Deitada na beira da piscina, tomando Sol toda relaxada exibindo para o céu seu corpo molhado, usando apenas um biquíni preto com bolinhas brancas, estava Stacy. A Loira que só queria aproveitar o calor e se refrescar um pouco antes de ter que se arrumar para ir pro colégio. Completamente avoada nos pensamentos cantarolando de boca fechada, foi levemente distraída pelo som de um farfalhar de plantas. Se apoiou, levantando o torço, ainda com as pernas esticadas, tirando o enorme e até desproporcional óculos escuros para olhar quem era o responsável pelo som. Á sua frente, estava a pequena cerca que separava seu quintal do vizinho. Era ele quem fazia o som, cortando o excesso de folhas dos arbustos que já estavam da altura da cerca. Stacy sorriu vendo o garoto, Marty, um magrelo de cabelo bagunçado, que tinha que fazer uma força absurda para conseguir cortar alguns pequenos galhos com a tesoura de jardinagem. A Mocinha se levantou enrolando os cabelos para trás, colocando os óculos escuros na parte de cima do biquíni, motivada pelo bom humor e simpatia que sempre carregava consigo por onde quer que fosse. Sorrindo, se aproximou:

—Oi vizinho. -Disse com voz doce.

O Garoto quase não pareceu se importar, continuando a cortar o arbusto.

—Ahm... Marty?... -Tornou a dizer, temendo que ele não tivesse ouvido.
—O que foi? -Respondeu o menino parando sua tarefa, como se sentisse nervoso por ter sido interrompido.

Stacy ficou sem graça:

—Ahm... tudo bem?...
—Por que não estaria?.. -Respondeu áspero voltando a cortar ferozmente o arbusto com a tesoura.
—Não sei. Quer ajuda? -"Que pergunta idiota"-Pensou Stacy, ela de jeito nenhum queria ajudá-lo mas teve que falar alguma coisa, já estava tão constrangida que se tivesse um rabo ele já estaria se recolhendo entre as pernas.
—Hum..Ham... -Marty suspirou.

Neste momento, Stacy já estava se arrependendo de ter sido educada, sua expressão já estava ficando próxima de uma pessoa chateada.

—O Que você quer, Stacy?
—Nada... deixa... -Disse ela virando as costas cabisbaixa.

Marty percebeu que sua atitude fora grosseira e que machucou os sentimentos dela:

—Não, espera!

Ela parou, e se virou diante dele já um pouco mais feliz.

—Desculpa. -Disse Marty.
—Tudo bem... fica tranquilo. Eu não queria te atrapalhar.

Ele largou a tesoura. Encarando-a com aquela cara de "Estou decepcionado com você", que Stacy conhecia de longe.

—Marty, Eu queria dizer, na verdade que... eu não queria ferir seus sentimentos, em momento algum.
—Então por que parece que você tem vergonha de mim?
—Eu não tenho vergonha de você.
—Ah não? -Disse ele fazendo uma cara sarcástica de "Será?", e continuou: -Porque eu sei bem como o seu comportamento mudou durante esse tempo.
—Eu sei, é que...
—É que suas amigas não gostam de mim. Eu sei. Toda vez que a gente tava junto rolava uns comentários daquela outra loira "Ai olha só, a Stacy tá andando com o esquisito, que horror"...
—Marty, as coisas...
—As coisas?... o quê?...

Stacy abaixou a cabeça.

—Stacy, você é.... era, minha melhor amiga desde a infância. É chocante ver você se tornando tão superficial assim.

A única coisa que ela fazia no momento, ela mexer nos lábios com os dedos, engolindo todas as palavras que Marty dizia. Que ela sabia que eram verdade. A Amizade dos dois era de uma cumplicidade rara. Mas assim que entraram no colegial, e Stacy quis frequentar festas, e afins, coisas que Marty não era muito chegado, ela acabou se envolvendo com Anna, Claire, Alissa, Juliett, e nasceu dali um novo círculo de amizades, Ou, "A Gangue das 5" como foram apelidadas pelo time de futebol. As amigas que passavam a maior parte do tempo se concentrando em horóscopo, esportes e paqueras. Stacy era vista como a mais simpática e gentil das 5, dando atenção até mesmo a aquelas pessoas que Claire, apelidada de "Diaba", achava particularmente repugnantes. Pessoas como Marty. Que não se encaixavam em tais padrões de beleza ou atividades em comum, Claire não se considerava preconceituosa, talvez julgasse as pessoas inconscientemente, e na maior parte do tempo, jamais percebia o quão arrogante era. E Stacy não sofria com esses males e nem com a língua afiada de Claire, as duas eram "Unha e carne" por assim dizer. Neste momento, Stacy rebateu o comentário de Marty:

—Mas... você fala como se você fosse completamente limpo nessa história.
—Do que você tá falando, Stacy?

A Garota chegou mais perto, falando mais baixo:

—Todo mundo sabe que você vende drogas, Marty.
—Ah vai começar com isso agora? Me poupe!
—Não, não, não, não quis entrar nesse assunto....
—Então fala Stacy. Fala... o que você quer realmente dizer?
—Eu... sinto sua falta. E quero sua amizade de volta.
—Prove. -Marty disse, e uma expressão cínica tomava conta de seu rosto.
—Como?
—Almoça comigo hoje no colégio.
—Na sua mesa?
—Não. Na sua. Com as meninas. Mostre pra elas que você não segue um padrão.

Stacy engoliu seco, mas sorriu:

—Tá bom!
—Sério? -Marty ficou incrédulo.
—Sim. Mas você vai ter que arrumar coragem pra se sentar.... eu não vou fazer todo o trabalho sozinha. -Disse enquanto ria se afastando.

Marty sorria de volta, percebendo que a relação de amizade deles ainda tinha valor.

—Quer nadar, Vizinho? -Stacy disse apontando para a piscina.
—Não... -Marty sorriu de lado -Valeu. Fica pra próxima.
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Já no colégio, Stacy estava no campo de futebol, de frente a arquibancada quase vazia na educação física. Vestindo o uniforme das líderes de torcida. Aquela saia amarela pequena que só ia até metade da coxa, e um top, também amarelo, que continha no peito o bordado de um Coelho, o mascote do time, junto com o nome do colégio "Ashville High". A Loira levantava sua perna quase que na altura cabeça, seguindo a coreografia. Ao seu lado, estava uma das 5, "Juliett - A burra"- Como fora apelidada.

—Um dois! Um dois! -Gritava Juliett balançando os pompons. -Uhull!! Vai amiga, vai! Faz a mulher elástico!

Stacy respondeu o comando tomando impulso levantando a perna o máximo que conseguiu, ela parecia feita de borracha tamanha era sua flexibilidade. Juliett abria a boca arregalando os olhos, pulando toda contente pelas habilidades da amiga, seus cabelos pulavam... o detalhe que mais chama a atenção em Juliett, além das barbaridades que ela fala, é o seu cabelo. É De um marrom claro brilhoso, da cor de um chocolate, ficava entre o liso e o levemente ondulado. Até mesmo as Loiras, Ruivas, e Morenas bonitas do colégio olhavam para aquele cabelo chocolate natural, se segurando para não tingir de uma cor igual, mesmo que isso lhes rendesse comentários do tipo "Aff, alá querendo ser Juliett!".

Passou correndo pelas duas, o Atleta mais simpático do time, e melhor ainda, solteiro de Ashville High. Chris. Ele vinha correndo não muito rápido, obviamente tentando ver por baixo da saia de Stacy quando ela levantava a perna. Ele passava rindo puxando os lábios para dentro com expressão de "Yes!" Passou pelas duas dando uma leve virada com a cabeça para pelo menos ter um vislumbre das pernas grossas de Juliett, que ao perceber a atitude do garotão, lhe deu um tapão na bunda:

—Vai! Continua correndo "Zé trestorerona!"

Chris dava gargalhadas infames seguindo seu caminho, incrédulo com o erro grotesco da menina em tentar dizer "Testosterona". E era engraçado em como Juliett errava as palavras e nem percebia. O Pior de tudo era quando ela tentava usar uma palavra "Difícil" numa frase sem nem ao menos saber o significado da mesma, fazendo com que a sentença não tivesse nenhum sentido. "Esse pão é tão masoquista" já chegou a falar durante o almoço na lanchonete, tentando dizer que o pão era sem graça, o que óbvio, causou muitas gargalhadas naquele dia.

Na arquibancada, sentados, se recusando a fazer exercícios debaixo do Sol, estavam Claire, Anna, Alissa e os gêmeos Edward e Dylan. Claire, a loira de farmácia que literalmente se achava a "Dona do circo" sentava no meio das duas garotas, Alissa, a ruiva, estava a sua direita, e Anna, a Morena á sua esquerda. Num degrau abaixo estavam Edward, no meio das pernas de Anna, e Dylan, no meio das pernas de Alissa. Cada uma das meninas estava com um pente, passando no cabelo dos meninos. Anna tinha dificuldades em pentear o cabelo de Ed, era um pouco cumprido e ondulado, na altura dos ombros quase:

—Fica quieto, senão eu vou acabar embaraçando tudo....

Edward arregalou os olhos, assustado com o comando da garota:

—Tá bem, Madame, isso porque você nem viu a parte de baixo. - Palhaço do jeito que era, Edward estava sempre fazendo comentários inapropriados, e sua dificuldade de levar as coisas a sério continuava sempre impecável. Ele é o tipo de garoto que seria capaz de chegar com um carrinho para vender pipoca caso houvesse uma briga no colégio, coisa que sempre dava plateia.

Ao lado, Alissa mexia no cabelo do outro gêmeo, Dylan, que era incrivelmente mais liso, ela passava a mão naqueles fios finos arrepiados, cantando uma música da "Lily Allen -Smile". Alissa era conhecida por cantar bem, a ruiva as vezes entrava em bares da cidade com RG falso, não só para beber, mas também para se exibir no Karaokê, soltando a voz em músicas de suas divas, Adele, Amy Winehouse e Lily Allen.

—"At first... when I See you cry... yeah it makes me smile... I Go ahead and smile.." -Cantarolava a Ruiva, tachada pouco tempo atrás como "Garota Karaokê".

Dylan não usava o cabelo longo como Irmão, o que diferenciava os dois de certo modo. E ele também não era tão extrovertido e palhaço, fazia mais o tipo "Fofo", era sensível, de um carisma amável e carinhoso, ainda que soltasse algumas piadas bestas de vez em quando, era menos propenso a esse tipo de comportamento espalhafatoso.

Claire observava as duas "Tocando" os meninos com desdenho, ajeitando seu chapéu tentando impedir que a luz do Sol chegasse aos seus olhos, puxando o celular mais pra perto de si, pra enfim conseguir ler alguma coisa no Twitter, mas a luminosidade que vinha do sol atingindo a tela a impedia, ela então proferiu:

—Ai meu Deus, eu ficando cega aqui, tendeu? Praticamente Míope e as duas macacas brincando de "Cata piolho". Edward, faz uma chapinha. Dylan, avisa pra Alissa que não temos plateia, nem cerveja, please.

Anna riu com o comentário, e sem querer acabou dando um puxão no cabelo de Edward com o pente:

—Ai!!!
—Oh, desculpe, desculpe!!! Eu falei pra você não se mexer.

Claire olhou de lado:

—Gente vocês sabiam que a Anna é igual o Harry Potter?
—Por quê? -Perguntou Dylan, já rindo esperando o comentário ou piada grotesca que Claire faria sobre a garota.
—Ai Claire, vai ficar enchendo o saco, agora? -Disse Anna, sorrindo.
—Por que ela é como o Harry Potter??!! -Exclamou Dylan.
—Porque ela fala com as cobras, você sabia? -Claire falou em tom de deboche.

Dylan ria sem ao menos saber porque, enquanto Anna dava um tapinha falso no ombro de Claire:

—Diaba! ha ha ha... agora vai ficar falando isso....
—Eu hein, foi você que quis bancar a "Doutor Phill" sei lá o que, fazendo terapia de casal ontem com aquela COBRAAA da Jill. Você que disse.
—Ai gente, nada a ver. Ué, ela é minha amiga também. Posso fazer o quê?
—Preguiça de vocês. -Claire disse suspirando.

Claire ficava extremamente incomodada quanto o assunto era Jill, fazia de tudo para evitar, dado aos acontecimentos passados. A Inimizade entre as duas atingiu o pico há alguns dias. Anna insistia:

—Mas, Claire, -Retrucou Anna -Você não acha que...
—Xiu!!! Nem um pio, ta na hora do meu jornal! -Claire exclamou olhando pro final da arquibancada.
—Que foi, ficou louca? -Perguntou Alissa, parando de cantar.
—Já disse que não quero ouvir nenhum pio!
—Que história é essa de "Hora do jornal", Claire? -Alissa tornou a dizer.
—Ué, você não tá vendo? Olha aí a CNN subindo os degraus querida!

"CNN" era como Claire se referia a Bianca, uma garota que era filha do Xerife, e toda vez que ela vinha correndo assim, era pra anunciar algum "Babado forte" como dizia Claire. A garota apressada vinha escalando a arquibancada como se sua vida dependesse disso, chegando cada vez mais perto do grupinho.

—Mas gente, essa garota vai morrer desse jeito, alguém ajuda... -Dizia Alissa.
—Vai!! Anda garota, você consegue!! -Claire estava eufórica, pelo jeito que Bianca corria, a coisa era no mínimo muito tensa!

Bianca já estava num estado em que engatinhava pelos degraus, tomando fôlego. E o calor que fazia aquele dia não ajudava. Anna, que estava mais na ponta, estendeu o braço. Bianca pegou na mão da colega, que a puxou para perto. Finalmente, estava sentada, respirando pesadamente tentando engolir saliva com aquela boca seca:

—Gente............. a... ainda bem...... que .. que vocês estão sentadas.
—Vesh... alguém morreu, quer ver? -Soltou Claire.

Bianca balançou a cabeça repetidamente fazendo sinal de "Sim".

—Eita porra! Eu tava brincando, louca!-Claire arregalou os olhos. -Quem??!

Bianca apertou a mão de Anna, lançando um olhar de nervosismo para ela, e a garota respondeu preocupada:

—Bianca, não me assusta pelo amor de Deus, o que aconteceu.
—Um assassinato.
—Ham! Quem?! -Gritou Claire.

Alissa já estava tremendo, os gêmeos não diziam uma palavra sequer, nem mesmo uma piadinha. Bianca não conseguia recobrar o fôlego, e Claire já estava ficando irritada:

—Vai, garota! Anna sai da minha frente que eu vou arrancar esse piercing do nariz dela!

Bianca cobriu o nariz se afastando:

—Não!!... Calma... gente, eu.... eu nem sei como vou dizer isso. Mas o meu pai, encontrou a Jill.. morta, essa noite...

A Notícia gerou um mundaréu de comentários passando um por cima do outro, mal dava pra saber quem falou o quê:

—Não acredito!
—Mentira!
—O que aconteceu?
—Você tá brincando!
—Como isso?!

Bianca colocou as duas mãos para frente, como se sinalizasse um "Cala a boca" geral, e prosseguiu:

—Eu não sei. Meu pai não sabe quem foi, nem porque. Mas... a coisa foi feia gente.... de verdade.

Lá embaixo, no campo de futebol, Chris passava uma toalha úmida na testa, ao Lado de Steve, seu camarada para todas as horas. Os dois estavam parados numa ponta do campo, em frente a arquibancada, Chris aproveitava para tomar sua água dando goles gigantes:

—E Aí, nada?
—Nada o quê? -Tornou Steve.
—Ué, a Jill não voltou com você?
—Não. Ela desligou na minha cara.
—Eita...
—Não to afim de falar disso, sinceramente...

Chris pousou o braço no ombro do amigo:

—Cara, relaxa. Ontem eu estava dando mole pra Bianca, e não deu muito certo.
—Como assim?
—A Gente tava se falando por mensagem, tava indo tudo bem, foi só eu pedir uma foto mais "Hot" que ela inventou uma desculpa, dizendo que não dava mais pra conversar, que o pai dela tinha chegado, que tinha acontecido alguma coisa... aff... é sempre assim. Caras como eu e você, levamos fora das boazinhas o tempo todo. E Depois elas ficam fodidas da vida quando acabamos passando a noite com alguma qualquer. Vai entender.
—Mas a questão não é bem essa, Chris. A Jill está passando por uma fase difícil...

Chris abaixou a cabeça, como se quisesse evitar o assunto. Porém, Steve não percebeu e levou uma cortada:

—Esquece. Assim que ela te ver dando mole pra outra, ela vai agir rapidinho.
—É Disso que eu tenho medo....
—Por quê? Tem outra na jogada??

Neste momento, duas mãos vieram por trás, cobrindo os olhos de Steve. Chris percebeu que havia um certo carinho, eram mãos femininas... "Entendi" pensava ele. Atrás de Steve, a garota que cobria seus olhos, ela Amelie, a ingênua e tímida Amelie... que sorria feito criança esperando que Steve adivinhasse quem lhe cobria os olhos. O Garoto colocou as mãos na dela, retirando-as de seu rosto:

—Eu estou todo suado....
—Eu não ligo -Dizia a mocinha, toda contente.

Chris ria tentando disfarçar, e então foi se afastando:

—Ahm.... falo com você depois.
—Okey, parceiro.

Chris saiu, indo em direção ao vestiário, e Steve ficou perante Amelie sem meio que entender muito. Acontece que a garota, sempre tivera uma quedinha por ele, e nunca sabia como demonstrar, por isso ás vezes chorava silenciosamente quando o via com Jill, desejando trocar de lugar com ela. Ele por outro lado, era um completo ignorante nesse aspecto, jamais percebeu que tipo de sentimentos Amelie trazia consigo, e nem como seu tom de voz mudava drasticamente quando ela falava com ele. A Via como apenas uma amiga divertida, da qual não tinha muita intimidade porém, os dois se tratavam com grande simpatia. Chris por outro lado, mesmo vendo claramente as intenções da garota, nunca chegou a comentar o assunto com Steve, se divertindo vendo como o amigo era "Cego" nesse aspecto. A mocinha sorria abestalhada:

—E então? Vai ganhar um troféu pro colégio?
—Eu não sei.... -Steve olhou em volta, e percebeu na Arquibancada, a turminha com seus olhares de "O Mundo acabou" enquanto Bianca contava algo a eles, ela parecia completamente perplexa. -Olha lá, parece que a sua irmã já está fazendo plantão... -Disse o rapaz se virando para sua admiradora.

Naquele exato segundo, ela tirou o sorriso do rosto, ficando com a expressão séria, reagindo ao comentário sobre a "Notícia" que a irmã estava passando.

—Amelie, o que foi?
—Steve... -Suspirou a garota -Tenho algo pra te contar....

O Frio lhe corroeu a espinha... O Rapaz travou...
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Stacy e Juliett subiam a arquibancada, se aproximando do povo. A "Burrinha" de cabelos chocolate vinda agitando os pompons:

—Oi pessoinhas!

Stacy vinha logo atrás, colocando as mãos na cintura, ela e Juliett pararam ao ver todo mundo porque que aparentavam estar chocados. E Claro, Anna chorando como se fosse o fim do mundo. Juliett levantou as sobrancelhas, e fazendo bico:

—Que foi, gente?

Todos a encararam com aqueles olhares aterrorizados, enquanto ela ainda sem entender, como sempre, aguardava resposta ao lado de Stacy.
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No refeitório, Stacy, Alissa, Claire, Juliett e Anna se sentavam, preenchendo a mesa. Todo mundo que passava com suas bandejas, volta e meia olhavam para elas. Claire comia feito um operário, enchendo a boca e mastigando brutalmente e olhando fixo para o nada como se estivesse em transe. Stacy mal tocava na comida, e tinha medo de abrir a boca para sequer respirar e levar uma patada de cavalo de Claire por isso. Anna ainda tinha lágrimas escorrendo pelo rosto, e ficava em silêncio. Juliett, a que era menos próxima de Jill dentre todas na mesa, comia tranquilamente, sem saber como confortar, ou ter o que dizer diante da situação delicada. Alissa por sua vez, sugava o suco de uva incontrolavelmente pelo canudinho encarando Stacy, esperando que ela falasse alguma coisa. Mas nada saía. Ao fundo, Marty estava vindo com sua bandeja, sorrindo para Stacy, pronto para cumprir o trato que eles fizeram, todo contente. A Garota não sabia nem o que falar naquele momento de transtorno... e tudo o que conseguiu fazer, foi lançar a Marty um olhar triste de "Hoje não". O Garoto, no meio do caminho, desfez o sorriso... como se soubesse lá no fundo que Stacy o decepcionaria outra vez. Em um tom bem baixo, ela disse bem articulada para que Marty pudesse ler os seus lábios:

—Desculpe....

O Garoto Magrelo parou, acenando positivamente com a cabeça de modo sério, recuando e voltando para sua mesa de sempre cabisbaixo, no caminho, ele deu frente com Keaton, o chamado "Nerd Gato", um garoto que possuía notas altíssimas e era um mestre na computação, infelizmente isso meio que o tornava distante de Claire e o resto das garotas, apesar de sua beleza. Anna, limpando as lágrimas foi capaz de falar:

—Por que ainda não vi as amigas dela virem falar nada?

Alissa engoliu o suco, respondendo:

—Hum.. nós éramos as amigas dela.....
—Exatamente! -Exclamou Claire de boca cheia, dando uma pancada na mesa com o cotovelo. -Nós ÉRAMOS as amigas dela. Passado. E Não quero ouvir mais nada sobre isso. -Claire terminou sua frase tascando o garfo violentamente na comida, Stacy até deu um pulinho de susto.
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Juliett passava pelo corredor, ainda com o uniforme de líder de torcida, indo em direção ao seu armário balançando os braços imitando uma bailarina, estava tudo bem até ouvir uma voz feminina cantando baixinho:

—Olha o Teco.... la la la...

Juliett parou na hora. Sabia quem era a garota, ou melhor, a infeliz que estava cantando. "Tico e Teco" são dois esquilos, personagens da Disney, os dois são irmãos. Tico é o inteligente, e Teco, o burro. Juliett entendeu a referência, dada as milhares de vezes que assistira a animação quando criança. Ela lentamente virou seu olhar para a portadora da piada... toda vestida de preto. Batom escuro, e dona de notas altas. Era Juliette. As duas se odiavam, e era coincidência terem o nome parecido, e serem tão diferentes e nada amigáveis uma com a outra. A Líder de torcida se voltou para a sua quase xará:

—Como disse?...
—O quê? -Respondeu a garota, totalmente cínica. Pronta para debochar de Juliett.
—"O quê?" digo eu minha filha.
—Isso não me surpreende. Você passa a vida fazendo perguntas.
—Escuta uma coisa, "Juliette", nossa, até seu nome parece nome de presídio. Eu quero que você largue a mão de ser sonsa e diga logo qual seu problema comigo. O que é? É o nome parecido? Você quer ser a "Exclusiva"? Ahm? É inveja? Que você não cabe nesse top porque é uma porca?

Juliette pareceu não se ofender com nenhum comentário. Pelo contrário, ergueu a cabeça colocando a mochila nas costas e dizendo antes de sair fora:

—Não é isso não... "Minha filha".. é só o cheiro da falsidade mesmo.

A Menina deu as costas deixando Juliett para trás, desaparecendo entre os outros estudantes que ocupavam o corredor, e a Líder de torcida a encarava com ódio...
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Na saída do colégio os jovens se amontoavam e outros de espalhavam em diferentes direções. Num canto distante, permaneciam meio que as "Escondidas" Dylan e Violet, que por sua vez era uma menina cheia de estilo. Usava botas de couro, as vezes aparecia de espartilho, seus cabelos longos e pretos e seu chapéu escuro a tornavam uma garota um tanto "Sombria" aos olhos das outras. Mas se enganam. Violet é de uma energia e alegria só. Sempre pensando positivo, indo pelo caminho de paz e amor. Suas roupas pretas e seu estilo não definem seu comportamento. Se ela pudesse, pagaria um almoço pra todo mundo que visse ou para qualquer necessitado, sua generosidade ás vezes era até exagerada. Uma amiga fiel, mas que infelizmente não era tão inclusa no grupo de garotas dada a estranheza que seu visual causava. Dylan, por outro lado, via nela a amiga perfeita. Os dois quase sempre ficavam ali naquele canto fumando um cigarro. Que Violet fumava isso não era novidade. Mas Dylan? Se Edward suspeitasse que o irmão estava fumando de novo a discussão seria feia. Mesmo sendo um palhaço completo, e sem noção nenhuma, Edward tratava Dylan como um bebê. O Fato deles serem gêmeos só tornava a situação ainda mais hilariante. Violet ficava á espreita e a qualquer sinal, tomaria o cigarro da mão do amigo. Dylan tragava, e soltava a fumaça como se fosse a hora mais relaxante do dia.... até estampava um sorriso bobo. Enquanto Violet puxava conversa:

—Quer ir pra casa dos Stone depois da aula?
—Eu até queria, mas tenho que trabalhar hoje.

A Casa dos "Stone" a que Violet se referia, era um casarão abandonado depois da ponte. Era antes habitada por um casal de velhinhos cheio da grana e agora é palco para festas, e reuniões da galera do colegial. O nome "Stone" era um codinome para "Stoned", que significa "Chapado". A Casa ficou conhecida por ser o local preferido dos alunos que usavam maconha. Mas caso alguém perguntasse, o nome "Stone" não entregaria a charada. Dylan e Violet gostavam de passar um tempo lá falando bobagens, bebendo... já até aconteceu outras coisas a mais entre os dois. Mas por causa da amizade forte, a sensação de constrangimento entre eles foi tão poderosa que jamais repetiram o ato. Hoje até dão risada se mencionam o ocorrido.

—Entendo. Ai que chato, eu to com um vinho sensacional lá em casa. Tava doida pra tomar com você. Mas, vamos pegar um dia em que você esteja livre.
—Com certeza.

Violet inclinou a cabeça para olhar o movimento, e para seu descontentamento, Edward se aproximava.

—Xiii.... ele tá vindo aí! Dylan me dá o cigarro!!

O Menino passou as pressas o cigarro para Violet, que imediatamente meteu na boca tragando-o na frente de Edward, que chegou desconfiado:

—Vamos? -Disse Ed.
—Vamos sim.... -Dylan respondeu tremendo de preocupação, que o irmão pudesse ter notado...
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Stacy andava pela rua só desejando estar em casa. Quem sabe se refrescar de novo na piscina. Mas sua mente estava consumida de preocupação, e culpa. A notícia da Morte de Jill trouxe consigo um mal estar que atingiu Stacy em cheio. Se antes ela não teve coragem de pedir desculpas, ainda que não fosse culpa dela... agora essa chance jamais bateria em sua porta novamente. As alternativas eram, engolir a culpa e o remorso do que aconteceu há semanas atrás, ou fazer algo que pudesse ao menos lhe causar satisfação pessoal. Algo que serviria como um pedido de desculpas á Jill. Ela parou em frente ao portão de sua casa, e reparou que ao seu lado, um pouco mais adiante, havia alguém entrando na casa ao lado, era Marty:

—Marty.... eu...

Ele lhe deu uma olhada seca e rápida, tornando seu caminho em direção a porta. Antes que ela pudesse terminar a frase, o garoto bateu a porta, adentrando em sua residência. Pronto. Agora sim Stacy estava um caco! Foi o que faltava para derrubá-la por completo hoje nesse dia de cão. Uma vibração vinha de seu bolso, era seu celular, ela o pegou rapidamente atendendo sem nem ao menos ver quem era:

—Alô?
—Alô, Stacy. -Respondeu a voz sinistra do outro lado da linha.
—Ué... quem é?
—Foi bom não foi?
—Não estou entendendo....
—Ha ha ha... incrível o que o remorso faz com alguém.

Ela gelou:

—Mas... o que foi??
—Apenas escute. O Filme de terror está apenas começando. E você conhece esse muito bem.
—Eu não estou entendendo! - Já respondia assustada.
—Não se preocupe. Você não viverá até o Gran Finale, então não terá que se preocupar com muitos detalhes. Mas até lá, preciso que entregue um recado...
—Recado?? O Que está acontecendo? Quem é você?!!
—Quem sou eu?....
—Sim, quem é?
—A Morte, Stacy.... A Morte....

Seja quem for, desligou. Stacy ficou paralisada, estática na porta de casa, olhando em volta na rua no momento em que o vento soprou frio pela primeira vez naquele dia quente... ela estava arrepiada!