Love Jokes escrita por Bojack


Capítulo 12
Capítulo XI - Telefonema


Notas iniciais do capítulo

Capítulo atualizado(21/03/24)!
Muitas surpresas neste capítulo! As coisas estão mudando!



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 A sala estava escura, todas as luzes apagadas, exceto o equipamento que emitia bips enquanto sua tela verde mostrava a frequência cardíaca do paciente. O Doutor Arkham admirava sorridente o que parecia ser um dos mais incríveis e completamente inéditos estudos sobre a mente psicótica! A mente do Coringa! O som dos pequenos bips, era o único som que podia ser escutado até então. Harleen mexia com algumas agulhas e seringas enquanto o Coringa silenciosamente aguardava. Parecia calmo. Um comportamento incomum para um paciente sempre tão comumente inquieto e extrovertido.

  Harleen pensou se toda a calmaria e silêncio não seriam medo do que estava por vir, afinal, era comum que um paciente cujo nunca fora hipnotizado, ainda mais com estimulantes neuroelétricos, viesse a ter medo do que aconteceria a seguir. Mas, medo era algo que o Coringa era capaz de sentir? Iria o Coringa revelar seus piores crimes, talvez seus desejos mais ocultos, ou quem sabe, se tiverem sorte, seus segredos mais sombrios? O que ele poderia contar? Tanto Harleen, quanto Arkham, acreditavam que o que quer que fosse ocorrer a seguir, seria revolucionário.

— Não precisa ficar nervoso. Os fios ligados à sua cabeça servem apenas como estimulantes para ajudar a sua mente no trajeto da hipnose. Eles irão potencializar a ativação neuronal das zonas certas do seu cérebro, facilitando o acesso às suas memórias. – Harleen explicava enquanto inseria um líquido transparente à seringa em sua mão.

    Ao notar que o Coringa havia olhado para a seringa, pensou que poderia estar se perguntando qual a utilidade da agulha enorme em sua mão, resolvendo então explicar cada procedimento que iria se suceder.

— Esta seringa está cheia de um relaxante muscular, para que em caso de algo inesperado, como um surto psicótico, por exemplo, possamos contê-lo. – Harleen imaginou que talvez o Coringa não gostasse muito de saber desta parte, mas, havia de contar. – Pronto. – Disse ela pondo a seringa de lado e então pegando um objeto que parecia uma lanterna com alça superior. Até então, desligada.  – Sr. C, preciso que você preste toda sua atenção nesta lanterna e na minha voz, apenas nisto; todo o resto terá de desaparecer para que isto dê certo. Entendeu?

— Sim, docinho. – O tom de voz e a aparente calmaria que o Coringa passava era tamanha, que junto àquele sorriso simpático, o fazia parecer inofensivo.

   Harleen estava feliz, para ela, toda aquela tranquilidade que o Coringa emanava, claramente mostrava o quanto ele confiava nela.

— Está certo, vamos começar. – Harleen então liga aquela lanterna e uma luz branca, única e vertical, começa a mover-se de um lado para o outro, inclinando-se num ângulo de 35 graus.

  Harleen olha brevemente para Arkham em busca da confirmação para dar início ao procedimento hipnótico. Arkham assente mostrando que estava a anotar e gravar tudo o que ocorria. Arkham havia levado para a sala de hipnose um equipamento de áudio e filmagem noturna, caros e bastante eficientes.

— Nada existe, apenas a luz existe. Nada pode ser ouvido, exceto a minha voz. – Harleen repetia em um tom incisivo, mas, não agressivo, era como ouvir a voz de sua psiquiatra dentro de sua mente e não fora. – Há uma sensação de queda que nunca termina. Você está caindo.

   Podiam ver que o Coringa havia fechado os olhos e agora empurrava a cabeça fundo contra a almofada a qual se apoiava. Era a sensação de queda. Estava dentro, Harleen percebera.

— Um brilho forte toma sua visão e agora você abre os olhos e está em algum lugar. O lugar existe. – Ao fim do comando, o Coringa obediente abre os olhos. – Aonde você está?

   O Coringa contrai as sobrancelhas e parece tentar olhar ao redor, como se buscasse entender o que estava ocorrendo e onde estava. Um sorriso aberto e de canto de boca. Ele havia reconhecido o lugar aonde estava.

— Aonde você está, Sr. C.? – Harleen perguntara novamente.

    Arkham olhava com seus olhos arregalados por de trás das lentes grossas. Engolindo em seco, suando frio, tremendo e tamborilando os dedos. O velho diretor se mostrava infinitamente ansioso para ouvir.

— Eu não tenho certeza... – O Coringa começou a responder.

— O que você vê? – Harleen tenta buscar os detalhes para clarear a lembrança ou que quer que o Coringa esteja vendo.

— Eu vejo... – O Coringa parecia olhar para algo. – ...Uma calçada, eu estou na calçada. Vejo também a rua e alguns carros, não muitos. Parece estar nevando.

— Está sozinho, Sr. C? – Harleen passa para a ampliação da imagem vista e direcionamento do contexto.

— Não... – O Coringa virara a cabeça duas vezes, como se percebesse agora duas outras pessoas. -... Bob e Tobb estão comigo. Meus queridos palhacinhos.

— Palhacinhos? – Harleen acreditava ser alguns dos capangas do Coringa.

— Sim, meus subordinados. Acho que o Dr. Arkham iria gostar de conhecê-los. – Aquela frase fez com que Harleen percebesse que o Coringa ainda tinha algum controle sobre seu estado, o suficiente para reconhecer que aquilo não era real e lembrar-se que o Dr. Arkham estava na mesma sala aonde adormecia. Sua mente caótica era poderosa.

— O que estão fazendo? – Harleen deu prosseguimento à hipnose.

— Estamos andando na calçada. Eu estou vestindo meu querido terno lilás, com colete verde, camisa social cinza e sobretudo roxo. Está um pouco sujo, mas, não importa. Estou ótimo. – O Coringa olhara agora para suas mãos. – Ah, minhas luvas!

— E os... – Harleen fora interrompida.

— Estamos olhando para uma placa. – O Coringa apertava os olhos como se tentasse enxergar com mais nitidez.

— O que está escrito? – Harleen sente que finalmente estavam chegando a algum lugar.

— Acredito que seja... Manchester. – Passara despercebido para Harleen, mas, a pequena pausa do Coringa antes de dizer o nome do lugar, fora proposital.

— O que? – Arkham estranhou.

— Concentre-se, Sr. C. O que estão fazendo em Manchester? Visualize os prédios, as casas, seus palhaços. Para aonde estão indo? – Harleen tentava tornar a lembrança ainda mais potente e realista.

— Estamos caminhando em direção a algum lugar. Acho que estamos chegando, eu estou olhando para uma casa branca e grande, com uma pequena escada de acesso à porta da frente com duas pilastras brancas. Típica casa de um riquinho besta.

— Não pode ser... – Arkham não queria se precipitar, mas, estava começando a ficar nervoso.

— Um de meus capangas está me dando uma pistola. É uma SW22. Prata, linda! – O Coringa faz o símbolo de uma pistola com a mão. – Eu estou mirando na porta, prestes a atirar, mas, eu vejo a campainha e tenho uma ideia.

— Continue. – Ordenou Harleen.

— Eu toco a campainha e então fico de costas. Meu rosto é bastante conhecido, afinal, talvez ela não me reconheça de costas, eu sei que ela vai olhar pelo olho mágico da porta. – Ele sorri. – Ela abre a porta, como esperado.

   Arkham arregala os olhos, sua respiração começa a se tornar mais ofegante.

— Como ela é? – Harleen pergunta.

— Ela têm cabelos castanhos, olhos verdes e claros. Uma bela mulher, de talvez quarenta, ou trinta e alguma coisa. – O Coringa descrevia a mulher como era pedido.

— Riley. – A voz de Arkham ao reconhecer sua esposa transmitia puro medo.

— Riley? – Harleen perguntara para Arkham.

— Minha esposa. – Arkham estava apavorado.

— O quê? – Harleen virou-se novamente para o Coringa sem muito entender. – Continue, o que acontece a seguir?

— Eu aponto a arma para ela e ela está com uma cara engraçada, está se borrando de medo. Eu entro na casa e ela vai recuando um passo de cada vez; cada vez mais para dentro se afastando de mim. Ou seria da arma?

— Continue. – Harleen o trazia de volta a concentração.

— Posso me sentar? – Ele perguntara. Harleen sabia que quando um paciente sob hipnose fala como se estivesse na cena, era um bom sinal, significava que seu estado havia se aprofundado. – Caminhamos todos para a sala e Bob começa a jogar longe algumas coisas que encontra pelo caminho. Olhe só! Tobb está gravando tudo!

— O que acontece na sala? – Harleen adianta um pouco as coisas.

— Ela está chorando, implorando para não fazermos nada com ela. Está me irritando, estragando o filme! Por que sempre têm de ter alguém que não para de chorar? É tão chato! Eu a empurrei no sofá, para que se sentasse e ficasse quieta. Mas, ela não ficava, não parava de chorar. – O Coringa faz um movimento estranho com o corpo, como se fizesse algum esforço. – Eu lhe acertei um tapa no rosto.

— Desgraçado... – Arkham tentava se controlar.

— Entenda, eu só quero fazer uma surpresinha para o seu querido marido, sabe? Só isso! E eu vou precisar da sua ajuda. Então... – O Coringa passava a língua num dos cantos da boca e então continuava. - ... Eu só me pergunto quanto tempo o nosso Arkanzinho vai demorar para descobrir. – Ele agora apontava o dedo como uma arma e gargalhava.

— Filho da puta! – O Diretor Arkham levantou-se de sua poltrona, e agora de pé, quando pretendia avançar contra o maldito palhaço, fora contido por Harleen.

— Acalme-se! Não sabemos se é real. Como poderia? Ele está aqui há meses, lembra? – Harleen tentava acalmar o Diretor.

— Ele descreveu a minha mulher, Harleen! Ele descreveu perfeitamente a Riley! – Arkham tremia, seu rosto estava vermelho de pura fúria, mesmo naquela condição de tão pouca luz, Harleen podia notar.

— Ele pode ter visto em sua sala! – Harleen tentou lembrá-lo.

— Minha sala? – Arkham lembrou que tinha uma foto de sua esposa sobre sua mesa, a qual ele retirou já havia muitos meses, desde o seu divórcio. Embora acreditasse tê-lo feito antes mesmo do Coringa ser levado a Arkham pelo Batman, preferia convencer-se de que não era o caso, de que havia guardado após a primeira visita do Coringa a sua sala. – Talvez você esteja certa.

— Sim. – Harleen retornou a sua cadeira e ao seu paciente. – Certo, Sr. C, feche os olhos e vamos avançar um pouco mais para frente, alguns dias depois. Tudo passou rápido, tudo mudou, a hora e o dia são outros. O que você vê?

— Eu sinto um cheiro forte de gasolina, e o que parece fedor de algum esgoto próximo. – O Coringa agora aproximava as sobrancelhas e virava um pouco a cabeça, como se tentasse ouvir o seu arredor.

— Abra os olhos, Sr. C, o que há? – Harleen estava tensa.

— Parece um tipo de container. A parte de dentro dele. Há alguns buracos nas paredes. – Uma pequena, porém útil descrição.

— O que mais existe neste container? Está sozinho? – Harleen esperava ver algo novo.

— Uma mulher. Não, a mesma mulher. Cabelos castanhos, mais ou menos quarenta anos. – Novamente aquela descrição fizera o coração de Arkham disparar.

— O que está acontecendo? Como está a mulher? – Harleen começara a se preocupar.

— Eu estou gravando. Ela está sentada, parece suja e assustada, têm uma fita na sua boca. Claro que teria uma fita, ela não calava a boca! Eu estou me aproximando dela. A senhorita aqui parece cansada... – Harleen notara o tom zombativo de Coringa. -... Eu resolvi que não a deixaria dormir então sacudi ela algumas vezes enquanto dormia. Era hilário! Essa aqui não vai durar muito tempo, Bob. Acho que teremos de pegar a pequena Arkham! - Aquelas palavras foram a gota final para a ira de Jeremiah Arkham explodir e avançar para cima do Coringa. Agarrando-o pelo pescoço e pressionando-o com força, o Coringa começara a rir, mas, engasgara pela força que pressionava seu pescoço.

— Diretor! – Harleen gritava.

   Empurrando o Diretor com força, Harleen separa ambos, evitando que o velho matasse seu querido paciente.

— Maldito! O que você fez? – Arkham gritava com o palhaço. Suas vestes agora bagunçadas, seu cabelo desalinhado, enquanto sua face rubra encharcada de suor que escorria aos montes de sua testa.

— Ora, ora... – O Coringa ria. – Parece que finalmente fui descoberto. Devo virar para a parede e contar até dez? – Ele continuava a zombar.

— O que diabos fora isto? – Arkham estava prestes a avançar contra o Coringa novamente, quando, o mesmo embora encolhido na poltrona divã onde estava deitado, passara a gargalhar ainda mais alto incessantemente, fazendo com que Arkham e Harleen ficassem paralisados, completamente horrorizados.

— Sequestro, Arkham! Procure na internet, você pode encontrar muita coisa através dela. Inclusive sua mulher! – O Coringa estampava o deboche em seu sorriso.

— Então é real? Você realmente a sequestrou? – Harleen estava assustada, mas, ao mesmo tempo intrigada. Quando e como ele teria feito isto?

— Sim, Harley, é real. Esta é a vida real, querida. – O Coringa brincava.

— Ela está viva? – Perguntou Arkham entre os dentes.

— Provavelmente. – Responde o Coringa, como se fosse um jogo.

— O que você quer? É disto que se trata, não é? – Arkham estava furioso. Sentia-se impotente nas mãos daquele demônio.

— O velho Arkham, todo poderoso, tremendo com medo de perder sua amada. – O Coringa o provocava.

— Ela não é mais minha esposa. – Arkham deixa claro, sem necessidade.

— Ah, isto explica a demora para perceber. – Ele alfinetava.

— O que você quer, seu desgraçado? – Arkham tinha seus olhos lacrimejados e face avermelhada.

— Um telefonema. Só um telefonema. – O Coringa mostrava um sorriso simpático com seu pedido simples.

— Um telefonema? Mas que porra! – O Diretor Arkham não queria saber sobre o como tudo aquilo havia sido feito e o porquê de depois de tudo, o Coringa só querer um telefonema. Estava furioso e amedrontado demais para pensar nisso. – Eu lhe darei o maldito telefonema, mas, e minha esposa?

— Eu vou mandar soltá-la. – O Coringa levantava a mão como um escoteiro enquanto se sentava. – Eu juro!

— Sério? Jura? E como posso confiar na porra de um palhaço psicótico? – Arkham se aproximara mais do Coringa.

— Como você pode confiar em mim? Ah, Arkhanzinho... Porque confiaria em alguém? De qualquer forma... – O Coringa apontara para o relógio de pulso da Dra. Harleen. – Que horas são, Harley?

— Quinze e quarenta e dois. – Ela responde.

— E o dia? – Ele pergunta.

— Onze de Novembro. – Ela responde ainda sem entender.

— Veja só! Dia de amputação! Bem, meu bom velhinho, não acho que importe muito o como você vai confiar em mim, mas, em alguns minutos, acredito que Bob e Tobb vão começar a fazer o que mais gostam: cortar carne velha!

— Filho da puta! Está bem, eu lhe darei o telefonema! – Arkham correra passando pela porta de metal rapidamente ao riscar seu cartão na máquina de acesso.

   O Diretor saíra da sala ainda escura deixando o palhaço e a psiquiatra para trás, tinha de ser rápido, não sabia em quanto tempo os capangas do Coringa começariam a tirar partes de sua ex-esposa. Jeremiah e Riley haviam vivido quase vinte anos de suas vidas juntos, casados, e por uma escolha consensual, resolveram pedir o divórcio; Jeremiah ainda a amava, mas, os problemas que se desenvolveram em seu casamento eram irreversíveis. A gota final com certeza havia sido sua traição com a bela e formosa Liana Cuser, uma jovem psiquiatra que queria ser promovida e não teve medo de “negociar os termos” com o Diretor. Após o feito lamentável, o próprio Jeremiah Arkham contou a respeito de seu ato repudioso de traição para sua esposa, e então ambos concordaram que seu casamento havia chegado ao inevitável fim.

    No escuro, Harleen observava o Coringa que deitado na poltrona Divã, assobiava a música “The Bad Beginning” de Thomas Newman como se nada houvesse acontecido. Harleen não podia evitar questioná-lo sobre o como e o porquê, o Coringa teria sequestrado a mulher do Diretor antes mesmo de ser trancafiado em Arkham.

— Sr. C, pode me explicar o que foi tudo isto? – Harleen pensava ter o mínimo de direito de saber, ou melhor, entender o que havia acontecido. Não por ser a psiquiatra, e sim a amiga.

— Oh, não, Harley. Você está pensando demais... – O Coringa agora sentou-se ficando de frente, face a face com sua psiquiatra.

— Pensando demais? – Harleen não entendera, e estava começando a sentir-se irritada.

— O gato mia, o cachorro late, eu sequestro pessoas... – Não fazia o menor sentido, Harleen sabia que ele simplesmente não queria falar.

   Não demorara muito e o Diretor entrara na sala suado, bufando e com a face tão mais vermelha do que antes, como se estivesse prestes a explodir. Em sua mão esquerda havia um telefone negro, o qual Jeremiah apertava com força sem perceber. Estava furioso e amedrontado.

— Vamos, Arkhanzinho, temos pouco tempo antes da festa começar. – Lembrava, o Coringa.

— Tome aqui. – Jeremiah Arkham esticava a mão suada com o telefone negro na direção do Coringa que o tomou de forma rápida e bruta.

  Após discar alguns números e aguardar alguns poucos segundos, alguém finalmente parecia ter atendido.

— Olá, Bob? Fala meu barrigudo! – O Coringa conversava como se nada estivesse prestes a acontecer, como uma ligação puramente informal. – Sim! Em Arkham! Ainda... – O Coringa mostrava o quanto insatisfeito estava. – Me tirar daqui? Não, não, não... Quem sabe outro dia. Até então, não. Obrigado. Mas, e aí? Me conta, como está aí em casa? – O Coringa ficara alguns segundos em silêncio, apenas ouvindo seu capanga falar. Harleen e Arkham observavam ansiosos ao Coringa falar como se estivesse em um acampamento chato. Perceberam então uma mudança gradual da expressão facial do Coringa. Um sorriso que tornou-se uma expressão fechada. Raiva.

— Sr. C? – Harleen, preocupada, tentou falar com seu querido paciente.

— Um minuto, Bob... – O Coringa parecia impaciente. -... Crianças, por favor, deem um tempo para o papai aqui, certo? Papo de adulto. – O palhaço fazia movimentos como uma vassoura varrendo com sua mão.

— O que? – Arkham estava furioso, mas, tentava ao máximo conter-se. A vida de sua ex-esposa estava por um fio, tinha medo de explodir e acabar levando sua esposa junto.

— Saiam. – O Coringa fora incomumente frio.

    Em meio ao praguejar, Arkham saíra da sala e junto a ele, curiosa e sem muito entender, Harleen fora logo atrás. Fecharam a porta para que o Coringa pudesse ter a privacidade desejada, e aguardaram ao lado de fora.

— Senhor, tenho certeza de que ele não irá matá-la. Eu vou falar com ele. – Harleen tentou acalmar o Diretor, que encostado com as costas na parede, cobria a boca com a mão trêmula e olhava para o chão enquanto apertava as sobrancelhas.

— Acho bom que nada ocorra com Riley. Se qualquer coisa acontecer com ela, é você, quem pagará por isso! Está ouvindo, Quinzel? Ele é o seu paciente! Se ele ferir alguém, se ele ferir a minha esposa... Você não só não pisará mais em Arkham, como em nenhum outro lugar! Ao menos não como Psiquiatra. Você está à um passo da autodestruição! – O Diretor apontava o dedo para a face de Harleen enquanto falava grosso com o tom alto e ameaçador. Aquilo deixava Harleen furiosa. Preocupada, claro, porém, furiosa.

   Passaram-se alguns minutos, não muito mais que dez, quando a porta se abriu ali mesmo e o Coringa estendera o telefone para o Diretor Arkham.

— Segura, velhinho. – O Coringa sorria, mas, Harleen acreditava não ser real, havia algo estranho naquele sorriso. – Meu amigo Bob vai lhe ensinar como acessar os vídeos de sua mulher na internet. Constrangedor, não? Pegar sua ex-esposa com vídeos indecentes na internet.

— O que? E você vai libertá-la? Vai deixá-la ir? – Arkham não estava entendendo muito bem.

— Oh, sim! Eu sou... – O Coringa agarra a nuca do Diretor e põe o telefone em seu ouvido, enquanto o olha de lado e lambia um dos cantos de sua boca. -... Eu sou um homem de palavra.

— Ele é. – O capanga do Coringa confirma ao telefone.

— Meu palhacinho vai entregar a você pessoalmente, via correio! Que tal? – Ele sorria.

— Como sei que ela está viva? – Arkham não era burro, tinha de suspeitar. Não arriscaria sua vida pelo cadáver de sua ex-esposa.

— Santo Deus. Você é mesmo um pé no saco, Arkham! – O Coringa põe o telefone no próprio ouvido, sem largar a nuca do Diretor. – Bob, deixe o velho carente falar com a mulher.

— Sim, chefe. – Bob correra para buscar a mulher do Arkham.

— Ah! Me larga! – Uma mulher gritava ao outro lado da linha. Parecia chorar.

— Riley! Riley, é você querida? – Era como se o Arkham esquecesse que havia se divorciado.

— Jery? – A mulher o reconheceu. – É você Jery? – Ela o chamava por algum tipo de apelido carinhoso, sua voz estava repleta de emoção.

— Sim, querida, sou eu. – A voz de Arkham oscilava, continha-se para não chorar.

— Jery, eles não me deixam dormir, me batem... Eles... – Um barulho foi ouvido ao fundo, junto a uma voz que parecia dizer que o tempo havia acabado. – Ah! – Um grito ao fundo, junto a um barulho como se algo caísse ao chão.

— Passa pro chefe. – O Bob tinha uma voz engraçada e a velocidade de sua fala muito lembrava a forma de falar de uma criança. Algum nível de retardo mental era certo.

— Desgraçado! Se encostar mais um dedo nela... – Arkham fora interrompido.

— Você está gritando comigo! Eu vou arrancar um braço dessa mulher, idiota! – Bob gritava em resposta aos insultos de Arkham.

— Não! Não! Pera! Eu vou passar para o... Para o seu chefe. Por favor, não faça nada com ela. – Arkham implorava.

— Certo, certo, Bobizinho. Passou, passou. – O Coringa acalmava seu palhaço subordinado. – Você vai levar a Dona Arkham para o velhote aqui, entendeu? – Alguns segundos de silêncio, parecia que o Coringa estava a ouvir o que seu capanga dizia. – Você é brilhante. Divirta-se! Ah, e a respeito dos vídeos. Estão todos online? – Mais um segundo. – Perfeito! Acho que nosso velho Arkham vai adorar vê-los, então, ensine-o direitinho, certo? – Mais um segundo. – Ao vivo? Eu já disse que você é brilhante? Vou passar para o Arkham. Tchau, tchau!

   O Coringa entregou enfim o telefone para Arkham, que estava apreensivo com tudo aquilo, e agora ainda mais após ouvir as últimas palavras do Coringa ao telefone. “Online?” Arkham se questionava sobre o que isso significava. “Ao vivo? Estes filhos da puta estão transmitindo tudo ao vivo?” aquilo o deixava furioso, sentia como se sua cabeça fosse explodir de tamanho ódio que sentia.

— Fale. – Arkham ouvira por alguns segundos, e então se virou e começou a correr em direção ao elevador mais próximo.

— O... – Harleen tentou lembrar o nome. - ...Bob? O Bob está transmitindo tudo ao vivo pela internet? – Numa situação onde normalmente se estaria enojada, Harleen estava curiosa.

— Cada um com seu fetiche. Vai entender. – O Coringa dera de ombros. – Hoje na internet pode se encontrar todo tipo de fetiche! Sacanas, não?

— Sr. C, queria conversar uma coisinha com o senhor. Em particular. – Harleen estava um tanto corada.

— Sou todo ouvidos, minha querida. Não tenho para aonde ir. – O Coringa encarava Harleen de pé, com um sorriso simpático e os cantos internos das sobrancelhas elevados.

   Harleen sorriu para aquele homem mais uma vez e então com medo de que naquela sala alguém os ouvisse, após lembrar de desligar a câmera que estava a gravar a poltrona Divã aonde antes estava o psicótico palhaço hipnotizado, olhou fora da sala e viu que Ronn e Frances estavam próximos. Chamou-os pelo nome, e ambos imediatamente responderam.

    Desde o incidente com Logan Howard, Harleen e os seguranças haviam criado certa afinidade e deixado aquela áurea de tensão que existia entre eles para trás. Pediu então para os dois rapazes levarem o Coringa para sua sala, pretendia conversar um pouco com seu paciente, dar continuidade ao tratamento, antes de mandá-lo de volta a cela, além disto, havia algo que queria dar ao Coringa.

— Rapazes, vamos mudar para minha sala, está bem? – Harleen avisou para os dois seguranças do manicômio.

— Sim, Doutora. – Ambos entraram na sala e deram início ao procedimento de segurança antes de pôr a camisa de força no palhaço.

   O Coringa não dera uma única palavra durante todo o processo, na realidade, pouco se quer olhara para a cara dos dois homens. Nem uma zombaria.  Nenhuma brincadeira. Aquela atitude rara era como um pouco de paz em meio a guerra para os dois seguranças, mas, Harleen podia ver, havia algo de errado, algo que o palhaço havia conversado e agora batucava em sua cabeça.

— Tudo certo, Doutora Quinzel. – Avisou Frances.

— Vamos, rapazes. – Harleen tomou a dianteira em direção a sua sala.

    Ao longo do caminho havia muitos corredores e cruzamentos, o que ocasionava no encontro inevitável com outros psiquiatras e seguranças. Muitos admiravam, outros se amedrontavam com a presença viva do Coringa. Era invejável que uma mulher tão jovem como a Doutora Harleen Frances Quinzel, houvesse tido permissão para tratar aquele homem, ou como chamado por muitos: aquele animal em pele de homem. Todos sonhavam em tratá-lo, mas, nenhum tinha coragem, não de pedir a Arkham, como Harleen fizera, e sim de tentar tratá-lo realmente. Não poderiam, mesmo que quisessem. Exceto por Harleen, apenas psiquiatras classe sete poderiam.

     Enfim, haviam chegado a sala de Harleen e após a mesma destravar a porta, todos adentraram no conhecido espaço. Após retirar a camisa de força e realizar uma segunda checagem de segurança, os dois brutamontes saíram da sala deixando tanto psiquiatra, quanto psicopata para trás.

— Então, Harley, o que você quer me dizer? – O Coringa a olhava paciente, imaginando o quão perto estava do seu objetivo.

— Antes, eu quero conversar um pouco contigo, tudo bem? – Harleen andou então até sua poltrona em frente à poltrona Divã.

— Para você, sou um livro aberto. – Respondeu o palhaço. Aquelas palavras fizeram Harleen sorrir sem jeito.

— Por favor, sente-se, Sr. C. – Harleen aguardava seu paciente se sentar. A verdade era que não tinha coragem de falar o que realmente pretendia dizer anteriormente, e por isto, em busca desta coragem, decidira conversar para quebrar o gelo. – Por que sequestrou a ex-esposa do Dr. Arkham?

— Bem, em minha defesa... Eu não sabia que era ex. – Ele explicava. – E depois, eu estava entediado. Sério. Eu estava pensando em filmar algumas coisas e guardar como lembrança.

— Então sequestrou a Srta. Riley apenas por estar entediado? – Harleen anotava aquelas palavras em sua prancheta.

— Em partes. – Respondeu o Coringa enquanto balançava a cabeça e abria a palma virada para cima.

— Em partes? – Harleen não entendera o ponto.

— Sabe, Harley... Você me conhece. Provavelmente melhor do que qualquer um, mesmo até do que eu. – Harleen sentia-se feliz com aquela afirmação, embora não fosse incomum. – Eu estou sempre tentado fazer uma boa piada, e desta vez, eu queria brincar com alguém inteligente, alguém que diz conhecer mentes como a minha. Imaginei que sequestrando a esposa do homem, ele iria tentar encontrá-la. O nosso querido Arkham teria de enfrentar o maior e mais perigoso psicótico que existe para salvar sua mulher, e o casamento.

— Você queria que ele reforçasse os laços do casamento? – Harleen pensara ter entendido algo por de trás de tudo aquilo.

— Entenda como quiser, querida. – O Coringa não afirmara nada. – De qualquer forma, se um dia eu puder ter o que ele têm, ou teve, pode ter certeza que ficaria de olho e não deixaria que um doido de pedra levasse minha mulher. Veja o exemplo do Batman e o... – O Coringa juntara as palmas como em oração. - ... “Garoto prodígio”, seja lá qual for o motivo deste nome ridículo. Quando eu sequestrei a donzela, o cavaleiro veio não muito depois, todo animadinho. Pena que fiquei de saco cheio.... – O Coringa agora fazia uma expressão de incompreensão. - ... E aquele garoto, não sei não... Nunca fui com a cara dele. Sempre querendo roubar a cena. Atrapalhar os adultos... Mas, acredite, como comediante, você sempre está sujeito àqueles que não entendem a piada. Como meu pai... E o Batman! – O Coringa cerrava os dentes.

— Sempre o Batman... – Harleen novamente, havia notado, em sua concepção maculada pela obsessão, pela paixão, o padrão onde o seu trágico e pobre paciente tentava mostrar ao mundo que as tragédias não passam de uma piada ruim e o que vale da vida é a risada, enquanto o rancoroso Batman, em toda sua moral distorcida, existia apenas para torturar e infernizar a vida do seu amado Coringa. “Aquele babaca de capa preta, sempre arruinando a tentativa do Sr. C de ser feliz!” Era estranho o como ela sentia tanta raiva do vigilante sombrio. Harleen sabia que o que o Coringa havia feito ao “garoto prodígio”, assim como o que fizera à esposa do Diretor Arkaham, não era bom ou correto, talvez se quer pudesse ser chamado de um ato humano, mas, para ela, a maldade com a qual o Coringa agia, estava diretamente ligada, como uma resposta, ao constante mal que faziam contra o seu paciente.

— Eu não entendo o porquê ele não ri... – O Coringa parecia tristonho.

— Me diga, Sr. C, consegue se lembrar de sua primeira piada? – Harleen já estava curiosa sobre isto havia algum tempo, e pensou que talvez fosse o momento para uma mudança de assunto. Algo mais leve e menos emocionalmente negativo.

— Ah... Minha primeira piada. – O Coringa parecia se esforçar um tanto para conseguir lembrar. – Acho que foi quando eu tinha sete anos, por aí. Meu pai havia me levado em um circo, e era minha primeira vez em um. Raros momentos em que meu pai não estava bêbado ou me agredindo, ou ambos. – O Coringa fazia um movimento de “cascudo” com a mão. – Neste circo, havia um palhaço... – Ele ria ao lembrar. -... Insano... Todo esquisito e com calça xadrez.  Em uma de suas palhaçadas, ele corria por todo o picadeiro, e havia um cachorrinho logo atrás, mordendo seu calcanhar. – Ele soltava pequenos risinhos conforme lembrava, como se contivesse uma gargalhada pronta para sair. – E toda vez que o esquisitão parava para chutar o filhote... – O Coringa se levantara da poltrona e imitara um chute. – ...Pimba! As calças dele escorregavam e ele caia de bunda no chão! – Sua gargalhada estrondosa finalmente estava livre. Ele segurava a testa de olhos fechados e a barriga ao mesmo tempo. – Nossa, eu achei que meu pai iria morrer de tanto rir!

   Harleen não podia evitar rir junto a ele, era mesmo uma história engraçada e envolvente. Ouvir sobre um tempo onde aquele homem, um homicida conhecido mundialmente e catalogado como um dos maiores criminosos psicóticos do mundo, era uma criança inocente e cheia de bondade, era quase surreal. Uma experiência única que apenas Harleen tivera acesso, e que significava tanto.

— Eu vi como meu pai estava feliz e resolvi que eu iria fazê-lo rir também! Sabe como é... Nesta idade, as crianças querem a aprovação do pai, que ele preste atenção nelas. Então, na noite seguinte, quando meu pai chegou do bar... – Agora segurando as calças, o Coringa continuou sua narração. -... Lá estava eu, na porta de entrada, usando as melhores calças dele em volta dos tornozelos! – Soltando as calças, fazendo-as cair, com um sorriso divertido na face, terminou sua história. – “Olá, pai!” Eu gritei. “Olha eu!”. – Agora como se não pudesse controlar mais o riso, envergou-se para frente. – E para piorar: eu caí! Levando o maior tombo e rasgando a calça dele bem na virilha! Ha Ha Ha Ha Ha!

    Harleen sentia sua barriga doer sem ser capaz de parar de rir, lágrimas escorriam de seus olhos e suas mãos apertavam com força a prancheta em seu colo. O som das gargalhadas eram altas e misturavam-se entre elas, criando um estardalhaço que podia ser escutado do lado de fora, fazendo com que Ronn e Frances se perguntassem o porquê da Doutora Harleen estar rindo junto ao palhaço de maneira tão histérica.

— E aí ele quebrou o meu nariz. – Finalizou as risadas, o Coringa, enquanto vestia de volta sua calça. Agora deitando-se novamente e adotando uma expressão pensativa, continuou. – Ainda acho que ele queria acertar o meu traseiro e acabou errando... Ao menos foi o que eu preferi acreditar na época quando acordei três dias depois no hospital.

— “Três dias”? – Harleen estava espantada. “Foi mesmo só um soco?”.

— Foi neste dia que eu aprendi o que já lhe disse antes, Harley. Sempre estamos sujeitos aos tipos que não entendem a piada. – O Coringa tinha novamente, uma expressão tristonha.

— Hei, Sr. C, eu quero lhe mostrar algo. Eu finalmente consegui. – Harleen levantou-se de sua poltrona e andou rapidamente até sua mesa de madeira no outro lado da sala. Após abrir um compartimento na parte de baixo, retirou de lá algo que já havia prometido para o seu querido paciente havia tempo, e só agora conseguira cumprir. – Finalmente, vou poder fazer aquela tatuagem que o senhor me pediu.

— Obrigado, Harley! Fico tocado! – O Coringa agora mostrava um sorriso largo e satisfeito. Era importante para ele que fizesse estas tatuagens, afinal, era o seu meio de ter certeza a respeito de suas memórias caóticas.

— O que o senhor quer que eu faça? – Harleen sentou-se ao lado do Coringa. Mesmo com uma lâmina em mãos, não tinha medo de que o Coringa tentasse algo, acreditava que não o faria.

— Algo que represente o motivo pelo qual estou aqui. Algo que mostre o como ele me danificou, o como me destruiu. Para que eu lembre e então possa me reconstruir sempre que olhar para mim mesmo. – O Coringa a olhava como se permitisse que Harleen adentrasse sua alma, se é que havia uma.

— Eu já sei o que fazer. Caí como uma luva. – Harleen então pediu para que o Coringa se deitasse enquanto ela posicionava sua poltrona para perto da face do Coringa. Com a lâmina em seu som maquinário a tocar a testa do palhaço, começara a escrever aquilo que marcaria a lembrança do Coringa e a consolidaria como marco. “Damaged”.

— Sabe, Harley... – O Coringa não parecia sentir dor; sua testa embora sangrasse, e mesmo antes disso, durante a escrita, o mesmo não esboçava qualquer desconforto. -... Eu tenho de admitir, que no dia em que te vi olhando para mim através daquele maldito vidro, eu soube que estávamos conectados.

— Oh, Sr. C... – Harleen estava sem palavras, sentia seu corpo esquentar. Queria falar naquele momento o como se sentia, e quase o dissera, mas, o Coringa a interrompera.

— Têm um espelho? – Ele pedira.

— Ah, sim, claro. – Harleen se levantara em busca do pedido. – Aqui está. – O havia encontrado sobre uma pequena mesinha próxima a janela.

— “Damaged”. – Ele lera. – Perfeito. Genial! – Harleen ficara feliz pelo Coringa ter aprovado sua ideia.

    Harleen acabara não contando para o Coringa o como se sentia, ainda não sabia se era a hora certa para fazê-lo, e alguns minutos depois, decidira encerrar por aquele dia sua sessão com o seu palhaço preferido. Após Ronn e Frances adentrar a sala para buscar o Coringa, o mesmo se despedira com uma piscadela, enquanto Harleen mandara-lhe um gesto de despedida carinhosa com uma das mãos. Mais um dia que sentia se aproximar cada vez mais daquele homem, e mais um dia que sentia perder sua sanidade por amor.

—________________________Coringa______________________________

   Já era de madrugada, e apenas a lua iluminava o “Corredor Infame”. O silêncio que pairava e dominava a noite naquele corredor não fora interrompido quando uma presença incomum adentrara o recinto. Após descer as escadas e tocar o primeiro piso daquele corredor, de forma incomum, nenhuma luz fora ligada e assim se manteve, escuro, enquanto ele avançava frente as celas.

    A presença repentina daquela pessoa, não era de forma alguma inesperada pelo Coringa. Ao contrário, fora planejado. Não que gostasse, mas, era necessário, o mundo lá fora estava uma bagunça sem o seu Rei, ao menos Gotham estava. Era inadmissível.

    A porta de vidro não demorara para ser aberta e aquele que a abriu sem nada falar, deixou que o palhaço saísse. Era ele, o homem nas sombras, a passagem mais rápida para fora do manicômio. Não era o ideal sair ainda, afinal, não havia terminado seu trabalho com Harleen F. Quinzel; ela ainda não havia se tornado sua Harley Quinn, entretanto, aquela situação lhe pedira uma ação emergencial.

— Papel e caneta. – O Coringa pedira. Por sorte, o homem tinha.

— Uma despedida, minha querida, Harley. Até que um dia o azar nos colida novamente. – Ao término da escrita da carta, o Coringa deixara em cima de seu colchão. Um Adeus.

   Naquela noite, a gargalhada deixava Arkham para trás, mas, apenas lágrimas e saudades aguardavam Harleen F. Quinzel. A manhã seguinte, traria surpresas e medos para todos, porém, apenas um vazio para aquela Psiquiatra insanamente apaixonada.


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Notas finais do capítulo

E então? Curiosos para saber o que virá a seguir? Harleen está cada vez mais perdida. Como ela ficará após a saída do Coringa?