Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 53
Edifício




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A brisa da noite soprava gelada, quantas horas poderiam ser? Com certeza já estavam na madrugada. A cidade estava quieta, em silêncio, nem parecia que estava cheia de monstros e todos estavam a caminho de uma missão suicida e que ninguém sabia nada a respeito - com a exceção de Flag, mas ele sempre se desviava do assunto.

O centro da cidade estava próximo, os edifícios ficavam maiores e as ruas cobertas de lojas. Harley reconheceu uma das lojas, era de roupas e uma de suas preferidas, a loja sempre tentava inovar com roupas tendências, especialmente de inverno. Na vitrine havia três manequins, um deles usavam um relógio dourado muito detalhado, os olhos de Harley brilharam. Com o taco na mão, ela quebrou a vitrine. Todos os soldados em um raio de cinco metros se assustaram e ergueram suas armas para ela, que ergueu as mãos ironicamente em sinal de rendição. Ela se curvou e tirou o relógio do manequim, guardando-o em seu bolso. Talvez o pudinzinho goste.

Na frente Flag e o Pistoleiro conversavam, Harley tentou se aproximar para ouvir o que diziam, mas assim que chegou a conversa terminava. Ela bufou e correu atrás do Pistoleiro.

— O que está acontecendo? Isso no ar é cheiro de traição? — Ela sorriu enquanto dizia, não demonstrando real preocupação

— Esses caras podem estourar nossos miolos a qualquer momento, eu preciso que seja boazinha. — Ele respondeu olhando para ela algumas vezes enquanto caminhavam

Ela selou os lábios e afirmou com a cabeça algumas vezes, como se dissesse "agora eu entendi".

— Quer que eu seja boazinha e volte de mansinho para a minha jaula? — Ele parou e abriu a boca para falar, mas Harley o interrompeu — Tudo bem, traidor, eu já entendi. Eu já sei como o mundo funciona, aqui é cada um por si, certo? Vamos ver quem vai sair vivo daqui então.

Ela dá as costas e apoia seu taco nos ombros, seu rosto queima de raiva com a deslealdade que sempre enfrenta, isso é cansativo, perder tempo é cansativo.

Edifício Federal John F. Ostrander

Após mais alguns minutos de caminhada, o grande edifício comercial parece ser o alvo final da missão. Os soldados se posicionam e começam a conversar entre si, típico antes de fazerem qualquer coisa - ter uma estratégia com 50% de chance de falhar.

Harley e os outros ficam parados, resmungando mentalmente já que a única coisa que podem fazer é esperar as "ordens". O tempo passa e Rick parece mais discutir com os soldados do que arquitetar um plano seguro.

— Já chega — Pistoleiro diz caminhando até eles — Por que estamos demorando tanto?

— O que está fazendo? — Flag sussurra, mas ele já estava a caminho do edíficio 

Sem alternativa e com raiva no olhar, sua única opção é segui-lo. Harley sorri de lado e se coloca para andar.

Aparentemente, bastou empurrar a porta para ela se abrir, a entrada do edifício é totalmente de vidro, o que deixava um ar de destruição. Os soldados e vilões começaram a se distribuir no andar, estava tudo queito, como se o prédio - assim como o resto da cidade - estivessem vazios. Harley observa um monitor com todas as câmeras de segurança, pelo menos oito, todos mostravam que o prédio estava vazio.

— Parece que vai ser moleza, uh? — Bumerangue surge do lado dela, observando os mesmos monitores

— Parece que eu gosto de você? — Harley rebate 

Ele dá um riso baixo e ela dá as costas. 

Todos começam a ir em direção as escadas, Harley observa as longas escadas e tudo que vem a cabeça é meu Deus, como podem ser tão burros?. Ela caminha em direção a um dos três elevadores, ele se abre normalmente, como se fosse qualquer outro dia normal.

Ela aperta o botão do último andar e o elevador se fecha. Pelo vidro do mesmo ela observa todos olhando para ela lá de baixo, até consegue ver o Pistoleiro e Flag a xingando, mas quem se importa? Ela acena sorridente para eles, que correm pela escada para alcança-la.

Aproveitando o conforto e o tempo sozinha, ela pega o celular do bolso da jaqueta. Lá havia uma nova mensagem:

Estou perto. Prepare-se.

— C

Seu coração acelera e é impossível conter um sorriso de felicidade. Inesperadamente, um monstro quebra o vidro do elevador, se lançando para dentro dele. Harley deixa seu celular cair e é prensada contra a porta de metal, a coisa tenta enforca-la. Ela rapidamente pega sua arma no coldre e acerta sua cabeça, que se parte em vários pedaços e seu corpo cai no chão já sem vida - ou qualquer coisa parecida.

Ela pega o celular do chão e o guarda novamente no bolso, aproveitando os últimos segundos no elevador para prender melhor seu cabelo e ajeitar suas mechas. O elevador se abre e lá estão todos em posição de luta, eles observam o corpo do monstro no chão e olham para ela, que sorri para eles.

— Oi gente, por que demoraram? — Ela desvia do corpo e sai do elevador

Eles acompanham ela com o olhar, que caminha despreocupadamente para dentro do edifício. 

Todos fazem uma fila e se colocam em alerta, tudo indica que estão chegando próximos ao local da missão. Não há luz, então tudo que se pode ver são salas vazias, possivelmente escritórios de contabilidade.

— Cadê a diversão? — Harley pergunta alto, já que tudo que vê são papéis rasgados e canetas quebradas

— Nosso objetivo está lá em cima — Flag responde igualmente alto, para todos ficarem cientes

Harley logo raciocina que se estão no último andar o "em cima" dele se referia ao terraço. Ela inicialmente gosta da ideia, até que ela vê as escadas em diagonal. Reunindo toda a sua força de vontade, ela se prepara para subir.
Após cinco minutos subindo degraus, ela para e respira fundo.

— Okay, preciso trabalhar melhor minha resistência. — Ela diz olhando Katana, que sobe normalmente, como se aqueles lances de degraus não fossem nada para ela

Harley se debruça no corrimão para descansar, ela observa a altura em que estão. Uma memória longe vem a sua mente, de quando estava na fábrica química com o Coringa. Uma sensação estranha de tristeza e saudade invade o seu peito, é incrível como parece que isso aconteceu há tanto tempo, o dia que ela se mudou - por ele.

Foi quando ela teve certeza de que ele a queria do seu lado, quando ele pulou para salva-la, é claro que ele não a deixaria morrer. E se deixasse, ela morreria facilmente por ele. Mas, o melhor caminho era acreditar que aquilo foi um teste, e que ele sempre pretendeu salva-la.

Seus olhos se aquecem de lágrimas. Um passo a desperta de seus devaneios, ela saca sua arma, mas era apenas o Pistoleiro. Ela se incomoda de ter baixado a guarda, poderia ser qualquer coisa.

— Sou só eu — Ele ergue as mãos — Tudo bem?

Harley sente seus olhos arderem e seu maxilar travar, a muito tempo não se questionava se estava "tudo bem". A imagem que aparecia em sua mente era Coringa, sempre bem arrumado, sorridente e com aquele olhar de quem tinha o mundo nas mãos. Ela sentia tanto a sua falta.

— Você já se apaixonou? — Harley perguntou sem se livrar da arma

— Não, nunca.

— Mentira. — Sua voz falha um pouco

— Não se mata tantas pessoas quanto eu sentindo coisas como amor. 

Harley suspira, guardando sua arma.

— Mais um típico sociopata.

Ela começa a andar novamente, ainda pensativa como era sua vida antes de ser prisioneira em Belle Reve. Os dias com o Coringa a faziam verdadeiramente feliz?


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥