Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 45
Projetos


Notas iniciais do capítulo

Olha quem retornou dos mortos, q. o/
E já retorno muito feliz e muito grata a Aihara pela recomendação maravilhosa, fiquei apaixonada! ♥
Espero que gostem. (Recados nas Notas Finais)



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— Senhor, precisa mesmo de tantas amarras? — Harley diz, remexendo seus pulsos

Ela estava sendo levada por entre a prisão em uma cadeira de rodas, suas pernas, braços e pescoços estavam amarrados. Dezenas de agentes andavam ao seu redor.

— Para onde vamos? Pagaram minha fiança? Tenho certeza que foi meu pudinzinho. — Ela dizia sorrindo, todos permanecem em silêncio.

Eles passam por corredores escuros, todos bem armados. Harley tenta decorar o caminho em que passavam, caso não esteja sendo levada para fora de fato.

Os agentes que caminhavam na frente abrem uma grande porta, uma luz forte aparece a frente deles. Harley fecha os olhos incomodada pela claridade e quando os abre, ela está do lado de fora dos prédios. Aquele era como um pátio da prisão, havia mais agentes e mais armas. Também havia outras pessoas amarradas pelos pés no chão por correntes de aço, em frente a grandes mesas de metal.

Eles colocam Harley em frente a uma das mesas de metal, era a única vazia. Eles passam correntes pelos seus pés e em seguida soltam as amarradas da cadeira, eles tomam cuidado para que ela esteja primeiro presa ao chão e depois livre da cadeira. Os agentes cercavam ela com a arma em punho, prontos para qualquer ataque.

Na mesa havia uns papeis, tintas e canetas. Harley junta as sobrancelhas perante aqueles materiais, as outras cinco pessoas, que provavelmente também eram prisioneiros, pareciam tão perdidos quanto ela. Os agentes tiram a cadeira e Harley fica em pé, os pulsos e tornozelos presos a correntes do chão, suas mãos só podiam se mover a uma pequena distância, que era para a mesa a frente, os pés não saíam do lugar.

— Eu não queria me gabar, mas sou uma boa desenhista. Se for uma competição, eu vou ganhar de vocês. — Harley diz petulante para as outras pessoas

Alguns olham para ela, outros ignoram. Estavam mais preocupados com a mulher sorridente de meia idade que estavam parados em frente a eles. Harley respira fundo o ar que tinha e aprecia o contato do sol com sua pele, ignorando a funcionária que se apresentava.

— Vocês devem estar se perguntando o por que de estarem aqui! Bem... — A mulher continuava

Harley Quinn sussurra a sua música de infância e olha ao redor, decorando o espaço. Não era exatamente um pátio, tinha grandes muros de pedras, parecia mais um espaço aberto comum da prisão.

— Você está ouvindo, Harley Quinn? — A mulher retira o sorriso do rosto e olha para Harley, que se assusta e é colocada de novo na realidade

— Quem disse isso? — Harley pergunta olhando ao redor, ela julgava ser uma nova voz

— Eu disse isso! — A mulher se aproxima da mesa dela, seu tom estava mais sério e ligeiramente irritado

— Ah! Uma pessoa real, que saudade de ouvir alguém falar comigo! Vamos ser melhores amigas? — Harley estende a mão direita para cumprimenta-la, mas a corrente a impede de se aproximar muito

—  Sim, é por isso que estou aqui, mas não vou tocar em sua mão. 

— E onde estamos?

— Eu chamo esse lugar de Reflexão. — A mulher abre os braços como se mostrasse uma bela paisagem

— Ah... Sei... — Harley olha com estranhamento para ela — Alguém me leva de volta para a minha cela? — Ela diz alto, olhando para os agentes

Eles trocam olhares entre si, a mulher a frente aperta os dedos com visível irritação, sua paciência parecia estar por um fio.

— Senhorita, eu peço que me respeite e dê uma chance a esse lugar. Construiremos bons momentos aqui.

— É tipo aquelas atividades que diminuem a pena? Nesse caso, é um bom incentivo.

— A partir do momento em que você entrou em Belle Reve, você não vai mais sair, sabe o que significa prisão perpétua? — A mulher volta a sorrir, seu ar de superior logo aparece

— Mimimi, também diziam que saia cinza e blusa verde não combina, agora olha a senhora aí. 

A mulher abre a boca surpresa, os outros prisioneiros seguram uma risada.

— Com quem você pensa que está falando? — Ela coloca as mãos em cima da mesa de Harley, a raiva estampada em seus olhos

— Com alguém que não entende nada de moda, com certeza.

Um agente atrás da Harley deixa escapar um pequeno riso, a mulher olha furiosa para ele, um agente ao lado dele dá uma cotovelada em seu braço, que rapidamente pigarreia com a garganta e retoma a sua pose.

Harley Quinn sorria despreocupada, observando suas unhas. Apenas nessa imensa claridade conseguia observar seu próprio corpo direito.

— Acho melhor a senhorita me respeitar, já esteve na solitária? É um lugar sombrio onde meu passatempo é mandar pessoas condenadas para se condenarem mais. — Ela diz friamente

Harley presta atenção em suas palavras e fica calada.

— Por que nós estamos aqui? — Harley diz baixo

— Esse é o tom de voz que eu quero! — A mulher sorri — Agora... — Ela dá as costas, Harley levanta o dedo do meio para ela com um sorriso, mas logo abaixa novamente — Vocês estão aqui para pegarem todo o ódio dentro de si e transformarem em algo bom! Por exemplo... — Ela remexe algo em um baú,  logo retorna com uma faca vermelha e prateada com um desenho de dragão — Olha que bela faca! Eu diria que veio de um grande artesão, de um país distante ou é uma herança de família, certo?

Harley Quinn levanta a mão, a mulher revira os olhos e continua a falar, ignorando a intromissão.

— Saibam que não! Foi um homem como vocês que a fez. Um prisioneiro que superou a maldade e transformou sua paixão em algo belo. Nesse caso, facas e dragões. Não é incrível? Pois saibam que vocês podem fazer algo igual a ele! Bom, talvez não todos vocês... — Ela olha para Harley, que cruza os braços — Mas, como o governo paga meu salário, preciso ensinar a todos. 

Ela coloca a faca novamente no baú e mantém seu sorriso.

— Agora, os materiais! — Ela dá um sinal aos agentes, que aparecem com uma caixa plástica enorme, todos olham para a caixa

Ela parecia estar cheia de madeira, argila e panos. 

— Vocês vão escolher algo dessa caixa e transforma-lo em algo belo. Pode ser uma pintura, uma escultura, uma arma branca, uma roupa, enfim... É para usar a criatividade! Este é um jogo psicológico para vocês se exercitarem e retirar de dentro de vocês seu lado mais íntimo e deixa-lo exposto. Uma verdadeira cura espiritual. — Ela segura dobra seus dedos em sua frente

Os agentes abrem a caixa e começam a jogar objetos aleatórios na mesa dos prisioneiros. Todos olhavam para os objetos e para a mulher, muitos estavam querendo mesmo estar em suas celas.

Na mesa de Harley os agentes jogam uma arma de metal, dois elásticos, um pedaço pequeno de papelão, algo como um marte grande antigo e um taco de baseball de madeira limpo. Harley resmunga, cruzando os braços.

— Vocês são tão sem graças, eu queria aquilo! — Harley aponta para um prisioneiro a sua frente, que tinha uma espada brilhante em sua mesa

Os agentes mostram a arma de choque, Harley dá um passo para trás, ela levanta os braços em um sinal de desculpas.

 — Muito bem, mãos a obra! — A mulher diz sorridente, todos ficam parados olhando par ela — Estão esperando o que? Ficarão aqui até que eu diga que terminaram, deviam começar.

Todos reviram os olhos ou resmungam alguma coisa, inclusive Harley. Havia vários materiais aleatórios em sua mesa, criatividade nunca foi um problema, ela apenas não queria dar algo para aquela mulher. Mas sinceramente, distração parecia uma boa ideia, fora que ali ela tem sol e um ar quase fresco.

Decidida a fazer algo melhor que dos outros, ela começa a separar alguns materiais.

— Podemos trocar materiais entre nós? Aquele moço ali tem um pincel que eu preciso! — Harley aponta para o primeiro prisioneiro 

— Claro que pode, Harley. Mas a outra pessoa precisa concordar, aqui não exite roubo. Como vocês devem estar acostumados. — A mulher diz se aproximando da mesa dela

— Moço, pode me emprestar seu pincel? — Harley força uma voz agradável e educada

— Não. — O homem diz sem olhar para trás

Harley abre a boca indignada.

— Você ouviu isso? É um abusado mesmo, me dá esse pincel agora! — Harley grita se jogando para frente, o máximo que conseguia fazer era balançar os braços para frente, seus pés sequer saíam do lugar

— Senhorita, se controle! — A mulher diz alto, os agentes se aproximam

— Se você não me dar esse pincel, vou jogar esse elástico em você, com certeza você sabe como isso dói.

— Toma essa droga de pincel! — O homem se irrita e joga o pincel em sua direção, mas ele também se divertia com a situação

— Awwnnn, obrigada! — Harley rapidamente se acalma e começa a sorrir, o pincel cai no chão próximo aos pés da mulher que ainda olhava indignada — A senhora pode pegar o pincel, por favor? 

A mulher olha para ela e olha para o pincel, irritada ela recolhe ele e joga na mesa de Harley, dando as costas. 

— Vocês estão tão amorzinhos hoje! — Harley manda dois beijos em direção ao prisioneiro e a mulher, que pisava duro para a frente de todos

Harley Quinn começa a assobiar e juntar seus materiais.

— Por onde eu começo? — Ela diz para si mesma, colocando as mãos em sua cintura

(...)

Algum lugar de Gotham

Uma partida de sinuca acontecia em um bar elegante, vários homens apostavam contra si a medida que o jogo corria. Havia relógios, dinheiro e correntes nos cantos da mesa. Alguns bebiam e torciam pelos competidores, que jogavam tentando controlar sua ansiedade. A partida já estava no fim, alguém receberia um bom dinheiro por ela.

Imediatamente, homens aparecem no lugar pela entrada da frente, eles portavam armas e apontava-as para as pessoas. Os homens tentam sacar suas armas, sem sucesso, não havia tempo o bastante. Indignados, todos levantam suas mãos. Os armados caminham pelo lugar, abrindo outras saídas onde mais homens surgiam, o lugar estava tomado em menos de trinta segundos.

Todos os jogadores e sua torcida estavam ao redor da mesa de sinuca, erguendo suas mãos e trocando olhares entre si.

— Ah, eu gosto de sinuca, mas prefiro jogos de cartas. — Coringa surge pela entrada, se apoiando em uma bengala prateada

Todos os homens do bar se estremecem e arregalam os olhos, todos sabiam o porque dele estar aqui. Os homens do Coringa permanecem em posição, enquanto ele observa a pintura e a decoração do lugar.

— É, aqui não é ruim... Mas, eu preciso saber. Qual de vocês é o porta-voz? — Ele aponta a bengala de prata na direção do rosto dos homens, esperando uma resposta

Todos ficam em silêncio segurando suas próprias respirações, Coringa ergue uma sobrancelha.

— Eu matei o último, mas isso não precisa acontecer se ele se apresentar agora. — Coringa separa as palavras enquanto diz

— Ele não está aqui — Um dos homens que jogava toma coragem para dizer, todos em volta se aliviam — Ele viajou com nosso chefe, eles não estão no país.

— Bom, isso não muda muita coisa. Qual de vocês é o contador? — Ele dá um grande sorriso

— É este aqui. — O mesmo homem aponta com o olhar para um homem ao seu lado, Coringa leva seu olhar em direção a ele

O homem era mais baixo que os outros e tinha um pequeno óculos em seu rosto. Ele olha desconfortável para o Coringa, não podia esconder sua frustração em ter esse cargo agora.

— Nós dois vamos conversar. — Coringa se apoia em sua bengala, dois de seus homens puxa o contador pelos ombros, o tirando do resto de seu grupo

Coringa tomba a cabeça para o lado, pensando no que fazer. Todos permanecem em silêncio, nervosos. Coring abre um amplo sorriso e todos se controlam para não sair de lá correndo.

— Matem todos. — Coringa diz e caminha suavemente para longe.

(...)

Pátio Interno de Belle Reve 

Harley Quinn dobra as suas sobrancelhas a medida que escreve com uma caneta permanente em seu taco de baseball. As letras ganham forma e preenchem quase todo o espaço. Sua letra de canção de ninar favorita estaria marcada para sempre naquela madeira.

Sua arma já estava pronta, sua tinta dourada estava se secando em um canto da mesa. Harley havia feito uma decoração simples em torno da arma, em sua roleta russa ela fez questão de escrever Amor, Ódio, em cada lugar das balas. No martelo grande antigo, ela desenhou um rosto feliz com dois X no lugar dos olhos com a mesma caneta permanente, com a tinta de outro prisioneiro e seu pincel ela pintou triângulos vermelhos e azuis ao seu redor.. Ambos resultados foram satisfatórios, mas seu taco semi-pronto está fadado a ser o seu favorito.

A letra já estava terminando e estava acima de seu aparador, que tinha uma divisória com os mesmos triângulos que o martelo. Ela também tinha pintado na parte central de seu taco "Good Night", ou "Boa Noite", ela sorriu em silêncio quando teve essa ideia. 

Assim que termina de escrever em seu taco, Harley dá um estridente e infantil grito. Todos olham assustados para ela, que bate palmas feliz.

— O que você fez, Harley? — A mulher diz engolindo seu susto, ela não se referia ao projeto

— Olha só! — Harley levanta feliz seu taco de baseball — Eu duvido que façam algo mais bonito. E fiz outras coisinhas também. — Ela levanta arma por arma, se gabando por suas "conquistas"

A mulher caminha até ela e sorri a medida que examina suas criações.

— Estou impressionada, senhorita Quinzel! Você fez ótimos trabalhos.

— Quem é senhorita Quinzel? — Harley coloca a mão acima dos olhos e começa a olhar ao redor

— Você. E digo que fez um bom trabalho, te deixarei até escolher se quer voltar para a cela. — A mulher cruza os braços

Harley Quinn olha para a mesa e se lembra de uma ideia sombria que acabou tendo no meio dos projetos.

— Não, eu vou ficar aqui. Tem muito tempo que não vejo a luz do dia. — Ela convence todos com seu sorriso infantil

— Que assim seja, podem continuar. — A mulher caminha de volta para a frente, aproveitando para olhar as mesas de seus "alunos"

Harley bate os dedos na mesa de metal, ansiosa. Ela pega a caneta permanente na mão e observa pelo canto do olho os agentes ao seu redor, assim que repara uma brecha, ela desenrosca e puxa rapidamente o tubo de tinta da caneta, que sai junto com a ponta de escrita.

Um dos agentes olha rapidamente para ela, ele desconfia de sua rápida movimentação. Em passos rápidos, ele caminha em direção a ela, que está de cabeça baixa concentrada em algo. O agente se aproxima e toca o seu ombro, Harley se vira para ele com um rosto falso de susto. Ele olha para as mãos dela e para a caneta tampada em sua frente.

— Algum problema, senhor agente? — Ela diz com sua voz suave

Ele ergue seu queixo e dá as costas, Harley suspira de alívio e coloca as mãos em sua cintura, sentindo o tubo de tinta em seu lado esquerdo.

— Pensando bem, eu quero voltar para a cela. Estou entediada e chega de sol por hoje. Estou me sentindo bem melhor depois dessa cura espiritual, talvez a senhora esteja certa. — Harley não acreditava nas coisas que estava dizendo, mas coloca um sorriso convincente no rosto

— Pois bem... Levem a Harley Quinn de volta a sua cela, espero que ela tenha melhorado seu caráter amargo e seu semblante de superior, pelo menos por hoje. — A mulher sorri da mesma maneira de volta

Harley não desmancha seu sorriso.

— Confiram a mesa dela e prendam-na.

Os agentes se aproximam e recolhem todos os materiais de volta para a caixa. Harley prende a respiração quando um deles pegam a caneta, mas por descuido ele apenas a joga na caixa, sem destampa-la e a examinarem melhor.

— Acho que você está pronta. — Um dos agentes diz ao seu lado

— O que foi? Vocês vão me dar aquele... — Ela é interrompida por uma descarga elétrica do taser de choque

Seu corpo bate forte contra a mesa de metal, enquanto sua mente se apaga. Seu corpo se convulsiona algumas vezes e se entrega a escuridão.

Em alguns minutos, Harley Quinn abre os olhos. Ela sente o desconforto de sua cama e a parede de pedra a sua frente a faz se lembrar de onde está. Como em todas as vezes em que acorda, ela sente aquele aperto na garganta.

Mas dessa vez era diferente, ela se senta e começa a apalpar sua roupa. Um grande alívio percorre sua mente quando ela sente o tubo de tinta abaixo dos panos, ela rapidamente o retira e o observa melhor.

— Pudinzinho, eu vou me lembrar de você. — Harley aperta o tubo com as mãos e contra o peito

Ela sorri, enquanto seus olhos brilham pelas lágrimas.


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Notas finais do capítulo

> Fiquei ausente a maior parte do tempo por falta de internet, o contrato com minha operadora terminou e precisei assinar com outra. Acreditem, isso levou muito tempo.
> A história terá mais 15 capítulos, ou em torno disso.
> A história ganhará uma one-shot que será parte dela, não entendeu? Quando o momento chegar, vocês saberão.
> Eu já sei qual será o final.
> Não tenho planos para outras fic's quando essa terminar.
> Escreverei um capítulo especial de Natal, que será muito, muito especial.
> Ela terminará em janeiro.
> Este foi um capítulo mais "feliz", mas o próximo será bem difícil.
> Espero que comentem este capítulo especialmente, pois quero saber quem ainda está acompanhando, e perdoem a minha ausência, saibam novamente que amo muito vocês.
Até o próximo ♥