Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 44
Se Lembre


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, demorei? Mas, esse capítulo está bem legal, então me perdoem.
Espero que gostem.



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Os dias estavam passando devagar, o tempo parecia não colaborar. Harley Quinn estava comendo o que lhe mandavam, era isso ou suplemento alimentar. Eles jogavam o prato dentro de sua cela uma vez por dia, no mesmo horário, Harley julga o horário ser 12:00 e assim ela tentava contar o tempo e os dias. Apesar de estar emocionalmente instável, sua inteligência e sua personalidade mais confusa pareciam não ser afetadas. Apesar de a este ponto estar confusa sobre quem são as pessoas reais e as vozes em sua mente, ela ainda conseguia se prender a única coisa que lhe importa nesse mundo: Coringa. Isso é o bastante para mante-la de pé.

(...)

Gotham

— Para finalizar, gostaríamos de informar que já se passaram três semanas desde a última aparição do Coringa. A polícia investiga seu paradeiro, há uma pista dada por um informante anônimo que o Palhaço do Crime está escondido em um prédio comercial ao norte de Gotham. Será mais uma de suas jogadas ou Gotham finalmente poderá respirar em paz? Mais informações amanhã neste mesmo horário. — Uma repórter anunciava em seu jornal

Alfred entra na sala de estar atraído pelo som da televisão, o ambiente estava pouco iluminado. Um vento frio vazia a janela de vidro bater, alguns galhos de árvores faziam uma sombra sinistra no chão. Ele olha ao redor, procurando pelo controle remoto.

Assim que o encontra, em cima de uma mesa pequena de carvalho, Alfred desliga a televisão.

— Eu estava ouvindo. — Uma voz ecoa na sala

Um homem estava de costas, em meio as sombras. 

— Patrão Bruce? — Alfred dá um passo para frente

A silhueta do homem se vira e ele parece se aproximar. Ao dar dois passos para frente, a luz ilumina seu rosto, Bruce Wayne segurava um copo de whisky.

— Quem mais seria? — Ele deixa seu copo vazio em cima de uma mesa

Alfred dá um pequeno suspiro, uma mistura de alívio e raiva. 

— O senhor seguirá a pista do Coringa?

— É inútil, foi anunciado em um jornal e acha que o Coringa ainda estará parado esperando por nós? Eu avisei a polícia para não invadir o local hoje, vão chamar o esquadrão anti-bombas para entrar no lugar amanhã, eu não ficaria surpreso se ele estiver implantado diversos explosivos e ele mesmo ligado para a polícia. — Bruce caminha em direção a saída
Alfred dá um passo rápido para frente, bloqueando a passagem de Bruce pela porta.

— Senhor, podemos conversar?

Bruce para no mesmo lugar e permanece olhando para o nada.

— Eu não tenho nada para falar.

— Eu tenho, por favor, senhor. — Alfred pede mais com o olhar do que com as palavras

Examinando suas alternativas e medindo suas palavras, Bruce suspira e caminha de volta para o centro da sala.

— Eu tenho observado como o senhor está diferente desde que mandou a Harley Quinn para Belle Reve, se está preocupado da garota piorar psicologicamente... Você fez tudo o que pôde. Se a colocasse no Arkham, o Coringa planejaria uma forma de regata-la. Eu não acho que qualquer um teria tomado uma decisão diferente, ou buscado uma terceira alternativa.

Bruce mantém a cabeça baixa, ouvindo a voz dele.

— Senhor... — Alfred se aproxima, obrigando Bruce a levar o olhar e encara-lo — A cidade está livre do Coringa e da Harley Quinn, não é o que queria?

— Eu a matei... Eu acho. — Bruce confessa finalmente em voz alta 

Alfred o encara sem entender.

— A bala com o veneno da Hera Venenosa, eu nunca atirei nela, atirei na Harley Quinn. Eu repassei essa situação várias vezes, acho que a Hera retirou o veneno da Harley e assim morreu, explicaria tudo. E após prende-la eu quase... Quase...

— Mas não fez — Alfred coloca a mão no ombro dele — O senhor não a matou, não se culpe por algo que não fez. Entendo a raiva que sentiu e ainda sente, eu também sinto falta dele. — Bruce o encara, os olhos imediatamente marejados

— Eu teria matado ela, e ainda pode acontecer. Eu deveria salva-la, era esse o objetivo inicial, mas depois... Eu descobri que poderia faze-lo sentir a mesma coisa, foi tentador.

— Ela está viva e detida, o Coringa está inativo. Você salvou os dois. Está na hora de seguir em frente, precisa estar pronto se o Coringa aparecer, precisa estar pronto para salvar essa cidade.

Alfred dá um pequeno e sincero sorriso, se afastando devagar, deixando-o colocar seus pensamentos no lugar. Bruce fica sozinho na sala, ele busca um auto-equilíbrio e tenta trancar toda a culpa, ele não é um assassino até onde sabe.

Ele vê o controle remoto na mesa em que deixou, caminhando até ela, ele respira fundo. Assim que pega o controle, ele aponta para a televisão e a liga, ainda passava reportagens sobre o país.

— E nessa quarta-feira mais um acidente envolvendo o Superman. Aparentemente, ele foi salvar 7 pessoas de um prédio em chamas, mas algo deu errado e o prédio desabou, a estimativa é de 8 pessoas mortas e 3 feridas, incluindo os bombeiros que circulavam o local. Os sobreviventes relatam que ele usou uma super-força para derrubar uma parede, o que fez todo o prédio desabar. Esta é a segunda catástrofe em 5 meses envolvendo o super-herói, será que ele está mesmo pronto para tamanha responsabilidade? Ou seria melhor se ele deixasse as ruas? Mais informações... — Bruce desliga a televisão, apertando com força o controle remoto

(...)

Belle Reve

— A minha mãe cantava uma canção de ninar muito linda, por que não fazem um coral? — Harley Quinn sorri, enrolando uma mecha de seu cabelo nos dedos — Ela não é difícil, vamos lá, vocês conseguem! — Ela se levanta, olhando ao redor

Harley cruza os braços quando não obtém resposta.

— Não vão me deixar sozinha agora, não é? Ou vocês só gostam de falar quando eu quero dormir? — Ela olha ao redor, procurando ouvir as vozes

Lembre-se.

— Isso! Vamos lá... — Harley se anima, mas procura lembrar sua canção de infância — E agora bebê, não diga uma palavra, mamãe vai...

Matar.

— Matar? — Harley arqueia uma sobrancelha — Tem certeza? Acho que era outra coisa... Ou não... Mamãe vai matar o mundo inteiro para você... Acho que era isso mesmo! E se eles não...

Rirem.

Rirem... Das nossas... Piadas? Mamãe irá esfaquear suas gargantas... — Harley se senta na pequena cama, olhando para parede a sua frente, ela passa a mão pelos tijolos frios — E se eles começarem a fugir... Mamãe pintará as ruas com seu sangue... E se o sangue se secar, mamãe cortará mais cabeças fora...

Harley sussurra tudo novamente, passando os dedos na parede vazia. Ela sorri ao terminar a última frase.

— Agora eu entendo porque gostava tanto dessa música. 

— Se preparem! Vamos entrar! — Agentes aparecem na porta de sua cela, talvez eles estivessem se aproximado antes, mas ela não percebeu

Os agentes abrem a porta e entram empunhando armas grandes, Harley ainda sorria acariciando a parede. Eles trocam um olhar entre si e olham novamente para a mulher. Seguindo o protocolo, um deles lança mais uma carga elétrica em sua direção. Os fios de aço entram na pele de Harley Quinn, mas para a surpresa de todos, ela cai no chão rindo, enquanto todo o seu corpo tremia. Eles dão passos assustados para trás, a risada engasgada dela preenche toda a cela.

(...)

Kingdom

Coringa contava suas facas mais uma vez, ele nunca havia deixado elas em apenas um espaço, tinha mais do que pensava, mas não o bastante. Elas tinham tantos tamanhos, idade e cores diferentes, formavam um arco-íris brilhante a sua volta.

Ele organiza todas em um perfeito círculo, da menor para a maior. Aquelas lâminas lhe contavam boas histórias, alguns rostos incompletos apareciam em sua mente a medida que ele olhava as facas, era uma das vantagens, elas serviam como um diário de mortes, era algo bom para se reviver. Após organiza-las de maneira calculada, ele se senta no meio do círculo, esperando que a satisfação de relembrar tantas mortes o acalme.

O álcool não adiantava mais, o dinheiro estava sem um controlador, os fornecedores de armas estavam impacientes, as coisas não faziam mais sentido. Ele não conseguia encontrar uma razão para sair do quarto pelas manhãs, nem mesmo o dinheiro, poder, assassinatos, tudo isso já havia sido conquistado.

Se ele tinha tudo aos seus pés, o certo seria aproveitar. Mas não foi uma conquista apenas dele, a muito tempo ele não planejava governar sozinho, ela faz parte disso e não está aqui agora. Qual seria o sentido de matar alguém sem a Harley Quinn para sorrir ao seu lado? Assaltar um banco sem as frases desajeitadas dela? Dar festas sem suas danças que lhe provocavam ciúmes? Acordar de manhã e ela não estar do outro lado da cama? Era por isso que ele não consegue dar um passo a frente, pois ele percebeu que não pode fazer isso sem ela. Não se pode viver assim, não mais.

Sem conseguir controlar, lágrimas surgem em seus olhos. Ele continua encarando o nada e elas escorrem pelo seu rosto. A última vez que chorou foi ao ver seu corpo sem vida, e agora é como se ela estivesse morta. Ele sempre soube que ela seria seu ponto fraco, mas a muito tempo é tarde demais para voltar atrás.

Coringa aperta nos dedos uma caneta permanente, a mesma que ele usou para desenhar no rosto dela uma vez, um pouco antes de tentar mata-la. De novo.

Ele passa a caneta no rosto, desenhando um sorriso em si mesmo. Tudo o que queria era conseguir sorrir de novo, de verdade, com emoção. Ele continua encarando o nada, como tem feito todos os dias da última semana.

— Senhor! — Rocco sai do elevador, ele carregava uma nova pasta na mão

Coringa mantém seu olhar no nada.

— Onde... Onde ela está? — Sua voz estava mais rouca que o normal, com sorte ele dizia uma ou duas palavras por dia

— Belle Reve — Coringa levanta o olhar, Rocco observa todas as facas enfileiradas e permanece parado em frente a elas —  Está lá a um mês. Consegui informações com um agente que trabalha lá dentro, mas ele não cobrou barato.

Coringa se levanta do chão, todas as facas brilhavam ao seu redor. 

— Vamos busca-la.

— Tem mais um problema! Alguém deu o endereço daqui para a polícia, disse que você está aqui, acha que pode ser o fornecedor de armas tentando se vingar? Você precisa bolar algo contra a polícia, talvez sequestrar alguém importante... Senhor?

— Isso não me interessa agora. — Coringa volta de dentro do quarto colocando suas duas armas nos coldres 

— Como vamos busca-la? O agente não cobrou barato apenas para dizer que ela está lá dentro.

— Eu não falei em dinheiro, há métodos mais eficazes. — Coringa chama o elevador

Rocco corre até ele, tentando acompanha-lo.

— E quanto ao prédio? E a polícia?

O elevador se abre.

— Não estarei aqui quando chegarem.

Coringa caminha para dentro dele, seu olhar de repente muda e um sorriso ameaça aparecer.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo. ♥