Death and the Strawberry escrita por Scodelario


Capítulo 1
Death and the Strawberry




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Death and the Strawberry

Dez anos haviam se passado desde a tão sangrenta guerra dos mil anos. Dez anos desde que a Soul Society se encontrava em paz, em que tudo finalmente parecia estar em seu lugar.

Claro, a paz não havia sido conquistada sem perdas cruciais.

E aquilo doía. Havia perdido amigos que considerava ser extremamente importantes em sua vida. Mas também havia aprendido: havia crescido, mudado. Ficado mais maduro, mais poderoso.

Era um adulto agora, afinal de contas.

— Ô, Kazui! Para de correr, moleque! Ah, vou te pegar agora, você vai ver!

Conseguia escutar uma voz gritando de longe. Riu. Tudo era sempre tão animado, até lembrava de sua casa há uma década atrás. Claro, era um pai bem menos extrovertido que Isshin, mas ainda participava de várias brincadeiras com seus filhos de vez em quando.

E Ichika, aparentemente, era tão impulsiva quanto seu pai.

— Só não quebrem nada! - Advertiu. Não que se importasse muito, sabia que deveriam aproveitar a infância do melhor jeito possível. Com brincadeiras e alegrias. Mas não queria ter de limpar toda a bagunça depois.

Não conseguia escutar seu filho, provavelmente estava se escondendo em algum lugar. Era calmo como a avó, Masaki. Aquilo lhe trazia uma paz... Era quase como ter sua mãe ao seu redor novamente. Parecia bastante consigo mesmo quando era uma criança também: inocente e cheio de vida. Não que ainda não fosse, mas... Bem, você só vive a infância uma única vez.

Escutou a porta abrir, franzindo a testa para ver quem era. Era a estréia de Chad na televisão, e queria que todos os seus amigos participassem.

— Oi! Cheguei! - Uma voz grave e conhecida podia ser escutada.

Levantou-se para ver quem era, embora já soubesse. Óbvio, não tinha como se enganar. Era ela.

A mulher de sua vida, a razão por qual havia sobrevivido e lutado a tantas batalhas. A razão por qual havia descoberto seu caminho de vida.

Kuchiki Rukia.

Ou deveria dizer...

— Seja bem vinda de volta, senhora Kurosaki. - Riu, depositando um beijo nos lábios de sua amada.

Ah, sim. Haviam se casado logo após o final da guerra, não queriam perder tempo algum. Houve algumas oposições vinda do lado de Byakuya, mas no fundo Ichigo sabia que ele já havia dado a sua benção ao casal no momento em que fora derrotado pelo ruivo.

— Você nunca vai se cansar de dizer isso, né? - Ela sorriu. Ah, como era bom ver aquele sorriso. Era uma das razões pela qual acordava todos os dias, na verdade. Para fazê-la realizada e feliz como a rainha que era.

E sim, Kurosaki Rukia era uma rainha. Uma mulher forte, independente e cheia de coragem. Que não tinha medo de se arriscar e colocar se na frente do perigo para proteger aqueles que amava. E até mesmo quem nem conhecia: era cheia de empatia, e aquilo fora uma das várias razões pela qual Ichigo havia se apaixonado.

— Claro que não. Você não sabe o quão eu esperei por isso, minha rainha.

E ele iria fazer questão de lembrá-la disso todos os dias.

oOoOo

— Como está se sentindo, chefe?

Uma voz masculina ecoou pela sala decorada em um estilo tradicional japonês. Um homem loiro sentava-se com dificuldade no futon branco, coberto de cicatrizes e alguns pontos; ainda estava se curando. Esboçou um sorriso fraco para seu velho amigo, ciente de que havia sobrevivido a uma luta que quase lhe custara a vida.

— Bem melhor, Tessai-san. Obrigado por tudo o que me fez.

Estava sendo uma recuperação bastante lenta, tinha que admitir. Ficara em alguns meses sob o efeito de um coma logo após o término da batalha, e estava sob cuidados dia e noite da parte de ambos seus amigos e médicos eficientes da Soul Society.

Seus olhos arregalaram-se levemente ao escutar o abrir da porta dupla, revelando sua amiga de velhos tempos - e a mulher de sua vida. A quem havia servido no passado e lutado várias vezes ao seu lado.

— Kisuke! Finalmente acordou! Esses dois não paravam de chorar com medo de você não melhorar!

— Ei! Eu nunca choro! - Um garoto, ou melhor... Homem ruivo se pronunciou.

Jinta e Ururu eram adolescentes agora, estudando em Karakura Gakuen assim como Kurosaki e seus amigos. E, ironicamente, Jinta estava namorando a irmã mais nova de Ichigo, Yuzu.

Urahara sorriu. Tudo parecia estar em paz na sua mais perfeita ordem. E estar vivo ao lado das pessoas que amava o fazia sentir-se ainda mais realizado.

oOoOo

— Gente! Vocês sabem aonde foi o Doutor Ishida? Estou procurando-o por todo lado e não consigo achá-lo! Ele tinha uma reunião! - Uma mulher em vestes brancas de enfermeira perguntou.

— Ué... Ele tinha cancelado. Foi ver o programa de um amigo, eu acho. - Outro enfermeiro respondeu.

— Ehhhh? O Doutor Ishida? Sempre achei que ele fosse viciado em trabalho!

— Eu também! Mas ele também parece se importar muito com os amigos, não é mesmo?

oOoOo

— Uryuu-kun! Uryuu-kun, vamos! Vamos nos atrasar assim! - Exclamou a ruiva, organizando os lanches que havia preparado em uma sacola ecológica.

— Já estou indo, Hime! - Era assim que a chamava agora. Por um apelido carinhoso. Como devia, aliás.

Uryuu havia tornado-se doutor logo após perceber os reais motivos de seu pai. Ele nunca foi bom em falar suas emoções e graças a isso sempre teve a ideia errada de seu progenitor, sendo que este só queria protegê-lo. O fato de se opor a ideia de seu filho virar um Quincy, e ainda assim ter que participar de uma cirurgia para sua esposa morta - mesmo que aquilo lhe partisse o coração. Lutar contra o próprio filho para este abandonar os shinigamis; mesmo que Uryuu só realmente ajudasse a um.

No final, Ishida havia entendido que Ryuken sempre quis lhe proteger. Ainda não conseguia entender porque fez tudo de tal forma, mas realmente havia entendido no final.

Sabia que tinha prometido a si mesmo nunca se tornar um doutor, mas vira quantas vidas poderia salvar com isso.

— Está tudo pronto! Você acha que eles vão gostar? - Orihime indagou. Não pôde resistir a um sorriso, sabia o quão insegura sua esposa era as vezes. Mas sempre iria encorajá-la a saber que era uma mulher maravilhosa.

— Óbvio que vão. Você é a melhor cozinheira que conheço, Hime.

Orihime havia se tornado uma professora do primário, se voluntariando a um projeto a favor da adoção de animais nas horas vagas. Sabia que queria ter cinco vidas, mas no final percebera que aquilo não era viável - precisava de um tempo para dormir, afinal! Também ajudava seu marido no hospital quando podia, graças as suas habilidades de cura.

Sorriu. Não poderia ter feito escolha melhor quando se tratava de passar a vida ao lado de alguém quando aceitara o pedido de casamento de Uryuu.

— Eu te amo, Uryuu-kun.

oOoOO

Na Soul Society, uma pequena comoção se formava no décimo esquadrão. Rangiku, Renji, Shuuhei, Kira e Momo estavam todos sentados em uma grande toalha de piquenique, com os quatro primeiros embriagando-se com sake.

— Já deu! Todos se separando já! Matsumoto, não deveria estar fazendo o trabalho? - O tom de repreensão vindo de Hitsugaya Toushirou era impossível de não reconhecer.

— Mas capitão! Eu já fiz tudo! - A loira possuía um pequeno bico nos lábios, com as bochechas rosadas pelo álcool.

— Fez?! Matsumoto, tem uma pilha de papeis na mesa!

— Ah, mas capitão! Eles se assinam sozinhos! - Tentou se livrar da culpa.

— Ah, Shiro-chan... Deixa a Rangiku-san ao menos uma vez, hm? Ela está se divertindo tanto, e o Abarai-kun estava contando uma piada super engraçada! Por que não se junta a gente? - Hinamori não demorou a pegar na mão do amado.

Estavam namorando há sete anos já, três anos após o final da guerra. Decidiram ir devagar com o relacionamento, especialmente quando Hinamori ainda estava meio abalada após ser magoada inúmeras vezes por Aizen. Não que ainda admirasse o antigo capitão, mas passar por incontáveis experiências de quase morte como ela iriam deixar qualquer um receoso ao mínimo toque vindo de outra pessoa.

— Ok, ok... - Suspirou. - Mas essa confusão tem que acabar já! Vocês, vão pro seus esquadrões!

oOoOo

Uma atmosfera escura rodeava o local, praticamente impossível de ver aonde era a porta de entrada ou saída. Mas havia uma. Ele sabia que havia.

Dez anos haviam se passado e mesmo ajudando a derrotar Yhwach, fora preso novamente. Claro, apenas ajudou para seus próprios objetivos.

Ninguém seria o Rei além dele.

E olha aonde estava: preso novamente. Fitas negras o prendiam, com vários selos brancos o prendendo a uma cadeira. Aizen Sousuke estava preso há anos, e consequentemente a calma em Seireitei reinava.

E então, tudo ficou preto.

Não havia mais cadeira, não haviam mais selos. Não havia mais Aizen.

Aquilo tudo era falso. Mentira. Uma ilusão. Para a maioria, ele ainda estava lá. Preso. Deixando todos seguros.

Passos foram dados em direção a uma sala completamente branca, e a ponta de seus dedos tocaram contra uma enorme cortina, abrindo assim espaço para si.

Houve um breve arregalar de olhos castanhos, não poderia acreditar no que via.

Era tudo o que mais havia desejado. Seu destino final, seu trono. Ele havia conseguido.

oOoOo

— Vai começar, vai começar!

Uma luta de boxe começara a ser transmitida pela enorme televisão, e Ichigo e seus amigos aplaudiram ao ver que Chad havia dado o primeiro golpe.

— Quem diria que meu filho teria amigos tão fortes! - Isshin também estava lá, aparentando surpresa embora soubesse que todos ali eram mais fortes do que sabiam. - Mas quem liga quando se tem uma terceira filha tão linda! Não é, Rukia-chan?!

— Olha as indecências, velho! - Ichigo retrucou.

— Que filho mais mal criado! É pra isso que tenho três filhas maravilhosas!

Estavam todos lá. Ichigo, Rukia, Yuzu, Karin, Orihime, Ishida. Até mesmo Ryuken, a quem Isshin havia praticamente forçado a ir. Byakuya havia sido convidado por Rukia, mas negara de sua forma. Ainda assim, havia enviado uma surpresa para a irmã: Um bolo decorado com um Chappy imenso, seguido de um coelhinho do mesmo personagem de pelúcia e brinquedos para as crianças. Sabia que iria agradá-la. Por mais que negasse, era um irmão atencioso.

Ainda assim... Faltavam mais duas pessoas.

— Ei, Rukia. O Kazui e a Ichika ainda estão brincando?

— Uhum. - Balançou a cabeça positivamente. Só fazia isso quando não sabia dar uma resposta concreta.

oOoOo

— Finalmente peguei você!

A ruiva sorria vitoriosa. Adorava ganhar, principalmente quando era uma brincadeira com o irmão. Ainda assim, faria de tudo para protegê-lo. Era seu dever como irmã mais velha.

Kazui nada disse, apenas olhando curiosamente para uma pequena bola escura.

— Kazui?

Continuou em silêncio, movendo seus dedinhos em direção à bola. Pegou-a, e quase que instantaneamente havia ganhado a forma de um shinigami, com uma espada que lembrava um pouco a antiga de seu pai.

— Olha, Ichika! Virei um shinigami de novo! - Sorriu contente, vendo que a bola havia agora desaparecido.

A mais velha apenas riu e, tão facilmente como havia acontecido com o irmão, também se tornara uma shinigami. - Eu sei, bobo! Também sou uma!

— Ei, seus pestinhas! Como vieram parar aqui?! Eu juro, se os pais de você descobrirem...

A dona da voz em questão era Sarugaki Hiyori, que havia ficado no mundo real junto com o resto dos outros Vaizards. Fazia algumas semanas que não via o casal Kurosaki, visto que Ichigo havia tornado-se capitão do esquadrão oito - Kyoraku era comandante, afinal - e Rukia havia assumido o posto de seu falecido capitão. Ainda assim, passavam mais tempo no mundo real do que lá.

oOoOo

A campainha tocou. Rukia franziu a testa, ninguém fazia ideia de quem poderia ser. Ao abrir, Hiyori havia aparecido junto com seus amigos Vaizards junto de Ichika e Kazui.

— Mamãe, mamãe! Você se importa de eu ter chamado a Hi-Chan e os amigos dela? - O pequenino correu para abraçar sua mãe.

— Claro que não, meu amor... - Sorriu terna. - Vocês querem entrar? Estamos vendo a luta do Chad. - Ela também o chamava pelo apelido, pelo que parecia.

— Hi-Chan?! - Parecia indignada, embora no fundo tenha gostado do apelido. - O fortão? Mal conheço... - Deu de ombros.

— Só entrem logo!!!! - Ichigo gritou do fundo.

E tudo estava animado como sempre. No final, eram momentos como aquele que faziam todas as suas lutas terem valido a pena. Risadas, alegria e até mesmo pequenas discussões que não magoavam, cercado de pessoas que apenas queriam o bem uma das outras...

A chuva finalmente havia parado.


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Notas finais do capítulo

Cá estou eu... Completamente em negação pelo final de Bleach. Esse mangá (e anime) que foi parte da minha vida desde que eu tinha nove anos, e que sempre foi tão especial pra mim como uma enorme parte da minha infância. Com personagens que ajudaram a me melhorar como pessoa, e que me proporcionaram emoções incríveis. Por inúmeras fanfics mega divertidas que, desde 2008, comecei a ler e ainda acompanho algumas atuais até hoje! Por várias amizades que fiz graças a esta obra incrível, e vááááários fakes de orkut que fiz para os personagens. Por uma amizade (e amor, ehehe) incrível como IchiRuki. Não estava preparada para o final do que é e sempre foi meu xodózinho, mas aconteceu. E, de certa forma, ou ao menos pra mim (shipper hardcore de IchiRuki), foi... Frustrante. Agradeço a Kubo por ter criado Bleach, e ter continuado por tantos anos o que foi a alegria de muitas pessoas, incluindo a minha. O que me alegrou nos dias mais tristes.

Aqui eu escrevo uma one-shot sobre como gostaria do mangá ter terminado, ou ao menos uma reescritura do que foi o último capítulo. Muito faltou ser explicado, e isso eu nunca irei conseguir escrever. Espero que Kubo um dia explique as partes que faltaram neste último capítulo e... Bleach vai deixar muitas saudades!

P.S: Estou pensando em escrever um segundo capítulo para incluir o final de mais personagens. O que acham? Muitos ainda faltaram, e iria ficar enorme para uma one-shot ahaha. Por enquanto a fic está acabada, mas se vocês quiserem posso fazer um ou dois capítulos falando mais sobre o final! Ou ao menos o que eu queria que tivesse acontecido ahahaha.

Estava com um bloqueio imenso para escrever, mas realmente senti que deveria ao menos fazer uma tentativa depois desse final. E aí, o que acharam dele? Gostaram? Sentiram que fechou com chave de ouro ou que faltou algo? Estarei aqui para ouvir suas opiniões! Comentários/Reviews são sempre bem aceitos e me encorajam a escrever mais no futuro!

Beijos,
Scodelario.



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