Hirena escrita por Nathyy Weasley


Capítulo 4
Run


Notas iniciais do capítulo

Hey, Hey, Hey, Como estão? Nem demorei tanto assim né.

Então, vão lendo logo que está imperdível.

Boa leitura!!!



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Com as mãos procurando algum conforto dentro das luvas de lã, ela procurava esquentar mais ainda as mesmas as esfregando, puxou o cachecol tentando cobrir até mesmo a boca, Londres continuava gélido. Seguindo pela calçada, ou melhor, por missões. Era obrigação agora. Certamente era bizarro, por que um jogo a mandaria beijar uma garota? O que era aquilo? Teste de fidelidade?

Casais passavam grudados naquela avenida, desde casais com crianças, a casais com três cachorros, as árvores transbordavam o clima gélido por parecerem congeladas também, obscuras a noite, sem cor, sem vida, apenas árvores. A pista molhada, logo mais congelaria ali e faria alguns motoristas tomarem cuidado excessivo para não escorregar, era estranho estar fazendo menos de catorze graus em pleno verão, tudo andava estranho por ali. Em pleno agosto chovia... Talvez em pleno dezembro todos morreriam congelados dessa forma.

Ela sabia muito bem o que estava indo fazer ali, na esquina daquela avenida havia um pub LGBT, era o caminho mais fácil. Recordou-se de deixar Domi plantada na porta, dizendo que voltaria logo, Domi insistira em ir com ela, porem a ruiva disse para esperar lá, já que iria com a mesma para casa, agora estava impossível de voltar para a América, com o caos que havia deixado para trás. Era inacreditável que seus pais houvessem se separado, ela sempre esperava ver os dois pela manhã fazendo panquecas com calda de chocolates de tipos diferentes na cozinha, com sorrisos no rosto transbordando amor, até o fim de suas vidas. E agora, mais um conto de fadas chegava ao fim. Não existiam princesas, magia, reinos, fadas, muito menos sonhos. Não existiam mais sonhos. Com o coração na mão e o nó na garganta ela chegou a porta do local, seria rápido, tão rápido que ninguém poderia a ver fazendo loucuras porque simplesmente mensagens a ordenavam.

Assim que passou pela porta ela foi recebida pelo ar quente do local, tirou as luvas e as pousou no bolso do sobretudo verde, folgou o cachecol no pescoço e suspirou. Haviam muitos pessoas ali, e a lareira ao fundo. Algo que notara assim que entrara era como aquelas pessoas eram, todas com sorrisos brilhantes no rosto, como se não houvessem preocupações, algumas de cabelos exóticos, outros comportados, outros quase despidos, mas todos pareciam felizes. E aquilo a acolheu, como a muito tempo não se sentia, ela sabia que não pertencia ali, mas mesmo assim, era como a alegria que não vivenciava a tempos. Apesar de não ter os mesmos gostos que aquelas pessoas, como pessoas do mesmo sexo, ela sentara ali no balcão como se de alguma forma estranha se encaixasse.

— Nova por aqui? — O moço atrás do balcão a fez erguer os olhos para encara-lo, ele tinha brilhantes olhos azuis e mechas negras, um sorriso dócil no rosto

— Sim, quero dizer, é só uma vez, primeira e ultima — Ela tentou explicar franzindo o cenho

— Veio experimentar? — o tom do garoto a fez corar

— Na verdade não — Rose murmurou baixando os olhos, fora forçada —Você tem algo forte ai?

— Claro

Ele girou para trás e pareceu procurar com os olhos algo, esticou a mão e atrás de varias garrafas ele puxou uma garrafa rosa, rosa brilhante, ao olhar ela aparentava ser enjoativa, o rapaz puxou um copo da bancada atrás de si e empurrou para ela, girou a garrafa e derramou o liquido no copo, o liquido era viscoso.

— Dizem que esse aqui derruba até os jacarés — Ele piscou para a ruiva arrancando um sorriso da mesma.

Ela segurou o copo e o observou, entre os dedos o girou de um lado para o outro, respirou fundo e fechou os olhos, virou o copo de uma vez só, era doce, não queimava, congelava, era estonteante, parecia descer congelando o caminho, rasgando o tubo digestório ate o estômago. Rose bufou, o cérebro girou por alguns segundos e ela revirou os olhos. Não era tão forte assim, nem se quer desmaiou, nenhuma bebida era forte o suficiente, ela já tentara ate dos mais pesados copos de álcool aos mais antigos, não era como as outras pessoas, o álcool não a fazia esquecer os problemas, tampouco ficar bêbada.

Ela começou a dedilhar as unhas sobre o balcão, chateada por estar ali a essa altura da noite, quando alguem sentou a seu lado, ótimo, poderia ser rápido... Ou não

— Ola, moça solitária do balcão — a voz gentil ao lado cumprimentou

Rose levemente virou para a encarar, cabelos rosas como algum tipo de algodão doce, olhos cor de mel, e mais uma vez, um sorriso verdadeiramente alegre.

— Olá, você pode me ajudar? — Rose se endireitou na cadeira decididamente

— Depende, o que você precisa? — Ela continuava gentil

— Um beijo — a ruiva quase atropelou suas palavras

— Nossa! —A moça de cabelo exótico arregalou os olhos

— Mas se não quiser, tudo bem, eu...

— Não, tudo bem, é que ninguém costuma chegar aqui e precisar de beijos, pelo menos não dizer que precisa

— É meio inconveniente, eu sei, mas quem se importa? Eu realmente preciso fazer isso — A ruiva podia sentir os próprios olhos queimarem, era adrenalina, sua adrenalina.

A moça sorriu de canto e se inclinou, Rose não pensou muito antes de beijar a mesma também, era estranho, pensar que beijava alguem do mesmo sexo, extremamente estranho, porém ela não sentia nada errado, era apenas uma boca de outra pessoa. Rose manteve os olhos abertos durante o processo, a moça parecia se divertir com sua boca enquanto a ruiva observava quieta. Esse era um defeito pesado de Rose, ela era impulsiva, corajosa e determinada, mas impulsiva.

— Rose?! — Uma voz familiar exclamou por trás dela, o tom de voz era assustado.

Rose fechou os olhos quebrando o beijo com a moça, a moça lhe fitou docilmente e Rose sorriu de volta, a ruiva então se virou, vagarosamente, com medo do que poderia ver, ela se xingou por dentro quando viu o garoto ali, com os cabelos platinados de sempre e os olhos nublados vibrantes, ela suspirou enquanto o celular dava sinal de vida no bolso.

[...]

Os olhos azuis como o céu focaram no final do corredor, a respiração entrecortada pela corrida na escada espiral, nem se quer o fantasma de um sorriso era visto em seus olhos, ele podia apreciar o silêncio, as paredes verdes musgo com enormes quadros antigos, quadros de pessoas que espiavam a vida alheia que passasse por ali. Ele se sentia desconfortável com os olhares estranhos, mesmo que de quadros, ele sentia a presença de outro alguém, além da prima que estava em uma das salas.

Lily tinha ligado mais cedo, era um absurdo, tendo que esconder isso até mesmo dos pais que pensavam que Al tivesse ido viajar de última hora, uma semana atrás já, o tempo corria e nem sinal do Potter do meio, enquanto Lily encobria o caso desesperada, só alguns sabiam do desaparecimento, e somente três sabiam o porquê de tudo aquilo. Aqueles que procuravam preferiam não fazer perguntas também, se Alvo estava desaparecido justo por ter feito alguma coisa importante, eles não queriam se envolver nesta coisa estranha.

— Ei! — O sussurro assobiado o fez olhar para o final do corredor, sua prima despontava em uma das portas, com o cabelo ruivo escuro tornando a cena mais estranha

Ele caminhou até a prima a passos leves e rápidos, os olhos brilhantes, ele sentia algo pior agora, como um sexto sentido mais forte, se aproximando a mesma deu espaço para ele entrar, o menino entrou na sala confuso enquanto a prima começava a andar de um lado para o outro nervosa

— Não tem nada aqui, Louis! Estou começando a achar que isso tudo está sendo inútil — ela esfregava a cabeça confusa e preocupada

— Se você parar um pouco e respirar... Dá pra resolver alguma coisa

— Mas se Alvo já estiver mor...

— Lucy! Pare de desespero! — Ele bufou

A ruiva o fitou por alguns minutos e baixou os olhos, controlando a respiração. Antes que Louis pudesse abrir a boca pra argumentar novamente, ele escutou um estalo vindo do corredor. Os dois rapidamente olharam para a porta, se entreolharam e assentiram, Louis passou a frente da prima para olhar de esguelha pela porta, ele observou com atenção o corredor, o corredor levava até o outro lado, até o terraço, onde ficava a saída. Ele então saiu da posição de espionar e começou a andar pelo corredor, era extenso, maior que as escadas da Toca, por ser uma grande mansão velha.

Lucy acompanhou o loiro de perto, mais um estalo se fez presente, dessa vez alto. Parecia ser um pouco tarde quando os dois perceberam que as paredes se moviam, uma em direção a outra, como um grande abatedor de carne, eles seriam amassados, no mais, mortos. Alarmados os dois sem pensarem duas vezes começaram a disparar pelo corredor, correndo sem olhar para os lados, nem para trás. Louis que estava a frente segurou a mão da prima e correu mais rápido do que realmente podia. O desespero contagiava seus olhos. Lucy segurou o grito. Os dois já começavam a se esgueirar de lado pelas paredes agora muito próximas.

Louis estava quase lá no final, daria tempo, ele queria acreditar. O zumbido das paredes já se tornara insuportável, agora correndo como insetos na parede eles finalmente começaram a gritar. Louis apressou os passos, ainda segurando a mão de Lucy. Quase lá... Só um pouco mais... O loiro impulsionou e tombou para frente, conseguira chegar ao terraço, ainda segurando na mão de Lucy ele prendeu a respiração e de costas para a garota tentou puxar sua mão, inutilmente.

Foi chocante olhar para trás e ver que agora segurava uma mão qualquer, um pedaço de um corpo decepado, para fora das duas paredes, que haviam se tornado uma só, ele soltou a mão aterrorizado, a mão desprendeu e escorregou pela parede, com uma mancha de sangue. Tudo que ele podia ver era uma parede agora, com uma listra de sangue bem no meio do encontro das duas.

Ele tirou o celular do bolso com as mãos trêmulas, desbloqueou a tela e clicou na discagem rápida, levou o celular ao ouvido com os olhos enchendo de lágrimas

— Louis? Vocês acha...

— Sangue, esse é o preço, Lily, sangue

[...]

— Scorpius... — Ela sussurrou quase inaudível

Ante a surpresa do garoto surgiu um sorriso enorme e sarcástico em seu rosto, Rose tinha esquecido desse temperamento.

— Resolveu trocar de time? — O jovem loiro apontou para a moça mais ao lado da ruiva.

— Não, Scorp — a mesma cruzou os braços, se virou para a moça ali e sorriu docemente — Obrigada

A moça correspondeu o sorriso, Rose deu as costas e segurou no braço de Scorpius, praticamente o arrastando para o lado de fora, ele bufou indignado e puxou o braço de volta meio risonho.

— Estava beijando uma garota, Rosália? — Ele sorriu de canto e ela o encarou revirando os olhos

— Estava sim, e o que você faz aqui?

— Eu vim buscar Roxy, que provavelmente está jogada ai dentro

A ruiva o fitou e arregalou os olhos

— E por que você?

— Alvo não pode vir, como de costume — Ele comprimiu os lábios como se contasse um segredo — E ei, o que a trouxe a Londres tão de ultima hora?

— Minha força de vontade — Ela sorriu azeda

— Doce limão, como sempre

— Agora quer me deixar ir?

— Tudo bem, aviso a sua prima que esteve aqui, se é que me entende — o sorriso se expandiu no rosto do rapaz, Rose esbarrou em seu ombro e saiu pela rua, rindo por dentro.

Ela colocou a mão no bolso se lembrando do celular, suspirou antes de olhar a tela mais uma vez esperando não encontrar algo pesado demais para a mesma.

"Rose,

Parabéns, senhorita Weasley.

Sua fidelidade é incrível para com um desconhecido.

Você completou a segunda missão com êxito.

As roupas da vitrine são realmente bonitas, não acha? Que tal pegar uma sem pagar?

O desafio está lançado,

Hirena."


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Antes que me joguem pedras ashuashua.

Quero agradecer por estarem comentando, sério, to apaixonada por todas vocês, leitoras lindas.

Até o próximo :*



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