Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 63
Hormônios e magia são uma boa combinação para o estrago


Notas iniciais do capítulo

Temos alguns leitores novos e eu estou super feliz com isso! Sejam bem vindos! Feliz 3 anos de Malfeito feito para os leitores novos e para os que estão acompanhando faz tempo também!



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O jogo de quadribol estava empatado: Grifinória x Sonserina. Era o último jogo do ano e estava empatado. Dois artilheiros da Sonserina tiraram o goleiro da Grifinória do gol para que um terceiro artilheiro pudesse marcar o ponto, cometendo uma falta feia para o time verde e prata.

Marlene estava ao lado de Lily gritando sem parar para Sirius atirar um balaço num daqueles idiotas, mas como sempre, toda a atenção foi direcionada para James quando ele realizou uma Finta de Wronski, que consistia em voar alto e mergulhar, para atrair a atenção do apanhador da Sonserina e o fazer colidir com o solo, depois voltou para o nível normal de voo e apanhou o pomo num ato heroico. Eles tinham ganhado! A Grifinória ganhou a final de quadribol!

As arquibancadas explodiram em gritos e confetes vermelho e dourados, todos os alunos desceram até o campo para comemorar com o time. Lily sentiu seu estômago gelar quando viu James descendo de sua vassoura, o cabelo bagunçado estava um pouco molhado graças às horas de jogo e ele estava sorrindo com os olhos, abrindo os braços para ela, que se jogou em seus braços e tascou-lhe um beijo daqueles.

Um beijo apaixonado, quente e cheio de vontade, ela sentiu todo o seu corpo se esquentar com os braços dele em volta de sua cintura até que ela finalmente acordou. Os braços de James na verdade eram o cobertor, que estava atravessado na cama, caindo no chão. Ela estava suando, com o cabelo colado na bochecha amassada pelo travesseiro. "Por Merlin, o que é que tinha acontecido naquele sonho? Desde quando eu sonho com James Potter?", ela passou o restante da noite se perguntando.

As palavras de James na primeira reunião da Ordem da Fênix ecoaram na mente de Lily por um bom tempo. Nunca era uma palavra forte, ela pode notar. É claro que Lily não estavam interessada em ter uma chance com James Potter nem nada do tipo, mas quando alguém lhe diz que aquilo nunca vai acontecer, uma pontada de curiosidade costuma aparecer. Era a explicação mais lógica para aquele sonho.

Por sorte, as provas finais tinham chegado e ocupado cada espaço da mente da garota, espantando qualquer pensamento sobre garotos para bem longe. Entre as reuniões da Ordem da Fênix, as aulas, a última reunião do Clube do Sluge (que Lily tinha quase parado de frequentar), as provas e o teste final de aparatação, James Potter passou de evitado para esquecido. O fim do ano letivo era uma ótima tática para esquecer pensamentos indesejáveis.

Funcionou muito bem até o último dia de aulas, mas depois que Dumbledore anunciou que a Grifinória ganhou a Taça das Casas não havia mais distrações para Lily e ela se sentiu estranha ao ver James comemorando com os outros marotos. Estranha como se precisasse ir conversar com ele antes das férias começassem, mas com vergonha demais para realmente ir. "Maldito sonho", ela praguejou quando ele acenou para ela do outro lado da mesa, sorrindo com a vitória da Grifinória.

— O que é essa cara, Lily? — Dorcas cochichou para a ruiva, que mordia o lábio e franzia a testa para James cumprimentando todos do time de quadribol.

— Que? Eu não estou fazendo nenhuma... — Dorcas revirou os olhos para a resposta da amiga e a interrompeu.

— Você estava fazendo a maior careta para o James. Achei que vocês estavam bem agora. O que mudou?

— Eu... meio que eu sonhei com ele. Foi bem estranho e não tem relação nenhuma com a realidade, eu juro!

— Sonhou, é?

— Sim, e foi bem estranho.

— Você vai ter que me contar tudo quando voltarmos para o quarto. — Dorcas passou o braço sobre os ombros de Lily e riu, imaginando que tipo de sonho ela teve com o Sr. Potter.

No dia seguinte, Lily se manteve ocupada o tempo todo até o trem finalmente deixar Hogwarts para trás e seguir rumo a Londres. Organizando as malas, ajudando os primeiranistas a levar as malas até a estação, qualquer coisa que a fizesse ficar longe dos comentários da Dorcas e da Marlene, que agora sabiam sobre o sonho doido que ela teve na noite que eles tiveram a primeira reunião da Ordem da Fênix e longe de James. Porque ela não podia lidar com seus hormônios loucos só por causa de um sonho, eles tinham acabado de levantar a bandeira branca mais uma vez.

— Você sabe que pode me contar as coisas antes de eu perguntar, não sabe Lily? — Remus estava andando com ela pelo corredor do Expresso Hogwarts, verificando como todos os alunos estavam. Ele perguntou enquanto abria uma das cabines, encontrando três garotinhos do segundo ano lendo revistinhas trouxas de história em quadrinhos.

Era mais uma das coisas que viravam rotina quando se era monitor, andar por todo o castelo, por todo o trem e por Hogsmeade inteira em busca de alunos infringindo as regras. Normalmente os monitores chefes passavam as tarefas mais chatas para os outros monitores e ficavam só com a parte legal de poder usar o banheiro dos monitores e ter autorização para sair após o toque de recolher. Apesar de Lily gostar de seguir as regras e querer ter o reconhecimento de uma Monitora Chefe, em alguns momentos ela pensava mais na parte divertida que teria caso fosse escolhida como Monitora Chefe no ano seguinte.

— Do que está falando? — Ela abriu outra cabine e fechou mais do que rapidamente quando viu que Fabian e Grace estavam lá dando uns amassos. — Ok, isso foi bem estranho.

— De nada exatamente, é só que você não me contou do James te beijar até eu insistir nisso por um dia inteiro. Eu já sabia, aliás.

— Eu acho que te contar as coisas faz tudo parecer mais real. Por isso eu nem te falei do sonho que eu tive... Droga. — Ele levantou as sobrancelhas como se quisesse falar "eu te disse". — Depois da primeira reunião da Ordem eu e James conversamos e ele falou algo sobre saber que nunca vai ter chances comigo, acho que isso ficou na minha cabeça porque eu sonhei com ele e foi tudo tão real... Eu morro de vergonha só de olhar pra ele e lembrar do sonho doido que meu subconsciente inventou.

— Eu já cansei de repetir minha frase de sempre, mas eu acho que tem que deixar esse orgulho todo de lado Lily... Dê uma chance pra ele.

— Quantos galeões ele te pagou para dizer isso? — Ela lhe deu um soquinho no braço.

— Nenhum, mas eu bem que poderia cobrar uns 10 galeões por toda essa ajuda.

— Eu não estou sendo orgulhosa. Só não tenho nenhum interesse em sair com James, só isso.

— Se é só isso, então vamos parar de importunar os outros alunos e voltar para a nossa cabine.

— Você não devia falar assim se quer ser Monitor Chefe. — Lily provocou, finalmente concordando em se juntar aos outros. Remus deu de ombros para o comentário de Lily, como se estivesse pensando cada vez menos nesse cargo e cada vez mais nas outras pendências que ele precisava resolver.

A cabine dos marotos quase sempre tinha um carrinho inteiro de doces exclusivo, um torneio de snap explosivo e mais pessoas que uma cabine normal comportaria. Naquela viagem, eles tinham perdido alguns soldados: Mary e Peter estavam se esgueirando pelos vagões em busca de algum canto para se despedirem antes das férias e Alice e Frank estavam com a turma do clube de herbologia. Ainda assim James, Dorcas, Marlene e Sirius ocupavam o vagão de sempre, comendo feijõezinhos de todos os sabores e falando dos planos para as férias.

— Eu vou ter que me mudar de novo. Minha mãe tinha falado sobre finalmente ter esvaziado a última caixa na carta que me mandou mês passado, e então agora aquela maldita corujinha dela me trouxe a notícia de mais uma mudança... — Marlene estava sentada com as costas apoiadas na lateral do vagão, com a paisagem dos campos verdes passando como um borrão pela janela atrás dela.

— Eu finalmente não posso me queixar das férias, os Potters são perfeitos... E eu acho que você pode ir pra lá quando quiser, Lenny.

— É verdade, minha mãe adora ter garotas por perto. — James comentou, tomando um gole de suco de abóbora.

— Uma pena que você não passou o natal com a gente, Dorcas... — Lenny levantou a sobrancelha pra a amiga, lembrando-a do drama do ano passado. — Nós precisamos fazer algo assim de novo, encontrar todo mundo nessas férias.

E então Remus e Lily abriram a porta do vagão.

— Já sei! — James abriu um sorriso um tanto assustador para Remus. — Vamos para a casa do Remus.

Talvez fosse parte do mistério que Remus fazia sobre sua vida, mas ninguém nunca tinha falado nada sobre a casa dele em seis anos em Hogwarts. Apenas os marotos sabiam sobre sua casa, principalmente porque costumavam ir lá durante as luas cheias nas férias. Era um chalé discreto, bem longe distante da civilização. O bônus era que o chalé era na praia, e praia no verão era uma ótima ideia.

— Pontas, você ficou doido? — Ele perguntou, enquanto empurrava a perna de Sirius de cima do banco para obter algum espaço para sentar.

— É claro que James não ficou doido, meu caro Lupin, é só que seria ótimo poder ir pra praia no verão... — Sirius falou a palavra chave para a perdição.

— PRAIA? — Dorcas e Marlene perguntaram juntas.

— Droga... Não criem muitas expectativas, eu envio pra vocês uma carta dizendo quando vocês podem ir, preciso conversar com meus pais antes disso. — "E verificar que não é lua cheia", pensou.

x

Lily realmente não criou muitas expectativas para as férias, mas podia dizer que elas estavam bem abaixo do normal. Seus pais continuaram trabalhando e Petúnia estava namorando um garoto incrivelmente chato, que iria ser oficialmente apresentado para a família naquela noite. A única coisa que motivava Lily a aturar o resto do dia era que na manhã seguinte ela estaria indo para a casa de Remus, ela estava precisando muito sair de casa.

O fato de Vernon finalmente ter aceitado jantar na humilde casa dos Evans causou um colapso nervoso em Petúnia, que andava de um lado para o outro procurando sua escova de cabelo, ou seu vestido mais bonito, ou qualquer outra coisa.

— Você não vai se arrumar? — Petúnia parou no batente da porta do quarto de Lily, onde a garota estava largada na cama lendo Orgulho e Preconceito pela terceira vez desde que as férias começaram. "Eu poderia facilmente perdoar seu orgulho, se ele não tivesse mortificado o meu.", Lily esboçou um sorriso ao se lembrar de tantas brigas e discussões com James durante os anos anteriores. Essa frase poderia muito bem ter sido dita por ela em algum momento.

— Me arrumar? — Lily baixou o livro e franziu a testa para a irmã, que agora tinha entrado no quarto, um tanto quanto impaciente.

— Sim, Lily! Se arrumar para o jantar com o Vernon! Meu Deus, você não presta atenção em nada que eu falo? — Ela abriu o guarda roupas de Lily e começou a procurar algo aceitável para ela usar.

— Me desculpa, Tuney... — Lily se levantou e pegou sua toalha no cabideiro. — Vou ficar pronta antes das sete horas. — Ela realmente tinha esquecido do jantar, talvez porque em algum momento das últimas semanas ela simplesmente desligou sua mente para os comentários da irmã. Eram 24 horas de reclamações sobre a faculdade ou sobre suas pontas duplas, pele ou suas cutículas, sobre não ter nenhuma roupa para sair ou sobre querer sair sem hora para voltar, isso sem falar das fofocas sobre toda e qualquer garota que elas cruzavam enquanto andavam pela vizinhança. Era impossível para Lily prestar atenção em tudo aquilo.

Ela tentou ser rápida para liberar o banheiro o mais rápido possível para Tuney, que alternava entre se arrumar e ajudar seu pai a terminar de rechear o frango que seria servido mais tarde, enquanto sua mãe cuidava a torta de maçã, sobremesa favorita de Petúnia. Voltou para seu quarto e fez uma careta para o vestido rosa claro que sua irmã havia escolhido, estendido na cama dela. Rosa claro era uma cor praticamente banida do guarda roupa de uma ruiva, então ela o guardou e escolheu outro, azul claro.

Quando a campainha finalmente tocou, por volta de sete e meia, Lily desceu as escadas do sobrado, respirou fundo e se juntou aos seus pais na sala. Tuney voltou da porta com o que parecia ser Vernon, um jovem rechonchudo, alto e com uma péssima tentativa de bigode e o acomodou no sofá antes de se aproximar de Lily como uma águia e a puxar para um canto, fincando suas unhas no braço dela.

— Nenhuma palavra sobre magia, nem sobre sua escola, nem sobre seus amigos. — Tão rápido quando apareceu, Petúnia se afastou e voltou a adorar Vernon, deixando Lily atônita no meio do caminho entre a cozinha e a sala. Ela não conseguia entender porque sua irmã odiava tanto magia. É claro que ela entendia que quando elas eram crianças, Tuney queria ir para Hogwarts também, mas não compreendia o motivo de tudo isso ter se tornado ódio.

Ainda que tenha recebido aquela intimação no início da noite, Lily tentou não chamar atenção demais e soar simpática. Era uma tarefa difícil, ela falava demais quando ficava nervosa e definitivamente ela estava nervosa, com medo de dizer algo que fosse chatear sua irmã. Petúnia era incrivelmente volúvel, qualquer coisa podia arruinar sua noite e não era nada legal quando aquilo acontecia.

— Então, Vernon... O que você faz? — O Sr. Evans perguntou, cortando o frango no centro da mesa. Petúnia fez com que a visita de Vernon fosse quase tão importante quanto o natal.

— Eu sou auxiliar de contratos na Grunnings, a melhor empresa de brocas da região, mas um dia vou ser o diretor da empresa! — Deu uma ajeitada no bigode quando terminou de falar.

— Isso é ótimo, Vernon! Esse é um ótimo cargo... É bom saber que Tuney está em boas mãos! — A Sra. Evans tentou soar agradável, mas Lily notou seu olhar curioso para o bigode espetado do garoto.

— E o que você faz, Lily? Tuney não fala muito de você... — Vernon fez Lily engasgar com a comida, precisando beber um longo gole do suco de laranja para conseguir voltar a falar. Ela não tinha pensado em nada. Nenhuma resposta desinteressante o suficiente para não prolongar o assunto e boa o suficiente para convencê-lo de que era verdade.

— Amor, eu disse para não ficar perguntando sobre ela. — Petúnia se aproximou dele e falou.

— Por que não, querida? — O Sr. Evans franziu a testa para sua filha mais velha, que fechou a cara esperando que seus pais entendessem sua posição.

— Porque, papai, os assuntos sobre a escola da Lily são delicados... — Ela respondeu num tom mais forçado que o normal, enquanto fazia um sinal para eles entrarem na onda. Respirando fundo, os dois olharam um para o outro revirando os olhos e decidiram evitar o drama... Até mais tarde. Lily, por sua vez, sentiu o rosto queimar, irritada pela forma como sua irmã tratava o assunto.

Quando todos seguiram para a cozinha, a Sra. Evans segurou Petúnia na cozinha e questionou sua atitude com relação a Lily,

— Eu não vou contar para ele sobre a Lily, mãe! Vai assustar ele! — Parecia que uma criança de cinco anos tinha respondido no lugar dela.

— E você pretende esconder isso até quando? Eu te amo, mas isso é muita bobagem, Tuney. — Sua mãe respondeu enquanto seguiu com dois pratinhos com pedaços de torta e sorvete para a sala.

Todos estavam terminando de comer seus pedaços de torta, Vernon tinha bajulado os Evans até não aguentar mais e agora estava encostado no sofá como se fosse explodir. O Sr. e a Sra. Evans decidiram ir arrumar a cozinha e dar um pouco de privacidade aos dois, levando Lily consigo. Ela comeu quase o pote todo de sorvete, sentada na bancada da cozinha enquanto seus pais colocavam ordem na cozinha novamente, até que cansou e decidiu voltar para o quarto sem ser notada. Foi aí que as coisas deram errado.

— Ela estuda num internato para garotas com dificuldade de aprendizagem e com mau comportamento, ela começou a ficar bem para trás na escola quando era mais nova. Perdia a atenção por qualquer coisa, ficava irritada e explodia, era péssimo... — Petúnia contava para Vernon, com a cabeça apoiada em seu peito enquanto viam televisão. Lily parou na porta da cozinha, ouvindo a mentira contada por sua irmã.

— Quer dizer que ela é meio doida? — Ele se remexeu no sofá, incomodado. Lily conseguia sentir o sangue pulsando em sua cabeça, a respiração bagunçada com toda a lorota que ela estava ouvindo.

— Talvez um pouco, eu digo que ela é uma aberração, sabe? É ótimo que ela fique fora a maior parte do ano, assim não tenho que lidar com... Ai meu Deus! — Os pratinhos com restos de torta explodiram no chão, como se algo os tivesse empurrado. Hormônios e magia eram uma boa combinação para um estrago. Lily subiu correndo para seu quarto, com lágrimas escorrendo por suas bochechas.

— O que foi isso? Foi sua irmã? — Vernon encolheu suas pernas para cima do sofá, para evitar os cacos de louça caídos no tapete.

— Ela vai se ver comigo amanhã. — Mas para a alegria de Lily, no dia seguinte ela estaria bem longe da casa dos Evans, e infelizmente, perto demais de James Potter.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse momento Lily e Tuney, achei que seria interessante mostrar que a relação delas era bem difícil mesmo antes de James ir conhecer os Evans (coisa que eu estou contando os dias para acontecer)

Comentem o que estão achando, me motiva muito a escrever mais!

obs: eu estou na reta final do meu tcc (o prazo final é dia 23/09), se eu atrasar um pouco os próximos capítulos é exclusivamente por conta disso. Eu quero muito continuar postando e não vou abandonar vcs nem meus marotos nunquinha!

Beijos e até logo!