Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 61
Talvez ainda seja um sonho


Notas iniciais do capítulo

olá leitores! Desculpem pelo pequeno atraso... Espero muito que gostem desse capítulo!



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Quando James finalmente voltou para o quarto naquela noite, encontrou Peter e Remus babando em suas camas e Sirius ainda acordado terminando uma última garrafa de hidromel, largado no chão fazendo uma careta.

— Nossa, o que aconteceu? Você levou um fora? — James tentou agir naturalmente, mesmo que ele estivesse uma bagunça por dentro.

— Não, na verdade é o contrário. Acho que eu e a Lenny estamos mesmo namorando... — Ele declarou num choramingo, enquanto James se sentava no chão ao seu lado.

— Almofadinhas, isso é óbvio. Mas por que isso parece algo ruim?

— Eu perdi meu charme de garanhão. — Sirius estava bem bêbado, falando mole e abraçando a garrafa de hidromel como se fosse um bebê.

— Qual é, Sirius! Você e a Lenny são tipo, perfeitos um pro outro. Não importa se são namorados ou não. Vocês tem o que todo mundo quer ter! — James alterou um pouco a voz, lembrando-se do seu momento infeliz com a Lily.

— Ei, vai com calma... O que foi que aconteceu? E, aliás, por que a Minnie veio te buscar?

— Eu não quero falar sobre isso. — Ele fechou a cara e cruzou os braços.

— Vamos lá, Pontas! Não pode ser tão ruim. — Sirius cutucou a barriga de James com a ponta da garrafa.

— Rose foi assassinada. Eu beijei a Lily e agora ela me odeia de novo. Realmente, acho que não dá pra piorar.

— Você tá falando sério? O que aconteceu com a Rose? — Era raro acontecer, mas Sirius ficou realmente boquiaberto.

E então James repetiu a mesma história sobre a emboscada que acabou com a vida de Rose Barton. Falando pela segunda vez, as coisas pareciam mais reais. Era como se ele estivesse repetindo para si mesmo, para armazenar que aquilo tinha acontecido de verdade.

— E eu estava aqui chateado porque eu e a Lenny não somos mais espíritos livres. Sinto muito, Pontas... Acho que você precisa mais disso do que eu. — Passou a garrafa de hidromel para James.

— E então vem a segunda parte: Lily me encontrou no Salão Principal e ficou lá conversando comigo, eu estava falando pra ela como nós precisamos unir um grupo para ajudar na Guerra, porque o treinamento de aurores demora demais e, eu não sei porquê eu fiz isso, mas eu a beijei. E agora ela está brava comigo.

— Eu acho que foi uma boa ideia.

— Beijar a Lily e fazer ela me odiar foi uma boa ideia? Esse hidromel tá estragado? — Ele deu uma olhada na garrafa antes de dar o primeiro gole.

— Não, eu to falando sobre a gente se unir e treinar pra lutar na Guerra. E, bem... Talvez você ter beijado a Lily possa despertar nela alguma coisa. Ela provavelmente vai pensar bastante nesse beijo, se eu conheço ela bem.

E realmente ela pensou. Pensou tanto que achou que sua cabeça fosse explodir. Por duas semanas ela simplesmente evitou encontrar com James, sempre o procurava ao entrar numa sala ou no Salão Comunal e então ia para o lado contrário. No entanto, no domingo de manhã quando todos iam para Hogsmeade, ela o procurou por todo o caminho, mas ele não estava lá. Era curioso, mas isso a incomodou um pouco.

James definitivamente não estava no clima para ir a Hogsmeade. Sua melhor amiga (e ex-namorada) havia sido assassinada e ele nem pode se despedir. Toda a relação que ele construiu durante o ano com Lily foi por água abaixo quando ele a beijou. Ele perdeu o último jogo de quadribol no dia anterior. As coisas não estavam exatamente indo muito bem, e isso era raro para James Potter.

— Pontas, você não vai ficar aí deitado enquanto todo mundo vai para Hogsmeade! — Sirius puxava o pé de James, que estava enrolado nos cobertores se segurando na cabeceira da cama para não ser expulso de sua própria cama.

— Eu não sou todo mundo! — Ele levantou a cabeça rapidamente antes de voltar a se cobrir.

— Para de birra, Pontas! Você não pode ficar assim pra sempre... Já fazem duas semanas! Você tem que concertar as coisas agora. — Sirius desistiu de puxar James e se deu por vencido.

— Tem coisas que não dá pra eu concertar. — Ele se sentou na cama, com os cabelos amassados e o cobertor em volta do corpo. Era uma versão inédita de James Potter.

— Ah James, eu sei que o que aconteceu com a Rose mexeu com você. Sei que não é fácil, mas nós temos que transformar isso em algo que nos deixe mais fortes. Algo que impeça isso de acontecer de novo. Você mesmo disse isso, sua ideia vale a pena!

— É, eu sei.

— E você conseguiu ficar amigo da Lily uma vez, com certeza vai conseguir de novo. Agora você conhece ela melhor, sabe o que vai irritar ela e o que vai fazer ela amolecer aquele coraçãozinho irritado dela. Então vá pra Hogsmeade ou dar uma volta no castelo, você não pode perder um dia desses embaixo do cobertor!

— Você só está querendo que eu saia pra poder ficar no quarto com a sua namorada!

— Não use esse golpe baixo comigo, eu ainda estou me acostumando com essa ideia.

— Eu não estou afim de ir, vou procurar alguma coisa pra fazer no castelo... — Ele se levantou ainda enrolado no cobertor e seguiu para o banheiro a contra gosto.

Largando o cobertor no chão, James tirou o pijama e entrou embaixo do chuveiro. A água estava absurdamente quente se considerar o clima de final de primavera, mas ele não se importou e deixou a água cair sobre seus cabelos bagunçados tentando relaxar.

Não estavam sendo dias fáceis, mas ele sabia que Sirius estava certo. Ele precisava reagir. Talvez dar uma volta no castelo ou voar um pouco no campo de quadribol clareasse seus pensamentos sobre o grupo de treinamento para a Guerra, já que era a única coisa que ele poderia resolver por enquanto.

Não havia mais nada a se fazer com relação a Rose, de acordo com Dumbledore, sua família foi informada e realocada nos Estados Unidos. As famílias dos outros nascidos trouxas mortos receberam o mesmo procedimento e os sobreviventes decidiram apagar a memória de suas famílias e mudar de nome e país.

E quanto a Lily, haviam mais possibilidades mas nenhuma solução parecia favorável para James. Os dois se evitaram ao máximo desde o beijo, sempre que ele ia entrar num cômodo olhava ao seu redor procurando por ela e, curiosamente, ela fazia o mesmo. Seus olhares se encontravam por um momento e então cada um seguia para um lado.

"Droga, James! Era pra você relaxar e você está relembrando todos os seus problemas!", Ele desligou o chuveiro e enrolou a toalha na cintura para voltar para o quarto.

— Uau, Potter! Vou dizer pra Lily o que ela está perdendo! — Marlene estava sentada com as costas apoiadas no dossel da cama de Sirius.

— Ah, oi Lenny! — James sentiu as bochechas corarem e segurou a toalha mais firme em volta da cintura. — Eu já volto... — Ele pegou uma calça de moletom e uma camiseta e voltou para o banheiro, voltando devidamente vestido.

— O Sirius te deixou aqui sozinha enquanto eu tomava banho? — Ele franziu a testa, buscando uma explicação.

— Ele achou que eu devia usar minhas habilidades e meu bom senso pra conversar com você.

— Ah...

— Eu sinto muito pela Rose.

— Obrigado.

— Lily me contou o que aconteceu.

— Ah... Eu não preciso de mais um sermão, eu sei que não devia ter beijado ela. — Ele sentou encostando as costas no dossel de sua cama, ficando frente a frente com a garota.

— Eu não ia te dar um sermão. — Lenny levantou a sobrancelha para James. — Ela está bem chata desde que isso aconteceu. Não quer ficar com a gente porque você vai estar lá, fica resmungando sobre as coisas ficarem complicadas de novo.

— Eu também não estou saindo tanto, de qualquer forma...

— Ela é melhor sendo sua amiga e ela sabe disso. Dá pra ver que ela sente sua falta e que prefere te evitar do que voltar as brigas do ano passado.

— Sério? — Marlene reparou nos olhinhos de James brilhando. — Eu sinto falta dela também...

— Então eu acho que você devia conversar com ela. Talvez no meio das provas finais não seja o melhor momento para isso, mas pare de evitar ela. Mostre que não está bravo.

— Obrigado, Lenny...

— Sempre que precisar. — Ela bateu na mão de James num hi five. — Agora vaza porque eu e Sirius temos muitos planos para a tarde.

E então James saiu rumo ao campo de quadribol, deixando Marlene sozinha no dormitório masculino. Diferente do que a maioria das pessoas pensavam, eles não planejavam fazer sexo a tarde toda nem nada do tipo. Eles só queriam ficar a toa, rindo de piadas toscas que um deles inventava ou jogando cartas. É claro que também namoravam em alguns momentos até o fim do dia, mas era muito mais um momento entre amigos.

Assim como James tinha Rose, Lupin tinha Lily, Peter tinha Mary e Frank tinha Alice. Sirius e Marlene perceberam que formavam uma dupla muito boa.

Outra pessoa que também tentava dar conselhos para alguém era Remus Lupin. Ele estava acompanhado uma Lily Evans tristonha e desanimada e não importa o quanto ele tentasse, ela não lhe dizia o que estava acontecendo. E quando aquela ruiva estava de mau humor nada parecia tão bom.

— Lily, se nem chocolates melhoraram o seu humor eu juro que não sei o que pode melhorar.

— James me beijou de novo. — Ela finalmente admitiu, mordendo o lábio. — Mas dessa vez eu fiquei brava porque ele fez sem a minha permissão.

— Então foi isso... — Remus suspirou, rindo para si mesmo. — Vocês dois tem estado bem estranhos ultimamente. Achei que você só estivesse tendo um dos seus surtos de fim de semestre e que ele estivesse assim por causa da Rose, mas tinha algo a mais.

— E eu achei que as coisas fossem ser como antes e que tudo ia ficar bem, mas eu não sei...

— Continue... — Ele tinha um sorriso no rosto, ansioso para ouvir o resto.

— É estranho voltar a ser como antes.

— Lily?

— O que?

— Você está com saudade do James?

— É claro que não... Quer dizer, eu estava gostando de ter ele como amigo. — Lily tentou mudar de assunto. — Olha, são as garotas! Vamos lá falar com elas. — Ela sabia mudar de assunto como ninguém.

Eles caminharam até a porta da Honeydukes para encontrar Mary, Alice e Dorcas. Ela e Remus estavam tendo uma relação melhor desde o aniversário dele, e ainda que tivesse ficado claro que os dois ainda tinham sentimentos um pelo outro, eles estavam agindo naturalmente até cada um resolver seus próprios problemas.

— Oi... — Remus cumprimentou as três, mas sorriu para Dorcas abertamente.

— Oi Remus... — Dorcas ficou um pouco corada.

As outras três garotas ficaram apenas observando o clima entre os dois, até que Alice não aguentou: — Por Merlin, eu e o Frank aceitamos nossos sentimentos desde o começo e foi bem menos complicado. Por que vocês todos não fazem o mesmo?

— Eu e Pete estamos bem também, nós preferimos falar a verdade e não perder mais tempo. — Mary nunca esteve mais feliz. A vida estava parecendo aquela parte dos filmes em que uma música animada toca e várias cenas do casal fazendo piquenique, se beijando e abrindo presentes aparecem. Pode ser difícil de acreditar, mas Peter realmente estava sendo um bom namorado (talvez por saber o quanto era difícil conseguir alguém como a Mary), mas ele estava se esforçando.

— Nem sempre é fácil assim, Mary. — Dorcas tirou o sorriso do rosto, fazendo uma careta ao olhar para Remus. — Remus tem problemas que ele precisa resolver sozinho antes de tentar namorar alguém.

Cof Cof... James e Lily também deveriam admitir de uma vez, sabe... — Alice fingiu estar tossindo e comentou baixinho.

— O que foi que disse? — Lily sentiu o rosto se aquecer.

— Naaada...

E com esses comentários sutis, a mente de Lily foi ficando mais e mais nebulosa quando o assunto era James Potter.

X

Depois de algumas horas voando sobre o campo de quadribol, James tinha clareado um pouco seus pensamentos sobre o grupo de treinamento contra a Guerra. Tinha se tornado um hábito fazer algumas manobras com sua vassoura enquanto pensava.

Ele sabia que alguns de seus colegas de turma também sentiam a necessidade de treinamento prático, então já haviam pessoas interessadas. Agora só faltavam duas coisas: um local para as reuniões e a autorização de Dumbledore. E James ainda não sabia, mas ele resolveria essas duas questões antes do jantar.

Considerando que Sirius e Marlene ainda estavam no dormitório, James tomou uma ducha no vestiário do campo de quadribol e voltou para o castelo. Passou na cozinha para comer alguma coisa e então perambulou por quase uma hora analisando o castelo pelo mapa do maroto, pensando em algum local que pudesse sediar as reuniões do grupo sem chamar muita atenção.

Foi subindo andar por andar sem encontrar nenhuma sala que fosse boa o suficiente, até que chegou no sétimo andar, virou para o corredor da esquerda enquanto observava o mapa. "Nós precisamos de um lugar dentro de Hogwarts que não chame atenção, para treinar para a Guerra... Não deveria ser tão difícil", pensou. E então ouviu o barulho de tijolos se rearranjando na parede a sua frente para formar uma porta. Uma porta grande e lustrosa que definitivamente não estava no mapa do maroto.

Ele franziu a testa e conferiu o pergaminho encantado mais uma vez antes de dar de ombros e girar a maçaneta de latão, decidindo aceitar que Hogwarts sempre podia surpreender. E a surpresa foi grande quando ele abriu a porta e deu de cara com um salão grande, com uma porção de cadeiras e almofadas de seda, um balcão com alguns frascos de poções, livros e uma série de instrumentos, além de um tablado no centro da sala. Era perfeito, era o local para as reuniões.

James passou cerca de vinte minutos observando cada detalhe da sala. Parecia bom demais para ser real, era como se Hogwarts tivesse preparado aquela sala exatamente como ele estava pensando. Distraído com o balcão de poções, ele não ouviu a porta se abrindo atrás dele e Alvo Dumbledore adentrando o Salão com sua fênix no ombro.

— Eu sabia que esse dia chegaria... Boa noite, Sr. Potter! — James deu um sobressalto, assustado com a presença inesperada de Dumbledore.

— Professor Dumbledore? — "Por Merlin, como Dumbledore o encontrou se aquela sala tinha surgido ali do nada?"

— Como estão as coisas? — Alvo estava agindo naturalmente, até mesmo um pouco animado demais para um diretor.

— Bem, eu acho. — Ele não conseguia parar de pensar que devia estar tendo um sonho incrivelmente sem sentido, ainda em sua cama no dormitório masculino.

— Sinto muito pela Srta. Barton. — James assentiu, e os dois ficaram um tempo em silêncio apenas observando a sala.

— Professor Dumbledore, eu nunca tinha visto essa sala antes.

— Essa é a Sala Precisa, ou Sala Vem e Vai... Porque é uma sala em que a pessoa só pode entrar quando tem real necessidade dela. As vezes existe, mas normalmente não, e quando aparece está sempre equipada para atender à necessidade de quem a procura.

— Quer dizer que ela tem consciência do que nós precisamos?

— Exatamente. Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem... Certa vez eu estava precisando muito ir ao banheiro e magicamente encontrei uma sala cheia de penicos. Mas hoje você pensou em algo muito mais importante que penicos e a Fawkes logo percebeu isso. — Ele apontou para a fênix empoleirada em seu ombro.

— Eu acho que não entendi, Professor...

— Eu já imaginei essa sala muitas vezes, Sr. James... E a Fawkes sentiu que mais alguém tinha imaginado essa mesma sala hoje.

— Isso quer dizer que não vou precisar te convencer a apoiar nosso grupo?

— Entenda, James... Eu não posso começar a treinar vocês e admitir que meus professores não estão ensinando o suficiente para vocês. Isso tem que partir de vocês, o que significa que só precisava de um aluno voluntário para começar. E eu não esperava menos de você.


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Notas finais do capítulo

Nós batemos o recorde de comentários no último capítulo e eu descobri que tem muito mais gente acompanhando essa história do que eu pensava! Vocês não fazem ideia do quanto isso me deixou feliz!

Esse capítulo é um pouco mais de transição, mas nós podemos ver que James também tem dias ruins (como todos nós!), mas que logo ele volta ao normal e parte para a ação... Tem muitas teorias de que a Sala Precisa não está no mapa do maroto porque eles nunca descobriram ela, mas eu me recuso acreditar que eles nunca a achariam... Pra mim, eles não conseguem colocá-la no mapa porque ela vem e vai hahaha

Me contem o que acharam desse capítulo, o que estão achando da história até agora e quais são as expectativas para os próximos capítulos! Vocês já devem ter percebido, mas eu amo conversar!

Um beijo e até logo!
ps: os capítulos podem demorar em média 10 dias para serem postados porque a vida tá uma loucura, mas não desistam de mim!