

Todas estavam extremamente cansadas. Clarisse preparou um jantar com alguns alimentos enlatados que havia no armário. Finalmente estavam comendo alimentos com mais sustância que salgadinhos. Nunca comer milho, ervilhas e atum foi tão gratificante.

Já estava escuro e Nicolas ainda não havia chegado. Sua sobrinha já estava ficando preocupada, quando a porta se abriu bruscamente. Nicolas estava exausto, respirava com dificuldade, mas estava orgulhoso do seu trabalho.

Havia enfrentado uns dez zumbis, mas conseguiu encontrar a delegacia. Muitas armas já foram levadas pelos habitantes da cidade ou policiais, mas ele conseguiu algumas pistolas e poucas munições. Como só havia cinco pessoas, julgou ser o suficiente.

Colocou em cima da mesa duas pistolas 9mm e um revólver de calibre 38. Não continham muita munição, mas já os ajudaria bastante. Clarisse não sabia atirar, mas ele esperava que as outras três soubessem e que fizessem bom proveito das armas.

— Está tudo bem? — perguntou Clarisse, preocupada com o estado de seu tio.

— Só preciso descansar um pouco — afirmou.

— Tome um banho e pegue roupas novas — aconselhou sua sobrinha.

Nicolas fez exatamente isso. Tomou um banho, se livrou das roupas sujas e vestiu uma camisa e uma calça que lhe serviram certinho. Talvez fosse daquele homem que encontrara morto no terceiro andar, os dois possuíam quase a mesma estatura. Resolveu não pensar muito nisso ou desistiria de vestir aquilo.

Depois, desceu as escadas e sentou-se à mesa junto com as mulheres que já haviam terminado de comer. Elas conversavam sobre diversos assuntos e ele não se intrometeu, apenas comeu seu jantar quieto. Não se sentia bem nesta cidade e pretendia sair de Piracaia assim que surgisse a oportunidade. Ele foi o primeiro a se recolher, escolheu um dos quartos e finalmente pôde descansar. Não se preocupou em ficar de vigília. Esse foi seu primeiro erro.

As mulheres subiram em seguida, resolveram descansar. O dia seguinte seria bem longo, principalmente para Emily que pretendia ir até o hospital. Nancy e Ester ficaram com o quarto do meio, Emily e Clarisse ficaram com o quarto que possuía varanda. Um boa-noite foi desejado e ninguém demorou a dormir, afinal, estavam todos cansados.

Era de madrugada, quando Nicolas escutou um barulho. Como ele estava sonhando, pensou ser impressão. Continuou dormindo e não foi checar. Esse foi seu segundo e pior erro.


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Notas finais do capítulo

*Hurensohn: É um xingamento em alemão. Significa filho da puta/filho da mãe.

Coisas importantes acontecerão nos próximos capítulos rs Posso adiantar, que vocês conhecerão novos personagens.
Enfim, espero que tenham gostado. Deixem seus comentários e até o próximo capítulo. Beijos!