Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 30
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

É o fim galera. Hora de nos despedirmos. :) Muito obrigado! Fiquem com este pequeno epílogo.



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O Sol se mantinha fraco naquela tarde. Uma semana havia se passado. Ashville se tornara o centro das atenções para a mídia, sendo comparada com Woodsboro e seu massacre infame. A Cidade havia sido arrebatada pelo enredo de um filme de terror que custou a vida de muitos jovens. Mas que aproximou à todos em solidariedade, todos eram iguais, e nem mesmo uma formiga seria vítima de desprezo. Eram todos cúmplices de uma forma de bondade que os diferenciava do assassino mascarado, o monstro que espreitou a cidade nas sombras durante essas semanas de horror. As intenções de Juliett ficaram claras, o FBI retornara a cidade naqueles dias, para tirar as conclusões dos depoimentos finais dos sobreviventes do incidente. Hoje, foi a cidade das montanhas, e amanhã, onde será? Por mais que sequências e remakes desse massacre surgissem, a força tarefa não pouparia esforços em rastrear os passos do próximo assassino que começaria uma onda de frenesi, que poderia se dar início em qualquer lugar do mundo, em qualquer cidade ou qualquer esquina. E começaria então, uma nova perseguição ao redor do globo para frear o reinado de terror do fantasma que tornaria a fazer as suas ligações infames, arrebentando laços de amor e amizades sob o disfarce de um adolescente. Mas o pesadelo havia acabado para Ashville com louvor. Intitulada de "Final Girl", Claire Ripley hoje tinha a honra de um discurso que incitaria a paz e a harmonia nos corações despedaçados pela faca de caça do fantasma.

Era no colégio de Ashville High que o evento se dava. No auditório, alunos, pais e professores no momento mantinham-se em silêncio lotando os acentos daquele teatro do colégio, que volta e meia era iluminado com flashes rápidos de fotos sendo batidas pela imprensa, que como vermes se mantinham curvados aos cantos do local, tendo uma fortaleza de câmeras enfileiradas transmitindo a coisa toda ao vivo para o país todo.

Na fileira da frente, estavam os pais das vítimas do agora chamado "Massacre de Ashville", usando camisetas com os rostos estampados de seus filhos e sobrinhos mortos. Ao canto como incógnitas, os pais de Juliett e Steve choravam cabisbaixos envergonhados e humilhados, como se implorassem pelo perdão alheio ao usarem também uma camiseta estampada com os rostos de todas as vítimas. Mas nenhum olhar se voltava para eles, não importa o quanto sentiam a humilhação sobre seus ombros.

Edward, Amelie, Marty e Keaton se sentaram um ao lado do outro também na primeira fileira, de mãos dadas mostrando força e perseverança. Juntos, como nunca antes. Keaton com o ombro enfaixado por debaixo da blusa, mantinha um dos braços perto de seu torso, paralisado naquela cadeira tentando não fazer movimentos bruscos, tendo seus dedos entrelaçados com o de Marty. Assistiam Claire que caminhava no palco se aproximando de uma mesa alta com um microfone disponível, enquanto o diretor do colégio se afastava dando lugar à garota. De vestido rosa claro, fino como uma folha de papel e uma flor presa a uma pulseira em seu pulso, com um salto fino a Loira se aproximava numa caminhada magistral. Seus cabelos levemente cacheados nas pontas e todo seu visual, faziam com que ela lembrasse muito alguém, as pessoas só não conseguiam ligar os pontos quanto a quem. E isso fazia parte do número que a "Diaba" estava prestes a tirar da manga.

De olhos esperançosos, a plateia em silêncio mortal, esperava que a menina cabisbaixa soltasse suas primeiras palavras de conforto. Claire pigarreou diante do microfone, olhando a todos de cabeça meio abaixada por um instante, respirou fundo retornando a sua pose e soltou:

—Foi tudo culpa minha.

Os murmúrios no auditório foram inevitáveis, cochichos e cabeças que se viraram perplexas com o que a garota acabara de falar vinham como um estrondo enquanto ela esperava o silêncio retornar. Vendo que o mesmo não acontecia, falou em tom mais alto indicando um "Calem a boca":

—Foi tudo culpa minha!.... É Difícil ver como as atitudes e escolhas que fazemos, podem resultar em catástrofes futuras. Eu sei que vocês bunda moles esperavam que eu viesse e soltasse pombas da paz e acariciasse uma criança como uma fundadora de campanhas de Papai Noel, mas isso não vai acontecer. Eu sou Claire Ripley. E isso nunca vai acontecer. Mas estamos aqui, não para falar do futuro, mas sim, para apaziguar esse passado horrível. Que mais é um presente que não quer ir embora. Então pretendo ser bem franca. Nas últimas semanas, a nossa cidade foi amedrontada por um assassino. Houve praticamente uma dúzia de vítimas. Amigos, irmãos, pais, e filhos. Tudo começou numa noite quente, e um telefone que tocou. A Morte estava do outro lado da linha. Não demorou muito para que os membros do corpo estudantil do colégio Ashville High fosse arrebatado por uma onda de assassinatos. Enquanto a polícia estava sem pistas, mais um corpo aparecia a cada dia. Não sabemos como o destino funciona, mas sabemos que para cada ação, há uma reação. Eu fui essa ação. No momento em que eu decidi ser tomada pela inveja e raiva, eu condenei as vidas de seus filhos e irmãos. Mas, não adianta nos chamarem de crianças perante a Lei, não nos dando o direito ao voto, ou o direito de ter uma palavra confiável. Pois nós fomos vítimas, nós fomos mortos do mesmo jeito que um adulto. Os direitos da vida são diferentes para todas as idades, mas o direito a morte é sempre igual para todos. Podem me chamar de inúmeros nomes e ofensas, ou dizer que eu sou só uma adolescente de 17 anos falando merda num auditório com câmeras na minha cara. Mas a verdade é que, eu já sou velha o bastante pra saber quando a vida está vindo pra cima da gente com sede de sangue. Entendo seu luto, completamente. O que aconteceu aqui, foi um absurdo além das raízes lógicas. E nunca será esquecido. E realmente não pode! Não deve! Isso nos custou tudo. A nossa forma de ver o mundo, o nosso caráter. Fui madura o bastante para ajudar a acabar com uma onda de assassinatos mas não fui madura o bastante para aprender a dar valor a vida. Não fui madura o bastante, para saber amar antes de perder. Não fui madura o bastante, para aprender a agradecer antes de precisar pedir. E não fui madura o bastante, para controlar minhas ações. Eu posso sentir o peso de todos vocês, e de todos eles sobre mim. Viverei com um fardo do qual o inferno teme experienciar. Eu sou a pessoa que não conseguiu subir nesse palco e dizer algo bonito enquanto ouço todos aqueles gritos dentro da minha cabeça. Os choros, os pedidos de ajuda. Os gemidos de dor. E os passos desesperados na escuridão.

As lágrimas começavam a se mostrar no rosto da loira, causando uma comoção a nível aterrorizante.

—Mas eu sou aquela que subiu nesse palco, clamando pelo perdão, e pelo silêncio de todas as almas aflitas. E Faço questão de exalar aqui, minhas mais sinceras expressões para com todas as vítimas.

Claire pegou um bando de papéis em cima da mesinha, se preparando para ler o que tinha escrito.

—Eu quero começar, com Juliette Verwest. Uma garota estudiosa, extremamente inteligente e que sabia ler as pessoas. Juliette era uma garota que sabia o que queria, e que não merecia ter sido tratada do jeito que foi. Eu a invejava, era uma das mocinhas mais inteligentes que já conheci. Bonita, e confiante. Totalmente o oposto de mim, e ela tinha sorte disso. Eu quero falar... -Claire parou para segurar o choro por um instante, antes de dizer o próximo nome na lista, que pareceu destruí-la. -Eu... quero falar... de Stacy Mackormick. Stacy, era um exemplo de pessoa. E eu devia ter aprendido muito com ela. Stacy não se importava se você era negro, branco, gay ou hétero. Ela acolhia à todos em seus braços nem nenhum tipo de pré-julgamento. Ela era aquela que tinha o mundo em volta dela. Admirada por sua gentileza, bondade, carisma, beleza e tudo mais que faziam ser uma garota como nenhuma outra. Stacy... me perdoe... me perdoe por ter que ter encarado esse pesadelo. Eu nunca vou tirar de mim, os abraços que você deu e os sorrisos que você me presenteou. Stacy Mackormick era a estrutura que me mantinha de pé e que segurava a todos em suas asas de anjo. Quero falar sobre Christian Blum. Christian era um sonho inalcançável para todos ao seu redor. Ele tinha as qualidades que todos queriam ter, mas que eram possíveis apenas serem admiradas. O bom humor, a esperteza, um talento nato que teria um futuro brilhante. Que poderia ter escolhido o caminho que fosse na vida, e estaria nos matando de inveja anos a seguir. Mas não foi... por minha causa. Incompreendido, e injustamente alvejado. Christian Blum é o exemplo que serve para nos lembrar, que todas as coisas devem ser ditas. Que todos os mal entendidos devem ter resolução, e que todos merecem uma segunda chance. Quero falar sobre Evelyn Stockard. Que tentou nos proteger, uma mulher forte, disposta a cumprir seu dever da melhor maneira possível. Um exemplo de força e persistência, que ficará para nos lembrar, que não só a vida pode nos puxar o tapete a qualquer momento, mas também para nos lembrar, que nada, nunca deve servir de motivo para uma desistência. Minha sinceras condolências a família Stockard, e sua heroína que deve ser honrada. Assim como Anna Brooke, que foi uma das amigas mais preciosas que alguém se pode ter. Meiga, sensível, e com um carinho que sobraria para abraçar o mundo se seus braços fossem grandes o bastante. Anna Brooke, acabou sendo vítima do pior sentimento que existe. O Medo. E Sua memória é eterna, e nos ensina que o medo, nunca é o seu melhor amigo. Não é sobre o medo que nos domina, mas como nós dominamos o nosso medo. É o que você faz a partir dele. Anna nos deixa uma luz, para sempre optar pelas boas escolhas, não importam o quão assustadoras elas pareçam. Bianca Brody. Que foi uma garota que confiou em seus instintos até o fim. Sempre preenchia os lugares em que passava com seu entusiasmo, sua força interior e suas palavras sinceras. Uma menina movida pelo fogo, e pela vontade de viver e falar sobre a vida, algo que nunca podemos esquecer. Bianca fica para nos mostrar, que as nossas palavras tem poder, e que quando você se achar a pessoa mais insignificante do mundo, lembre-se, que a verdade sempre virá à tona. Bianca é o exemplo de que verdades devem ser ditas, não importa quais são seus obstáculos e lutas internas. E Seu pai, Nicholas Brody, permanece um exemplo de amor, proteção, lealdade para com sua comunidade, suas filhas.. e serve para nos lembrar, que até mesmo os derrotados, no fim eram guerreiros. Violet Fitzgerald, foi a menina que provou que as diferenças trabalham melhor juntas. Que nunca se deve julgar alguém por sua aparência ou classe social. E que as boas intenções, e as boas ideias, podem vir de onde menos se espera. A Resolução para os nossos problemas da vida, vem de direções de onde não estávamos olhando. E toda vez que se sentir incompleto, lembre-se, que a metade laranja, é sempre oposta. Violet é o exemplo de que a união pode quebrar todos os paradigmas que te impedem de ter uma vida feliz. Alissa Freeling, foi a pessoa mais fiel que já tive ao meu lado, uma amiga que muitos apenas sonham em ter. Corajosa, divertida, e disposta sair atropelando paredes por aqueles que amava, Alissa se torna o exemplo físico, de que o amor e a amizade tem três lados. O que você quer, o que você precisa, e o que dá forças para enfrentar o que você não quer. E por último, Dylan Graim. O irmão de todos nós. Dylan não tinha só o melhor sorriso do mundo, ou o olhar mais fofo que alguém poderia ter, ele era sinônimo de conforto. Era a mão que te segura e te mostra que está tudo bem. Que um simples gesto, de carinho ou de solidariedade, mesmo que pareça insignificante, pode fazer toda diferença no mundo. Porque quando a vida lhe tirar todas as mãos que lhe confortam, você sentirá falta daquela coisinha que antes parecia pequena e insignificante, e que hoje você percebe que era o que sustentava parte de sua vida. Dylan, fica para nos lembrar, a nunca parar de tentar. Nunca parar doar, de estender a mão, e mais importante, de nunca deixar o sorriso morrer. E Dito isso, eu, Claire Ripley, me sinto completamente culpada pela partida de todas essas pessoas maravilhosas. E não posso deixar de sentir, que o sangue deles está por cima dos meus ombros. Então por este motivo... eu vou fazer com que esse sentimento se torne físico, simbolizando a minha total admissão de culpa, num último gesto de perdão. E vou fazer isso de um modo que remeta o terrível enredo de terror em que fomos jogados.


Claire deu passos para trás, se afastando lentamente da bancada, se dirigindo ao centro do palco. Ao atingir a marca, proferiu em alto e bom som:

—Para que os gritos sejam silenciados. Para que o medo tenha fim. Para que a culpa finalmente vá embora. A Culpa de todo esse sangue inocente, deve ser jogada... em mim...

A loira fechou os olhos, enquanto por trás das cortinas, a mão de um estudante puxava uma corda. Foi possível ver os olhares se voltando para o topo do palco devido a iluminação que deixou toda a parte de cima em evidência, os holofotes se acenderam apontando-se de cima para baixo formando um arco em volta da garota, no momento em que um balde acoplado numa superfície de metal na parte superior do palco, se virou. Um líquido vermelho como sangue fora despejado como uma cachoeira de sangue, que atingiu Claire lhe banhando em um Splash fenomenal dos pés a cabeça. Agora sim o visual que ela escolhera se dava à ocasião. Ao estilo "Carrie - A estranha", Claire simbolicamente se banhou com a culpa de todos os assassinatos, sendo coberta por sangue de porco causando gritos e mais gritos na platéia. Ali, parada como uma assombração e de olhos vagos, foi alvejada por uma mistura de gritos e aplausos fervorosos, num golpe direto, que encerrava a situação em forma de filme de terror que recaiu sobre Ashville. Estática, sendo ensurdecida pelas vozes que berravam, e cegada pelos flashes de câmeras, o alvoroço atingira o ápice num gran finale que se tomaria com o silêncio e a calmaria que a cidade merecia.

Naquele dia, os gritos foram cessados para sempre. Claire Ripley, Edward Graim, Martin Patterson, Keaton Montgomery e Amelie Brody não eram somente sobreviventes. Eram a marca de uma amizade e união que superou o horror com cumplicidade, e coragem.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Por favor, comente o que achou! Deixe suas impressões finais sobre a história nos comentários! Cena de morte favorita, personagens favoritos, enfim, tudo o que te agradou hahaha Gostou, ou conhece alguém que pode gostar? Recomende! Também pode usar essa sessão de comentários para críticas (Desde que não sejam ofensivas.) De qualquer jeito, obrigado a todos que acompanharam! Amo vocês! E Sempre que quiserem uma história de terror, sabem onde encontrar! Bjos!