Reverso escrita por Camila J Pereira


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Quase chegando na reta final, teremos algumas situações extremas. Tudo para entretê-los mais e mais. Espero que gostem. E... Estou com uma nova fic: https://fanfiction.com.br/historia/716214/Tudo_e_sobre_ela/



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Edward não esperou por mais nada. Assim que soube pela Sue que o seu tio Aro tinha levado Bella até aquele SPA, na verdade uma faixada, uma clínica para desajustados onde familiares ricos e influentes colocam seus parentes com problemas psicoemocionais. Ele sabia daquilo porque era onde aquela mulher que o tio escondia estava antes. Ficou chocado quando a Sue lhe disse o nome do lugar.

Chegou e analisou mais uma vez o passo que daria naquele momento. O tio o esmagaria sem problema se quisesse, mas ele não podia mais fazer tudo o que ele dizia, mesmo que o amasse, mesmo que sentisse que devia muito a ele. Estaria tudo arruinado entre eles a partir daquele momento. Edward estava ainda mais confiante de tirar Bella daquele lugar.

— Boa noite. Sou Edward Cullen e preciso falar com o médico responsável por Isabella Volturi, ela chegou hoje aqui. – Edward falou para a recepcionista atrás do balcão. O ambiente limpo, claro e perfumado já era conhecido.

— Um momento, por favor. – Ela discou e falou baixo ao telefone. – O médico responsável já está a caminho. Sente-se um pouco até que ele venha.

— Obrigado, estou bem assim.

— Deseja algo para beber?

— Estou bem. – Repetiu. Ele sabia que não seria tão fácil. Era uma punição para si também. Pegou o seu celular e discou para o Emmet que atendeu logo. Tudo dependia da sua autoconfiança no momento e do tom certo que usaria para o médico, mas Emmet poderia também ser uma testemunha caso tudo desse errado. – Emmet, não desligue o telefone por nada no mundo.

— O que?

— Estou tentando resolver algo aqui, mas preciso que fique comigo o tempo todo ao telefone. Você pode fazer isso?

— Sim, claro. Não quer que eu vá até aí? Onde você está? - O amigo prontificou-se. Notou pelo seu tom de voz que Edward estava em alguma situação difícil.

— Fique aí, Emmet. Sinto muito. Explico depois. Obrigado.

Edward esperou por alguns minutos até que viu um homem quase da sua altura, de rosto redondo e infantil vindo em sua direção.

— Olá, senhor Edward Cullen?

— Sim. – O médico estendeu a mão em cumprimento. Edward retribuiu ansioso agora.

— Sou o Seth Clearwater, responsável por Isabella Volturi. O que deseja? - Edward estava calejado, soube assim que ele o médico chegou que ele estava avisado sobre a sua possível visita ali.

— Houve um engano e quero tirar a minha noiva daqui, agora. – Ele fez questão de ressaltar a palavra “noiva”. Bem, de maneira estranha o seu tio tinha dito isso, então nada mais propício que usar isso naquele momento.

— Ela é noiva? - O que foi isso? Edward não gostou daquilo nem um pouco.

— Sim e o pai dela, que é o meu tio, a trouxe para cá sem motivos.

— Não podemos liberá-la e ela não está recebendo visitas, mesmo que estivesse, o horário...

— Eu imaginei que isso fosse acontecer. – Cortou e naquele momento ele estava com o seu sorriso sombrio nos lábios. – Por isso estou aqui com um jornalista do outro lado da linha todo o tempo. – Edward mostrou rapidamente o visor de seu celular. – Ele está disposto a revelar que uma certa clínica está mantendo uma pessoa sem qualquer distúrbio que a impeça de ter discernimento presa aqui sem o seu consentimento. Como com milhões as famílias ricas enterram seus entes aqui. E os médicos... – Olhou de cima a baixo para Seth. - Espero que tenha gravado bem o nome dele. – Edward estava falando para o médico, mas com o celular bem próximo dos lábios. – Não seria uma grande matéria, doutor¿ - Edward o ameaçou com o olhar, Seth estava suando nervoso. Não podia perder aquele emprego.

— Isso está fora de minha alçada. Porque não conversa com o Diretor?

— Ótima ideia. – Edward concordou. Tudo estava indo como planejado até aquele momento. – Chame-o.

— Ele não está aqui agora, mas estará amanhã.

— Acha que eu estou brincando? Se o Diretor não chegar agora, acionarei todas as emissoras em alguns minutos. – Seth olhou para os lados. A recepcionista que assistia a tudo também parecia ansiosa.

— Tudo bem. Ligue para ele. – Seth pediu para ela afastando-se um pouco de Edward.

— Enquanto isso, seria reconfortante ver a minha noiva.

— Eu não...

— Não pode? Pense direito. – Edward o avisou e afastou o celular. Ele voltou a se aproximar do médico e falou baixo para ele. – Mesmo que você pense que o seu chefe ou o meu tio possam destruir a sua vida, eu garanto, não será nada comparado ao que eu posso fazer. Eu destruirei a sua vida lentamente. Valerá a pena apenas porque não me deixou vê-la?

— Não pode me ameaçar.

— Estou te dando um aviso claro e real.

— Explique a situação para ele quando conseguir. – Ele disse para a recepcionista. – Vamos. – Falou desgostoso e começou a escoltar Edward para o interior. – No caminho, Edward viu o que queria. Também sabia por experiência que o Diretor do lugar contataria o seu tio e aquilo não daria em nada. Com a outra mulher tinha sido diferente, ele estava relaxado, pensava que ninguém sabia sobre ela. Daquela vez tudo mudou, era uma punição. – Aqui.

— Obrigado, posso ficar sozinho com ela. – Garantiu e um médico irado voltou até a recepção. Edward entrou no quarto louco para vê-la. Acendeu a luz e a viu dormindo. Ele se aproximou, a tocou levemente no rosto. Ela estava imóvel, sua respiração suave o acalmou. – Querida... Bella, acorde. – Chamou-a, mas ela continuou ressonando. – Bella! Bella, acorde, vamos! – Falou um pouco mais alto e urgente. Eles não teriam tanto tempo. – Emmet, desligarei agora.

— Edward... – Ele desligou antes de ouvir qualquer coisa do amigo.

— Bella, você tem que acordar. – Ele a sacodiu um pouco e quando ela permaneceu ainda em sono profundo, teve que admitir que ela não acordaria. Bella estava provavelmente sob efeito de calmantes. – Certo. – Edward afastou-se da cama um pouco, pensava em como transportá-la mais rapidamente. Pegou o banco que havia no quarto, saiu de volta ao corredor direto para o alarme de incêndio. Ele quebrou o vidro com a perna de metal do banco e acionou o alarme. Logo pessoas começaram a passar por ele, confusas e assustadas. Ele entrou quarto por quarto até achar uma cadeira de rodas, voltou com ela para o quarto de Bella. Agora todos saiam da clínica enquanto um grupo organizava-se para detectar algum foco de incêndio. Enfermeiros estavam com Bella. – Eu a levo. – Edward disse para os dois. – Precisam sair, ajudar os outros, eu já disse que a levo. – Edward a pegou no colo e a pôs na cadeira.

— Senhor! – Um deles ainda o chamou, mas alguém querendo saber o que acontecia o interceptou no corredor.

Edward aproveitou para andar mais depressa, procurava uma saída alternativa e encontrou. Já do lado de fora, ele contornou o lugar até onde seu carro estava estacionado. Edward tentou agir tranquilamente com tantas pessoas na frente, mas foi visto pela recepcionista. Ele teve que se apressar ao pôr Bella dentro do carro. Quando ele arrastou o médico estava batendo no vidro do seu carro, pedindo para ele parar. Estava trêmulo quando minutos depois parou em um posto de gasolina. Pegou o seu celular e discou para Emmet novamente.

— Mas que diabos está acontecendo, Edward? Estava prestes a ligar para a polícia.

— Acalme-se, acalme-se. – Aquilo era para ele também. Seu coração parecia querer explodir a qualquer momento. – Céus! Estou louco. Emmet, preciso que venha me encontrar e tem que ser imediatamente.

— Onde você está? - Edward olhou para os lados. Tinha que se livrar do carro e do celular, não podia deixar tudo ali.

— Encontro você no meu apartamento. – Edward voltou a dirigir veloz, arriscava vez ou outra uma olhada para Bella. Ela nem se mexia, aquilo o preocupava um pouco.

Cerca de meia hora depois, Emmet o encontrou. Edward saia com Bella em seus braços desacordada.

— O que ela tem? - Emmet estava alarmado.

— Ajude-me aqui.  – Ele ajudou o amigo a acomodá-la em seu carro. – Preciso que nos leve ao hotel do seu tio. Preciso que nos registre lá com outros nomes. Emmet, só posso contar contigo.

— Antes de qualquer coisa: ela está bem?

— Acho que só está dopada. – Emmet percebia a agitação do amigo.

— Tudo bem. Eu posso fazer isso. – Emmet deu tapinhas em seu ombro e Edward ficou aliviado. – Não quer me contar o que está acontecendo?

— Conto no caminho. – Ele assentiu e entraram no carro.

Edward tentou expor tudo o que havia acontecido nos últimos dias até ali. Ele ouvia calado enquanto dirigia. Parecia aproveitar a situação para um tipo de desabafo, seus relatos estavam cheios de confissões de sentimentos guardados a sete chaves: preocupação, raiva, rancor, angustia e medo, principalmente medo de que Bella se machucasse e que o tio a tomasse.

— Só preciso de um tempo para que ela volte a si. Depois saímos, podemos apenas esperar até que ele se acalme. Eu não sei se ele vai me perdoar por isso.

— Eu sabia que o seu tio era um pouco carrasco, mas ele é realmente assustador. – Emmet parou o carro diante do hotel. Não era um grande hotel em tamanho, mas era luxuoso e lhe dariam alguma privacidade. – Podem ficar o quanto quiserem, eu ajudarei como puder. Falarei com algumas pessoas, só me deixe conseguir um quarto e então subimos com ela.

— Emmet, muito obrigado. – Edward o agradeceu.

— Hey, cara, eu ainda não fiz nada. – Emmet sorriu de lado e saiu em direção a entrada do hotel. Minutos depois, ele voltava com um cobertor. – Vamos. – Chamou o amigo.

Edward pegou Bella novamente nos braços, Emmet a cobriu e seguiram para dentro. Alguns clientes curiosos os olhavam de esgueira, mas evitavam encarar. Pegaram um elevador vazio e foram para um dos quartos no último andar.

— Espero que sirva. – Emmet abriu a porta para que eles entrassem. E enfim Bella foi deixada carinhosamente na cama por seu namorado intranquilo. Ela permanecia ainda coberta e quieta. Ele a olhou por longos segundos, Emmet esperou distante, dando espaço ao amigo.

— Isso não lhe causará problemas, não é? - Edward enfim voltou-se para o amigo.

— Que nada! Edward, tem certeza que não precisa levá-la a um hospital?

— Eu não tenho muita certeza de nada, mas eles não a prejudicariam.

— Tudo bem.

— Emmet, volte para casa, para Rosie. Ficaremos aqui quietos.

— Não precisa de mais nada? - Edward negou. – Falarei para deixarem refeições da porta para os dois.

— Obrigado.

— Mantenha contato. Se precisar de qualquer coisa, ligue.

— Não esquecerei. – Emmet sempre muito emotivo, abraçou o amigo antes de sair.

Deitado do lado de Bella, ele não dormiu, estava tão agitado que se ela não estivesse sob efeitos de remédio, a teria acordado. Alguém deixou uma bandeja com refeição na porta, ele nem abriu para ver. Estava começando a ficar preocupado, a madrugada chegou e estava quase amanhecendo, Bella não tinha se movido ainda.

Estava com a tv ligada, mas não prestava atenção em nada. Foi quando pensou em levantar para beber um pouco mais d’água que Bella respirou fundo e se virou em sua direção. Permaneceu imóvel esperando que finalmente ela despertasse.

— Bella. – Não aguentou esperar calado. Queria-a desperta, queria vê-la olhando para ele, falando. – Bella, está acordada? - Ela gemeu e mexeu-se mais um pouco. Pelo menos reagia ao ser chamada. – Bella. – Bella virou para o outro lado e espreguiçou-se.

Aos poucos ela abriu os olhos, estava ainda tonta de sono e era difícil entender tudo ao redor. Percebia que estava em um lugar diferente, mas ainda não reagia aquilo. Precisou de talvez um minuto para se lembrar da ida do seu pai a sua casa e de ter dormido em seguida. Ela sentou rapidamente e viu Edward ao seu lado.

— Ah, Ed! – Ela o abraçou. Edward a agarrou e enfiou o seu rosto no pescoço de Bella. Estava com saudade de tê-la em seus braços daquela forma.

— Que bom que acordou, estava muito preocupado.

— Edward, onde estamos? O que está acontecendo? - Bella não entendia o que estava acontecendo. Pensou por um segundo que estaria em algum lugar por ordem do seu pai.

— Estamos em um hotel.

— Como...? Edward, o meu pai... – Bella se afastava para explicar, mas Edward a segurou firme novamente. Ele estava precisando daquele abraço longo.

— Ele a levou, mas eu a tirei de lá.

— O que¿ - Bella o interrogou minuciosamente e ele sem alternativa apenas contou tudo sobre o resgate dela na clínica.

— Te ver assim tão quieta me deixou muito ansioso, Bella.

— Meu pai adicionou alguma coisa em meu vinho. Quando acordei estava em um quarto estranho. Um médico entrou para conversar comigo e eu disse que era um erro estar ali. Ele tinha um script organizado, as repostas bem ensaiadas. Eu enlouqueci, se posso dizer isso. Eu tentei sair então eles injetaram algo em mim.

— Desgraçados! – Edward soltou irritado. – Você está machucada?

— Não, Ed. Está tudo bem. – Garantiu. – Estou feliz que tenha me tirado de lá. Só não queria que se arriscasse tanto assim. Ed... Isso pode complicar as coisas entre vocês.

— Estou ciente. – Estava bastante ciente. Parte da sua inquietação devia-se a quase certeza de que seu tio se pudesse os afastaria. – Não gostaria de viajar? Poderíamos ir para qualquer lugar que queira. Um lugar realmente bonito e passaríamos alguns dias lá. Só nós dois. – Bella estava diante de uma proposta tentadora, mas ela lia entre linhas o que significava ainda mais para ele.

— Estaria deixando de lado o seu cargo na empresa, o seu lugar ao lado do meu pai. Tudo o que você sempre quis.

— Eu sempre quis mais você. E não tenho tanta certeza se quero voltar, mesmo com a hipótese dele me aceitar de volta. 

— Isso é tudo por minha causa. – Seus ombros cederam sob o peso da culpa.

— Não, Bella. Você vem me mostrado coisas maravilhosas. – Segurou a mão de e entrelaçou os dedos. – Eu nunca fui um santo. Ajo de uma maneira diferente dos outros. Eu realmente revido friamente o mal que me fazem. Sempre foi assim, mas agora, eu penso em você. – Ele sorri triste. – Você sempre foi a melhor naquela casa. Eu tento, mas ainda sou muito diferente de você. Sei que entende o que estou lhe dizendo, sei que sabe como sou. Bella, mesmo sendo diferentes, não me deixe por isso. Se um dia eu for um peso muito grande...

— Eu aceito as suas diferenças, eu estarei ao seu lado, te ajudarei quando necessário. Eu te amo muito e para sempre. – Edward debruçou-se sobre ela enquanto a beijava nos lábios. Bella se rendeu ao beijo e ao peso do corpo dele. Eles agora estavam deitados, trocando beijos e carinhos. – O que faremos?

— Não aprovou a minha sugestão de viajar, então espero que pense em algo.

— Voltaremos para casa. – Disse decidida.  

— Você sabe que ele está furioso.

— Conversarei com ele. – Ela está contando uma piada?

— Conversar não adiantou. – Respirando fundo, ele teve coragem de expor o que pensava. – Se quer mesmo seguir os seus sonhos, terá que fazê-lo longe do seu pai, longe daqui. Terá que deixar o nome Volturi de lado, porque ele está mesmo fora de si.  

 - Só farei isso se for comigo e eu não lhe pediria isso sabendo que deixaria para trás a empresa. Você diz que não tem certeza se quer voltar, mas eu sei que a empresa é o seu sonho. Eu sei que você adora o que faz.

— Eu faria isso por você sem pensar duas vezes.

— Não. – Disse veementemente.

— Um de nós terá que fazer um pequeno sacrifício.

— Você ainda não me disse qual seria o meu.

— Você sabe que se ficar não terá paz. 

— Eu aguento. – Disse corajosa e ele pareceu admirá-la ainda mais.

— Se quiser mesmo ficar, posso aliviar um pouco o seu sacrifício.

— Como faria isso?

— Case-se comigo.


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