Reverso escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706065/chapter/1

— Bella! Bella! Aqui! – Viu a sua amiga a alguns metros acenando alegremente para que a visse.

Uma grande mesa foi improvisada unindo mesas menores e muitas pessoas da faculdade estavam ali reunidos para comemorar o primeiro dia de aula que já tinha se mostrado bastante puxado para Bella.

— Que bom que veio. Sente-se. –A sua pequena amiga puxou uma cadeira e a colocou do seu lado para que Bella sentasse. Bella cumprimentou as pessoas próximas. – Veja, tenho um criado esse ano. E o meu criado é o seu criado. – Alice quase saltitou e seus cabelos curtos e repicados balançavam para todos os lados.

— Estou me sentindo mal por isso. – O rapaz de pele bronzeada e cabelos negros fingiu estar ofendido.

— Bella, este é Jacob Black. Jacob, esta é a minha melhor amiga, Bella Volturi. – Bella estendeu a sua mão para tocar a dele, mas logo em seguida Jacob ficou boquiaberto olhando de uma para outra. Aquilo sempre acontecia e era sempre desagradável.

— Bella Volturi? Isabella Marie Volturi? - Seus olhos estavam bem abertos e ela imaginou se poderiam saltar de uma vez.

— Uau, ele sabe até o seu segundo nome. Bem informado. – Alice piscou para Bella.

— Você poderia parar de dizer o meu sobrenome. – Falou mal-humorada para a amiga.

— Ele a reconheceria de qualquer forma em algum momento.

— Seu pai é praticamente o dono da cidade. – Bella pegou a garrafa de cerveja em sua frente e encheu um copo vazio. Tomou a metade em um gole. – Como é ser a única filha de um magnata como o seu pai? Aro Volturi é dono...

— Shiiii... Calado. – Alice ordenou. – Você acabou de passar dos limites, criado. A minha amiga não gosta desse tipo de conversa sobre a família dela. Não vê o olhar mortal que ela te dá? Se ela tivesse um poder agora, seria como Ciclope dos X-Man. Você estaria estraçalhado.

— Ele faz Jornalismo por um acaso? – Bella acenou com a cabeça para Jacob que sorriu amarelo para ela.

— Ah qual é! Serei um criado e não saberei de nada?

— De nada. – Disse Alice.

— Isso me parece um pouco injusto.

— A vida é injusta. – Alice bateu no ombro dele. Bella viu o sorriso que eles trocaram. Para ela Jacob parecia muito inclinado a ser o criado de Alice, aquele olhar seria um vestígio do verdadeiro motivo? Bella deu um meio sorriso cínico para ele. Jacob Black teria muito que batalhar pelo coração da amiga. – Mas diga, por que demorou tanto? – Bella novamente bebeu da cerveja em seu copo, deixando-o vazio.

— A batalha começou. Meu horário está louco. Estava tentando melhorá-lo.

— Bella, porque se força tanto?

— Alice, eu não posso simplesmente agir como eu quero com isso ou ele vai se enfurecer. Tenho sorte por ele ainda não ter descoberto. Aliás, não é sorte.

— Exato. Seu pai ainda não descobriu porque “Você Sabe Quem” não está no país.

— De X-Man pulamos para HP? A vida de vocês parece uma aventura.

— Calado. Sirva-me, criado. – Pediu Alice e Jacob encheu o copo das duas. – Quanto tempo ele ficaria por lá mesmo? – Bella deu de ombros.

— Espero que não volte.

— Não finja ser tão cruel. Você gosta dele. – Bella bufou. Aquele comentário fez a sua garganta ficar seca e bebeu mais um pouco. – É verdade. Ele é família para você, eu sei que carrega esse sentimento ou o que foi aquilo no último dia dele? – Bella franziu o cenho e lembrou que havia dado uma corrente para ele.

— Pelo amor de Deus... – Bella bufou novamente. – Não sei porque te contei aquilo. Já tinha aquela corrente a muito tempo e como ele iria viajar e passar um tempo fora, quis deseja sorte. Sorte para ele não precisar voltar.

— Rá! Bella Volturi, seu rosto está vermelho. – Bella tocou no rosto e sentiu que pegava fogo. Xingou em silêncio.

— De quem estamos falando agora? – Jacob perguntou curioso.

— Do primo super gato dela. Só que ele aparentemente é um vilão. Um vilão super gato.

— Vilão?

— Alice! – Bella a repreendeu.

— Edward Cullen, primo segundo de Bella Volturi. Eles foram criados na mesma casa.

— Acho que lembro desse nome. – Jacob parecia tentar lembrar de quem Alice falava. Seria bem possível que ele já o tivesse visto em algum lugar mesmo, já que seu primo era braço direito do seu pai.

— Você falou o nome dele Alice. Se por acaso ele aparecer, será a sua culpa. – Bella a avisou.

— Bella, já faz um ano. Talvez ele não volte. Acho que nem falando o nome dele várias vezes, Edward Cullen poderia voltar ao país. – Alice rebateu. – Edward Cullen, Edward Cullen, Edward Cullen. – Bella calou a amiga fechando os lábios dela com seus dedos. Alice começou a rir da amiga. – Pronto, não falarei mais. – Alice ainda ria com os lábios fechados. – Bella, ficará completamente exausta este ano, se no ano passado foi aquela loucura, imagino como será neste.

— Eu terei que suportar, Alice. Mas enquanto isso, vamos celebrar. – Bella ergueu o seu copo e os dois a seguiram. – Ao novo ano!

— Ao novo Ano! – Jacob repetiu.

— A mais um ano sem o Edward Cullen! – Gritou Alice em meio a risos.

— Alice! – Bella bebeu e torceu que aquele ano fosse melhor.

***

Havia passado um ano desde que saíra dessa casa. Aquele lugar tinha sido o seu lar por muito tempo. Ao olhar ao redor daquela imensa sala, decorada discretamente mais com requinte de profissionais muito requisitados, Edward Cullen percebeu que nada mudara. Não sentiu alívio por isso, talvez no seu íntimo, almejava uma mudança. Talvez uma pequena mudança poderia significar uma melhora.

Suspirou alto, a casa estava silenciosa, o que significava que provavelmente ela não estaria lá. Seu tio sempre falava dela quando ligavam, mas não parecia suficiente já que não a compreendia.

— Olá, Sr. Edward. Seja bem-vindo. – Edward sorriu para a doce senhora que o foi cumprimentar. Ela tinha sido muito mais do que a governanta nos últimos anos. Era a figura feminina mais parecida com uma tia que tivera naquela casa.

— Ainda sou apenas Edward. – Ele sorriu torto e pousou a mão no seu ombro pressionando levemente.

— Fez uma boa viagem?

— Sim, Sue. Como estão todos? – Sue sorriu levemente, ela sabia que ele estava perguntando especificamente de Bella.

— Bem, na medida do possível. Você sabe como são as coisas nesta casa. Bella voltou as aulas hoje. Acho que chegará tarde, falou sobre uma festa de retorno durante o café da manhã.

— Festa? – Ele perguntou curioso.

— Sim. Não se preocupe tanto, ela não está tão rebelde. A faculdade a deixa exausta. Suba e descanse, preparei o que gosta para o jantar.

Edward subiu, olhou para as suas malas já no quarto. O motorista da família que o tinha pegado no aeroporto subiu com elas enquanto ele admirava o jardim lá fora. Tomou um longo banho e relaxou, deitou-se na cama e o seu primeiro pensamento foi para o último dia que passou naquela casa.

Seu tio tinha feito um jantar para comemorar a ida do sobrinho para a Coreia. Edward estudaria e trabalharia em uma das melhores empresas de tecnologia do mundo. Aquilo era um investimento para os seus próprios negócios, já que Edward era o seu braço direito em quase tudo. Também queria que o sobrinho administrasse tudo depois que suas forças fraquejassem. Também planejava a união do seu sobrinho com a sua única filha.

Já havia percebido que o sobrinho olhava diferente para Bella, o único problema era que Bella parecia manter distância dele. Sabia que aquela barreira seria ultrapassada se o sobrinho quisesse, então não se preocupava muito. Edward sempre o manteve a par de tudo o que Bella fazia, ainda era como se tivesse um guarda-costas. Ela não aceitava bem, mas quando realmente pôs um guarda-costas para ela, a filha começou uma guerra. Não queria se indispor muito com Bella, aquilo lhe dava azia.

Bella estava calada no jantar que organizou para Edward. Chamou alguns de seus amigos e colegas de Edward também. Aquele jantar também era um ato político, não poderia desperdiçar a oportunidade. Edward parecia tenso enquanto uma de suas amigas insistia em se enrolar em um de seus braços. Era Lauren Mallory, conhecia os pais dela, mas não gostava que ela parecesse tão íntima de Edward enquanto a sua filha estava presente também. No final do jantar Edward aproximou-se do tio:

— Levarei a Lauren para casa, ela bebeu um pouco. – Bella estava sentada no degrau da escada com uma taça entre as mãos e viu quando Edward falou com seu tio. Lauren estava agarrada a Edward tentando parecer fofa para o magnata Aro.

— Você também bebeu. – Ele olhou sério para o sobrinho que captou a mensagem. Aro sorriu levemente para a loira Lauren. – Desculpe Lauren, mas seria imprudente deixar que Edward te levasse em casa. Permita que o nosso motorista a leve. Será mais seguro. – Lauren não pôde fazer nada além de sorrir falsamente agradecida para Aro.

— Eu agradeço muito.

— Ótimo então. Espero que tenha gostado e volte com segurança para casa. Edward... – Ele voltou para o sobrinho. – Peça ao Paul para leva-la. Despeçam-se rapidamente, tem que descansar. A viagem será longa e cansativa amanhã. Boa noite, Lauren. – Aro saiu graciosamente da presença deles e parou diante da filha nas escadas. – Talvez seja melhor dormir também, querida. Amanhã começará a sua nova rotina. – Aro beijou o topo de sua cabeça e subiu para o seu quarto.

Bella olhou para Edward que saiu com a Lauren porta a fora. Não demorou muito para ele voltar e também dar de cara com ela sentada ali. Por um momento seu coração parou e ao voltar parecia prestes a explodir. Que menina tola era ela que não notava o seu verdadeiro sentimento.

— Preciso te dar algo. – Edward paralisou, fazia bastante tempo desde a última vez que ela lhe presenteara. Bella pegou uma corrente em nó italiano prateada. – Não quer? – Perguntou depois dele não reagir diante dela. Edward pareceu despertar e pegou a corrente.

— Obrigado.

— Boa viagem. – Ela simplesmente levantou e subiu depressa as escadas. Aquilo o fez sorrir e no mesmo momento pôs a corrente no pescoço e nunca mais a tirou.

No dia seguinte Bella já havia saído quando ele terminou de se preparar para sair. Lamentou aquilo, queria agradecer novamente pelo presente e mostrar que já estava usando. Queria tê-la visto pela última vez antes de sair. Prometeu que aceleraria seu aprendizado para voltar logo e se reunir a ela.

— Vá e aprenda tudo o que puder. Volte e nos fortaleça com seu aprendizado. E venha preparado para conquistar não apenas o mercado, mas também a minha filha. Quero que ela case apaixonada, entende? Será melhor. Não demore muito.

— Sim, tio.

Edward tocou na corrente em seu pescoço. Ele faria tudo para agradar o tio. Era extremamente agradecido e a sua gratidão já o fez presenciar e até fazer algumas coisas consideradas não muito certas e era por isso também que Bella sempre queria distância dele, assim como estava sempre em conflito com o seu pai.

Conquistar o mercado seria fácil. Conquistar Bella, ele não estava tão certo. Queria tentar, de verdade. Bella sempre mexeu com o seu coração. O que poderia fazer para tê-la? Saber que ela não concordava com a sua maneira de agir o deixava hesitante.

Mais tarde desceu e recebeu o seu tio que havia chegado do trabalho. Aro estava felicíssimo com o retorno do sobrinho e muito confiante no apoio dele para seus novos negócios. Aro o fez muitas perguntas enquanto Edward tentava responder a cada uma delas detalhadamente. Sentaram-se à mesa. Sue e Leah que a ajudava nos afazeres da casa os serviam.

— Peça para a Bella descer. – Aro pediu a Leah.

— Ela ainda não chegou. Falou que chegaria mais tarde. Hoje eles têm uma festa de retorno. – Sue respondeu calmamente para não alarmar o patrão. Ela o conhecia muito bem e sabia que ele ficaria chateado com isso.

— Mais uma? – Sue sorriu.

— Ela estava de férias. Bella deu duro no último ano...

— Não comece a protege-la. – Aro a interrompeu. – Ela acha que eu não sei o que ela apronta nessas festas. Minha filha não deveria frequentar esse tipo de festa. Ela vai beber, dançar vulgarmente, cantar músicas ainda mais vulgares e ainda tem os garotos. – Edward olhou muito rápido para Aro e odiou-se por sua reação alarmada. – Isso mesmo, Edward. Eu quero que você dê um jeito nisso. Ela não precisa terminar a faculdade para se casar.

— Tio... – Edward ficou sem jeito por ele abordar aquele assunto na frente de Sue e Leah.

— Faça isso, Edward. Se ela aparecer bêbada vai se ver comigo. Vamos comer.

***

Edward adormeceu logo depois do jantar. Seu sono foi intranquilo, ele via Bella com outros garotos enquanto o desprezava. Um sonho começou a virar outro e logo via os rostos de seus pais mortos. Ele os chamava, mas eles não ouviam. Edward acordou assustado, ficou um pouco desnorteado, mas logo lembrou-se que tinha voltado para casa.

Levantou-se e caminhou até a cozinha. Bebeu um generoso copo d’água e imaginou se Bella ainda não havia voltado. Sue entrou na cozinha com o seu roupão e parecendo sonolenta. Edward olhou-a sentar em uma das cadeiras.

— Bella ainda não chegou. – Edward olhou para o relógio de parede, era quase 1 hora da manhã. – Ela já passou o dia todo fora e amanhã cedo acredito que tenha aula.

— Você disse que ela estava menos rebelde.

— E está. – Edward bufou sem acreditar. Ele começou a caminhar quando Sue voltou a falar:

— Vai busca-la?

— Claro. – Edward pegou as informações da localização dela através do seu número de celular. Vestiu um casaco e com camiseta, calça de moletom e chinelos saiu para busca-la.

Pelo visor do seu celular via que ela estava se movimentando, agora estavam bem próximos. Estacionou o carro e caminhou pela rua cheia de restaurantes e bares. Viu a sua pequena e cambaleante prima andando com a sua antiga amiga, Alice e um cara novo. Não gostou daquilo.

— Acho que bebi muito. – Alice que também parecia um pouco bêbada tentava apoiar ou se apoiar em Bella. O rapaz andava junto parecendo pronto a segura-las caso caíssem.

— Você bebeu muito. – Sua amiga respondeu. As duas riram.

— Você também. Alice... – Bella tentou se afastar da amiga. – Vamos apostar... Apostar corrida.

Bella tentou correr, mas tropeçou nos próprios pés e iria dar com a cara no chão se Edward não as segurasse pelos ombros, mantendo-a de pé, mas com todo o corpo apoiado nele. Bella arregalou os olhos ao vê-la ali tão de perto, seus rostos a poucos centímetros um do outro. Bella o afastou com um safanão e empurrou o corpo para trás com muita força, ela novamente se desequilibrou e caiu de barriga para cima. Alice olhou para Edward assustada e depois correu para Bella. Agachou-se perto da amiga para verificar se ela estava bem.

— Bella? Tudo bem? – Alice mesmo tonta tentava ajudar a amiga a se levantar, mas Bella não se recusava, mantendo o corpo colado ao chão. Viu o rosto de Jacob junto ao de Alice e então Edward apareceu olhando para baixo diretamente para ela.

— A culpa é sua Alice! Você falou o nome dele! – Alice tentou levantá-la de novo, mas Bella lhe deu um safanão. – Você não está aqui, não é? É só uma alucinação. Você! – E apontou para Edward que continuou sério olhando para ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reverso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.