Reverso escrita por Camila J Pereira


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Uma boa dica para discussão: Percebam o Edward do início do capítulo para o final.



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Edward queria levar Bella para a faculdade e por isso, mais cedo do que costumava sair, dirigiu-se até a casa de Alice e ficou esperado por ela do lado de fora. Bella correu até ele quando o viu, deixando Alice para trás. Foi com um abraço forte que ele a recebeu.

— Está bem longe do seu caminho para o trabalho.

— Queria ver seu rosto para começar o dia bem. – Quando poderia imaginar que Edward um dia seria o seu namorado e mais do que isso, que seria um namorado tão doce. Edward mostrava-lhe versões desconhecidas. Mas ela sabia de como ele poderia ser o reverso do que demonstrava ali.  

— Ah nossa, você é esse tipo de namorado? – Ela brincou.

— Pombinhos, deixarei vocês a sós. – Alice já havia se afastado. Eles esperaram que ela arrancasse para voltarem a conversar.

— Estou indo para a faculdade para saber como posso proceder com a transferência.

— Porque transferência?

— Lá existem muitas pessoas que obedecem ao meu pai. Ele conseguiu até que me tirassem das aulas extras, sendo eu maior de idade. Isso não é ridículo? Lá não funcionará. – Bella lamentava, pois gostava mesmo de estudar naquele lugar.

— Não faça isso, você gosta de lá.

— O que mais eu posso fazer? – Bella meio que deixou transparecer a sua frustração no seu tom de voz.

— Se sair de lá, será igual em qualquer lugar que vá. Aro Volturi é muito influente e ele está focado no momento, Bella.

— Ele está me encurralando. O que eu deveria fazer? – Bella pensou um pouco. Tinha que sair daquela situação.

— Ainda decidida em procurar um lugar para morar?  – Edward estava sondando a namorada.

— Sim.

— Tem certeza de que não quer morar no meu apartamento? – Ele insistiu.

— Tenho sim. – Bella sentia que seu coração derretia com aquele Edward a sua frente tão dedicado. - A propósito, como ele reagiu?

— Eu não contei sobre isso. Acha que ele te deixaria em paz se soubesse? – Bella sorriu largamente para ele. – Não sorria, essa não é a reação correta.

— Sim, é. Estou amando o fato de você tentar me ajudar com o meu pai. – Edward avançou para ela e a segurou entre seus braços, beijando a sua testa.

— Deixe-me morar com você.

— Nem pensar. – Edward estalou a língua desgostoso.

—  Você... Ah, você está impossível. – Ele ouviu o som do seu riso. Abaixou o rosto e a beijou longamente.

— Tenho que tentar fazer as cosias a minha maneira.

E nos dias seguintes, Bella tentou ingressar em outras faculdades. A resposta era sempre negativa, ela via nos olhos das pessoas que a recebia que havia ordens expressas sobre a aceitação dela naquelas instituições.

Estava bastante frustrada com o jogo sujo do seu pai. E algo mais a incomodava, o fato de Jared ainda não atendê-la. Resolveu ir até o trabalho dele, Jared a viu na entrada quando estava saindo, mas fingiu não conhecê-la, passando direto por ela. Bella correu e parou em sua frente, ele desviou e por três vezes fizeram essa dança no meio da rua até que ele olhou para ela resignado.

— O que? – A frieza não era uma de suas características.

— Não pode me evitar para sempre.  – Achou melhor agir sem rodeios com ele.

— Não devemos mais nos ver. Nossas famílias são inimigas, devemos seguir o fluxo.

— Que bobagem é essa? Porque não me diz isso olhando nos meus olhos? – Jared soltou um riso curto sem humor.

— Eu não lhe devo nada, nem você a mim. Vá embora.

— Eu lhe devo sim. – Jared finalmente olhou nos olhos de Bella, foi um erro fatal. – Obrigada por me dizer a verdade e por me levar ao hospital. Soube por Alice que Edward brigou com você, me desculpe por isso também. Eu sei que é o motivo para o seu comportamento.

— Agora que agradeceu, pode ir. – Mas não estava mais tão determinado quanto no inicio.

— Não foi sua culpa...

— Eu tenho mesmo que ir. – Jared a estava deixando quando Bella voltou a ficar em sua frente. Ele nem havia esperado que ela terminasse a frase. Aquilo a irritou um pouco.

— Você é estúpido ou o que? Como pode me tratar assim, depois de tudo? Eu achei que não se importasse com o que Edward falava ou fazia. Você é mesmo um idiota!

— Quem te deu o direito de falar assim comigo?

— E quem te deu o direito de agir assim comigo? – Rebateu ficando vermelha.

— A minha vida já foi arruinada uma vez, Isabella. – Jared voltou a caminhar para longe.

— E a minha não foi? E está sendo agora. – Ele parou e voltou a olhar para ela com certo desdém.

— É muito difícil ser a única filha e herdeira de um dos homens mais ricos do estado, viver naquela casa imensa deve ser desconfortável. Deve ser tão complicado estudar naquela instituição e namorar o primo riquinho. Desculpe-me, eu não tinha analisado da sua perspectiva. – Bella deu grandes passos até ele e o socou no rosto com toda a sua força.

— Cretino. – Apesar da atitude violenta, Bella manteve a sua voz baixa. Eles ignoravam as pessoas que passavam a sua volta e que observavam a cena. -  É por causa disso que não posso fazer nada que eu realmente gostaria de fazer. Porque meu pai é rico e influente demais, sendo ele assim, é café pequeno manipular a vida de todos a volta da sua filha e a vida da própria filha.  Eu nem mesmo estou mais estudando, porque meu pai quer impor a qualquer custo os seus planos sobre a minha vida. Sobre a casa, também não estou morando nela atualmente. E o meu namorado carrega em seu coração uma dívida com meu pai e eu não sei se ele poderia se desvencilhar desse sentimento... Você é tão arrogante quanto os dois que tanto critica. – Jared massageava o seu rosto no local onde foi nocauteado. Bella se empertigou, firmou-se, arrebitou o nariz e pegou o caminho contrário do Jared.

— Ei! – Foi a vez dele parar em sua frente. – Acho que mereci o soco. – Como Bella não respondeu nada ele continuou. – Vamos deixar passar dessa vez. Parece que está aprendendo a reagir, eu te ensinei bem. – Bella olhou para o lugar avermelhado em seu rosto e sentiu mesmo que foi merecido. Jared tentou pegar por duas vezes a mão que ela socou e ela desviava do gesto. – Só deixe-me ver se machucou.

— Não machucou. Ficarei bem. – Ela escondeu as mãos nos bolsos do blazer.

— Tenho que praticar. Quer vir comigo? – O que mais ela deveria fazer? Não estava mais estudando e seu pai já sabia. As pessoas que negavam a transferência dela eram as mesmas que o informavam, ela tinha certeza.

— Sim. – Eles caminharam lado a lado calados por longos momentos. Bella decidiu cortar o silêncio. – Ainda pratica na casa do seu professor?

— Ele está sendo muito bom comigo. – Jared pigarreou, teria que contar a verdade ou ela surtaria quando chegasse lá. – Ele me deixou a chave da casa, está passando alguns dias fora em um evento, a sua esposa foi com ele. Os filhos não moram lá. Eu só tenho que praticar, dar de comer ao gato dele e limpar a sua sujeira. Algum problema em ficar a sós comigo?

— Não. – Ela também queria tocar em um assunto, mas esperaria que chegassem no local.

Jared e Bella alimentaram o gato e limparam a caixa de areia. Então sentaram lado a lado no piano. Para se aquecer ele a ensinou algumas noções básicas como da última vez. Já se sentiam descontraídos e Bella achou que já era possível comentar, mas foi ele quem começou, surpreendendo-a.

— Se eu soubesse sobre o seu trauma, teria procurado uma maneira mais delicada de contar a verdade. Sinto como se pudesse ter evitado. Quando te vi desacordada, fiquei realmente preocupado e tudo isso por minha culpa.

— Agradeço a sua preocupação, Jared. Só que eu já te falei que não foi a sua culpa. Eu que reajo dessa maneira. – Jared não parou de tocar enquanto falava com ela.

— Sente-se bem agora? Ainda sente dor?

— Estou bem. – Afirmou.

— Você não lembra de nada daquele dia? – Bella negou com um movimento de cabeça.

— Jared, porque você tem tanta certeza de que seu pai é inocente? – Então ele parou de tocar e Bella sentiu que ela também estava nervosa.

— Tenho que acreditar no que ele me disse.

— Então, estamos num impasse, porque eu acredito em Edward. – Ele fechou os olhos, queria apagar aquela informação que veio dela. – Eu o ouvi também.

— E ele te contou agora a verdade.

— Bate perfeitamente com o que me contou. Edward estava sendo verdadeiro com você na época. – Ele bateu com força nas teclas do piano e o som soou forte e grave por um tempo.

— Ah, é agora que você defende o seu namorado.

— Estou tentando resolver isso.

— Isso não tem solução, Bella. É um caso consumado e seu pai não retiraria a acusação. O meu pai foi condenado e está doente na prisão.

— Não tinha me dito que ele estava doente antes.

— Soube essa semana, fui visitá-lo. – Bella tocou no ombro dele.

— Edward ouviu o seu pai praticamente confessar com o seu padrinho quando ele foi dormir na sua casa.  Deve se lembrar de algum dia em que Edward esteve com você e saiu de madrugada. – Jared vincou os olhos. Parecia estar lembrando de algo.

— Ele... Ele me disse que você ligou pedindo que voltasse. Eu acreditei.

— Porque Edward acharia que você não é tão inocente? Consegue pensar em algum motivo? – Bella percebeu que ele ainda ruminava tudo o que ela tinha dito.

— Porque...? – Ele balbuciou. – Isso é loucura...

— Toque para mim. – Jared piscou algumas vezes. Não acreditava que mesmo tendo certeza de que seu pai havia matado a sua mãe, Bella ainda poderia ser tão gentil com ele. E não tinha coragem de pensar de verdade sobre a possibilidade do seu pai ser o culpado daquilo tudo.

— O que você quer ouvir?

— Será que você sabe essa? – Bella começou a cantarolar baixinho o que conseguia lembrar da música. Jared percebeu logo do que se tratava, era Chopin, Nocturne in E-flat Major. Conseguia lembrar pois estava estudando Chopin a alguns dias. Deixou que Bella continuasse mesmo assim, gostava do som da sua voz daquela forma doce e baixa ao seu lado. – Não acredito que não saiba. – Ele sorriu, e começou a tocar imediatamente. – Isso! – Ela exultou.

— Acho que depois vem isso. – Ele estava tentando lembrar da canção. – E depois? – Bella cantarolou ajudando-o a se lembrar. Em seguida ele apenas se deixou levar. Era uma canção muito bonita. Bella ficou quieta até que ele terminasse. Estava comovida, ele a comovia quando tocava seriamente. - Não pode ser verdade, meu pai não pode ter feito isso com a sua família. Eu não saberia lidar... Eu gosto muito de você, Bella. – Não havia planejado revelar o que sentia para ela, mas de repente, com a música escolhida por ela, ao olhar para o seu rosto transbordando contentamento, ele apenas falou.

— E eu achando que você tinha outro estômago no lugar do coração.  

— Bella. – Eles agora se encaravam. – Eu realmente gosto de você. – Então ela se tocou do que ele se referia. Engoliu em seco, era algo completamente inesperado. Quis rir daquilo, falar alguma piada, mas apenas ficou ali parada olhando com cara de boba para ele. – Não precisa ficar desse jeito, parece que você teve algum tipo de paralisia. Talvez seja bom voltarmos a treinar. – Jared voltou a praticar e Bella ficou ao seu lado em silencio. Não poderia sair dali depois do que ele lhe disse, temia magoar seus sentimentos se de fato fosse verdade tudo aquilo. Depois de um tempo ele pigarreou e parou de tocar. – Já faz meia hora que está calada. Você nunca foi tão silenciosa.

— Acho melhor...

— Ir embora? Você deve ter ficado desconfortável. Vamos. – Jared fechou o piano e se levantou.

— Você não precisa ir comigo. Ainda deve praticar.

— Para mim já deu por hoje. E fiquei curioso para saber onde você mora agora. – Seu ar brincalhão retornou.

— Estou na casa da Alice ainda, demorei para achar um lugar legal e vou para lá só amanhã. Também estou procurando emprego, se souber de algo...

— Que fique claro que eu não falei para ser tão rebelde, mas isso está me impressionando. Acho que lembra do que disse caso você se tornasse assim. Seria o seu cachorrinho. Acho que esta se tornando real. – Bella ficou vermelha e sem graça e o fez rir. – Vamos, morango.

— Morango?

— Prefere ser chamada de tomate? Está vermelha feito um. – Bella levantou e lhe deu um tapa no ombro.

— Idiota.

***

— Onde ela está? – Aro entrou em sua sala sem pudor.

— Ela quem? – Se fez de bobo para fazê-lo falar.

— Sabe muito bem de quem estou falando, Edward. Acabaram de me ligar para perguntar se havia corrido tudo bem com a transferência dela. Filadélfia? – Aro estava com as mãos na cintura olhando seu sobrinho com um misto de espanto e critica. – Como descobriu sobre ela?

— Desconfiava de algo há um tempo, mas só tive certeza há alguns dias. Logo depois que exigiu que eu fizesse algo.  – Edward sorriu misterioso. - Não acha um risco mantê-la tão perto?

— Não havia sido antes. – Aro estava um pouco admirado do sobrinho.

— Não foi difícil descobrir e assim como eu, Bella pode chegar até ela. Acredito que Bella não precise de mais um motivo para ficar angustiada.

— Você é realmente o protetor dos sentimentos da minha filha.

— Eu faço o possível. – Admitiu.

— Porque se meteu nisso sem nem mesmo me consultar? Está perdendo o senso do limite, Edward.

— Não sabia sobre os seus sentimentos eu arrisquei...

— Sentimentos? Ela é uma pedra no meu sapato. O que me incomoda é você ter agido as minhas costas. – Edward quis ver mais uma vez aquele olhar sombrio que ele carregava sempre que falava sobre os seus assuntos escusos.

— Perdoe-me. Isso tem haver com nos livrarmos dos Cameron de uma vez. Está tudo perfeitamente planejado e daqui a poucas semanas, Jared estará bem longe daqui.

— Estou ouvindo.

Aro protestou um pouco pela maneira de agir de Edward as suas costas e argumentou que o plano mais parecia uma gratificação, mas se aquilo livrasse a sua filha da presença daquele Cameron e de quebra levasse aquela mulher para longe, estaria mais do que satisfeito.


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