Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 9
Mourning


Notas iniciais do capítulo

O Luto se instala. O próximo passo é dado. E o terror não é mais apenas um gênero, é agora algo que faz parte de Ashville.



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O Caixão descia lentamente para o fundo, enfeitado com flores, Alamandas Roxas. As preferidas de Stacy. Claire segurava um punhado delas junto ao peito e suas lágrimas escorriam por baixo dos óculos escuros. Era incrível como enterro estava lotado. Quase o colégio inteiro estava lá, era tanta gente que muitos não conseguiam nem ver o caixão. Claire olhava para todas aquelas pessoas, pensando se, quando morresse, seu enterro também estaria cheio assim. Ou se desceria para as profundezas sem ninguém para se lembrar dela. Nem mesmo Jill ou Juliette receberam tanta atenção. O Clima estava mudando. Aquele calor que arrebatara a cidade das montanhas durante toda essa semana, estava sendo lentamente trocado por um clima nublado, ainda que sem chuva, o céu começava a dar indício das trevas que pairavam sobre Ashville. O Fantasma ainda está por aí. E Matará de novo. Irá derrubar um a um, como peões num jogo de Xadrez, todos os 13 jovens restantes daquele círculo. Ao lado de Claire, Alissa e Marty pareciam sofrer ainda mais com tudo aquilo. Anna estava do outro lado, de frente a eles. Ainda resistindo a ficar perto das meninas, pensando em seu próprio bem. Ela não falou com ninguém o dia todo. Expressava sua imensa tristeza fazendo seus olhos fugirem o tempo todo de Claire. A Loira, jogou as Alamandas sobre o caixão, quando este já estava na mesma altura do gramado. Ela foi a primeira, os restantes repetiram o gesto. Stacy era colocada em descanso eterno, enquanto a multidão se dissipava. Claire não tinha coragem de olhar para a mãe e o pai da garota, Muito menos Marty.

Entre os últimos que se aglomeraram para se despedir de Stacy, estava Edward. Bem lá trás, tentando levantar a cabeça para ver alguma coisa, quando percebeu que todos estavam se virando e indo embora. Ele se afastou também, ainda que mais lento, ia numa direção diferente, saindo da frente daquele monte de pessoas que vinham em sua direção, como se desviasse de um tsunami. Se afastando de toda aquela gente que partia andando na mesma direção, encostou numa árvore, tentando ver se achava Dylan no meio de tantas roupas pretas praticamente idênticas.

—Sinto muito por sua perda. -A voz de uma mulher surgiu ao seu lado. O menino se virou, se deparando com uma morena, uma mulher mais velha e séria, que segurava um sobretudo enrolado nos braços.
—Ah... Obrigado.
—Sou Evelyn. -Disse ela estendendo a mão.
—Ahm... prazer.. Edward. -Ele a cumprimentou, um pouco sem graça. Não esperava que uma estranha viesse puxar papo.
—Eu sei.
—Sabe.. o quê? -Ele perguntou, surpreso.
—Eu que você é Edward Graim.
—E.. o que exatamente você quer? -Perguntou ele um pouco desconfiado.

Ela tirou uma das mãos debaixo do sobretudo que carregava entre os braços, levantando-a mostrando seu distintivo do FBI.

—Estou trabalhando com o Xerife.

Ele a fitou, com medo. Achando que estava sendo considerado um suspeito bufando.

—Acalme-se, menino. Não estou aqui para te prender.
—Ah... então, o que é?
—Preciso de informação, apenas.
—Devia falar com a Claire...
—Ela não vai me contar o que sabe. Nenhuma delas vai.
—E por que não?
—Eu conheço um mentiroso quando vejo um. Sou boa nessas coisas. Ontem fui no hospital ver uma amiga de vocês. A garota só faltou mentir o próprio nome. Elas estão se protegendo. Isso é normal.
—Ah é?... Hum... legal sua história. -Respondeu ele com cinismo. -Mas, se não se importa...

Edward estava prestes a se retirar, quando Evelyn o agarrou pelo braço:

—Ainda não terminamos.
—Me solte.
—Edward. Quem você acha que vai morrer amanhã? Ou.. depois de amanhã?..
—Eu não estou te entendendo moça.
—Só estou dizendo, com todo respeito, acredite. Não queremos ver você ou seu irmão ali no centro, correto?
—Isso é uma ameaça?
—De maneira alguma. É uma intervenção. Estou aqui para pegar um assassino. Que de repente pode decidir vir atrás de você. Ou do seu irmão por exemplo. E ele não vai parar...
—Moça, aqui não é lugar para falar disso.
—Prefere me acompanhar até a delegacia, então?

Ele a fitou de modo tenso, não havia escapatória.

—O que você quer, dona?
—Essas garotas irão morrer antes de procurarem a mim ou o Xerife. Eu posso ajudar a acabar com esse pesadelo. Mas por enquanto estou no escuro. E enquanto eu continuar assim as cegas, vocês não estarão a salvo. Preciso que me conte o que sabe.
—Não posso... -Edward derramou pequenas lágrimas.
—Eu sei, que vocês são muito amigos. Pense nisso. Você estará protegendo elas. Elas não precisam saber.

Ele se virou para Evelyn chegando próximo a seu rosto falando mais baixo.

—Se algum de nós fizer qualquer coisa, já era. Acabou.
—Eu sei... conheço esse tipo de maníacos. Acredite, lido com eles todos os dias da minha vida. -Evelyn dizia tudo de modo doce e manipulativo, usando as táticas que aprendera, passando a mão no ombro do garoto, como se consolasse sua dor, e fazendo um papel maternal, que transparecia segurança, a Detetive continuava: -Mas se a única chance que vocês tem, é não reportando o que sabem... então, você tem a minha palavra de que nenhum policial ficará sabendo. Jesus, eu esconderia até mesmo do Xerife. Vou estar à espreita, ninguém vai saber. Se ninguém souber, o assassino não saberá... eu estarei lá, na hora que ele atacar. Ele nem vai ver o que atingiu. E Game Over, vocês vencem.

O garoto ficou cabisbaixo, tentando dar uma resposta.

—O que me diz? Ninguém vai saber... e ninguém saberá o que você me disser.
—Okey...
—Me conte o que sabe...

Anna abria a porta do carro estacionado na frente do cemitério. Entrou se sentando no banco de trás fechando a porta com força, se acomodando no banco enquanto olhava pela janela seu Pai cantando uma mulher estranha. "Isso é um enterro, pelo amor de Deus!", ela fixava os olhos nele com raiva. O Sujeito, de costas para o carro nem percebeu a desaprovação de sua filha. Anna foi um pouco mais pra frente, para se ver no reflexo do retrovisor para ver se a maquiagem estava muito borrada de tanto chorar ou não, quando foi interrompida por seu celular que tocou. Se inclinou um pouco para o lado, retirando o aparelho do bolso traseiro, atendendo sem nem olhar a identificação:

—Alô?
—Hahaha.... aí está ela. Aquela que fugiu.
—Quem fala?
—Ás vezes, as coisas são exatamente como dizem as frases clichês dos filmes de terror. "Você pode fugir, mas não pode se esconder".

Anna, percebendo que era "ELE" quem estava do outro lado da linha, gelou. Voltou o olhar para seu pai do lado de fora do carro, estendendo a mão para abrir a porta:

—Fique onde está. Antes que alguém mais se machuque.

Ela obedeceu, recuando e olhando em volta através das janelas, tentando ver se alguém suspeito estava com um celular.

—O que você quer? -Ela dizia tremendo em pavor.
—Eu quero ir para o segundo ato.
—Não estou entendendo....
—Oh, claro. Permita-me. O primeiro ato de um filme de terror, Anna, é onde se apresentam os personagens. Claro, primeiro, você tem que dar ao público uma cena de abertura que arrebente as portas... esse crédito vai para Jill. Eu deixei vocês montarem teorias, ficarem quietinhas por um tempo, deixando vocês evoluírem. Mas a questão é, você não são tão interessantes assim de assistir...
—E o segundo ato?... -Perguntou ela, ainda que temendo pela resposta.
—É essa a hora em que contentamos o público.
—Como?... -Anna estremeceu.
—É a hora da grande desenvoltura Anna. O massacre. Neste ponto, todos os coadjuvantes da trama são mortos nas formas mais absurdas o possível. É o que todos estavam esperando desde o começo... as Vadias, os Nerds, os Atletas, os Drogados, o Palhaço, todos são eliminados, até que a "Mocinha" seja deixada para o 3º ato. Mas cá entre nós, não há nenhuma "Mocinha" aqui, e estou sendo obrigado a desviar dessa linha e deixar com que vocês mostrem seus próprios instintos de sobrevivência, Vamos ver quem será o último de pé nesse palco...
—Seu doente.. eu não vou entrar no seu jogo..
—Não precisa, Anna. Você pode ficar onde está. Se afastando de seus amigos, deixando-os para morrer. Mas fique sabendo, que no momento você não passa de uma figurante, não há lugar para figurantes nesse filme de terror... essa é uma regra que pretendo seguir. Ou se entra no jogo, ou o jogo entra em você, se entende o que eu digo...
—Escuta aqui, seu maluco. Se você vier pra cima de mim, eu acabo com você...
—Humm... eu gosto de um improviso.
—Por favor, me deixe em paz.. eu não... eu não tenho nada a ver com isso.
—Tudo bem, Anna. Quando um personagem não tem muito desenvolvimento, o mínimo que ele deve fazer é contentar o público com sua despedida...
—O que você quer dizer disso??
—Até mais...

Ele desligou. Anna ainda estava com o celular grudado na orelha, sentindo que seu coração estava prestes a pular para fora do peito. O que ele quis dizer com tudo aquilo? Ela seria a próxima? Seria deixada em paz?

Dylan se aproximava de Edward, vendo que ele estava conversando com uma estranha:

—Hey, Ed...

Ele se virou para o irmão:

—Oi...
—Está tudo bem?
—Está sim...

Evelyn tocou seu ombro:

—Eu vou indo. Fique bem. Obrigada.

Ela passou direto por Dylan sinalizando um "Olá", ele retribuiu meio seco se voltando para Edward:

—Quem era?
—Ninguém..
—Estavam falando sobre o quê?
—Nada. Ela ficou aqui enchendo o saco, puxando uns papos nada a ver.
—Eu hein.
—Pois é... vamos?
—Bora.

Dos dois seguiram em frente, sem perceberem Bianca saindo de trás da árvore, os olhando fixamente de braços cruzados. Ela ouvira cada detalhe da confissão de Edward para Evelyn.

Amelie caminhava pelo cemitério, se afastando de todos quando sentiu um pingo em sua cabeça. Ela olhou para o céu nublado esticando a palma da mão, sentindo um segundo pingo, que confirmava a tempestade que estava por vir. Voltou seu olhar para frente, apressando os passos:

—Chris... -Chamou ela, vendo o parado em pé de costas com as mãos voltadas para trás. Ele não se virou atendendo seu chamado. Continuava olhando fixamente para uma lápide. Amelie chegou mais perto tentando ler o nome:

—Chris?... -E seus olhos contemplaram o nome "Jill Hardesty". Amelie passou seu braço por dentro do de Chris, que entregava um olhar triste.
—Steve me culpa...

Ela deitou a cabeça no ombro do garoto:

—Eu não.
—Eu vou acabar levando a culpa, sabia?... É só questão de tempo até me algemarem.
—Se quer alguém para conversar. Saiba que, eu estou aqui. Não vou te abandonar.
—Sua irmã. Ela...
—Ela não vê. Bianca ás vezes, fala e age antes de saber a história toda.
—É, não me diga.
—Mas eu não. Eu não julgo ninguém. Bianca, é o tipo de pessoa que julga o livro pela capa. Já eu leio até o final, antes de tirar uma conclusão.
—Isso é bom... Só me pergunto se estaremos aqui ainda no final... Se alguém vai poder nos ler e tirar conclusões certas. Ou se vão nos julgar pela capa. Estou com medo. Com medo de que, o povo pense que sou eu quem está fazendo tudo isso. O que é melhor? "Viver como um monstro? Ou morrer como um homem bom?"
—Ilha do Medo... -Disse Amelie sorrindo, percebendo que o amigo tirara a frase do filme.
—Você viu esse filme? -Perguntou Chris, sorrindo um tanto surpreso. Amelie sorriu de volta respondendo:
—Claro... não é só porque sou uma garota que dorme com 5 ursinhos de pelúcia que não quer dizer que eu não goste de filmes de terror...
—Ilha do Medo não é filme de terror...
—É sim.
—Não!
—Claro que é!
—Você é doida.
—Chris.. filmes de terror não precisam ser sobre mortes, fantasmas ou garotas de camisola branca que torcem o pescoço e vomitam verde.
—Ah é mesmo? -Disse ele rindo.
—É... terror é um gênero um pouco... incompreendido. As pessoas o tratam como se fosse algo pra "Se assustar" e acabou. Entram no cinema, pagando o ingresso como se o Slogan do filme dissesse "Tenha um infarto ou seu dinheiro de volta"....
—Ué... mas, terror tem que assustar, não é mesmo?
—Não.
—Como não?
—O gênero de terror, evolve, expressar suas fantasias mais sombrias. -Ela dizia num tom doce.
—Em que sentido?
—Por exemplo... imagine que você está com seus amigos.. acampando. Ouvem aquele barulho do lado de fora da barraca. Mas, monstros não existem. Você sabe que é só uma coruja. Ou um animal, ou o vento derrubando um galho frágil. Mas na sua mente, você para e pensa: "E Se?"... é sobre isso que o terror fala. É sobre esse "E Se?..". Ninguém gosta de se assustar. Ninguém se assusta de verdade vendo um filme de terror. O "Medo" que talvez os filmes passem, tá mais pra Adrenalina do que medo em si. É um desconforto seguro, em quantidade bem moderada. Senão, a plateia passa mal. O Cinema tem suas regras, do que pode ou não ser mostrado, e como. Há um limite para tudo. Muitas vezes, quando a cena ou o tema é muito grotesco, eles lotam o filme com humor, e piadinhas, para amenizar. Querer sentir "Medo" num filme de terror? Isso não existe, o que existe é uma adrenalina, e um pouquinho de tensão, mas bem pequena.
—Mas e quando tem aqueles sustos escandalosos? Como quando, a mão de um fantasma surge do nada e pega no braço da protagonista? Isso dá medo cara.. a galera salta da poltrona.
—É... Mas eles saltam por que a mão do fantasma pegou a protagonista e eles temem por ela estar em perigo? Ou eles saltam da poltrona porque um efeito sonoro altíssimo surgiu do nada? Na maioria das vezes, esse susto é por causa de um barulho muito alto inserido na trilha sonora, e não por causa do acontecimento em si. Essa tática se chama "Jump Scare". É um truque muito barato e capenga que não precisa de nenhum esforço e talento por parte do cineasta, geralmente é usado em filmes de terror com censura para maiores de 13 anos, porque neles, não se pode mostrar violência nem coisas grotescas então compensam com sustinhos. Na cena, tudo fica silencioso, ninguém fala, não há som. E uns 5 segundos depois.. "Bang!" Um barulho alto acontece. Qualquer som repentino pode dar um susto numa pessoa, o filme nem precisa ser de terror pra isso acontecer. Se o diretor introduzir isso num filme de ação, ou numa comédia, as pessoas vão saltar do mesmo jeito. Susto é susto, se pegar de surpresa, haverá uma reação. Mas isso não significa que o filme é assustador. Só significa que o diretor não fazia ideia do que colocar na cena, e por falta de enredo e coloca um sustinho, a menos é claro, que o susto em questão, venha com algum acontecimento importante na trama, aí é até aceitável, mas se acontecer toda hora, tipo, quando o filme se concentra nesses sustos de 10 em 10 minutos, é aí que mora o problema. Uma quantidade exagerada disso, vamos supor, mais de 5, é porque o filme provavelmente está tentando te distrair para que você não perceba o quanto a história é boba, ou o quanto a direção é ruim e o roteiro é pobre hahaha.
—Faz sentido...
—Medo faz as pessoas passarem mal, ter palpitações, suarem frio, vomitarem, não é uma sensação agradável, e ninguém pagaria uma nota no ingresso para isso... Ninguém gosta de sentir medo de verdade. Se gostassem, estariam jogando roleta russa não é mesmo?
—Hahahahah -Chris gargalhou. -É... você tem razão. Ninguém gostaria de jogar roleta russa...
—Claro que não!... Porque dá medo! Mas isso é também uma questão de gosto. Uma pessoa que não tem curiosidade pelo macabro, não consegue se divertir com o gênero. Mas, para quem gosta, Filmes de terror servem para divertir. É seguro, você sabe que nada de mal vai acontecer com você. Que o monstro é de papelão. E a história de terror, vai explorar os medos que nós, humanos temos. E Fazer os personagens da história passarem por ele, para que não precisemos. É feito para dar uma sensação de alívio. O Ser humano tem curiosidade pelo macabro. Pelo mal. Pela tragédia. Ele quer vê-la, Mas não quer vivê-la. O Filme é uma válvula de escape. Você sacia sua curiosidade pelo que é maligno, sem precisar precisar enfrentá-lo. É para isso que os personagens do filme estão lá. Ilha do Medo é sim um filme e terror. Leonardo Dicaprio passa um perrengue ali que ninguém gostaria de estar no lugar dele. E é uma ideia assustadora. Investigar um caso... falso. E descobrir que ao invés de estar no lugar do detetive, você na verdade é visto como o criminoso... que não pode confiar em ninguém, que não está seguro... e que a sua vida e de outros, não está em suas mãos...
—Assim como nós...
—Exatamente. -Amelie tirou o sorriso do rosto.
—Como sabe tanto sobre terror?
—A Bianca saía de casa todo fim de semana. E eu ficava com vergonha de pedir pra ir junto. Sabe, é difícil pra eu conseguir me enturmar.
—É... eu sei... mas então você passava o tempo..
—Assistindo filmes. Pois é...
—E por que terror? Por que não, comédias?
—Eu gosto de comédias... gosto de ação, gosto de fantasia.. mas terror.. terror tem todos esses gêneros juntos. Ele é completo. Tem comédia, e quando é engraçado, é realmente engraçado hahaha, porque é absurdo. A situação que devia ser tratada de forma séria, o filme vai lá e faz piada, fica dez vezes mais divertido que uma comédia por assim dizer... e ele tem ação, perseguições intensas, e tudo mais. E Fantasia, ele explora outros mundos, submundos, criaturas fantásticas... terror é onde todos os outros gêneros se encontram em um só. Mas ele é mais poderoso. Num filme de comédia ou de aventura, você sabe que vai acabar tudo bem. No terror não, nele há essa dúvida. Todos podem morrer ou viver... você tem que ver até o fim para descobrir, o que torna mais emocionante. No romance, você sabe que o casal vai viver feliz para sempre, ou que um dos dois morrerá de forma trágica para fazer as adolescentes sofrerem. No terror não, talvez Jason saia da floresta do nada e acabe com eles, ou talvez não... de novo, você tem que ver até o fim para descobrir. Na ação, você sabe que o herói vai saltar de um prédio e nada vai acontecer com ele. Já no terror, quando o povo está em perigo... estão realmente em perigo! Na fantasia, quando os personagens enfrentam o vilão, você sabe que ele perderá no fim numa batalha épica, e que o bem prevalecerá. Caramba as pessoas viram todos os 8 filmes de Harry Potter já sabendo que ele derrotaria o Lorde Voldemort no final! Hahaha... mas no terror, quem irá vencer? Vilão? Ou mocinho? Nunca se sabe.... viu? É mais emocionante. Só não estou gostando de viver isso...
—Mas e quanto a nós, Amelie.. Quem você acha que vai vencer? -Chris ficou sério. -Vilão? Ou Mocinho?
—Eu não sei...
—Eu preciso conversar com você.
—Quando quiser. -Disse ela, abraçando-o.
—Pode ser hoje?
—Claro..
—Você disse que quer saber a história toda antes de julgar. E, se você puder convencer a Bianca de que eu não sou um maníaco...
—Chris. Confie em mim.
—Pode me encontrar hoje, depois que eu sair do trabalho?
—Você ainda trabalha na cafeteria?
—Sim. Eu saio as 20:00 agora, por causa do toque de recolher.
—Tudo bem, te encontro na frente da loja?
—Sim. Eu espero você hoje lá então?
—Com certeza.

Os pingos de chuva foram ficando mais fortes. Os dois se afastaram da lápide de Jill. Apertando o passo indo em direção a saída do cemitério. Chris perguntou:

—Você ama Steve, não é?
—Não vou negar.... -Amelie ficou um pouco constrangida. -Amo sim. Mas, nem sei se ele ainda vai querer alguma coisa.
—Vocês já não estavam ficando?
—Não... assim... a gente conversava, como eu e você agora. Mas, ele nunca tomou a devida atitude. E sei que ele não é tímido. E Francamente, não sou cega. Sei quando alguém está interessado e quando não está.
—É... eu não queria ter que dizer isso, mas... se Steve quisesse... já teria feito alguma coisa.
—Eu sei. Não se preocupe. Não podemos ter tudo o que desejamos. E não posso forçá-lo a nada. Acho que, vou ter que simplesmente aceitar.
—Nossa... estou impressionado.
—Com o quê? -Ela riu.
—Com esse seu lado que eu não conhecia.
—Eu fico meio sem graça quando estamos em turma.
—Meio? Tá mais pra muito!
—É que. Eu não tenho muito do que conversar. E tenho medo que vocês achem que meus assuntos são chatos. Que eu seja chata... e é isso. Fico com medo.
—E ninguém gosta de sentir medo, não é mesmo? -Ele perguntou, se referindo á conversa deles sobre filmes.
—Hahaha viu?... você aprende rápido. Não é o atleta burro que todo mundo pensa que você é.
—Pensam que eu sou burro?
—Há.... é só um costume. Todo mundo geralmente pensa que o cara bonitão jogador, não tem nada na cabeça. Ou sentimentos..
—É.. quem me vê chorando do jeito que chorei ontem e hoje, vai pensar que estou possuído pela Lana Del Ray....
—Hhahahah -Amelie gargalhou. -Essa foi demais.
—E você não é chata, Amelie. E não precisa se enturmar se não quiser.
—Olha, do jeito que as coisas vão... eu praticamente não queria me envolver. Mas.. você me ajudou com Steve. E você é um amigo bom. Estou aqui se precisar.
—Mesmo com um Serial killer á solta? -Ele perguntou sarcástico.
—Minha calcinha pode estar borrada de medo, mas sim hahah!
—Você é uma peça.
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Evelyn estava tomando um chá com Nicholas em sua casa. A Chuva já caía do lado de fora e as janelas da cozinha pareciam ser lavadas por completo.

—Eu consegui um informante. -Evelyn disse levando a caneca até a boca.
—Quem?
—Edward Graim. -Ela respondeu após dar um gole.

Nicholas se sentou á mesa.

—Eu quero que tome cuidado, Ev.
—Eu sei cuidar de mim, bobo.
—isso é fato. Mas qualquer um daqueles garotos pode ser o nosso assassino.
—Ah, por favor..
—Até mesmo Edward Graim.
—Algo que eu deveria saber?
—Não, nada em particular. Mas você sabe como são essas coisas. Quando não se tem um suspeito, todos são suspeitos.
—Eu tenho algo pra te contar Nicholas.
—O quê?
—Estão subindo várias Hashtags no Twitter com "#SaveAshville", ou "#FantasmaDeAshville.
—Oh meu Deus...
—O FBI vai entrar no caso.
—Não acredito.
—Pode acreditar -Disse ela dando um sorriso pretensioso.
—Por que está sorrindo?
—Porque sou a primeira Agente a chegar na cidade...
—E?
—E? Que isso me dá autoridade no caso.
—Evelyn! Isso é ótimo!! -Nicholas suspirou feliz. -Sério, isso é muito bom!
—Agora você vai ter que me aguentar.
—Com todo prazer!
—Pois então. Você deve isso á esses garotos. O Caso ainda não está na mídia, e se eu fosse você, manteria assim, quieto. Só essa pequena agitação no Twitter já foi o suficiente para chamar a atenção do FBI. Mas se isso vier a público, e Ashville acabar nos noticiários nacionais... teremos um problema.
—Como?
—Bem, -Ela deu mais um gole no chá. -Enfrentaremos dois perigos. Serial Killers, ou Assassinos ocasionais, matam mais quando tem estímulos. E Deixá-lo famoso é um estímulo. Assassinos gostam de chamar atenção, e não podemos dar isso a ele. Se dermos um título a ele, e 20 minutos como assunto no noticiário, ele pode se sentir compelido a matar muito mais.
—Jesus...
—Vou fazer o possível para manter essas mortes embaixo do tapete. Vamos ficar na nossa, dando a parecer que somos incompetentes. Vamos deixá-lo, por enquanto se sentir imbatível. Logo, quando ele perceber que não está recebendo atenção, vai deslizar.. eles sempre deslizam.. cometem "erros" propositais, deixam pistas demais para trás, como se implorassem para serem perseguidos. Eles gostam de serem estudados, que alguém se interesse pelo que eles fazem. É Como uma criança mimada. Se você não dá atenção, abre o berreiro. Por isso, vamos esperar ele chorar. E baby, quando ele fizer isso, estarei com a cabeça dele na mira...

Evelyn se virou, olhando a água escorrendo pela janelas. Era como se o céu de Ashville chorasse. Chorasse pela perda de inocentes. E pelo horror que estava por vir. Hoje foi um, de muitos dias de luto pela frente. Mesmo querendo acreditar que não, no fundo todos sabem, principalmente os 13 adolescentes restantes. As coisas iriam de mal a pior, porque nesse momento, não importa em quem se confia, em quem se ama. Quem você é ou deixa de ser. Apenas o instinto de sobrevivência, irá dar de presente o sucesso contra o fantasma que hoje assombra a pacata cidade das montanhas...

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Entramos nos segundo ato, os jogos ficarão frenéticos. Segurem-se! Amanhã tem mais galera! Não se esqueça de comentar o que achou. E o que você acha que vai acontecer a seguir? E Fique à vontade para deixar sua teorias haha



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