Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 33
Noite com o Aluado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, eu demorei um pouco mas finalmente trouxe o capítulo novo com a noite dos marotos na Casa dos Gritos! Espero que gostem, leiam as notas finais!



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Remus acordou naquela sexta-feira sentindo uma mistura de ansiedade, felicidade e medo, além do mal estar que sentia sempre que a lua o atormentava. Estava ansioso porque finalmente passaria uma noite na Casa dos Gritos com mais alguém que não fosse simplesmente os fantasmas que o assombravam nas noites de transformação, e isso lhe trazia felicidade. Mas, por outro lado, ele estava aterrorizado com a presença dos amigos.

Uma coisa era saber que ele era um lobisomem, outra coisa totalmente diferente era ver um lobisomem se transformando. Além disso, havia o fato de que os meninos ainda não eram mestres na arte de se transformar, McGonagall ainda queria ensiná-los a estabilizarem a forma animal. Isso preocupava Lupin de uma forma que ele não sabia que era possível. "E se algo der errado e eu machucar um deles?", ele se revirou na cama antes de finalmente conseguir levantar.

— Bom dia lobinho! — Sirius estava secando o cabelo com uma toalha. — Achei que não fosse mais levantar...

— Não me chama assim, se dependesse de vocês a escola inteira já saberia sobre isso! — Remus reclamou, mas deu um sorriso fraco.

— Para com isso cara, nós te amamos e nunca contaríamos seu segredo. — Peter falou, enquanto procurava alguma coisa dentro de seu malão.

— A gente devia inventar um apelido para você, já que lobinho deixa tão na cara. — James se escorou no batente da porta do banheiro, onde Remus escovava os dentes.

— Na verdade, deveríamos ter apelidos para todos nós. Já temos um nome maneiro para o quarteto, por que não para cada um de nós? — Sirius apareceu na porta, atrás de Potter.

— Vocês podem inventar um plano de cada vez? Fica meio difícil acompanhar as vezes. — Lupin deu uma olhada no espelho percebendo que estava com uma aparência ainda pior. Com certeza Dorcas ficaria preocupada, como todos os meses. Ela já estava se acostumando com as mudanças repentinas na saúde dele e tentava não perguntar muito, mas não podia negar que ficava intrigada com o estado do namorado nos dias em que ficava doente.

Percebendo que nada o faria parecer mais saudável, pegou sua mochila e desceu com os garotos até o Salão Principal, onde alguns alunos sonolentos já tomavam café da manhã. Caminharam até onde Mary, Lily, Marlene e Dorcas estavam sentadas, a última arregalou os olhos com a visão do namorado.

— Você está ainda pior! Você vai ver a Madame Pomfrey hoje sem falta! — Dorcas levantou-se da mesa quando viu ele chegando e correu na direção dele, colocando a mão em sua testa para sentir se tinha febre.

— Você podia ter começado com um "bom dia". — Remus tentou rir um pouco, para mostrar que estava tudo bem. Ele admirava a preocupação da loira e agradecia à Merlin por ela não perguntar o que o fazia ficar tão mal. — Eu vou passar lá depois da aula. — Ele se sentou ao lado de Dorcas, e todos comeram o café da manhã reforçado que os elfos tinham preparado. Já a caminho da aula de Poções, Remus e Dorcas andavam de mãos dadas perto de Marlene e Sirius, que pareciam estar muito entretidos cochichando e dando risadinhas.

— Então, que tal dar uma escapada hoje? — Marlene sorriu safada para Black.

— Não posso, precisamos ficar de olho no Remus quando ele fica assim... — Ele explicou, dando de ombros.

— Não finja que não está com vontade, me faz parecer uma pervertida. — Ela cruzou os braços, lançando um olhar provocante.

— É lógico que estou, e você é mesmo! — Ele riu, antes de levar um belo soco no braço. Marlene ria da cara de chocado de Sirius, o que chamou atenção dos outros.

— Estamos perdendo algo importante? — James perguntou, mordendo o lábio e olhando para Sirius sugestivamente.

— Nah... — Ele resmungou. — Nada que vocês vão querer saber. — E deu uma piscadela, antes de entrar na sala fria nas masmorras.

—x-

No fim da aula de Transfiguração, McGonagall chamou os marotos para uma conversa e os direcionou para sua sala. A sala parecia mais calma e arrumada do que quando eles treinavam as transformações, sem cacos de vidro espalhados depois de um deles acertarem um feitiço acidental numa janela ou num armário com frascos de poções.

— Se eu fiz minhas contas certas, hoje é noite de lua cheia. — Ela começou a dizer, sentada em sua poltrona com as mãos juntas sobre a mesa. Os quatro meninos estavam sentados do outro lado da mesa, em quatro banquinhos postos lado a lado, com um olhar apreensivo. — Eu não sei se vocês estão prontos para a transformação, mas mesmo que eu dissesse para vocês não irem, vocês iriam não é? — Ela deu de ombros, já conhecendo um pouco das atitudes inconsequentes dos marotos.

— Professora, se a senhora acha que eles podem correr algum risco... — Remus não conseguiu se conter, estava pensando nisso o dia todo, a semana toda tendo pesadelos sobre machucar um deles e transformá-los em lobisomens também.

— Sempre há um risco, Sr. Lupin. Por isso peço cuidado. — Ela olhou para o garoto pálido a sua frente. —Se algo acontecer eu quero vocês três de volta a escola imediatamente. Sem desculpas! — Ela tinha um tom severo, mas com uma pitada de preocupação. — Remus deve fazer o que foi combinado desde que entrou em Hogwarts, como ir para a enfermaria antes do sol de por, o que significa, agora. — Ela deu uma olhada pela janela, o sol um pouco escondido pelas nuvens estava quase no horizonte.

— Mas eles não podem ir sozinhos. E o Salgueiro Lutador? — Remus se levantou em protesto, com a testa franzida.

— Sr. Lupin, você precisa seguir os procedimentos de sempre e tomar as suas poções antes que seja tarde demais. Dumbledore e eu estamos cuidando para que tudo dê certo.

— Pode ir, lobinho. — Sirius o tranquilizou. — Nós vemos mais tarde. — E com isso, Remus foi apreensivo para a enfermaria, deixando seus amigos na sala com a Minerva. Ela os estudou por alguns momentos depois que Lupin foi embora, fazendo com que o silêncio os deixasse nervosos.

— Dumbledore disse que seu pai já lhe deu a capa. — Ela se direcionou para James, que assentiu nervoso. — Certo, vocês três ainda conseguem se esconder debaixo dela? — Continuou a encarar por um momento antes de se corrigir. — Eu não sei porque estou preocupada, acho que vocês não precisam de ajuda para se esgueirarem pelos corredores depois do toque de recolher não é?

— Bem, Minnie... Nós temos um certo talento para isso... — Sirius deu de ombros, olhando para os amigos, que assentiram.

— Então vou deixar que vocês providenciem um jeito de sair sem serem vistos até chegarem perto do Salgueiro Lutador. — Minerva olhou feio para Sirius, por conta do apelido que ele usara, mas logo voltou ao habitual. — Tem uma espécie de botão que imobiliza o Salgueiro, por sorte, um de vocês se transformou num rato pequeno o suficiente para passar pelos ramos agressivos da árvore e imobilizá-la para vocês dois passarem.

Peter guinchou de medo ao imaginar que teria que passar entre os galhos do Salgueiro Lutador, que quase arrancou o olho de um aluno outro dia. A Professora McGonagall finalmente os liberou, depois de muitas recomendações e regras, e os garotos foram para o Salão Comunal esperar a hora de saírem.

—x-

Num corredor escuro e deserto podia-se ouvir sussurros que não eram de nenhum fantasma ou de Pirraça, mas de James, Sirius e Peter, que se escondiam sob a capa da invisibilidade.

— Você consegue ver alguém pelo mapa, Peter? — James perguntou, tentando ver se algum monitor estava fazendo ronda por perto. Mais uma das vantagens de se ter o Mapa do Maroto era poder ver onde todos estavam nos arredores do castelo.

— Não tem ninguém por enquanto, acho que podemos sair. — Peter verificou e os monitores da Grifinória estavam juntos num armário de vassouras em vez de fazer a ronda. "Típico", pensou.

 Logo passaram para a área externa do castelo e rapidamente chegaram no gramado onde o Salgueiro Lutador ficava. Mantendo uma distância segura da árvore, os três reapareceram e James dobrou a capa até que coubesse em seu bolso.

— Peter, agora é a hora. — James botou as mãos nos ombros do garoto miúdo e gordinho. — Você consegue!

— Vai logo Rabicho! — Sirius, como sempre sem limites, seu um tapinha na bunda de Peter, o fazendo dar um passo para mais perto do Salgueiro.

O garoto se concentrou e se transformou no rato amarelado e de rabo comprido de antes. Olhou apreensivo para os dois amigos, se é que ratos podem ter expressões muito distintas, e foi na direção da árvore. Ela demorou um pouco para perceber o movimento de Pettigrew, o que lhe deu vantagem para chegar a metade do caminho antes de o Salgueiro Lutador "acordar" e remexer seus ramos agressivamente.

Enquanto Peter tentava achar o local exato que imobilizava a árvore, James e Sirius conversavam animados.

— Esse lugar é tão incrível... — Sirius falou, dando uma olhada para o castelo com suas torres e torrinhas, as janelas brilhando fracamente com a luz da lua atenuada pelas nuvens.

— É, como um segundo lar. — James passou o braço por cima do ombro de Sirius. — Espero que dê tudo certo hoje a noite.

— Vai ser incrível! — Sirius concordou, no mesmo momento em que os ramos do Salgueiro Lutador pararam de se agitar ferozmente e a árvore pareceu se transformar em pedra, nem uma única folha se mexia. Sirius se transformou num cachorro grande e preto e James, num cervo com uma galhada majestosa, antes de entrarem pela passagem escura sob o Salgueiro Lutador.

— Ai, acho que não foi uma boa ideia. — James reclamou, sentindo a galhada bater na abertura da passagem. — Acho que vou me transformar só quando estivermos chegando. — Ele continuou, quando escorregou por uma descida de terra que dava para o túnel baixo.

— Para de ser fresco, quem mandou se gabar desses chifres pontudos? — Sirius gargalhou, soltando um latido em vez de risada. Por orgulho próprio, James resolveu não se transformar e teve que se abaixar bastante para não bater no túnel.

A passagem não parecia ter fim, mas depois de muito andarem, o túnel começou a subir e os três se depararam com um espaço mal iluminado por uma pequena abertura.

Não havia nenhum sinal claro de que Remus já havia se transformado, mas eles avançaram com cautela até um quarto desarrumado e poeirento, o papel de parede estava descascado e arranhado, havia várias manchas pelo chão e algumas tábuas cobriam as janelas. Vendo que Lupin não estava lá, seguiram por um corredor escuro onde havia uma porta fechada.

— Rabicho, nós estamos mesmo na Casa dos Gritos! — Sirius quebrou o silêncio, assustando Peter com a empolgação que um grande cachorro preto podia passar para um pequeno ratinho.

— Sirius? — A voz fraca de Remus soou do andar de cima. Ele ainda não tinha se transformado, mas dando uma rápida olhada pela janela, eles viram que as nuvens estavam começando a dissipar e logo a lua estaria iluminando o céu estrelado.

Os três subiram rapidamente as escadas e encontraram uma porta entreaberta. James mais uma vez teve problema com seus chifres pontudos, se enroscando para passar pela porta antes de encontrarem Remus encolhido numa cama de colunas. Ele se levantou e tentou forçar um sorriso de agradecimento, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o quarto foi iluminado pela luz da lua, que passou por entre as tábuas e aguçou o instinto de Lupin.

O corpo do garoto se enrijeceu, James e Sirius se entreolharam, Peter soltou um guincho enquanto sentia suas patinhas tremerem em antecipação. Os três viram a cabeça do amigo começar a se alongar, assim como seu corpo. Os ombros dele se curvaram e logo ele tinha pelos brotando em seu rosto e em suas mãos, que se transformaram em garras.

Peter tinha que admitir que não era a melhor visão de Remus e que essa versão do amigo era realmente assustadora. Até mesmo James e Sirius tiveram um momento de pavor quando Remus uivou, uma mistura de instinto e sofrimento, mas logo voltaram ao estado natural de animação.

Lupin estava mais assustado do que ficava normalmente, durante as transformações. Ele estava naquela forma irracional e horrível, sentia a hesitação de seus amigos quando começou a se transformar e depois de sua forma lobisomem estar completa, sentiu a tristeza que sempre o abatia.

Aquilo era terrível. Pensar naquilo acontecendo todas as noites de lua cheia até o final de sua vida era ainda pior. O desespero começou a tomar conta dele, o pânico o fazia perder seus sentidos e somado a licantropia, ele fez algo que estava acostumado: se empinou e bateu as longas mandíbulas, antes de começar a arranhar a si mesmo.

— Precisamos fazer alguma coisa. — Sirius quebrou o silêncio novamente, partindo para cima de Remus e tentando o fazer parar de machucar a si mesmo.

Remus apreciou que o que Sirius tentava fazer em um curto momento de lucidez, mas logo seu instinto lupino o fez jogar seu amigo para longe. Peter foi verificar se Sirius estava bem, sua forma animaga estava formando um amontoado de pelos pretos no canto do quarto, enquanto James seguiu em frente para distrair Lupin.

— Essa galhada maldita está sendo útil afinal. — Sirius rosnou, juntando-se aos dois, que estavam numa espécie duelo de força. As garras de Remus seguravam os chifres de James, que tentava empurrar seu amigo lobisomem pelo quarto.

A noite seguiu com James, Sirius e até mesmo Peter, que era um pouco desfavorecido pela sua forma de ratinho, tentando distrair Lupin até que ele estivesse mais calmo. Os instintos do amigo o faziam uivar e até mesmo atacar os amigos como se fossem desconhecidos em alguns momentos, mas ele conseguiu manter-se mais consciente do que nos últimos meses que passou a noite na Casa dos Gritos.

Já estava clareando quando Remus voltou a se transformar no garoto pálido e com cabelos cor de areia de sempre. Ele estava com alguns arranhados graças a alguns momentos em que a licantropia falava mais alto, mas num todo estava bem.

— Obrigado. — Foi só o que ele conseguiu dizer, sentindo que poderia desmoronar. Só naquela ocasião a ficha caiu e ele percebeu tudo o que seus amigos fizeram por ele naquela noite. Os três marotos perceberam que já era seguro voltarem para a forma humana e tinham alguns arranhões espalhados pelo corpo. — Sinto muito. — Ele tinha machucado seus amigos e nem mesmo se lembrava disso.

— Relaxa, Aluado. — James colocou uma mão no ombro de seu amigo, que tinha um sério problema com a lua. — Ei, esse é um apelido maneiro.

— É, acho que agora que esse plano deu certo, podemos pensar nos apelidos. — Peter concordou. — Só falta para o James e para o Sirius agora.

— Isso mesmo, Rabicho. — Sirius abraçou Peter passando o braço pelo pescoço do garoto e bagunçou seus cabelos loiros. —  Agora acho melhor voltarmos, quem sabe podemos cochilar um pouco antes de irmos para a aula. Precisamos estar descansados para hoje a noite.


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Notas finais do capítulo

Eu ando um pouco desanimada com a história, estava relendo os capítulos iniciais e tem muitas coisas que eu preciso melhorar, então quando eu tiver tempo, pretendo reescrever e corrigir alguns erros, vou tentar evitar e melhorar os capítulos para que isso não aconteça de novo... Espero que tenham gostado, me contem! Beijos