Photograph escrita por Day


Capítulo 10
IX — Quatro chamadas perdidas e uma anfitriã


Notas iniciais do capítulo

oi, genteeeeeeeeee. (boa tarde só pra quem tentou postar ontem e, por motivos cósmicos, o capítulo não foi [????????])

gente do céu, eu comecei a ver Black Mirror (apesar de ter gostado mt pouco e não ter começado a terceira temporada ainda), ô série que desgraça a cabeça da gente. eu ia postar ontem, mas fiquei ocupada assistindo asuhgujdf. to aqui agora ♥

comentem o que acharam, ok? pra eu ficar bem feliz hehehe.



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SEGUNDA

Quando Lily abriu os olhos naquela manhã, estava mais cansada do que nunca, se fosse possível. Petunia, ao seu lado, ainda dormia profundamente, e vê-la dormir a acalmou de um jeito novo e desconhecido. Mesmo depois de tudo que ouviu na noite anterior e, apesar de todas as coisas boas, a raiva que sentia de Vernon não diminuía de forma alguma.

Esticou o braço até que seus dedos encontrassem o despertador, que fazia aquele som alto e profundamente odioso. Respirou fundo e demorou alguns minutos até levantar, aproveitando o mais recente silêncio no quarto — e na casa. Demorava um tempo, todos os dias, até assimilar que estava morando sozinha de novo.

Não tinha mais seus pais todos os dias, lhe enchendo de mimos ou salvando-a quando algo ia errado ou saía da rotina. Não tinha mais uma antiga colega de faculdade, vinda do interior do Iowa, que acabou por desistir da vida em San Diego depois de alguns meses. Por fim, não tinha mais Marlene e, mesmo que tenha ficado em Londres pouco tempo, não podia negar que a companhia de McKinnon era ótima.

Tinha, por um tempo provavelmente curto, Petunia. Não colocava grandes esperanças de que ela ficaria mais do que uma ou duas semanas antes de voltar para Vernon. Ele deveria ter algum tipo de magnetismo, algo que a puxava de volta para si. Algo que ninguém nunca entenderia.

Lily não era uma pessoa matinal, mas tinha uma infinidade de coisas que a forçavam a levantar cedo. Sentou-se na beirada da cama e sentiu a conclusão de ter dormido de qualquer jeito por horas. Suas costas doíam mais do que ela aguentava e, aparentemente, tinha torcicolo no lado esquerdo do pescoço.

— Bom dia, Tuney — murmurou para Petunia.

Não falava aquilo há uns bons anos, no mínimo. Costumavam desejar boa noite uma a outra quando eram crianças, sob pressão da mãe. Depois de um tempo, pararam com toda a cordialidade fraternal. Mas, Lily sentiu que deveria falar aquilo para a irmã, porque realmente queria que ela tivesse um dia bom, de preferência muito melhor do que os anteriores.

Preparou alguma coisa que Petunia pudesse comer depois que acordasse e saiu. Era um daqueles dias em que não tinha a menor ideia do que faria, e só sabia que precisava fazer alguma coisa. Caminhou pela praia, parou em alguns quiosques, conversou com estranhos — na maioria turistas —, foi ao supermercado, comprou coisas supérfluas e outras essenciais, até que decidiu voltar.

Sua manhã inteira tinha sido jogada fora. Odiava quando desperdiçava horas por nada e vivia fazendo isso. Principalmente porque tudo que estava errado em sua vida continuava errado. Sua faculdade continuava sem atividades, seus pais continuavam próximos do divórcio e sua irmã continuava ali, agora ainda mais distante de ter a vida nos trilhos.

— Cheguei — anunciou enquanto abria a porta e encontrava Petunia assistindo alguma coisa aleatória na televisão. — Como você está?

— Poderia estar melhor, mas está tudo bem. Minhas costas doem.

— As minhas também — respondeu no mesmo tom evasivo de Petunia. — Alguma novidade?

— Seu celular tocou algumas vezes, mas não atendi. Deve ter algumas mensagens também. Melhor olhar lá.

Lily concordou e, enquanto caminhava até o quarto, esperou que fossem coisas boas. Alguém dizendo que suas aulas voltaram ao normal, ou sua mãe dizendo que havia se acertado com seu pai e estava tudo bem agora. Talvez pudesse ser o resultado de uma das promoções das quais ela participava, sempre sem esperança.

4 CHAMADAS PERDIDAS

James Potter — 09:47

James Potter — 09: 59

James Potter — 10:13

James Potter — 10:25

O relógio marcava dez e trinta e três da manhã. Ele havia ligado pela última vez há menos de dez minutos. Lily franziu o cenho para a tela, desejando entender qual motivo era bom o bastante para fazê-lo ligar quatro vezes numa segunda-feira de manhã. Mas, não bastando as ligações, tinham duas mensagens esperando para serem lidas.

James Potter

Espero que os Estados Unidos seja tão bom quanto dizem ¹

E que você me receba muito bem.

Lily Evans

Te receber muito bem?

Aqui é tão bom quanto dizem sim!!!!

Desculpa a demora, eu saí

Não precisava ser uma pessoa muito inteligente para entender aquelas mensagens, mas Lily mandou a primeira só como método de confirmação de seus pensamentos. Suspirou enquanto deixava o celular de lado, sem realmente esperar uma resposta imediata, até porque já sabia qual seria. Sabia também que, pelo jeito, seria anfitriã de alguém em solo americano e não fazia a menor ideia de como era isso.

Gritou para Petunia que iria dormir pelo resto da manhã e que não queria ser incomodada, que ela tinha toda a liberdade na casa. Jogou as peças de roupa em um canto e entrou embaixo da água quente do chuveiro. Aquilo iria, ou ao menos deveria, ter algum efeito relaxante sobre seus músculos. Ficou por ali durante alguns minutos, apenas para dedicar-se em ficar deitada durante as horas seguintes.

···

James ainda não tinha se acostumado com uma coisa, tão pequena, mas de um peso imensurável: sua faculdade estava concluída. Em partes. Ao menos, seu TCC estava completo, e isso era algo com o que ele simplesmente não tinha se familiarizado ainda. Por enquanto, faltava apenas mais algumas semanas de aula e, enfim, poderia ter o diploma em mãos.

Há algumas semanas que esperava qualquer tipo de contato vindo de Minerva, sua orientadora. Ela havia dito que existia alguma possibilidade de que James pudesse defender sua tese fora de Londres. Talvez em algum país que tenha parceria com a nossa Universidade, ela dizia, os mais prováveis são Estados Unidos, Canadá ou Austrália.

Se acabasse indo para algum lugar desse, seria uma realização pessoal imensurável. Não podia deixar de negar que, dentre as opções, preferiria ir aos Estados Unidos. Mesmo que fossem cinquenta estados e talvez mais de dez mil cidades, podia existir uma mínima chance de conhecer alguém por lá.

Mas, tudo isso tinha sido há tempos atrás, e agora James já nem pensava nisso mais. Estava focado em terminar o que restava do curso e começar a preparar a defesa de seu TCC. Às vezes, enquanto pensava no que falar e no que fazer, ficava só olhando as fotos que tinha, e nunca deixava de concluir que a de Lily era a melhor, a mais espontânea, mais autêntica, mais verdadeira.

Quando Minerva o chamou em particular, ele não pôde deixar de imaginar se, àquela altura do campeonato, tinha feito algo de errado. Caminhou por aquele corredor, que conhecia tão bem, sem tanta segurança como antes. Nas outras vezes em que precisou ir até a última sala, era sempre com uma áurea positiva — a última vez em especial, quando levou seu TCC finalizado.

— Bom dia, Potter — a voz não dava sinal algum de qual rumo a conversa teria. Era indiferente, como sempre.

— Bom dia, professora McGonagall — seu tom vacilou ao dizer o nome dela. — Algum problema?

— Por enquanto, não, e espero que continue assim — James achou ter visto um princípio de sorriso brotar no canto dos lábios finos de Minerva. — Lembra-se de quando mencionei sobre apresentar algumas teses em universidades estrangeiras com parceria conosco? — ele concordou, esperando que aquela pergunta, claramente retórica, tivesse a resposta que queria. — Pois bem, espero que o senhor tenha passaporte e visto americano em dia.

Um misto de animação e expectativa o invadiu como nunca antes. Não conseguiu responder nada coerente, então assentiu e agradeceu sem uma única palavra. Correu para casa, desculpando-se com quem trombou pelo caminho, e, mesmo que fosse um pouco precipitado e até mesmo impensado, ligou para Lily. Uma. Duas. Três. Quatro vezes, sem resposta. Mandou apenas duas mensagens, sem esperar que ela respondesse imediatamente.

Avisou seus pais de que iria, e contava muito que pudesse vê-los depois de um tempo considerável separados. Recebeu vários emojis animados como resposta e realmente pôde vislumbrá-los conversando com uma animação tremenda e planejando infinitas coisas para fazerem juntos. James nem ao menos cogitou dizer que não tinha certeza de que iria para Nova York.

Alguns minutos depois, seu celular apitou com três mensagens de Lily. Ele tinha sido claro o bastante, mas ela não aparentava ter entendido tudo.

James Potter

Vou para os EUA apresentar meu TCC

(do qual você faz parte)

Lily Evans

SÉRIO?

ISSO É TÃO LEGAL!!!!!!!

QUAL CIDADE? APOSTO QUE É NY

James Potter

Ainda não sei, mas assim que souber te aviso

Lily Evans

Ok.

QUARTA-FEIRA

— Você, Sr. Potter, irá apresentar seu projeto em Los Angeles, no campus da UCLA. Por três dias, ficará por lá, e depois terá uma semana ao seu dispor. Entendido? — James concordou e foi liberado da breve reunião.

Tinha um sorriso desmedido no rosto, e um punhado de coisas já planejadas para fazer. Na noite anterior, tinha pensado em como seria sua viagem se realmente fosse para algum lugar; agora que ia, começava a idealizar visitas a pontos históricos e qualquer coisa que pudesse configurá-lo como um turista autêntico.

À porta de seu apartamento, estava a última pessoa que ele achou que veria. Remus Lupin tinha sumido do mapa nas últimas semanas. Não atendia mais o telefone, não respondia as mensagens e ninguém sabia seu paradeiro. James chegou a achar que alguma coisa entre Lupin e Tonks tinha acontecido e que alguém pudesse ter descoberto, o que seria um ótimo motivo para o sumiço.

Mas, ali estava ele. O rosto mais fino, o corpo mais magro, a expressão indecifrável. O cabelo estava mais longo e uma barba de alguns dias brotava por seu maxilar e no queixo. Remus nunca tinha sido desleixado com nada que lhe pertencesse, em especial sua aparência. Era um pisciano que se preocupava demais com o que os outros iriam pensar.

James o chamou com um assobio e, quando Remus o olhou, notou quão profundas eram as olheiras sob seus olhos. Aquela não era a mesma pessoa que conhecia há tantos anos.

— Tudo bem? — perguntou, claramente retórico. Claro que não estava tudo bem, mas valia a pergunta. — O que aconteceu?

— Meu emprego está a uma distância atômica de ir para a puta que pariu — se James não tivesse o visto, certamente seu linguajar evidenciaria que nada estava bem. — Desculpa, eu nem deveria ter vindo aqui...

— Entre. Agora — falou com um tom nada simpático enquanto dava espaço para que Remus entrasse. — Sente e conte tudo.

Então ele falou, nos mínimos detalhes. Contou desde o dia em que Tonks tinha ido até sua casa até aquele minuto. Não deixaram de se falar por um só dia, e parecia estranho quando se encontravam supostamente por acaso nos corredores do colégio, e era terrível quando precisavam se tratar com toda a cordialidade que há muito já não existia entre eles.

Até aí, tudo estava aparentemente bem. Ninguém nem ao menos imaginava que os sorrisos tímidos e de canto de boca deles não significava a educação entre professor e aluna. Remus não tinha feito nada que contradissesse sua ética, tampouco pretendia. Mantinha-se fiel não só à profissão, mas também à Dorcas.

Ela não merecia, apesar de todas as coisas, que seu namorado estivesse fazendo tudo aquilo em segredo. Mas, ela não era tão inocente ou tão burra quanto Remus — e James — imaginava. Dorcas deve ter percebido alguma coisa, no jeito que ele agia, falava ou até mesmo como andava. Algo pequeno e aparentemente imperceptível para Remus, que a fez terminar tudo de forma brutal.

De um dia para o outro, era como se Dorcas jamais tivesse existido.

— E onde seu emprego entra? — James perguntou, sem nem se importar em dizer que sentia muito pelo término, porque estava até feliz com isso.

— Alguns alunos nos viram pelos corredores, em situações que não cabiam a professor e aluna — respondeu, enquanto afastava alguns fios de cabelo do rosto. — Mais de uma vez. Relataram à direção           e, com algumas provas, como fotos, não tenho como provar que é falso. Agora, tenho uma semana para contradizer tudo e declarar calúnia ou não tenho mais emprego.

— Quer que eu manipule as fotos? — perguntou com um tom duvidosamente animado. — Eu aprendi isso, mas nunca tive a chance de colocar em prática...

— Não! Pelo amor de Deus, não. Isso só vai me trazer mais problema. Seja mais maduro, Potter — ele odiava quando Remus o chamava pelo sobrenome. — Eu não vim procurar por ajuda, sinceramente. Só vim procurar meu amigo, para beber e assistir Star Wars comigo.

James sorriu e foi até a geladeira, alcançou uma cerveja para cada um e voltou a se sentar ao lado de Remus. Depois de um tempo, parecia que nada tinha mudado. Pela primeira vez naquele dia, deixou de pensar em sua viagem para pensar em algo maior.

···

Lily esperava uma resposta à sua mensagem há dois dias, mas se conformou de que não viria, afinal de contas. Tinha sido um pouco ingênua demais ao imaginar que poderia rever James depois de meses. Quais as chances reais e plausíveis de isso realmente acontecer? Não era como se ele viesse para sua cidade, dentre infinitas outras nos Estados Unidos.

Com Petunia ainda em casa, as visitas de sua mãe tornavam-se mais frequentes. E, quando ela não vinha à sua casa, as duas iam até ela. Abigail Evans ficava mais na presença das filhas do que de qualquer outra pessoa como válvula de escape do marido e do casamento à beira da falência.

Ficavam horas conversando como se fossem velhas amigas, e tudo parecia estar bem. Era altamente desconfortável para Lily ouvir sua mãe e irmã falando de gravidez, filhos e um futuro, quando ela mesma ainda precisava terminar de estudar e não via nem a sombra de um compromisso sério no futuro.

— Eu vou... ao banheiro — anunciou, já a caminho do final do corredor.

Olhou-se no espelho e viu que aquela não era a mesma pessoa que gostaria de ser, ou de ter sido alguma vez na vida. Sempre cuidadosa consigo mesmo, agora tinha a aparência que sempre repudiou. Todo o cuidado com o cabelo parecia ter culminado em fios opacos e quebradiços. As olheiras sob os olhos deixariam a Lily Evans de quinze anos à beira de um ataque de nervos.

Alcançou um elástico acima do espelho e juntou todo o cabelo em um coque no alto da cabeça. Sempre se imaginou em uma cena de algum filme clichê, onde a protagonista usa o mesmo penteado supostamente desarrumado, mas que, ainda assim, era muito melhor do que aquilo que tinha feito.

Quando voltou à conversa das mamães na sala, sentiu-se mais descolada do que nunca. Seus pais não faziam questão de esconder que preferiam Petunia. Bom, talvez nem fosse preferência de filha, isso provavelmente não existia, mas se identificavam mais com sua primogênita. E nem era tão difícil de se reparar, uma vez que Lily fora um erro desde o início.

Uma gravidez não planejada quando ainda tinham uma filha pequena com certeza foi uma bomba para os recém-casados Evans. Logo que nasceu, com um amontoado de fios vermelhos, ela era constantemente posta à prova como filha legítima. Os problemas de rebeldia no colégio vieram desde cedo, e demoraram anos até parar.

Cada uma dessas coisas a colocavam em segundo plano, enquanto Petunia era sempre a primeira. Planejada com antecedência. Loira como a mãe. Educada e disciplinada como o pai. Dedicada, estudiosa, perfeita. Tudo o que Lily não era, e tudo o que ela era também, mas em escalas maiores.

— Querem alguma coisa? — perguntou mais alto do que deveria, querendo ter atenção por alguns segundos.

— Água — sua mãe respondeu. — Por favor.

Demorou mais do que o necessário na cozinha, querendo simplesmente poder sumir dali e ir para qualquer outro lugar no mundo, onde pudesse ficar sozinha. Sentiu-se péssima por desejar isso, porque sabia que amava os pais e a irmã. Amava muito, desde que estivessem separados.

Petunia na presença dos pais tornava-se a mesma adolescente de quinze anos que tinha sido, aquela que desejava mais atenção e sobressair aos outros, sem levar em conta se estava certa ou errada. O exato tipo de pessoa que queria ter razão independentemente de qualquer fator.

Já seus pais, na presença de Petunia, em especial sua mãe, não mediam esforços em ressaltá-la como perfeita, ou beirando isso. Falavam de todas as suas — aparentes — infinitas qualidades e como ela era boa em tudo o que fazia. Concordavam com qualquer coisa que ela falasse, riam de qualquer piadinha sem graça que ela contava, deixavam-na em primeiro lugar de tudo.

Sempre tinha sido assim, e sempre seria. Lily não aguentava mais.

— Obrigada — sua mãe respondeu assim que o copo com água lhe foi entregue. — E você, minha fila, como está? Algum namorado?

Lily balançou a cabeça em negativa e respirou fundo. Sabia que, a partir dali, viriam comentários e perguntas ainda piores do que aquela. Abigail Evans sentia um prazer questionável, e até certo ponto duvidoso, em perguntar coisas que já sabia, por exemplo, como andava a vida amorosa de suas filhas.

— Um dia você vai achar alguém tão bom quanto Petunia achou, querida. É só uma questão de tempo.

— Espero não encontrar nunca — murmurou em resposta.

Nenhuma das duas tinha dito à mãe o quão fracassado estava o relacionamento de Tuney. Aos olhos dos outros, sua estadia na casa de Lily era para dar um tempo e resolver assuntos pendentes no casamento. Mas, do jeito que as coisas estavam indo, não era certeza alguma e que teria um casamento num futuro próximo.

DUAS SEMANAS E MEIA DEPOIS

DOMINGO

James terminava de arrumar a mala. Tinha feito uma lista do que deveria levar, e outra do que deveria lembrar de pegar e levar. Ia desde dinheiro e roupas até quadrinhos de Star Wars e uma foto de família. Sempre que ia viajar, por menor que fosse a distância, carregava tal foto consigo. Não tinha um motivo aparente para isso, então ele a levava todas as vezes.

Checou, mais de uma vez, se todas suas roupas estavam ali, verificou todos os documentos mais do que o necessário e, quando começou a achar que aquilo era loucura, convenceu-se de que estava tudo bem. Seu carregador de celular, fone de ouvido, câmera fotográfica e todas as outras coisas necessárias estavam ali.

James Potter

Estou indo ao aeroporto agora.

Daqui a treze horas de voo e mais umas oito de conexões...

Vou conhecer a sua cidade.

Lily Evans

Mal posso esperar.

Boa viagem!

James Potter

Obrigado!

Lily não esperou, pelo menos não ficou ansiosa. Mas, algumas vezes no dia, imaginou em qual lugar do mundo James poderia estar, ou se estava em algum lugar onde ela esteve enquanto voltava de Londres. Conhecia todo o caminho, e queria poder parar no aeroporto de Lisboa por vinte minutos para comprar o melhor café que conhecia.

Qualquer que fosse o caso, em algumas — muitas — horas a partir dali, teria um londrino na mesma posição que esteve há algumas semanas: turista. E ela seria, aparentemente, um certo tipo de guia ou alguma coisa do gênero. Não que se importasse, até gostaria dessa experiência. Preencheria todas as lacunas de seu dia nas quais não fazia nada.

Petunia tinha decidido que era hora de ficar com sua mãe por um tempo, e Lily agradeceu por isso. Sua rotina voltava ao normal aos poucos, sem ter que se preocupar com o que sua irmã sentia, ou se ela estava bem, se tinha comido do jeito certo, se teve uma boa noite de sono. Petunia estava grávida, mas Lily parecia estar exercendo o papel de mãe.

Não era a primeira vez em que se colocava nessa posição. Aliás, tinha interpretado essa função desde sempre, aparentemente. Com Marlene, desde que eram crianças, a irresponsabilidade a rondava. E, quando algo dava errado — o que acontecia com muita frequência —, Lene corria até sua amiga, que a consolava com palavras maduras demais para sua idade e tudo ficava bem.

Lily ligou para Marlene algumas vezes, não porque tinha algo a conversar, mas sim porque sentia falta da voz dela. Mas, suas ligações não foram atendidas e ela pensou que Lene deveria estar fazendo algo importante, e bom, o suficiente para deixar o celular de lado.

···

Uma música aleatória dos Beatles tocava nos fones de James enquanto ele voava a costa leste dos Estados Unidos. Não tinha muita certeza, mas acreditava que deveriam estar em algum lugar próximo de Nova York, e que a península que se destacava abaixo era Manhattan. Ou, ainda, poderia ser qualquer outro estado mais ao sul, contanto que já estivesse na América.

O passageiro ao seu lado, um homem beirando a meia idade e com grandes falhas no cabelo, dormia há algumas horas, e era tudo o que James queria desde que embarcou no avião: que quem quer que sentasse ao lado dormisse. Odiava manter conversas fúteis sobre coisas sem muita importância, em especial se a ocasião para elas incluía cruzar o oceano.

A aeromoça anunciou uma conexão no aeroporto da Filadélfia, tendo início em alguns minutos. Estava chegando, muito mais próximo do que qualquer outro minuto anterior daquela viagem. Viu o homem ao seu lado acordando sem muita paciência, resmungando baixo e praguejando coisa aleatórias.

Depois do que pareceu séculos, ele finalmente pôde dar alguns passos de verdade. Sentiu-se com uma maior vivacidade, podendo caminhar livremente e não precisar permanecer sentado por horas. Alcançou o telefone no bolso, feliz por poder usá-lo de verdade agora. Avisou os pais que havia chegado bem, ressaltando, de novo, que talvez poderia visita-los.

Assim que terminou de avisá-los, uma mensagem saltou na tela, tomando toda sua atenção.

Lily Evans

Me avisa quando chegar

James Potter

Estou na Filadélfia.

Só mais algumas horas.

Lily Evans

Bom resto de viagem!

O motivo pelo qual Lily arrumou os móveis de sua sala, para que ficassem todos alinhados, era desconhecido. Talvez estivesse ansiosa só de imaginar que alguém a via como anfitriã ou algo assim. Não sabia nem se o receberia em sua casa, o que poderia não acontecer e só fazia sua arrumação parecer loucura.

No fim daquela tarde, enquanto preparava-se para ir ao aeroporto e esperar que o voo de James chegasse, sua porta foi aberta por sua mãe, visivelmente alterada, e uma Petunia que a carregava nos ombros.

— O que aconteceu?

— Ela encheu a cara, para não dizer menos — Tuney respondeu, evitando que sua mãe fosse ao chão. — Onde você vai?

— Buscar um amigo meu no aeroporto — Lily respondeu, deixando-as entrar. — Pode ficar aqui, mas não suje nada. Não a deixe vomitar, pelo amor de Deus, Petunia. Volto assim que possível.

— Use camisinha — sua irmã gritou assim que saiu pela porta.

— Cale a boca!

Agora, era uma questão de minutos, ou horas, ela não podia saber, James Potter estaria à sua frente de novo, depois de três meses.


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Notas finais do capítulo

¹ eu sei que deveria ser "sejam" porque é Estados Unidos, no plural. but, numa conversa via mensagens (atizapi) quem se importa com regra? isso mesmo, ninguém, nem eu pq esqueço que existe vírgula no atizapi ufhg

até o próximo! comentem bastante pra eu ficar bem feliz ♥



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