Photograph escrita por Day


Capítulo 19
XVIII — Talvez essa seja a maior bênção humana


Notas iniciais do capítulo

oi genteeeeeeeeeeeeeeeeee
prometi que não ia demorar, portanto, cá estou!

não tenho nada a relatar sobre o capítulo, então, apenas leiam ahahaha.

ps: o gif do banner só tá aí porque eu achei em um tumblr e é a coisa mais adorável do mundo (o contexto é mais ou menos James tentando cozinhar algo pra Lily comer. muito fofooooooooo ❤❤❤❤)

boa leitura!!!!



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Como Lily já esperava que acontecesse, alguma hora, sua doença agravou. Não como das outras vezes, em que tudo o que precisou foi só passar algumas horas a mais no hospital ou tomar alguma medicação. Não, na verdade seria melhor se fosse assim. As coisas tinham piorado mais do que ela, ou qualquer outra pessoa, podia imaginar.

De início, foram um ou dois dias sem comer absolutamente nada. Não era por vontade própria, de jeito nenhum. Lily não podia ver comida que sentia seu estômago embrulhar e, por muito pouco, não precisar correr até o banheiro. E, claro, isso acarretou em uma perda absurda de peso em um tempo muito curto.

Perder peso com muita facilidade também se tornou um efeito colateral de estar doente.

James não tinha a menor ideia do que fazer. Tinha ido ao hospital, mas ouvir, do mesmo médico que havia dado o diagnóstico a Lily, que a falta de apetite e a perda de peso em excesso eram normais, o deixava sem ação. Então, a única atitude que podia tomar era ver, de perto, que sua mulher desaparecia dia após dia diante de seus olhos.

Todo o sentimento de impotência que ele teve até então não parecia ter sido nada. Agora, era como se esse mesmo sentimento tivesse se apossado de si sem previsão de ir embora. Mais do que nunca, James quis ser capaz de livrá-la daquela doença de algum jeito, mesmo que isso significasse estar doente no lugar dela.

De vez em quando, nas horas em que Lily simplesmente precisava ficar sozinha, ela sentia que poderia desabar dentro da própria frustação. Porque era frustrante, frustrante demais, continuar acordando todos os dias sem ter a certeza de que estaria viva até a noite; ou continuar perdendo momentos importantes da vida de quem a cercava por conta da doença.

Ela não se lembrava a última vez que tinha ido à praia na presença de Harry. Era como se estivesse perdendo a melhor parte da vida do próprio filho; e isso a matava muito mais do que o câncer poderia matá-la. Lily sabia que ele tinha alguém, talvez um namoro sério ou qualquer coisa do tipo, e, embora quisesse ter alguma certeza, esperava que Harry viesse conversar com ela a esse respeito.

Às vezes parecia irreal que seu bebê, tão pequeno e dependente dela, já beirava os quinze anos e não parecia mais depender tanto de seus cuidados. Ele era quase um homem formado e, pouco a pouco, se distanciava da imagem que Lily sempre teria — daquela criança hiperativa, que não parava por um só segundo e, sempre que se machucava, corria até sua mãe na esperança que ela fizesse a dor ir embora.

Agora, Harry conseguia caminhar com as próprias pernas e já não precisava dela tanto assim. E, além disso, era a vez dele de fazer a dor de Lily ir embora.

Nem tudo, no entanto, parecia ser assim tão ruim. Pouco a pouco, seu cabelo voltava ao que era antes. Talvez não tão longo — quase à beira da cintura — ou tão cheio de vida como antes, mas, pelo menos, ela estava retomando a melhor parte de si. Lily podia sentir-se um pouco mais era antes daquilo tudo.

Quando, raras as vezes, tinha alguma disposição ou ânimo para fazer alguma coisa que não fosse ficar deitada, perdia alguns minutos cuidando um pouco mais de si mesma. James gostava de momentos assim, pelo simples fato de poder vê-la como ela costumava ser. Ele quase sempre a observava, independente da situação — e mesmo que ela dissesse que não precisava —, assim, seria a primeira pessoa a saber caso acontecesse alguma coisa.

E ainda bem que ele fazia isso. Porque, se não fizesse, talvez pudesse ser tarde demais quando a encontrasse, de novo, no chão do banheiro. Dessa vez, no entanto, ao invés de fios do próprio cabelo, o que a rodeava era sangue. Lily tossia com a mão — também suja do líquido vermelho e viscoso — à frente da boca.

Sem pensar muito, James abaixou-se até ficar na mesma altura dela e a pegou no colo. Ela tentava dizer alguma coisa, mas sua voz não era nada além de um sussurro que beirava o inaudível.

— Não diga nada — murmurou. Como resposta, Lily agarrou-se à camisa dele com força, dizendo, como podia, que alguma coisa não estava bem. Era visível que não tinha algo certo, ninguém tossia sangue todo dia, como se fosse normal ou corriqueiro.

Daquela vez, em especial, James não se importou com o limite de velocidade dentro da cidade, ou se poderia levar um ou duas multas pelo caminho. A única coisa que importava era chegar ao maldito hospital no menor tempo possível. No banco de trás, deitada da maneira mais confortável possível, Lily tossia um ou outra vez e, embora ainda tentasse, não tinha voz para falar nada.

Assim que chegaram, ele voltou a pegá-la no colo e correu para a emergência o mais rápido que pôde. Pediu por ajuda a uma das atendentes que ficavam atrás do balcão, mas, antes que elas pudessem tomar alguma atitude, um dos médicos responsáveis por aquele turno apareceu na recepção. O olhar dele recaiu em Lily de imediato e, sem dizer nada, a encaminhou para dentro.

Bastou alguns minutos, e algumas agulhas pelo corpo de Lily, para que tudo estivesse um pouco mais dentro do normal. Ela podia falar agora, com a voz ainda fraca, porém compreensível. A tosse havia cessado, por hora, mas o gosto ferroso do sangue permanecia na boca, o que era a pior parte de tudo.

— Evans, Evans, Evans — o médico responsável pelo caso de Lily adentrou o quarto. — O que aconteceu com você? Tosse com sangue? — ela concordou. — Infelizmente, receio que será necessário te manter internada, até que os exames apontem a origem do problema. Não é normal, e nem saudável, que isso aconteça com você.

— E quanto tempo isso vai levar? — James perguntou, antes mesmo que tudo fizesse sentido para ela.

— Poucos dias, creio eu.

No entanto, passaram-se algumas semanas e Lily continuava lá. Ao invés de melhorar, como era o esperado, seu quadro parecia regredir e piorar conforme os dias passavam. Tornou-se comum que todo seu corpo doesse sem nenhum motivo aparente, ou que, de uma hora para outra, sua cabeça parecesse estar prestes a explodir.

A quimioterapia era mais intensa depois da internação, o que a deixava ainda mais debilitada do que o normal. Se não estivesse distraída com alguma coisa, era provável que estivesse dormindo. Dormir era, talvez, a atividade mais recorrente em sua rotina monótona de paciente de hospital.

Isso parecia uma grande ironia. Afinal, Lily nunca foi fã de lugares como aquele — com as paredes tão brancas e um cheiro de limpeza tão acentuado — e, agora, era ali que passava todo seu dia, desde que acordava até quando caia no sono.

As visitas aconteciam em horários específicos. Durante duas horas e meia pela manhã, e durante três horas pela tarde. Era nesse período de tempo, com hora certa para começar e terminar, que ela tinha a chance de ver James e Harry. Não era tempo suficiente, nunca seria, e, toda vez que eles precisavam ir embora, era como se uma parte dela fosse junto.

Não era possível ter muita certeza, mas ela acreditava que era uma quinta-feira. Em alguns minutos, se seus cálculos estivessem certos, veria a porta ser aberta e poderia desfrutar de alguém por algumas horas. Com um pouco de sorte, e cumplicidade das enfermeiras, talvez eles pudessem ficar um pouco além do horário estipulado — ninguém precisaria saber disso.

— Oi, mãe — ela ouviu e não pôde evitar de sorrir.

— Oi, bebê.

— Eu não sou bebê — Harry respondeu, agindo quase como uma criança. — Tem alguém que eu quero te mostrar.

Tendo dito isso, ele lhe mostrou a foto de uma garota. Ela parecia uma versão mais nova — muito mais nova — e atual de Lily. O cabelo ruivo, os olhos verdes e o rosto salpicado de sardas. Um sorriso cativante, que deixava em evidência uma covinha na bochecha esquerda. Ela sorria diretamente para a câmera, como se apreciasse estar tirando a foto — o que, talvez, as diferenciasse um pouco.

— O nome dela é Ginny, Ginny Weasley.

Não precisava dizer mais nada para que Lily entendesse tudo. Então, se ela estivesse certa, essa devia ser a garota a respeito de quem tinha pensado meses antes, com quem Harry estava tendo alguma coisa.

— Você herdou do seu pai uma coisa por ruivas, não é? Ela é adorável.

— Não é nossa culpa se vocês são as melhores — James respondeu, parado na porta. Provavelmente esteve ali o tempo todo, em silêncio, até então. — Como você está hoje?

Assim como todos os dias, Lily contou como se sentia e, para não perder o costume, disse que não via a hora de sair dali — porque, de fato, mal podia esperar por esse momento. Ela talvez não fosse capaz de aguentar mais tempo trancafiada em um quarto branco, olhando para as mesmas paredes por horas, tendo diversas agulhas colocadas à força pelo corpo. Ela sentia-se presa ali, isso era nítido, e James sentia-se, mais uma vez, impotente demais para fazer alguma coisa.

À certa altura da conversa, Harry sentou-se perto demais da cama e deitou no colo de Lily, como fazia quando era criança. Não disse nada, não pediu permissão e nem avisou que deitaria, apenas deitou. E ficou ali por alguns minutos, enquanto ela enrolava alguns fios do cabelo dele nos dedos. Se os dois fechassem os olhos, seria como tivessem voltado alguns anos no tempo, na época em que tudo estava bem.

James olhava a cena e alguma coisa dentro de si se revirava em um remorso de anos atrás, de quando ainda morava em Londres e tudo parecia ser tão mais difícil. Era terrível constatar que, bem ou mal, tinha perdido alguns momentos importantes do crescimento de Harry, como quando ele deu o primeiro passo ou disse a primeira palavra. Naquela época, Lily sempre se esforçava para mantê-lo atualizado do que acontecia, mas não era a mesma coisa.

Antes, os vídeos e fotos que ela lhe enviava eram suficientes. Mas, agora, ficava claro que não era suficiente. Talvez, se tivessem tido a chance de conviver com mais proximidade, ele não teria esse sentimento de arrependimento. Qualquer que fosse o caso, não valia perder tempo remoendo o que aconteceu há tanto tempo. O importante era que, agora, apesar dos pesares, James podia estar com Lily todos os dias.

Minutos mais tarde, uma das enfermeiras responsáveis por aquela ala do hospital bateu à porta do quarto. Não era preciso dizer nada para que eles soubessem que já era hora de ir embora. Ela tinha a expressão mecânica, já sem qualquer sinal de sensibilidade, provavelmente a mesma que fazia para todos os visitantes. Deveria ser melhor assim, ou ela se perderia nos infinitos casos e motivos de internação ali.

Como todos os outros dias, James se despediu dela e prometeu que voltaria, Harry fez o mesmo. Lily não podia deixar de sentir que uma parte de si mesma ia embora enquanto os via se afastando. Mas, depois de todo aquele tempo, ela já podia dizer que conseguia se acostumar com os fatos dolorosos. A dor passou a ser sua aliada.

Em casa, perto de tudo que o fazia lembrar-se de Lily, e, ao mesmo tempo, tão longe dela, era difícil evitar cogitar o fato de que alguma coisa poderia acontecer enquanto ele não estivesse lá, com ela. Talvez James jamais fosse se acostumar com aquele sentimento de preocupação perante o desconhecido, era extremamente agoniante dormir todas as noites sem a certeza do que aconteceria quando acordasse.

···

— Anda logo, Harry, ou vamos nos atrasar! — James chamava o filho já sem muita paciência.

O aniversário de Lily seria em dois dias e, para deixa-la um pouco mais animada, ele tinha decidido fazer alguma coisa para que a data não passasse em branco. Não que alguma vez, nos últimos anos, isso tivesse acontecido; James nunca tinha deixado de esquecer aniversários.

Harry se apressou até a porta assim que a campainha tocou. Não estavam esperando ninguém, o que tornava aquilo um tanto quanto inesperado. James precisou piscar algumas vezes para retornar à realidade depois de ver a garota que havia chegado. Era a mesma da foto, Ginny Weasley. Ela era parecida com Lily nas imagens, mas, pessoalmente, a semelhança beirava o surreal.

Era como se a Lily que James conheceu em Londres, desastrada e que falava demais, estivesse na sua sala de estar. A única diferença, até então visível, era quão contida e tímida Ginny aparentava ser — e o que Lily jamais tinha sido.

— Podemos ir — Harry falou enquanto caminhava para fora.

Se, durante todo o caminho, ele tinha imaginado como seria ver as duas juntas, sua imaginação nem ao menos beirou a realidade. Era como se, de alguma forma, ele pudesse ver o passado e o presente da mesma pessoa, embora com algumas diferenças notáveis e visíveis. Lily encantou-se à primeira vista pela garota. Simpática, educada e terrivelmente adorável, ela parecia ser a melhor pessoa que Harry poderia ter ao lado.

— Feliz aniversário, meu amor.

— Meu aniversário não é hoje.

— Eu sei — James respondeu. — Mas, isso não te impede de ter uma comemoração, ou impede? E nem de dançar sua música preferida comigo.

Por alguns minutos depois, enquanto moviam seus corpos em sincronia de um lado para o outro, o fato de estarem em um quarto de hospital, e de alguns fios ligarem-se à Lily, desapareceu. Não havia mais nada e ninguém no mundo além deles.

Harry assistia à cena e era quase inevitável que voltasse a se sentir como quando era criança, nas raríssimas vezes em que tinha a chance de ver seus pais juntos. A sensação era quase a mesma; ficar os observando de canto, em silêncio, com receio de que pudesse atrapalhar o momento que era deles e apenas deles.

Ginny enlaçou sua mão à dele e o acompanhou como espectadora da cena. Ela tinha ouvido, até então, que se parecia com a mãe de Harry, mas não imaginou que seria tanto. Enquanto a observava, tinha a impressão de que podia ver sua própria imagem alguns anos à frente no tempo.

Com a extrema facilidade que Lily tinha de sentir cansaço, não era mais do que esperado que ela logo precisasse sentar ou suas pernas não seriam mais capazes de qualquer coisa. Suas costas pareciam estar pegando fogo, quase como se tivesse carregado uma quantidade absurda de peso durante o dia todo.

Precisar de amparo para realizar ações simples como aquela — e, por James, ter tal amparo — a deixava com o terrível sentimento que, de repente, tinha se tornado um fardo na vida dele. E, de tudo o que poderia sentir, aquilo era o pior.

— Eu sou um fardo para você — ela afirmou.

— Claro que não.

— Claro que sim! — Lily respondeu um pouco mais alto, atraindo mais atenção do que deveria. Harry passou a olhá-los com mais atenção e, sem poder ir contra si mesma, Ginny tinha a mais pura expressão de surpresa no rosto. — Acho que deveríamos ficar sozinhos.

E, como sua vontade, ficaram sozinhos poucos segundos depois. James a olhava sem entender o motivo daquilo tudo. Não era a primeira vez, e estava longe de ser a última, em que ela afirmava aquelas coisas. Colocar-se como um fardo na vida dos outros era algo que ela fazia com muita frequência, embora ele reafirmasse, sempre que isso acontecia, que não era verdade.

— Eu fico precisando de ajuda para tudo, sou incapaz de fazer qualquer coisa sozinha, sem você ou alguma das enfermeiras daqui. Isso é ser um peso, James, e eu não quero ser assim. Quero ter minha independência de volta — ele tentou dizer alguma coisa, mas foi impedido antes mesmo de começar. — Você não entende, nunca vai entender, e eu não quero que entenda também. Não quero que você fique aqui, onde eu estou, nem você e nem ninguém.

James acabou sem responder nada. Não porque não tinha o que dizer, mas porque não achava necessário. Talvez não precisasse repetir, constantemente, que Lily não era um fardo, como tinha acabado de afirmar. Talvez bastasse que ele apenas demostrasse isso a ela.

Depois disso, Harry e Ginny ainda ficaram ali por alguns minutos. Algumas das enfermeiras que vinham cuidando do caso de Lily e a cumprimentaram, em adiantamento, pelo aniversário. Era extremamente irônico que ela estivesse ali, celebrando mais um ano de vida quando esta parecia ir embora dia após dia.

Quando chegou aquela hora, aquela maldita hora, de que todos deveriam ir embora, toda a sensação de que algo estava sendo tirado dela lhe atingiu com força. O que sentia era refletido na expressão pesada de Harry, que, a cada vez que precisavam se despedir, era menos capaz de olhá-la.

Ele não podia deixar de evitar o peso na consciência que tinha toda vez que saía pela porta. Era pesado demais imaginar que sua vida consistia em liberdade abundante enquanto sua mãe era obrigada a permanecer presa à cama de um hospital.

Com James não era muito diferente. Era terrível demais ir dormir sozinho todas as noites, já tendo se acostumado com a presença de Lily ao seu lado. Às vezes, no meio da madrugada, tinha o sono interrompido por um pico súbito de saudade e passava longos minutos imaginando como ela estava e se também estaria acordada.

Não importava quanto tempo passasse, aquela rotina de despedida constante jamais faria sentido para nenhum deles.

— Eu adorei te conhecer, Ginny. Harry tem muita sorte em ter você.

— Digo o mesmo, Sra. Potter.

— Sem isso de Sra, por favor — ela riu. — Pode me chamar de Lily.

Elas se despediram e, em alguns minutos, era como se ninguém jamais tivesse estado ali. Aquelas paredes brancas, com nada além de um tom pastel monótono, tornaram-se sua única companhia de novo. As noites em que era divertido dormir sozinha tinham acabado — e, talvez, divertido nunca tenha sido a palavra certa, mas, no início, era até bom permanecer só por algumas horas.

Agora, no entanto, tinha vezes em que Lily desejava tanto a presença de alguém ao seu lado que ultrapassava apenas a vontade. Acabar dormindo por cansaço, de algumas horas consideráveis de choro, era muito mais comum e corriqueiro depois de tanto tempo naquela rotina aparentemente interminável de despedidas diárias.

Diferente do que imaginou, ela pegou no sono com muito mais facilidade do que em noites anteriores. Era o cansaço, sempre presente, um pouco mais intensificado e sem piedade alguma. Bastou alguns suspiros e uma piscada de olhos mais pesada para que dormisse como há muito tempo já não dormia.

James revirou-se na cama algumas vezes, encarando o teto e depositando toda sua energia em imaginar como Lily estaria àquela hora. Era assim todos os dias; pensar em qualquer possibilidade do que poderia acontecer durante a madrugada até estar cansado demais para isso.

Cedo ou tarde, como sempre, ele acabava dormindo também.

···

Já passava das quatro da manhã. Em algum lugar no horizonte, na direção das praias, era possível ver o que deveria ser o começo de raios solares. Para algumas pessoas, o dia já tinha começado e para outras ainda tinha algumas horas de descanso, como era o caso de James. Ou, na verdade, teria sido se o telefone não tocasse alto o bastante para acordá-lo no primeiro toque.

O número era desconhecido, mas, para ligar àquela hora, deveria ser alguma coisa importante. Importante o suficiente para uma ligação no meio da madrugada. Era quase inevitável que seu peito se apertasse e uma sensação ruim o atingisse sem aviso prévio.

— Alô?

Olá, Sr. Potter — uma voz feminina respondeu. — Estou ligando do hospital onde sua esposa está internada. Receio que a sua presença seja necessária aqui. Agora.

Bastou aquelas frases para que James sentisse o chão sumir sob seus pés. As palavras retumbavam em seu ouvido, como se pudessem fazer algum sentido se fossem repetidas constantemente. Mas, o efeito parecia contrário a cada vez. Seus atos passaram a ser impensados e, em alguns minutos, estava a caminho do hospital.

Em tempo recorde, lá estava ele, com a fala afobada e o coração acelerado no balcão de informações. Repetia, várias vezes no mesmo minuto, que precisava ver Lily, mesmo que estivesse totalmente fora do horário de visitas. A recepcionista, depois de pedir calma com menos paciência do que o normal, chamou o médico responsável pelo caso.

— O que aconteceu? — James perguntou assim que o viu. — Por que me ligaram essa hora? Lily está bem? Está tudo bem?

A expressão do médico era ilegível. Anos de profissão o ensinaram a manter o mesmo semblante em qualquer momento, independentemente de qualquer coisa. Contudo, para James aquilo era quase uma tortura; a tentativa de extrair qualquer informação do doutor antes que ele pudesse falar beirava o impossível.

— Receio que não — respondeu. — Ela teve uma parada cardíaca há algumas horas.            Tentamos reanimá-la, mas sem sucesso. Sinto muito.


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Notas finais do capítulo

PODEM ME MATAR PELO FINAL AHAHAHHAHA EU DEIXOOOOOOOOOO

MAS ANTEEEEEEEEEEEEEES: EU QUERIA MT QUE A FIC BATESSE OS 200 REVIEWS (mendingando reviews, sim), ENTÃO VCS PODIAM COLABORAR NÉ RSSSSSS. NEM QUE SEJA PRA ME XINGAR NOS COMENTÁRIOS.

pssssssss: o título do capítulo foi baseado nessa frase "Death may be the greatest of all human blessings." (que significa "A morte pode ser a maior de todas as bênçãos humanas) e eu ia colocar de título, mas aí ficaria muito óbvio né usdhfsd.

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSS E ATÉ O PRÓXIMO (que é o epílogo, vulgo último capítulo)



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