Tohe andava vagarosamente pelo corredor, ou pelo menos suas pernas pareciam estarem se movendo. Há um mês não se aproximava tanto dele. Tão perto. Perguntou-se o que Guz acharia se ele subitamente voltasse a cumprimenta-lo. Provavelmente detestaria. Ele viu nos olhos do querido pakeha o nojo, a angústia que a aproximação causava nele. Não deveria fazer isso novamente. Precisava agir como se estivesse no mundo das ideias. E com a cabeça levantada.

— Capitão! Se tirar Tohe do time, ele vai lamentar no meu ouvido até a próxima reencarnação! Vai extrapolar os limites! — antes mesmo de entra na quadra, Tohemmet já podia ouvir o choro lamurioso de Drake, seu companheiro de quarto do ano anterior. — Treinador!

Treinador Jobb aparentemente estava fazendo o de sempre. Nada.

— Não, Tamatea* extrapolou os limites. Tohe vai se arrepender de ter nascido. Se ele não aparecer agora... — Capitão Noah mal conseguia falar.

Ora, ora. Ele parecia realmente furioso, sua cara estava vermelha e bufava lufadas de ar. Quando viu seu armador chegar tão despreocupado quis matá-lo.

Drake, o pivô, foi o primeiro que se aproximou.

— Ele vai te matar.

— Obrigado por aliviar, pensei que tinha que me preocupar.

— O que vai fazer? — o amigo o olhava de cima por causa de sua extrema altura.

— Hmm... Não sei ainda.

— Obrigado por aliviar, pensei que tinha que me preocupar. — ironizou. — Você sabe, Noah não é Noah quando usa o titulo de Capitão. Mas eu não acho que ele vai te expulsar. — relembrou antes de desviar para junto dos outros.

— Você... — Noah apontou o dedo para ele. — Eu avisei.

— Desculpe, desculpe. — levantou as mãos num sinal de desculpa. — Eu sei. Tive uns problemas no caminho.

— E quando é que você não tem? Eu não me importo se você é o melhor armador da escola. Preciso que chegue na hora para os treinos. Todo o time está aqui. Até a reserva. Como eu posso saber que devo confiar em você nos jogos se nem nos treinos você é responsável? As semifinais estão aí na porta e vamos enfrentar os Sabretooth, não acha que eu já não tenho preocupações o suficiente para ter que ficar regulando seus horários também? — ele não parecia esperar as respostas. — Desde o mês passado você está assim. Se estiver com algum problema, deixe-nos te ajudar, se não pudermos resolva logo essa droga e foque nos jogos. Na quadra nosso time é nossa família. E você não põe sua família em segundo plano. Eu não quero te tirar do titular, Tohe. — o capitão suspirou. — Vá comprar umas bebidas para nós e quando voltar pode ir embora. Você não vai treinar hoje.

Tohe puxou Noah e encostou seus narizes e testas, depois se separou e pegou suas coisas.

— Estou indo pegar as bebidas, Capitão. — e saiu.