De onde olhava, Tohe podia afirmar com certeza que a roupa que Guz usava era grande demais para ele. Devia ser mais uma daquelas que a mãe dele mandava semestralmente. As camisas nunca conseguiam abraçar o corpo dele por inteiro. Que inveja.

Tohe podia vê-lo engolindo a seco pelo movimento do seu pomo-de-adão e os lábios dele tremiam ligeiramente. Suspirou mentalmente enquanto afrontava seus olhos verdes-mar, a pele branca evidenciava sua descendência. A família de Guz era de algum lugar da Lituânia e – aparentemente – quase todo mundo lá era assim. Devia ser maravilhoso ver milhares de Guzs, ele pensou enquanto mastigava outro salgadinho.

— Fazendo exercícios. — o outro respondeu suspirando.

Antes mesmo de olhar Tohe já podia imaginar o tamanho do insulto que Guz dirigia à História Antiga. E não estava errado. Não que Guz fosse realmente bom em alguma matéria, mas ele tinha um carinho especialmente odioso quanto àquela.

— É? E desde quando Atenas liderava a Liga do Peloponeso e Esparta a Liga de Delos? — perguntou descuidadamente correndo os olhos pelas respostas dos exercícios. Havia erros realmente cômicos lá. Em que diabos você está pensando, querido pakeha?, um meio sorriso formou-se em seus lábios. Seria nele? Não, não deveria alimentar esse tipo de esperança. Suspirou fazendo desaparecer seu sorriso.