Green Eyes - Jily escrita por Vitória Serafim


Capítulo 8
Feliz Natal!


Notas iniciais do capítulo

Galerinha! Olá mais uma vez! Esse capítulo ficou um pouco menor do que os outros, porém acho que foi um dos meus preferidos até agora *-* Eu ia esperar até o natal para postar isso aqui, mas né... Tempo demais e eu sou extremamente ansiosa com esse lance de postar os capítulos hihi.
Venho avisar uma coisa também. Estive relendo os capítulos e encontrei uns errinhos :C (sou muito chata com escrita), então se por um acaso vocês verem muitas atualizações de uma vez na história, não se assustem! Serei só eu revisando os capítulos anteriores hehe.
Bem, é isso. Espero que vocês gostem! Continuem lendo e comentando! Amo vocês ♥ ^^



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Era tarde de véspera de Natal e eu sentia a água do chuveiro cair sobre o meu corpo excitado e frio por conta do que me esperava à noite, ou melhor, por conta de quem me esperava. Antes mesmo de saber o que vestir ou como agiria daqui algumas horas, os devaneios dolorosos – ou nem tão dolorosos assim – sobre ela me atingiram.

Flashback On

7 dias. Esse era o tempo que fazia que eu retomava a minha mesma rotina: tocar a campainha da ruiva que residia no mesmo andar que eu, de maneira insistente, em busca de notícias. Resultado? Dias e mais dias de vácuo total.

Eu, James Potter, mais do que ninguém, me preocupava incansavelmente com Lily, sabia que ela estava devastada. Precisava conversar com ela, não só para consolá-la, mas porque ela estava me levando cada vez mais à loucura, se é que isso é possível. O fato dela ceder a mim num dia e me desprezar completamente no outro me confundia mais do que qualquer coisa.

“O que ela realmente está sentindo nesse momento?”, essa fora a pergunta que não quis calar no decorrer da semana.

Izzy tinha me ligado há alguns dias cumprindo a sua promessa de me levar para assistir à sua ultrassonografia e o meu maior pesadelo tinha se concretizado: Eu tinha a engravidado. A pior coisa não era simplesmente assumir as responsabilidades de pai, até porque eu sempre quis ser um, mas não dos filhos dela.

Agora que os fatos se confirmam, as coisas se tornam cada vez mais complicadas, considerando que os meus esforços para me aproximar de Evans estavam todos indo por água abaixo, tudo só pioraria daqui pra frente.

Depois de enrolar muito na cama, levantei-me e tomei um banho, – precisava esvaziar a cabeça – surgiu-me a ideia de tocar um pouco, nessas horas só a música poderia me ajudar a relaxar.

Comecei tocando algumas das músicas do Coldplay, que sempre fora a minha banda preferida, no meio da minha música preferida (Green Eyes) meu celular tocar. Imediatamente meu coração pulava até a boca, meu interior desejava profundamente que fosse Lily, mas convenhamos que a situação teria de ser grave para que isso acontecesse (se é que as coisas já não estavam graves demais pro meu gosto).

James? — a voz doce e feminina soou pelo telefone celular. Era minha mãe. Ah, James... Você e sua vasta ilusão.

— Mãe...oi – disse respirando fundo deixando o violão de lado por um instante.

Está tudo bem, querido? Você nunca mais me ligou... Fiquei preocupada — ela constatou com uma voz de típica preocupação materna.

— Minha vida está uma bagunça, mãe – suspirei fechando meus olhos ao sentir a madeira do guarda-roupa encostar sobre minha cabeça.

Não me diga que é por causa do emprego... — ela começou, mas eu a interrompi.

— Não é nada disso. Eu não dou a mínima pra minha antiga carreira de modelo e só agora eu fui me tocar disso – umedeci meus lábios. – Mas não é isso que me perturba. É...-

A garota, não é?— ela completou como se quisesse ter dito isso desde o início.

— É... Ela passou por uma enorme injustiça no lugar onde ela trabalha e agora ela está trancada dentro de casa sem falar nem com as próprias amigas. Eu só queria que ela estivesse...feliz, mãe.

Olhe, meu filho. Você tem muito pra viver nessa vida. Sei que a paixão é algo incontrolável, mas você não pode deixar que ela fuja do seu domínio, caso contrário ela acaba se tornando obsessão — ela explicou-me com tamanha calma, que me lembrei de quando eu era uma criança inocente aprendendo que não podia colocar a mão no cocô da minha coruja, que à propósito, ainda vivia com os meus pais.

— Entendi, mãe. Vou tentar ser o menos obsessivo possível, pode deixar – disse num tom brincalhão e fui em direção à sacada, a manhã estava fria, a neve ainda não tinha chegado, mas estava perto. – A senhora e o papai virão pra cá na véspera de natal, não é?

Ah, viremos sim. Pode preparar um lugarzinho pra nós nesse seu apartamento — ela disse numa voz e eu mentalizei-a abrindo o seu lindo sorriso, o que involuntariamente fez com que eu imitasse seu gesto.

— Ótimo, então – escutei a campainha do meu apartamento tocar e franzi o cenho. – Hey, mãe. A campainha está tocando, a gente se fala depois, então? – ela concordou. – Mande um abraço para o Sr.Potter— brinquei – diga que estou com saudades... Ok, mãe... Beijo – terminei de falar e desliguei a chamada, indo direto até minha porta da frente.

Estranhei três vezes mais quando a abri, havia muita gente ali, inclusive os pais da Lily. Minha ficha só veio cair quando Holly apontou seu olhar para a porta de Lily. Eles dariam um jeito na situação dela e eu estaria ali para assistir.

***

Foram muitas informações para se absorver em um dia só. Os pais de Lily estavam mesmo me jogando para cima da filha deles? Isso sim era novidade, quer dizer, o que eu tenho a reclamar sobre isso?

Alice tinha me ligado com um tom esquisito na voz, informando a cor do vestido e a loja em que tudo foi alugado. Ela disse que já podíamos ir até lá para decidirmos os smokings, deixando claro que eles não precisavam ser iguais, mas a gravata teria de ser azul e o terno preto. Acatei todos os requisitos e desliguei a chamada um tanto conturbado com aquela conversa estranha. Eu sei bem que era só uma ligação, mas o clima estava realmente pesado. Será que eu tinha feito alguma coisa?

Agora eu estava junto aos Marotos, na casa de Aluado, que estava concentradíssimo em seu tablet e sorria a cada dois minutos. Sirius e eu apenas observávamos a situação de camarote, enquanto Rabicho era o único ser naquele lugar que realmente prestava atenção no filme, que era o real propósito da nossa reunião ali.

— Lupin, Lupin... – comecei com um sorriso no rosto. – Posso saber o motivo de tantos sorrisinhos? – perguntei me contendo para não assumir totalmente a minha personalidade maliciosa de “estou-sabendo-que-você-tá-falando-com-altos-contatinhos”.

Ele não pareceu escutar uma palavra do que eu havia dito, pois nem sequer levantou o olhar para nós.

— Remus? – Sirius tentou.

— Hm? – ele finalmente nos olhou e eu cruzei os braços, Sirius imitou meu gesto. – O que foi, galera? – ele perguntou na maior inocência.

— Posso saber com que contatinho você tá se divertindo agora? – Six perguntou e eu tive uma enorme vontade de rolar no chão de tão cômico era o que ele acabara de pronunciar. Remus não era do estilo cachorro, como Sirius. Definitivamente não era.

— Que contatinho o quê, Sirius. Eu estou passando algumas informações sobre a minha carreira de jornalismo para a Tonks, ela parece muito interessada no ramo também – ele disse com formalidade.

— E posso saber o que é que tem de tão engraçado no jornalismo pra você estar achando tanta graça assim? – pressionou-o Sirius.

— Não é nada demais. Voltem a assistir o filme de vocês – Remus disse impaciente e voltou a olhar o tablet atento.

— Ah, nem vem. Você que convidou a gente pra ver esse filme e agora está vidrado nesse tablet mais uma vez. Me dá isso aqui – peguei o aparelho eletrônico das mãos de meu amigo e saí correndo até o quarto em tempo de poder ler algumas mensagens da conversa via WhatsApp  que os pombinhos estavam tendo.

— JAMES, É SÉRIO. ME DÁ ISSO AQUI! – Aluado gritou enquanto estávamos em lados opostos da cama e eu bisbilhotava a sua conversa inteira.

“Eu amei o seu blog, tem tanta coisa maneira! ♥” — Tonks começava a conversa – “Que nada, é muito simples, se quiser podemos nos encontrar na biblioteca aqui perto, a madame Pince me vê tanto por lá que me deu até passe VIP para a sessão reservada. Posso te mostrar quantos livros você quiser sobre isso e...” — comecei a ler a conversa em voz alta e ele se jogou em cima de mim, furioso, tentando recuperar o aparelho, obtendo êxito.

— Seu sem graça – ele falou ajeitando a camiseta e saiu do quarto. Ao retornar à sala, fiz o meu famoso toque com Sirius e me joguei no sofá.

— Parece que alguém está progredindo aqui, e esse alguém com certeza não sou eu – falei com uma mistura de malícia e angústia.

— É... Aluadinho tá com tudo, rapaz – Sirius deu um leve tapinha nas costas do amigo que agora bufava de irritação.

— Dá pra vocês ficarem de bico calado? Eu quero terminar de ver esse filme – Peter reclamou e nós três reviramos os olhos.

— Cala a boca você, Rabicho. Não tá vendo que queremos conseguir tirar informações sobre o caso do Remus com a Ninfadora? – Sirius rosnou.

— Nós não temos caso nenhum! Mas que droga, em! – ele se levantou e se trancou no quarto. Todos rolamos os olhos juntos.

— Parabéns, Peter. Você realmente sabe como estragar todos os esquemas de investigação, já era de se esperar... – comentei bufando e ele ficou quieto ainda totalmente concentrado no filme.

Às vezes a minha irritação chega a níveis que não são explicados, e uma das vezes é quando alguém finge que não me ouviu. Pesquei o controle remoto pelas brechas do sofá e desliguei a TV.

— Aff, Pontas. Você é um sem graça! Logo na parte que o Frodo-

— Fica de boa aí, Peter. Você é um imbecil.

Acabamos dormindo, depois de passarmos a madrugada comendo comida chinesa enquanto conversávamos com Frank, por chamada de vídeo. Ele nos explicava sobre uma coreografia que estava planejando fazer na hora da abertura da balada para impressionar sua noiva e que precisava dos padrinhos pra tornar tudo mais legal. Obviamente concordamos e os ensaios começariam logo no início do ano subsequente, já que o casamento seria em fevereiro e a coreografia era bem complexa.

Ao acordarmos, passamos na Casa de chá da Madame Puddifoot para tomarmos um café expresso e comermos algumas rosquinhas açucaradas como café da manhã. Depois de quase termos de arrastar Peter pelos calcanhares, finalmente chegamos à Madame Malkin: Roupas para todas as ocasiões, que fora onde combinamos ir ontem quando falávamos com Frank.

Ao entrar na loja, Frank já estava vestindo um smoking ultra digno. Aplaudi.

— O dia nem começou direito e o cara já provou altos smokings. Gostei de ver – falei cumprimentando Frank com aquele típico abraço com o tapinha nas costas.

— E aí, James! Como eu estou nesse aqui? – ele fez uma cara de galã em minha direção e eu gargalhei.

— Tá ótimo, mas acho que seria melhor com a outra gravata ali, cara – falei apontando a outra gravata que a senhora Malkin segurava nas mãos. – Pode ir se sentar, madame Malkin. Eu e os garotos assumimos daqui – falei de maneira simpática e a mulher concordou, se retirando.

— Verdade, James. Fica estouro – ele falou ajeitando o traje enquanto se olhava no reflexo do espelho.

— Já disse que pode me chamar de Pontas, Frank... – falei de forma descontraída e me dirigi aos cabides pendurados ali perto. Um smoking mais lindo do que o outro.

— Beleza então, Pontas— ele falou e eu sorri de canto.

Os demais marotos o cumprimentaram e se juntaram a mim para escolher a roupa. Como eu tinha adorado a minha roupa da formatura, eu trataria de procurar coisa parecida.

Demoramos apenas uma hora para escolhermos tudo. Frank estava sinistramente impecável e eu esperava um casamento da mesma forma.

No caminho de casa, me pus a imaginar como seria a véspera de natal ao lado da família de Lily, eu tinha de pensar em alguma coisa para fazer com que ela voltasse a ceder e essa ideia estava se desenvolvendo com muito sucesso.

Flashback Off

Percebi que já havia saído do banho e estava totalmente arrumado quando escutei a voz de minha mãe.

— James, querido... Vamos logo, não quer deixar a sua amiga esperando, não é? – ela falou do corredor e eu suspirei.

            Encarei-me no espelho por alguns segundos, estavam muito satisfeito com a minha roupa. Usava um sobretudo cinza escuro novo que minha mãe me dera de presente com uma camiseta de tom parecido e uma calça jeans escura com um sapato que combinava. Passei a mão direita pelos meus cabelos e vi minha mãe adentrar meu quarto, virei-me para ela. Ela ajeitou a gola da minha camiseta sorrindo.

            – Meu rapaz... A cada dia mais lindo – ela falou passando sobre o meu rosto com a barba por fazer.

            – Tive a quem puxar – falei sorrindo galanteador e a abracei. – Fico feliz que tenha vindo passar o natal comigo, mãe – a soltei. – Sei que não sou o seu maior orgulho por não conseguir continuar com a minha carreira, mas eu estou pensando no que fazer daqui pra frente, eu juro.

            – James, meu filho. Sabe que a sua mãe te ama e que ela nunca se decepcionaria por Deus ter colocado um homem tão maravilhoso, que é o que você se tornou?

            – Dois homens seria o correto, sra. Potter – a voz de meu pai soou da porta. Com seu convencimento todo era possível sentir sua presença de longe.

            – Dois homens, exatamente – minha mãe sorriu corrigindo a si mesma com prazer. – Meus dois convencidinhos – ela sorriu e segurou uma mão minha e outra de meu pai.

            Como era revigorante essa sensação de se estar conectado com meus pais de novo, era ótimo ver o sorriso da minha mãe; seus cabelos ruivos darem contraste no seu rosto; meu pai passando as mãos pelos cabelos, gesto que tinha herdado dele; ele sorrindo safado a cada cinco minutos que estava perto da minha mãe; as conversas descontraídas que tínhamos juntos. Isso sim era família, nunca tivemos nenhum tipo de desentendimento grave ou mágoa e isso era o que mais nos unia.

            – Bem, garotões, é melhor irmos nos adiantando. A senhora Evans já deve estar à nossa espera – mamãe comentou e nós assentimos. Ela saiu na frente, deixando-me à sós com meu pai.

            – Se você é meu filho mesmo aposto minha herança que você está planejando alguma coisa pra fazer com aquela garota – ele disse apoiando uma das mãos em meu ombro. Sorri de lado.

            – Então sim, eu sou o seu filho, pai – falei erguendo minhas sobrancelhas de modo que minha cabeça se inclinou num ângulo totalmente meu pai de ser.

            Ele apenas sorriu e me deu um tapinha nas costas, já que minha mãe nos apressava na porta de entrada.

            Tanto meu pai quanto minha mãe estavam deslumbrantes para essa noite. Meu pai nem queria se achar com a roupa nova que tinha comprado recentemente e minha mãe estava com um terninho branco muito bonito, era simplesmente a cara dela. O mais engraçado é que ela colocara salto e meu pai ficara mais baixo do que ela, melhor coisa.

            Tocamos a campainha dos Evans e a primeira coisa que ouvi além do cumprimento da minha mãe com Jessica, fora a voz de meu Lírio, que à propósito dizia uma coisa não muito legal.

            – Coma alguma coisa, Severo...

            Ótimo. Ranhoso também estava ali, só me faltava essa. Passei minhas últimas duas semanas para chegar na casa da minha Lily e dar de cara com ela de papo com o cara mais seboso de todos. Definitivamente o universo não conspira ao meu favor.

            – Oi, tudo bem? Sejam bem-vindos, é um prazer recebê-los! – Jessica Evans saudava minha mãe com um abraço apertado.

            – Ah, eu que agradeço por ter nos chamado para comemorar essa noite maravilhosa junto a vocês! – minha mãe sorriu e estendeu as mãos que seguravam uma travessa de lasanha. – Trouxe algumas coisinhas para acrescentar à ceia – meu pai logo depois cumprimentou a sra. Evans com um beijo no rosto. Em sua mão esquerda ele segurava uma torta; bem assada, por sinal.

            – Não precisava disso tudo, sra. Potter... – a mãe de Lily corou de um modo muito semelhante ao da filha.

            – Não é incômodo algum, aceite! – minha mãe pronunciou com ternura. – Por favor, me chame de Euphemia.

            – Jéssica – a mãe de Lily virou-se um pouco perdida. – Ah, Lilian, querida... Pode me ajudar com isso aqui, por favor?

            A ruiva prontamente apareceu na porta e depois de cumprimentar meus pais e segurar umas boas olhadas que eu lhe lançara, ela tomou a torta em suas mãos e levou-a para dentro.

            O pai de Lily, John, apareceu também e pediu para que nós entrássemos e que nos sentíssemos em casa. Examinei o ambiente de maneira rápida e notei que lá já se encontrava Petúnia, a irmã de Lily e seu namorado rechonchudo. Um casal, na qual eu identifiquei como os pais do rapaz, estava sentado a um canto da sala – que agora estava bem mais vazia do que de costume, considerando que os sofás foram arrastados a uma das paredes, o que liberava a passagem até a sacada – e conversavam olhando tudo em volta de uma maneira desconfiada, até demais. Alice e Frank também já haviam chegado e se encontravam na sacada saboreando uma taça de vinho cada um. Finalmente meu olhar encontrou o de Snape, que sentava no sofá comendo um pastelzinho, de má vontade, enquanto me encarava com fúria.

            Achei aquela última cena mais do que cômica. Já era possível ouvir as zoeiras de Sirius a respeito – “Não sei dizer o que tem mais óleo: o pastel ou a cara do Ranhoso”. – Estava me controlando muito para não rir, era uma tarefa difícil. A minha única alternativa fora desviar o meu olhar daquela catástrofe.

            Tirei os diversos presentes que preenchiam a enorme sacola que eu segurava e posicionei-os embaixo da elegante árvore de natal que brilhava graciosamente de acordo com o piscar das pequenas luzes de LED que redeavam-na.

            Afastei-me da sala e me juntei à Alice e Frank. Acredito que se ficasse perto de Lily agora as coisas não seriam da maneira que eu espero que saiam, embora isso não impedisse de ficar de olho nela e no sem noção do Snape.

Falando em Lily... Ela estava tão linda... Como sempre, aliás.

Lilian usava uma calça de cós alto e uma blusa de mangas longas enfeitadas com rendas delicadas, um sapato alto, o cabelo caía-lhe perfeitamente sobre os ombros e... um colar. Aquele colar... Conhecia-o bem. Pedras verdes brilhantes, corrente dourada, aquele era com certeza o colar que eu a presenteara no seu aniversário naquele dia no colegial em que estávamos sentados embaixo de uma árvore, onde nos beijamos pela primeira vez.

Aquilo me fez sorrir.

Será que aquilo significava que eu ainda tinha alguma chance?

— Pontas? – Frank me chamou e eu saí de meus devaneios.

— Hm? – o encarei como se nada tivesse acontecido.

— Frank, para com isso. Ele tava apreciando a vista! Parece que não percebe... – Alice comentou dando um leve soco no noivo revirando os olhos. Corei.

— Não, tudo bem... – passei minha mão direita sobre meus cabelos um pouco sem graça. – O que você dizia?

— Ah, estava falando sobre o show das Esquisitonas que vai ter aqui em Londres na noite de ano novo. Se não tiver nenhuma coisa marcada podíamos combinar de ir assistir. A Alice tá louca pra ir desde o ano passado e...-

— Nem vem que as meninas também amam as Esquisitonas! – Alice defendeu-se.

— Alguém disse Esquisitonas? – uma voz de clara excitação soou.

Holly tinha chegado ao lado de Sirius, Peter vinha logo atrás.

— Hahaha. Holly! – Alice abraçou a amiga e cumprimentou Sirius e Rabicho. Fiz o mesmo. – Cadê a Tonks? Ela não ia vir com você?

— Ela ia mesmo, mas ela lembrou que ia se encontrar com o Remus na biblioteca pra ver uns negócios do Profeta Diário à tarde e ia vir sozinha depois – sorri malicioso para Sirius ao ouvir o dito. Sabia muito bem que Lupin não estava planejando apenas um encontro na biblioteca sem segundas intenções.

— Ah sim...

— Sozinha, huh? – Alice perguntou erguendo uma sobrancelha enquanto assistia Ninfadora cumprimentar os pais de Lily acompanhada de Remus na porta.

Hehe. Aluado, Aluado...

— Oi gente! – Tonks apareceu na sacada com as bochechas coradas e Aluado se encontrava lá atrás com uma expressão meio pálida.

Encarei Sirius e Peter e encaminhei-me até Remus, o levando para um lugar mais reservado.

— O que foi, Remus? Parece que viu um fantasma – Sirius perguntou com um tom malicioso.

— Ela...Eu... – ele não falava nada com nada.

— Perdeu até a fala – comentei rindo muito.

— Vocês se beijaram? – Peter fez a pergunta que não queria calar.

Quê?! Claro que não! – ele ficou roxo de tanta vergonha. – Ela só... Me perguntou se ela podia trabalhar pra mim, disse que podíamos abrir uma sociedade e começar a procurar gerentes para oficializar o Profeta Diário. Ela... Ela realmente gostou do meu trabalho – disse ele, radiante.

— Você pelo menos chamou ela pra sair? – Almofadinhas perguntou entediado.

— Ahn? Não... Credo, como vocês são ridículos. A gente só se encontrou uma vez e-

Todos nós reviramos os olhos bufando em uníssono.

— Posso saber o que os senhores fazem no meu quarto? – a voz que eu mais amava nesse mundo soou da porta do quarto.

— Nada... Já estávamos de saída, não é galera? – Remus se precipitou saindo do quarto e eu fui o último a sair, ficando cara a cara com ela.

— Ranhoso? Sério? – perguntei baixo e ela simplesmente trancou a porta do quarto e me ignorou, saiu andando até a cozinha, sem dizer uma só palavra.

— Mal jeito, Pontas – comentou Sirius, que estava encostado na parede de braços cruzados, como se tivesse contemplado a cena completa.

— Cale a boca – revirei os olhos.

Passei alguns minutos conversando com os garotos na sacada até que a mãe de Lily anunciou que o jantar estava servido. Encaminhei-me para a sala e vi meu pai conversando desenfreadamente com John. Sorri. Era bom ele ir se acostumando a conversar com meu pai, já que num futuro não muito distante eu seria seu genro.

A mesa estava farta. Tortas, coxas de frango, saladas, massas e um grande peru preenchiam a toalha de mesa que retratava o palácio de Buckingham, além dos variados tipos de bebidas, que incluíam água de gilly, garrafinhas de hidromel e cerveja amanteigadas, refrigerantes, vinhos e a básica água.

Servi-me de tudo um pouco e peguei uma taça de vinho, me encaminhando para a sacada. Não estava muito a fim de ficar naquela cozinha lotada de gente, aqui era muito mais arejado e o vento refrescava a minha mente. Tinha de pensar em um jeito de me desvencilhar de Snape para que o meu plano finalmente pudesse dar certo.

Quando achei que as coisas não podiam ficar melhores...

— Potter... – uma voz disse carregada de desprezo.

— Ranhoso... Enfim nos encontramos – respondi prontamente sem nem ao menos encará-lo. – Tinha demorado para aparecer.

— É porque eu não queria ver essa sua cara convencida de merda de novo mesmo – ele retrucou um pouco mais agressivo.

— Provocações... Ranhoso, Ranhoso... Lembre-se que aqui estamos em quatro. Quer mesmo enfrentar a mim e meus amigos sozinho? Ah não, espera... Você já é acostumado a levar uns murros, huh? – me virei para ele, deixando meu prato e a taça em cima de um banquinho ali presente.

— Você não é tão idiota a ponto de encostar um dedo em mim, não quando Lily está a menos de 5 metros de você – ele disse com um sorriso sarcástico.

— Ah é? Experimente continuar com suas gracinhas pra ver o que acontece – o fuzilei com o olhar.

— James Potter, o imbecil mais amostrado que já conheci. Você já está ciente que Lily me contou sobre a vadia que você engravidou? – gelei no mesmo instante. – Ela está arrasada, James... Acha que ainda tem algum resto de humanidade em você, – ele se aproximou – mas eu acho que ela está enganada. Quer dizer, nunca houve um pingo de humanidade por baixo dessa carcaça podre que você chama de cara, não é mesmo? Pobre mulher... Dará a luz a uma criança tão arrogante quanto o pai e tão atirada quanto a mãe.

Corri para empurrá-lo contra a parede, tomado pela raiva.

— Você não tem nada haver com o meu filho, seu seboso desgraçado! Que fique bem claro que as suas acusações contra mim não me incomodam nenhum pouco – segurei a gola da camisa nojenta dele com mais firmeza. – Entretanto, se você ousar falar alguma coisa contra o meu filho ou contra a mãe dele, você está ferrado. Ferrado! Você está me entendendo? – rosnei.

Os gritos provavelmente chamaram atenção, já que John, o pai de Lily apareceu todo desconfiado na porta da sacada.

— O que está acontecendo aqui? – ele perguntou. Soltei a gola da camisa de Ranhoso e encarei o homem com expressões firmes. – Nada, Sr. Evans. Snape e eu estávamos apenas tendo uma conversinha, não é Severo? – dei as costas arrumando meu sobretudo e caminhei até a porta para levar uma linda escarrada nas costas.

Fechei meus olhos incrédulo com a situação e me virei para o fracote que pairava ali a poucos centímetros de mim, avancei contra ele distribuindo vários murros em sua cara, de vez em quando levando alguns chutes nas pernas e uns socos na barriga. John não tardou a se aproximar para separar a briga e muito menos a plateia. Sirius e Remus correram até nós e conseguiram finalmente findar a luta.

Eu tinha um corte no joelho, apesar de coberto pela calça eu podia senti-lo arder; um hematoma na região do peitoral e um corte no nó da minha mão agressora. Snape pelo contrário, aparentava estar muito mais machucado que eu. Tinha uma enorme mancha roxa no olho e um corte nos beiços, os cabelos oleosos grudavam no seu rosto suado e nós dois respirávamos ofegantes.

— Posso saber o que deu em vocês? – Remus perguntou e eu puxei meu braço, que eram segurados pelos seus, bufando de raiva.

— Severo! – Lily correu se ajoelhar para socorrer aquele idiota e eu senti meu peito doer. Com certeza a culpa cairia para cima de mim de novo. Era sempre assim: Ranhoso provocava, depois não aguentava as consequências e a culpa caía em cima de mim. – Ah meu Deus! Olha só pra você, todo machucado! – ela falava enquanto tirava mechas dos cabelos negros do desgraçado em sua frente. – Qual é o seu problema?! – Lily gritou se virando em minha direção.

Minha única reação fora ficar parado, ali observando a cena.

— É natal sabia? Nem numa ceia de natal você não consegue se controlar! O que é isso? Estamos voltando aos tempos de escola, Potter? – ela cuspia as palavras na minha cara e eu só conseguia focar no sorriso de pura satisfação do descarado do Ranhoso, que estava jogado no chão com a boca pingando sangue.

— Lilian, se acalme filha – o pai de Lily a interrompeu. – James não tem culpa de nada. Quem começou as provocações aqui foi o Sr. Snape.

E como num passe de mágica o sorriso dele murchou. Era a minha vez de querer sorrir, só pra jogar na cara dele que ele era um babaca e ele que segurasse aquela barra agora, sozinho. Entretanto, eu não me sentia satisfeito o bastante para fazer aquilo. Lily corou como um tomate maduro e sua expressão também murchou.

— É verdade, Severo? – ela se virou lentamente olhando o rapaz.

Ranhoso apenas se levantou com dificuldade e ajeitou a jaqueta de couro velho, com a cara mais amarrada que eu já vira na vida e saiu do cômodo, deixando a casa com um bater de porta, consequentemente.

O clima ficou constrangedor depois disso, todos trocavam olhares aflitos. Até que Holly me puxou para a sala.

— Vamos pra pista de patinação. Encontramos vocês lá – ela anunciou para os presentes e me arrastou para fora do apartamento junto com Sirius, Lupin e Tonks (Rabicho quis ficar para comer mais um pouco).

Estava ainda meio aéreo diante da situação, só fui realmente acordar pra vida ao ouvir o baque da porta do apartamento ao se fechar.

— James, quer me explicar que diabos aconteceu há pouco? – Holly me perguntou, entrementes Sirius, Remus e Tonks me encaravam com feições curiosas.

Entramos no meu carro e logo depois de termos uma pequena discussão à respeito de quem o dirigiria, comecei a contar o ocorrido de má vontade, enquanto digitava o endereço do lugar no Waze do meu celular e Sirius nos guiava por qualquer uma das ruas das redondezas.

Prendi meu celular num suporte, de modo que ficasse visível para todos no carro e finalizei a história.

— Eu não sei dizer quem pagou mais mico: Snape levando uma surra por não conseguir lidar com suas próprias provocações medíocres ou Lily por ter gritado com você sem razão nenhuma – Holly comentou quando terminei minha narrativa do banco de trás.

— Temos de admitir que Pontas também não estava certo ao bater em Ranhoso. Você já o conhece, James... Tem que aprender a se controlar – Remus retrucou.

— Ah, pelo amor de Deus, Aluado! O idiota cuspiu nas costas dele. Nem eu ficaria parado escutando um seboso mal amado falar besteiras sobre mim e meu filho bastardo – Sirius exclamou com uma mistura de raiva e humor.

A duzentos e cinquenta metros, vire à esquerda.

— Com filho bastardo você quer dizer...?

— Ah, Remus... Caia na real! James...Lily...casados...Izzy amante grávida... filho bastardo... – Ouvi Tonks estapear Aluado brevemente antes de proferir suas palavras.

Recalculando rota...

Sirius bufou.

— Izzy não é a minha amante! – sibilei me sentindo injustiçado diante do comentário. – Eu cometi um erro me juntando à ela, foi um deslize e, aliás, eu não tinha me reencontrado com Lily ainda, mas agora eu tenho que assumir o meu filho de qualquer forma-

— Mas assumir seu filho não significa que voe precisa voltar com a velha das dobras – Sirius comentou com impaciência.

O carro mergulhou em um silêncio perturbador, todos aguardavam a minha resposta, obviamente.

Agora, vire à direita e depois vire à esquerda.

A verdade era que eu queria estar com Lily como nunca quis ficar com ninguém nesse mundo, embora eu me pegasse pensando como seria para o meu filho crescer com os pais separados, não seria nem um pouco saudável. Se me casar com Vanderwall significava que meu filho viveria mais feliz em uma família consolidada eu o faria, mesmo que contra a minha vontade.

Ao explicar minhas conclusões aos meus amigos, eles não pareceram concordar muito. Apesar dessa história toda não passar apenas de uma hipótese, ela não estava totalmente fora de cogitação. Se minhas estratégias para conquistar Lily não surtissem efeito nos próximos meses, as minhas escolhas estariam estritamente limitadas.

Mais uma vez o ambiente se tornou quieto. Demorou uns cinco minutos para Remus ter o maravilhoso bom senso de iniciar uma emissão de ruídos vocais, avulso aos provenientes do meu celular.

— E então, Holly? Conseguiu mandar o currículo para o gerente?

— Consegui! Ele me mandou um e-mail hoje cedo falando que tinha recebido. Espero que ele me chame para uma entrevista – ela comentou com um tom de constrangimento na voz, já que apenas o som dela e o do Waze, mais uma vez era ouvido em meio às cinco pessoas que estavam dentro do veículo.

Depois de alguns suspiros, Tonks manifestou-se:

— Que isso, gente? Cadê a animação? É natal! Acordem! – ela exclamou, excitada.

— Ah, você e o Lupin que foram pra um encontro romântico e eu fiquei o dia todo segurando montes e montes de sacolas de compras para a senhorita Hall aqui, então, por favor, me deixe com a minha vibe.

Hey! — Holly e Dora sibilaram em uníssono.

— Digo o mesmo. Acabei de ferrar a noite de todo mundo – disse um pouco desapontado.

— Não estávamos em um encontro romântico, seu besta. Remus e eu estávamos só...

— Finalmente! – Aluado a interrompeu, animado demais por ter chegado à pista de patinação. Acredito que Ninfadora o agradeceu interiormente pelo feito, poupando-o, assim, de possíveis desculpas esfarrapadas.

Tínhamos nos perdido no caminho. Embora o Waze fosse um aplicativo sensacional, Sirius tinha uma grande dificuldade de seguir o que lhe era dito, tentando acessar seus próprios atalhos, o que só nos atrasou.

Respirei fundo e deixei o carro, depois de Six estacioná-lo em uma vaga na rua vizinha, já que a rua principal encontrava-se já cheia.

Percebi que todos os que ficaram em casa já estavam lá patinando no gelo, ou melhor, só quem sabia.

— Sabia que tinha se perdido. Se tivesse me deixado dirigir, teríamos chegados antes – disse com uma cara emburrada para Almofadinhas e me dirigi ao lugar de coleta dos patins.

Todos nós colocamos os equipamentos e entramos na pista. Meus pais estavam parados a um canto conversando com os pais de Lily, Alice e Frank patinavam de mãos dadas e Lily parecia uma criancinha que patinava no gelo pela primeira vez na vida, andava um passo de cada vez. Sorri.

— Aprendendo a patinar, Evans? – sorri de maneira amigável, à medida que me aproximava de onde ela estava.

Ela tinha mudado de roupa; usava agora um enorme casaco felpudo por cima da blusa branca, mas o colar ainda era visível em meio à cor pálida que tomava seu pescoço.

— Não enche, Potter... – ela comentou apreensiva e eu gargalhei.

— Não se preocupe, Lírio. Eu te perdoo por ter gritado comigo no meio de todo mundo – falei passando minha mão direita sobre meus cabelos enormes, observando a ruiva tentar sair do gelo em que literalmente estava alojada.

— E quem disse que eu quero o seu perdão? Você também foi errado de ter levado as coisas para o lado da violência – ela respondeu e eu revirei os olhos.

— Você não escutou o que ele disse. Ele xingou a mim e ao meu filho, não podia deixar barato para o lado dele, Lils, não mesmo. Ainda bem que seu pai chegou a tempo, caso contrário ele teria acabado sem rosto – ela suspirou e ficou quieta.

Encarei-a por alguns segundos, até que ela começou a se incomodar com isso.

— O que é? – ela resmungou.

— Tá uma chatice isso aqui, você precisa ir mais rápido – disse ao ver que ela estava presa demais que mal conseguia deslizar um metro sem se segurar na beirada.

— Fica quieto... Eu sabia patinar, é só que eu desaprendi – ela bufou.

— Quer saber? Vem aqui – a puxei pela mão e comecei a andar rapidamente com ela sobre a superfície.

Ideia brilhante, por sinal. Se ela não sabia mais como patinar, ela não sairia de perto de mim enquanto não estivesse com suas mãos na barra de apoio mais uma vez.

— Jogo sujo, Potter! – ela falou morrendo de medo, apertando o meu braço com firmeza; seus olhos mais arregalados do que nunca.

Estava tão concentrado em minha ruiva que mal tinha notado que música tocava no ambiente, e agora Feel So Close, do Calvin Harris, chamava todos dos cantos da pista para dançar com seus parceiros no meio da pista. Sorri para Lilian.

— Me concede a honra desta dança? – perguntei num tom galante e ela rolou os olhos.

— Eu tenho escolha? Se eu tentar fugir, eu caio.

— Essa é a ideia – falei sorrindo com o canto da boca.

I feel so close to you right now, it’s a force field.

 Comecei a me balançar no ritmo da batida e Lily continuava parada. Suas mãos estavam frias como nunca senti, a neve caía sobre nossas cabeças. A girei com cuidado para ela não tropeçar nos próprios sapatos e com o tempo as coisas foram melhorando, ela estava ficando mais à vontade e até deixava alguns sorrisos escaparem de vez em quando.

And there’s no stopping us right now.

Começamos a patinar cada vez mais rápido. Era ótima a sensação da brisa gélida sobre meu rosto a cada segundo que pegávamos mais velocidade. Tentei puxar assunto com ela enquanto isso.

— Estou curioso com o porquê de estar usando esse colar hoje – comentei com naturalidade.

— Ahn? Ah... Eu gosto dele, não porque foi você que me deu, é claro; mas... ele combina-

— Com os seus olhos – ela me olhou no mesmo instante surpresa. – Foi por isso que eu os comprei – disse com seriedade.

Estávamos tão concentrados em nos olharmos que mal notei que uma criancinha passava por ali em toda a velocidade. Puxei-a para perto de mim. A posição ficou extremamente no contexto da dança. Eu me encontrava por trás dela, ela segurava minha mão com firmeza, estávamos parados na beirada da pista, posição crítica.

Achei que agora seria a minha hora. Aproximei meus lábios se sua orelha e sussurrei:

— Me dá uma chance, Lily. Só uma – senti seu corpo ficar tenso e um calafrio nos atingiu.

Your love pours down on me, surrounds me like a waterfall.

— Não pode ser assim. Eu te ode-

— Se me odeia, por que está segurando minha mão? – ela percebeu o que estava fazendo e se soltou, segurando na barra.

Meu olhar ainda era fixo no dela. Alguma hora ela tinha de tomar iniciativas, eu sabia muito bem que ela não me odiava coisa nenhuma. Ela já me beijou três vezes, não é possível que ela me odeie, é?

— Isso não é justo comigo, sabia? – neguei com a cabeça enquanto olhava em volta. – Me diga um motivo para você não ceder a mim agora mesmo no meio de todo mundo. Não me venha com essa história de que me odeia nem nada, você sabe que não sente isso – falei totalmente sério.

Boa, Pontas! Agora você a encurralou bonito”, pensei.

Ela evitou o meu olhar o máximo que pôde e umedeceu os lábios sem dizer uma só palavra. A grande questão era: Será que ela mesma sabia o motivo? Orgulho talvez.

— Um motivo?

5...

A contagem regressiva para a meia noite tinha começado...

4...

Ela continuava em silêncio...

3...

Evitava o meu olhar...

2...

As vozes ficavam cada vez mais altas...

1...

Feliz Natal!— a multidão gritou em uníssono e eu suspirei. Meus pais chegaram bem na hora e me abraçaram.

— Feliz Natal, querido – eles disseram ao mesmo tempo enquanto me abraçavam; espiei com o canto dos olhos que Evans saíra dali para fazer o mesmo com seus pais.

Isso é injusto comigo.

Realmente era. Desde o início do ensino médio eu estive atrás de Lily Evnas e ela nunca dera a mínima para mim. Eu a teria deixado em paz se os sentimentos dela por mim não estivessem tão estampados em seus olhos, que somente eram lidos por mim. Se ela me odiasse de verdade não teria retribuído aos beijos que lhe dei.

Então por que ela não parava logo com aquele orgulho besta e assumia logo o que sentia por mim? Por que tinha de ser tão complicado?

Desejei um “Feliz Natal” a todos os meus amigos; quando ia falando com a família do meu lírio, o celular toca. Tirei o aparelho do bolso interno do meu sobretudo na mesma hora e bufei ao notar que era a última pessoa na qual eu queria conversar.

Izzy Vanderwall.

Parte de mim queria com todas as forças possíveis ignorar àquela chamada, entretanto, minha vida a partir de agora tinha ligação direta com a de Izzy (considerando que ela seria mãe do meu filho e eu teria de estar em constante contato com ela, mesmo que contra a minha vontade).

— Alô?

James! — os fogos de artifício iniciaram e eu não conseguia ouvir bulhunfas.

— Izzy? Espera... – fui até a beira da pista e suspirei. – Pronto. Está tudo bem? – uma pontada de preocupação passara despercebida na minha voz.

Ah sim, tudo ótimo! Só estava ligando para te desejar um Feliz Natal...

— Ah, obrigado... – disse um pouco acanhado. – Feliz Natal para você também, Izzy.

Bem na hora que eu pronuncio o nome de Vanderwall sinto a aproximação de Lily, provavelmente carregava a resposta para a pergunta que eu lhe fizera minutos atrás. Desliguei a chamada, nem me dando o trabalho de dar satisfações à loira.

Apesar de saber que as minhas chances eram mínimas eu não conseguia eliminar os malditos resquícios de esperanças que me restavam. Acredito que era um fetiche vindo do coração, visto que tudo o que a minha cabeça dizia era para que eu desencanasse logo e partisse para outra.

— E então? – suspirei, voltando a guardar o celular no bolso interno do sobretudo e erguendo meu olhar para a ruiva que pairava em minha frente.

Ela passou alguns segundos em silêncio, e a cada que se passava eu sentia o meu peito martelar tão forte que era possível a minha camiseta balançar no mesmo ritmo. Evans me deixa tenso, em todos os sentidos.

— Potter... – ela começou passando a língua entre os lábios, ainda evitando olhar diretamente para mim. – Você esteve insistindo todos esses anos e... – ela suspirou. – ... Estou farta de surpresas, surpresas pra duas vidas...

— Surpresa por que quer estar comigo? – perguntei sério e ela arregalou os olhos.

Apesar do feito, Lilian continuou o seu discurso, ignorando totalmente o meu comentário.

— De qualquer maneira... Eu não posso mais continuar assim... Nutrir ódio por alguém só me deixa mais instável diante o turbilhão de sentimentos que me atingem diariamente...

“Onde ela estava querendo chegar?”, pensei.

A neve caía sobre seus cabelos cor de fogo e sua respiração se descompassava –que era perceptível graças a temperatura baixa do clima nessa época do ano – a cada expiração que ela realizava. Conhecia quando Lily dizia a verdade e se tinha algum momento em que ela estava sendo plenamente franca com alguém, era esse.

—... Então depois de pensar nisso por repetidas semanas...

Ela pensa em mim?

—... Não vou mais odiá-lo – meu coração parou.

Lilian Evans tinha acabado de decidir que não me odiaria mais. Eu não estava entendendo que diabos estava acontecendo. Por que ela mudou de ideia logo agora? Talvez eu tenha me perdido nos seus olhos e mal prestara atenção em uma palavra que ela tenha dito e...

— Mas também não podemos ficar juntos – murchei. – Seremos apenas... bons colegas, assim como sou com Severo.

Seremos apenas... bons colegas.

Já tinha deixado diversos garotas da escola na friendzone e nunca dera muita importância. Agora eu sabia o que era aquela sensação; a sensação de rejeição, a de cobiçar tão profundamente alguém que não te vê mais do que um bom amigo, ou pior bom colega.

O que mais me perturbava não era ser jogado nas profundezas da friendzone, mas sim ter sido rebaixado ao nível de Ranhoso; isso sim era o cúmulo da decadência. Não estava satisfeito com a situação e não podia deixar que esse progresso – se é que isso era chamado de progresso, sabendo melhor do que ninguém que ela nunca me odiara de verdade – fosse tão besta.

— Potter, você está me ouvindo? – ela disse finalmente me encarando.

— Estou – disse friamente, desta vez fora a minha vez de evitá-la.

— Eu...

— Por que mudou de ideia? – perguntei me segurando para não explodir.

— Porque eu já sofri demais para um ano só. Eu te odiei todos esses anos porque pensei que eu nunca mais voltaria a vê-lo, mas foi aí que você apareceu... – ela fez uma breve pausa. – Minha carreira acabou de começar e eu já fiz a maior burrada da minha vida... – ela continuou falando, mas eu não consegui mais prestar atenção.

A pior burrada da vida dela? Ah, Lily... Você não sabe mesmo o que é fazer uma burrada.

— Todos nós cometemos erros... – comentei nem me importando em onde ela havia parado, nem se ainda continuava falando. –... Mas me rebaixar ao nível de Ranhoso, Lily? Ranhoso?— bufei negando com a cabeça. – Você não enxerga que ele não é o seu amigo?

— Não fale assim de Snape! Ele sempre esteve lá por mim quando eu precisei e...

— Assim como eu também estive, mesmo com todos os foras que levei na vida, mesmo você me odiando. Isso não é justo, Lily. Você não o perdoou pela cuspida que ele me deu nas costas depois de falar mal do meu filho que nem ao menos nasceu? Não o perdoou depois dele ter falado tantas coisas ruins sobre você no colegial? – ela armou a cara.

— Mas foi diferente. Você se passou por outra pessoa, uma que nem existia para falar a verdade! – ela estava começando a se estressar.

 Ótimo, se Evans queria dizer quem estava certo aqui, vamos em frente.

— Eu te machuquei? Te xinguei? Fiz algum mal a você? – perguntei mal me contendo de tão pesado meu peito estava diante de tamanha injustiça. Ela permaneceu calada de braços cruzados.

— Você engravidou uma mulher que você conheceu há pouco mais de um mês...

Porque eu pensei que nunca mais teria a chance de ver de novo! Você não entende? Não podia morrer encanado com você, Lilian Evans! – bufei negando com a cabeça. – Quer saber? Talvez a maior burrada da minha vida tenha sido me apaixonar por você— disse irritado e a deixei ali, sozinha.

Seja lá qual o argumento que Lily tenha para me atacar, nada se comparava a Ranhoso, que era um mentiroso duas caras. Eu ainda o pegaria na mentira só para provar para o mundo que ele era um ser humano horrível.

Minhas entranhas queimavam. Caminhei para fora da pista e deixei o meu par de patins ali. Sirius e Aluado vieram imediatamente atrás de mim, continuei andando como se nada tivesse acontecido, já tinha sofrido injustiças o bastante para um dia só.

— Hey, Pontas. Onde é que você está indo? – Sirius disse e quase não pude escutá-lo, mais uma remessa de fogos estava sendo queimada.

— Qualquer lugar longe daqui – falei emburrado sem nem ao menos olhar para trás.

— O que houve, James? – Remus perguntou e eu não disse uma só palavra. – Hey! Estou falando com você! – ele entrou em minha frente e eu o esmurrei.

— Qual é o seu problema, cara?! – Almofadinhas gritou ao ajoelhar-se ao lado do amigo que agora tinha caído sobre o chão – totalmente coberto pela neve – com o nariz sangrando.

Percebi a burrada que tinha acabado de fazer e suspirei.

— Eu sinto muito, Aluado... Eu... Eu só preciso ficar sozinho, ok? – falei rapidamente e saí dali o mais rápido possível.

O que estava acontecendo comigo? Já estava estressado a ponto de machucar o meu próprio amigo? Eu realmente estava perdendo o controle. Fui andando até uma praça ali perto e me deitei na neve, olhando para o céu escuro que aquela noite tinha. Talvez a friagem da neve que caía sobre meu rosto e na qual estava deitado sobre, pudessem me ajudar a literalmente esfriar a cabeça.

Eu estava maluco, simplesmente enlouquecendo. Se eu iria desistir de Lily, não sabia. A única coisa que sabia era que agiria como se ela não passasse de uma amiga. Não é isso que ela quer? Sempre me disseram que o mundo dá voltas, será mesmo? Não podia imaginar um mundo onde Lily Evans se apaixona por um James Potter que não dava a mínima para ela, entretanto não podia mais insistir em algo que não surte efeito. Se algum dia ficarmos juntos – se é que isso ainda é cogitável – será por iniciativa dela, porque cansei; cansei de ser esnobado a cada vez que tento expressar a ela meus sentimentos; cansei de deixar ela brincar com os estilhaços do que restou do meu coração.

— Uma noite linda, não é, meu jovem? – uma voz idosa surgiu em meio aos meus devaneios e eu ergui levemente o pescoço para ver a origem dela.

Avistei uma senhora toda agasalhada em roupas de lã, inclusive um gorro com um pompom cor-de-rosa no alto da cabeça. Tricotava um lindo cachecol, também de lã rosa, sentada à um banco coberto, protegendo-se assim da neve. Eu a conhecia só de vista, ela morava no mesmo prédio que eu, a senhora viúva do térreo.

— Ah, oi... Sra. Figg, não é? – falei me levantando sacudindo meus cabelos e roupas antes cobertos de neve.

— Sim – ela tinha um olhar totalmente centrado o cachecol que tinha em suas mãos. – Pensando nos problemas? – ela perguntou como se fosse a verdade estivesse estampada na minha cara.

— Está tão óbvio assim? – cocei a cabeça um pouco sem graça e sentei-me ao seu lado.

— Sei bem essa expressão de desilusão amorosa – ela comentou e eu arregalei os olhos. – Está enrolado em um relacionamento, não está?

— Não é bem isso... Mas podemos dizer que estou apaixonado por alguém desde a época do colegial e essa pessoa não dá a mínima para mim. Passamos alguns anos sem nos ver, eu acabei me envolvendo com uma outra mulher, e agora... – suspirei. – Ela está de volta.

— Sei bem... É a ruiva do sétimo andar, não é?

Como essa mulher sabia tanto das coisas?

— Como sabe? – perguntei inquieto.

— Ela foi tomar um chá comigo há algumas semanas. Estive convidando-a desde o dia da sua chegada, mas ela sempre me evitou por estar apressada ou ocupada com qualquer outra coisa, mas naquele dia ela estava diferente... Desceu do elevador com muita inquietação e pediu para entrar. Provavelmente tinha acontecido alguma coisa entre vocês. Aliás... Venho observado muita gente pela janela da minha sala e vi você de mãos dadas com uma loira, sua namorada? – ela fungou.

— Ex... Essa é a questão. A loira é a que eu me envolvi e a ruiva... Bem... É complicado – umedeci os lábios.

— Entendo.

— Mas e a senhora? O que faz aqui em plena madrugada de natal, sozinha no parque, num frio desses? – encarei-a um pouco preocupado. Idosos são sensíveis, se ela pegasse esse vento frio por muito tempo, poderia pegar um resfriado dos fortes.

— Nada demais. Só que eu e meu velho costumávamos passar algumas horas nesse banquinho conversando e a última vez que viemos aqui foi na véspera de natal – senti o pesar em suas palavras e suspirei.

Eu reclamava da minha vida, mas imagine só viver só como essa senhora, o tempo todo.

— Entendi... Bem, acho melhor a senhora ir para casa. Está muito frio aqui fora, sabe? Se quiser posso levar a senhora para casa – falei e sorri com ternura.

— Não tem problema, garoto... Vou ficar por aqui até terminar esse cachecol – ela falou sorrindo, seu dente de ouro refletiu com a luz do poste mais próximo.

— Bem... De qualquer forma... – peguei uma caneta e um pedacinho de papel pequeno que guardava no bolso interno do meu sobretudo e anotei meu número e entreguei a ela. – Ligue para mim caso precise de ajuda, certo?

Ela sorriu mais uma vez.

— Obrigada...? – ela parou.

— James.

— James, certo – ela voltou sua atenção para o cachecol depois de guardar o papelzinho dentro da bolsa de ombro que carregava. – Até mais, James.

— Até mais, sra. Figg – sorri pela última vez e enfiei as mãos em meus bolsos, retornando ao meu caminho.

Retornei ao rinque de patinação pronto para esquecer todo o rancor que se instalara dentro de mim há alguns minutos, todos já haviam saído da pista, estavam agora no meio da rua (esta estava interditada há algumas horas pela grossa camada de gelo contida sobre ela), brincando na neve. Remus tinha um curativo no nariz e ria como nunca, junto de Almofadinhas e Rabicho. Holly, Tonks e Lily faziam um boneco de neve e meus pais e os Evans estavam sentados conversando.

Aproximei-me de meus amigos um pouco constrangido, eles pararam de rir bem na hora em que cheguei.

— Hey... – passei a mão pelos meus cabelos. – Me desculpem por mais cedo.

Aluado olhou de Peter para Sirius e depois sustentou o meu olhar, me dando um tapinha nas costas.

— Um soquinho de vez em quando não mata ninguém... Mas você tem que aprender a se controlar, James. Já é a segunda vez nessa noite que você esmurra alguém – ele disse com pesar e eu assenti.

— Tem razão – respirei fundo. – Tenho andado muito estressado nesses últimos dias e acabo descontando em quem não tem nada a ver.

— Tudo bem, cara. Agora explica o que aconteceu, porque a Lily estava com uma cara muito abatida quando você foi embora. O plano deu ruim? – disse Sirius mais sério do que qualquer outra vez que eu tinha o visto ficar.

Bufei e me sentei na guia da calçada apoiando meus cotovelos nos joelhos enquanto observava as meninas montarem o boneco de neve.

— Ela veio com papinho de que não iria mais me odiar e que seríamos amigos do jeito que ela é com Snape e... – comecei e logo depois fui gravemente interrompido por Remus.

— E isso é ruim? Quer dizer... Ela não vai mais te odiar, não era o que você queria?

— Sim, mas... Eu pensei que ela iria finalmente ficar do meu lado e aí poderíamos acabar logo com esse lance idiota de vai ou não vai – passei minhas mãos gélidas sobre meu rosto levemente queimado pela geada que batia contra ele. – E além do mais... Ela me rebaixou ao nível de Snape. Como pode isso? Eu posso ser tratado de qualquer maneira, menos a que ela trata Ranhoso.

— Pelo que eu saiba Lily cuida muito bem de Snape – Peter comentou.

— É, mas... Vocês não entendem? Eu sou... eu, e não ele... Lily deve me tratar exclusivamente de um jeito e não do jeito que ela trata aquele traste – finalizei meus ditos e calei-me.

Sirius parecia calmo demais para o meu gosto, estava estranhando muito essa conduta vinda dele. Entretanto, fora ele quem finalmente comentou sobre o assunto:

— Pare com essa exigência ridícula, James. Você sabe que se continuar assim vai acabar com nada. Pense pelo lado bom... Ela vai ser a sua amiga agora. Imagine só, vocês podem conversar de maneira civilizada sem que ela revire os olhos... – o encarei com um olhar de “sério?” – Ok, ela pode revirar os olhos, mas pelo menos não vai dizer a cada cinco minutos que te odeia.

E ele tinha razão. Ser pessimista só piorava as coisas. Minha mãe sempre me aconselhou a ver o lado bom das situações que vivenciamos, é assim que ela se tornou a mulher forte e feliz que ela é hoje; talvez eu devesse herdar um pouco do otimismo dela.

— Tem razão... – me levantei.

— Aonde vai? – Six me perguntou o que parecia ser uma dúvida não só dele, mas também de Remus e Peter.

— Acertar a burrada que eu fiz – disse virando-me brevemente para os marotos e segui meu caminho até as meninas.

Tonks e Holly ao me verem de longe, perceberam minhas intenções de falar com Lily e arrumaram desculpas esfarrapadas para, claramente, nos deixarem à sós.

— Holly, vamos comprar um cappuccino – Tonks começou pigarreando e puxou a morena de olhos claros consigo.

Lily não protestou. Parecia tão concentrada em colocar as pedrinhas em um ângulo que formasse um sorriso singelo no boneco, que mal se dera o trabalho de contestar diante da desculpa das amigas e muito menos de me olhar.

Fiquei a olhando por um bom tempo esperando as palavras virem.

— Olhe... Sei que fui grosso com você mais cedo, eu ando muito estressado nos últimos dias – suspirei pela milésima vez no mesmo dia. – Eu só quero pedir desculpas por...

— Remus quase quebrou o nariz, sabia? – ela me interrompeu séria, mas felizmente sem nenhum tipo de ódio aparente em seu olhar. Bom sinal.

— Sabia... Já me desculpei com ele.

— Bom... – ela terminou de colocar as pequenas pedras e sacudiu as luvas cinzas que cobriam suas mãos para se livrar da neve.

— Amigos, então? – perguntou soltando um sorriso tão singelo quanto o do boneco.

— Eu disse que iríamos ser colegas, lembra? – ela ergueu as sobrancelhas totalmente certa de suas palavras.

— Ah sim. Claro, claro. Mas espere... Então quer dizer que Snape também é só um colega também? – perguntei encontrando a oportunidade perfeita para fazê-lo.

— Não complica, Potter – ela revirou os olhos e eu sorri de canto.

Colegas... Já era um bom começo.

***

Quando finalmente achamos que já estava tarde o bastante, voltamos para casa, cada um com o seu presente em mãos. Tinha ganhado uma camiseta do Chudley Cannons de Sirius, uma caneca com um cervo gravado de Remus, uma luminária no formato de sorvete de Peter e uma gravata listrada em tons diferentes de laranja (que por acaso eram as cores do brasão do Chuddley Cannons) de Frank. Tinha dado presentes muito bacanas também para cada um deles, sendo uma bola de basquete oficial, o Sony Vegas Pro 13 (editor de vídeo) original e uma caixa de chocolates suíços e um relógio que combinava com qualquer roupa, para os quatro, respectivamente.

Já das meninas, tinha ganhado um cervo de pelúcia de Alice, Call of Duty Black Ops III (um jogo da franquia que eu adorava jogar no meu Xbox) de Holly, um suporte para violão em forma de nota musical de Tonks e por fim um perfume da Hugo Boss de Lily. O engraçado era que eu também tinha dado um perfume para ela, que por obséquio era importado do Brasil chamado My Lily, que acompanhava um pote de hidratante e mais alguns itens lá que eu não me lembro mais, e o mais legal, o nome coincidiu propositalmente com a destinatária. Comprei um kit de maquiagem da Mary Kay para Holly, uma pulseira de prata com pequenos pingentes de corujas para Alice e por fim, uma blusa autografada das Esquisitonas para Tonks, que era a fã mais pirada de todo o grupo.

Meu pai me dera um violão novo, na qual quase morri de excitação, visto que o suporte de nota musical dado por Tonks lhe serviria perfeitamente e minha mãe o sobretudo que estava usando.

Tomei um belo chocolate quente com meus pais antes deles irem para casa e eu tomar um banho para acabar caindo na cama. Mal tive tempo de raciocinar o que estava acontecendo na minha vida, o ano estava acabando e eu estava mais perdido do que nunca.

 Lily tinha pedido para ser minha colega; Izzy havia me ligado na véspera de natal certamente não só com aquelas mínimas intenções de felicitações; quase quebrara o nariz de Aluado; Sirius estava agindo de maneira muito estranha; Aluado e Tonks estavam tendo mais alguma coisa além dos pequenos papinhos por WhatsApp e encontros na biblioteca e outros. Além disso, ainda tinha de investigar Snape e toda aquela história do beco. Com certeza não tardaria a descobrir mais alguma coisa que o encurralasse de jeito.

Ajeitei-me entre meus cobertores e afundei minha cabeça sobre o travesseiro, não havia trocado a fronha e o cheiro de Lily ainda estava impregnado ali. Talvez me apaixonar por ela não fosse uma burrada tão grande assim, pelo menos eu queria que não fosse.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei... Muito meloso kkkk Me desculpem de verdade... Mas tava bem carente de Jily quando escrevi esse POV do James huehuehue. Espero que vocês tenham gostado. Vou tentar postar mais um capítulo ainda esse mês, mas vou viajar então não se sabe ainda, mas qualquer coisa eu aviso nos comentários! Caso não tenha eu desejo a vocês um lindo natal e um próspero ano novo! Que venha 2017 com muitas ideias pra fic e muita força pra superar as bads de todo mundo ♥
Um beijão!



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