Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 50
Perdidos e desamparados


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Espero que gostem desse capítulo, tem um pouco de flerte mas também tem ação!



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O tempo frio chegou com força nas semanas que se seguiram e no final de outubro qualquer um podia dizer que o outono havia finalmente chegado. As árvores dos jardins de Hogwarts estavam secas, suas folhas tinham vários tons de laranja e forravam a grama.

Essa mudança brusca no clima provocou um belo surto de gripe entre os alunos do castelo, por isso, na manhã de sexta-feira, Lily estava visitando a enfermaria para ver se seu namorado estava melhor. Várias camas estavam ocupadas por jovens pálidos tossindo e espirrando. Ela avistou Remus numa cama ao fundo e acenou para ele de longe, lembrando que ele estava se recuperando de uma semana de lua cheia.

— Você tem certeza que está melhorando? — Ela se sentou na ponta da cama de Fabian, sua mão sentindo a testa do rapaz.

— Eu to bem, Madame Pomfrey disse que amanhã eu vou ter alta, relaxa Lily... Ela só não quer que eu passe a gripe pra mais alunos. — Ele tirou a mão dela de sua testa, entrelaçando seus dedos. — E é por isso que você não deveria nem estar aqui, vai que eu passo essa gripe pra você... — Ele beijou a mão dela, ainda com os dedos entrelaçados. Depois de conversarem um pouco, Fabian olhou para o relógio em seu pulso e arregalou os olhos. — Você está 10 minutos atrasada para a aula! — A garota ficou mais pálida que as crianças doentes. Saltou da cama de Fabian e saiu correndo pelos corredores até as masmorras, onde ficava a sala de Poções. "Lily Evans não chega atrasada, o que tem de errado comigo?".

Alcançando a sala de Poções, Lily entrou cabisbaixa tentando não ser notada pelo Professor Slughorn e se sentou na bancada mais ao fundo. Normalmente ela se sentava na primeira fileira de bancadas com Severus, mas isso foi antes da tarde pós-NOM de Defesa Contra as Artes das Trevas. Agora eles não eram mais amigos e nunca mais se sentariam juntos nas aulas de Poções.

Naquela aula, ela se sentaria com alguém bem diferente de Severus Snape. Diferente, porém igualmente odiado por Lily, cujos cabelos estavam sempre bagunçados como se ele tivesse acabado de descer de uma vassoura, que usava óculos com lentes retangulares, que era alto, forte, apanhador e capitão do time da Grifinória: James Potter. Quando ela se sentou naquela bancada, não percebeu que já estava sendo ocupada por alguém cujo ego poderia ocupar a sala inteira.

— Oi Evans, — Ele sorriu cordialmente, seus dentes perfeitamente alinhados e brancos brilhando para ela. — Ele pediu pra gente fazer o Antídoto Para Venenos Incomuns. — Atualizou a garota, enquanto ela pescoçava entre as cabeças dos outros alunos procurando outro lugar para sentar. Nenhum lugar sobrando. "Droga!". Seu rosto corou ao olhar para seu novo parceiro de poções.

— Se você tentar alguma gracinha, Potter... — Ela apontou a varinha, fuzilando James com os olhos.

— Relaxa, ruiva. — O garoto sorriu torto em resposta enquanto pesava os ingredientes, concentrado para conseguir exatamente 14 g de pó de chifre de arpéu.

Enquanto a água esquentava no caldeirão, Lily macerava as carapaças de chizácaro até virarem pó. Depois de misturar com o pó de chifre de arpéu e jogar no caldeirão, os dois aguardavam a água ferver. James não conseguia parar de passar as mãos pelo seu cabelo, fazendo com que ele apontasse para todos os lados. O silêncio constrangedor estava o matando, mas ele precisava medir as palavras para falar com Lily, a última coisa que ele queria era irritá-la agora.

— Então... Como está a Rose? — Lily segurava o pequeno timer que indicava mais quatro minutos de espera. Ela o balançava entre os dedos finos, inquieta. Era difícil para ela manter uma conversa civilizada com James, mas ele estava se comportando bem e apesar dela amar poções, o tempo de espera sempre a deixava um pouco impaciente.

A pergunta de Lily pegou James desprevenido e ele derrubou no chão os ferrões de gira gira que estava brincando até então. Ele se abaixou para pegá-los e apoiou o braço na bancada para levantar. Sob a manga da camisa parcialmente dobrada, Lily notou os músculos dele saltarem com o movimento. "Ah, hormônios! Me deixem em paz", revirou os olhos para si mesma, "Patética!".

— Ela está em Seattle, Estados Unidos da América... — James pronunciou as palavras lentamente, um pouco tristonho. Ele se sentou na banqueta novamente e se concentrou nos ferrões de gira gira sob a bancada, os alinhando numa fila.

— Ela não voltou para Hogwarts? — Evans franziu a testa. O timer apitou e James acrescentou a seiva de mandrágora enquanto Lily mexia a mistura quatro vezes no sentido horário e quatro vezes no sentido anti horário. Os olhos verdes de Lily brilharam quando a poção adquiriu uma cor acinzentava.

— Não... — Respirou fundo. — De acordo com Dumbledore, a região que ela morava é uma das mais atacadas, muitos parentes de nascidos trouxas estavam sumindo. — Lily observou os olhos distantes de James, atrás das lentes retangulares de seu óculos. Era estranho para ela vê-lo assim tão sério e ela nunca iria admitir, mas ele ficava bem assim. — Ela não quis que eles fossem sozinhos.

— Isso é péssimo, James.

— É, uma droga... Eu queria socar a cara desses malditos puristas. — Ele cerrou os punhos sobre a mesa.

— Por mais raro que isso seja, dessa vez eu concordo com você. — Lily riu, desacreditando que James Potter, com toda a sua infantilidade e seu ego, estivesse se importando tanto com a guerra prestes a explodir. Talvez as pessoas pudessem mudar, afinal.

x

Após um fim de semana resumido em deveres de casa, trabalhos e tarefas, finalmente o jantar de Halloween havia chegado e todos podiam comemorar devidamente. O salão principal estava enfeitado com grandes abóboras flutuando sob o céu estrelado no teto.

James, Sirius e Peter estavam sentados curiosamente próximos de Lily, Marlene, Dorcas, Mary e os gêmeos Prewett. Remus ainda estava na enfermaria porque Madame Pomfrey insistiu em observa-lo após a lua minguante aparecer, talvez ele saísse para o fim do jantar. Todos conversavam animadamente enquanto saboreavam o jantar.

— Os trouxas se fantasiam e batem de porta em porta para conseguir alguns doces. Eu fui uma fada na última vez que saí com minha irmã, antes de vir pra cá. — Lily contava para todos na mesa.

— Uma vez minha mão me vestiu de abóbora, imaginem como ficou péssimo! — Mary ria de si mesma, lembrando de sua versão criança redonda e laranja.

— E se as pessoas não dão os doces? — Sirius questionou, apontando uma coxa de frango para Lily como se fosse um microfone, igual ao jornal na televisão trouxa.

— Bem, se isso acontece as pessoas agem como os marotos e pregam peças neles. — Marlene respondeu, dando um sorriso torto para Sirius.

— Não fale assim, Lenny... Agora nós temos objetivos maiores do que pregar peças nos outros. — Sirius fingiu estar ofendido. — Agora nós protegemos os perdidos e desamparados dos sonserinos. — Ele abriu um sorriso animado e orgulhoso.

— Certo, não que isso seja uma grande evolução... — Lily comentou baixinho. — Vocês continuam pegando detenção.

x

Remus não apareceu até que eles terminassem de jantar, então Lily começou a fazer a ronda sozinha. O toque de recolher estava próximo e haviam poucas pessoas andando pelos corredores. Os marotos sumiram para fazer o que quer que os marotos faziam, Mary foi devolver alguns livros na biblioteca, Marlene, Dorcas e os gêmeos foram para o Salão Comunal jogar Snap Explosivo.

Ela vagava pelos corredores entediada. Ser monitora era divertido as vezes, como quando ela queria tomar um banho relaxante de banheira no banheiro dos monitores, mas fazer as rondas sozinha era um tédio. Lily podia ouvir os resmungos das pinturas nas paredes, mas nada além disso. Nem mesmo Filch e a Madame Nor-r-ra andavam pelos corredores.

Perto do quarto andar, finalmente ouviu sussurros. Já estava imaginando de que casa ela teria que tirar pontos por estarem fora da cama depois do toque de recolher, quando virou o corredor e deu de cara com James e Sirius agachados na frente de uma garotinha do primeiro ano da Grifinória. Chegando mais perto, Lily percebeu que a garotinha tinha marcas de lágrimas nas bochechas, mas parecia bem agora que os garotos mostravam a ela algo que parecia ser só um pergaminho velho e encardido.

— Viu? O castelo só precisa ser explorado... Quando você estiver no último ano vai conhecer como a palma da sua mão. — James viu Lily se aproximar. — Malfeito feito. — Sussurrou apontando com a varinha para o pergaminho.

— O que estão fazendo fora da cama a essa hora? — Ela cruzou os braços, parada em frente aos três.

— A pequena Lizzie Spinnet aqui, — Sirius apontou para a garotinha loira sentada no banco em sua frente. — se perdeu. A gente só estava tentando ajudar ela.

— É verdade, Srta. Evans... — A menina concordou, chamando Lily como se ela fosse uma professora prestes a tirar pontos dela. E, tudo bem, Lily poderia tirar pontos deles, mas pensou melhor e não fazia sentido tirar mais pontos da Grifinória por algo como aquilo. Por incrível que pudesse parecer, os marotos estavam mesmo ajudando os "perdidos e desamparados", como Sirius comentou mais cedo. — Eu ainda não me acostumei com esses corredores, são tão parecidos...

— Tudo bem... E pode me chamar de Lily. — A ruiva sorriu cordialmente ao falar com Lizzie. — Agora, o que vocês dois estavam fazendo aqui? — Fechou a cara, voltando a ser a monitora assustadora que tira pontos sem dó.

— A gente estava voltando da cozinha... — James admitiu, levantando as mãos para cima em sinal de inocência.

Antes que Lily pudesse perguntar como eles sabiam onde era a cozinha, eles ouviram uma movimentação no corredor ao lado. Os três franziram a testa e trocaram olhares, empunhando as varinhas imediatamente, enquanto a garotinha segurou a mão de James e se encolheu atrás dele. Eles andaram sem fazer barulho em direção a bifurcação que dava para o corredor de onde o som vinha, mas antes de chegarem lá um grito ecoou pelos corredores.

O grito era genuinamente de desespero e dor, então eles correram até a bifurcação para encontrar Mulciber e Regulus parados em frente a um corpo caído no chão. A garota se contorcia no chão e seu grito estava ficando cada vez mais fraco e rouco. Ao ver que tinham companhia, Mulciber cessou o feitiço na garota e os dois sonserinos começaram a atirar azarações em Sirius e Lily, que estavam na frente. James parou com Lizzie atrás de um pilar. — Lizzie, chame a Madame Pomfrey. Dois corredores para a direita e um para a esquerda, ok? Eu confio em você. — Ela assentiu e saiu correndo, assustada.

Raios vermelhos e azuis cortavam o corredor sobre o corpo caído no chão. Quando a garota começou a mexer, Sirius conseguiu ver seu rosto. Era Mary MacDonald. Ele se distraiu por um momento e foi atingido por um feitiço, voando para longe caindo com um baque no chão.

— FINITE! — A voz de Madame Pomfrey ecoou pelo corredor. Ela correu na direção dos corpos caídos e ignorando os quatro ainda de pé. Percebendo a deixa, os dois sonserinos correram pelo corredor, descendo as escadas ruidosamente. — O que aconteceu aqui? Por que vocês estão fora da cama? — Ela verificava os reflexos dela com sua varinha iluminada. Mary estava atônita. — Me ajudem a leva-los para a Ala Hospitalar, não vou conseguir resolver nada aqui.

Com três varinhas foi fácil guiar os dois corpos pelos ares, flutuando até as camas da enfermaria. Sirius parecia ter caído sobre o braço, porque ele estava numa angulação estranha quando ele acordou.

Braquium Remendo. — Pomfrey apontou a varinha para o braço de Black e imediatamente ele voltou para o lugar habitual. Sirius tentou usar seu braço de apoio para levantar da cama, gritando de dor assim que seu braço tocou o colchão. — Não é porque ele está no lugar, que você pode fazer o que quiser. Você vai ficar aqui essa noite para se recuperar. E trate de não se mexer. — Empurrou Sirius de volta para a cama, afofando seu travesseiro antes de virar para James e Lily. — E vocês dois vão ficar aí calados ou vão me explicar que diabos aconteceu?

— Eu estava fazendo uma ronda, Madame Pomfrey. — Lily começou, mordendo o lábio ao olhar para Mary estendida na cama. — Encontrei Potter e Black ajudando aquela garotinha, a Lizzie Spinnet...

— Ela tinha se perdido, não sabia como chegar no Salão Comunal da Grifinória. — James continuou. — Então nós ouvimos passos, depois o grito de Mary.

— Quando os alcançamos, ela estava caída no chão se contorcendo e gritando, foi horrível. — Se a situação não fosse tão tensa, Sirius podia zoar James e Lily por estarem completando as frases um do outro.

— Isso parece... Não! Não pode ser... — Madame Pomfrey correu até uma prateleira, pegando um livro grosso e surrado. Folheou o que Lily imaginou que era uma mistura de dicionário com um glossário de sintomatologia até parar na letra C. Seguiu as linhas com o dedo até parar numa palavra grifada: "Cruciatus".

Todos prenderam o ar ao perceber o que tinha acontecido. Mulciber havia usado uma maldição imperdoável em Mary. — Ora, onde já se viu! Uma maldição imperdoável em Hogwarts! — Madame Pomfrey corria de um lado para o outro, pegando frascos com cores estranhas e misturando com uma porção de ervas. As portas da enfermaria se abriram bruscamente, revelando Peter, Marlene, Dorcas e Remus usando pijamas, afobados.

— O que aconteceu? Uma primeiranista falou que vocês estavam num duelo e, ai meu Merlin, Mary! — Dorcas falava alto, a respiração ainda se recuperando da corrida até o quarto andar. Seus cabelos estavam amassados, claramente pelo travesseiro.

— Ah santo Dumbledore, vocês podem esperar lá fora. — A enfermeira apontou para o grupo, nervosa.

— Eu sou... Mary é muito... Importante pra mim, posso ficar com ela? — Peter finalmente conseguiu formar uma frase, chocado com a imagem de sua "namorada?" desacordada.

— Eu posso ficar também? Preciso muito conversar com o Sr. Black. — Marlene perguntou, receosa. — Prometo não atrapalhar e nem fazer barulho. — Mordeu o lábio aguardando a resposta. A mulher assentiu apenas para ser deixada em paz e ela caminhou calmamente na direção da cama de Sirius, enquanto os outros foram para o lado de fora da enfermaria.

— Você está bem? — Ela puxou uma cadeira ao lado da cama dele. Os dois não conversaram muito desde que terminaram, então era um pouco desconfortável estar tão próximos.

— Quando eu vi que era Mary lá caída no chão, me distraí e fui atingido por um estupefaça. Só desloquei meu braço, tá tudo bem. Estou mais preocupado com ela... — Apontou com a mão boa para a cama de Mary, do outro lado do salão. — Acho que foi a maldição cruciatus.

— Eu não acredito que eles estão usando as maldições imperdoáveis em Hogwarts! — Marlene se levantou da cadeira, com raiva. A cadeira caiu para trás com o movimento e o barulho ecoou pela Ala toda, Madame Pomfrey olhou feio para eles enquanto Marlene levantava a cadeira novamente.

— Lenny, meu irmão é um comensal da morte agora... Eu não duvidaria do que eles são capazes de fazer. — Sirius contou, com pesar. Sem perceber, Marlene saltou da cadeira para a cama dele, o abraçando ao ouvir a confissão.

— Foi por isso que você fugiu de casa? — Perguntou com o rosto afundado em seu peito. — E começou a briga no início do semestre? — Marlene começou a juntar as peças, se atualizando de tudo enquanto os outros esperavam impacientes lá fora. — Oh Sirius...


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Notas finais do capítulo

O que acharam do Sirius e do James ajudando uma aluna perdida? Eu quis mostrar que eles estão amadurecendo e usando as habilidades de marotos para coisas boas...
Me contem outros detalhes que gostaram, vou ficar muito feliz em saber!

Vocês se importam se os próximos capítulos ficarem um pouco maiores? Nada exagerado, no máaaximo 4000 palavras... Me contem e caso queiram capitulos mais curtos eu vou segmentando os capítulos que já escrevi!

Beijos e até sexta que vem!



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