Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 43
Mantenha o Controle


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Muito obrigada pelo apoio, foi muito importante, não tenho nem palavras *OOOOO* Não sei o que faria sem vocês. (Recados e Atualizações nas Notas Finais, por favor dê uma olhada.)

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/705009/chapter/43

Harley Quinn abre seus olhos, eles estavam muito pesados essa manhã. Sua visão se acostuma lentamente com o ambiente, as paredes começam a se focar. Ela se esforça para se sentar, estava em uma cama pequena em um lugar cinza, as paredes eram feitas de pedras, apenas uma janela com grades iluminava o espaço ao seu redor, tudo estava parcialmente escuro.

Um incomodo incomum faz seus olhos darem atenção a seus braços, ambos possuíam adesivos brancos por toda a extensão. Harley puxa um deles, sua pele se descola a medida que ela puxava. Um furo, possivelmente de agulha, estava escondido lá. Em todos os adesivos havia uma marca diferente, umas maiores que outras, quase dez no total.

Ela observa com atenção os furos profundos em sua pele, o vermelho bem marcado em sua pele branca, marcas até em cima de sua tatuagem. Ao recordar dos últimos momentos em que estava consciente, ela passa os dedos pelo cabelo, ele estava bem curto e totalmente fora de linha, havia mechas maiores que outras e principalmente, não há mais nenhum colorido. 

Esquecendo-se de seu corpo, Harley repara o ambiente em que está. Havia apenas essa cama desconfortável, todas as paredes pareciam ser feitas de pedra, uma janela pequena e alta protegida por fortes grades, um pequeno vaso sanitário de metal em um canto escuro e uma porta de aço com apenas uma abertura do lado de fora. Lembrava o Arkham, a segurança máxima dele era bem parecida com esse lugar, mas aqui não há nenhuma luz, não há vidros, não dava para ver ninguém, parecia mais uma solitária.

Harley Quinn se levanta, há uma pequena tontura, mas nada que a impeça de caminhar pelo lugar. Pela luz vinda da janela, dava para se notar uma luz baixa, talvez do sol? 

— Hora de comer! — Uma voz faz Harley dá um sobressalto de susto e olhar para trás

Alguém bate com força na porta de aço, causando barulhos altos. A pequena abertura na porta se abre e uma especie de prato é jogado para dentro. A pessoa do outro lado da porta parece se afastar, Harley tenta ouvir seus passos para calcular o quanto ele andou. Ela consegue contar 11 passos, o que deve dar de 10 a 20 metros.

Se esta for mesmo Belle Reve, você está ferrada!

— Não importa onde eu esteja, meu pudinzinho virá. — Harley conversa com a voz em sua mente, se sentando no chão

Ela encara o prato de comida com nojo, mas conseguia sentir seu estômago vazio.

Não coma! Deve estar com veneno ou mais drogas, querem te enfraquecer.

— Por que está falando comigo hoje? — Harley olha para cima e para os lados, como se pudesse realmente ouvir a voz ecoando — Você nunca mais falou comigo.

Sua mente fica silenciosa.

— Olá? — Harley fica de pé, chamando pelas vozes — Vocês estão aí?

— O que você quer? — Um homem abre a pequena abertura mais acima da porta de aço, onde ele pode ter uma visão melhor da cela — Vamos ficar quietinha e comer? — Ele aponta com o olhar o prato de comida no chão

Não coma!— Uma das vozes diz alto, Harley dá um sobressalto.

— Ouviu isso? — Harley sorri, olhando para cima — Eu entendi! Pode deixar, eu não vou.

O homem olha com estranhamento para ela, juntando as sobrancelhas. Harley continua olhando para o nada ao seu redor.

— Acho que deram drogas demais para ela. — Ele revira os olhos, fechando a abertura

(...)

11 Horas Depois

Harley chora deitada na cama, todas as lembranças dos últimos meses invadindo sua mente, a saudade que estava sentindo, o medo de nunca mais sair de lá. Ela olha para a janela novamente, a luz não mudou, não há como saber se é dia ou noite. Em menos de um dia sozinha naquele lugar já estava fazendo com que ela perca mais um grau da sua sanidade. Os soluços de Harley é o único som presente no ambiente, tudo ao redor parecia abandonado. Era como se tivessem a jogado em um buraco, sem chance de saída.

Sempre que tentava pensar em alguma forma de escapar, o plano era logo jogado no lixo. Não havia como pensar em um ponto cego daquele lugar, ela estava meio fora de órbita ao ser levada por aqueles corredores e inconsciente ao ser trazida para essa cela. As refeições eram entregues pelos agentes e não há como sair para nenhuma outra razão. Já lhe ocorreu a ideia de simular um ferimento, mas eles devem vir preparados para uma situação como essa, trazendo muitas pessoas e armas com eles.

Definitivamente, ela estava presa. O único modo de fugir seria por uma ajuda externa, não havia saída daquele buraco que ela não tivesse pensado. Ela estava dias sem comer, se for contar seus momentos inconscientes, seu estômago implorava para ela comer aquela salada de ervilhas de aparência duvidosa. Mas suas vozes a aconselhavam para ignorar aquela comida, nada vindo dessa prisão seria uma boa ideia digerir.

A luz artificial estava sempre ligada, confundindo-a. Não havia como saber se era dia, se era noite, não era possível contar os dias. Sua mente estava agitada, ela não conseguia descansar nem por um minuto. Além de se sentir presa no tempo, em um loop interminável onde os dias não passavam, a fome estava cada vez mais forte, que chegava sempre com a saudade de casa e a preocupação consigo mesma.

Sua única companhia eram as vozes, que não paravam um minuto de discutirem entre si. Harley bate a cabeça na parede enquanto olhava para o nada, segurando suas pernas. Se lhe restava alguma sanidade, ela se esvaziaria em breve.

(...)

Kingdom

Coringa arremessa facas na parede a sua frente, onde uma grade imagem do Batman rabiscada com um sorriso e X nos olhos estava pregada. Ele vê as lâminas perfurando o Morcego figurativo e se sente ligeiramente confortável, enquanto terminava de tomar mais uma garrafa de whisky. Era a quarta garrafa essa semana.

Seus homens estavam assustados, eles se calavam e se colocavam em alerta sempre que o seu chefe aparecia. Todos sabiam que ele estava instável e seria questão de tempo até que ele surtasse. Infelizmente ainda não havia nenhuma notícia sobre o paradeiro de Harley Quinn, era como se ela estivesse evaporado. Nada foi divulgado a imprensa e ninguém sabe de nada, já chegaram a pensar que ela está morta e que o governo se livrou dela em silêncio, mas há um lugar que ainda não procuraram... Belle Reve.

Não seria fácil conseguir essa informação, e nem barato. Em todos os lugares há homens infiéis as regras, só é preciso um pouco de incetivo para que obedeçam a você.

Rocco sai do elevador segurando uma pasta azul, nela estava toda a informação e contatos necessários dentro da penitenciária, seu último palpite era aquela prisão e ele rezava para estar certo. 

— Senhor? Temos mais um palpite. — Rocco diz apertando a pasta, olhando o desenho macabro em que Coringa estava brincando

Coringa continua em silêncio arremessando suas facas, ignorando a presença de seu subordinado. O desenho já estava com mais de vinte facas, cravadas em todas as principais vias do corpo, mas não era problema, Coringa possui a maior coleção de facas da cidade. 

Após arremessar a vigésima terceira faca, Coringa segura a próxima em seus dedos, suspirando. Rocco permanece em silêncio, prestando atenção aos movimentos do seu chefe. Inesperadamente Coringa arremessa a faca em direção a ele, a faca corta o ar e fica cravada na pasta azul, atravessando-a. Rocco se assusta e afasta a pasta de si.

— Palpites, palpites, palpites — Coringa anda em direção a ele, o seu olhar estava repleto de raiva — Estou cansado dos seus palpites. — Ele diz ao ficar de cara a cara com Rocco, que engole em seco

— S-Senhor, dessa vez eu tenho quase certeza. É o último lugar nesse país que devemos conferir.

— Que besteira — Coringa balança a cabeça negativamente, seu olhar estava perdido — Não há um lugar nesse mundo que não vamos conferir.

— Certo — Rocco firma sua voz, apertando na mão a pasta com a faca atravessada — Estamos falando sobre Belle Reve.

Coringa olha para ele, seu olhar imediatamente se firma. Ele se lembra de quando foi preso pelo Batman, o desejo do Morcego era manda-lo para essa prisão, mas o governo insistiu que a prisão era para meta humanos e que o Coringa precisava de ajuda psiquiátrica, coisa que Belle Reve não pode ajudar, na verdade, estar em Belle Reve é a forma mais rápida de perder sua lucidez. Sendo assim, seu destino foi ficar no Arkham Asylum, foi conhecer a Harley.

— Encontre-a. — O olhar de Coringa novamente se perde, ele dá passos lentos para se afastar

— Senhor precisamos de informação, não será barato.

— Pegue o que precisar. — Coringa vai em direção ao quarto

— Senhor, tem mais uma coisa. O dinheiro que o senhor deu ao Mr. Sert foi o bastante naquele momento, ele insiste novamente para conversar com o senhor logo, já que a terceira festa foi cancelada. Você quer que eu marque uma reunião?

— Não. 

Coringa bate a porta do quarto na cara de Rocco, que segura a pasta sem saber muito o que fazer. Sem escolhas, ele dá as costas e vai seguir suas novas ordens. Joker se deita na cama, no lugar onde Harley costumava dormir, seu cheiro estava impregnado em toda a parte, era como se no final do dia ela ainda fosse voltar. Ele observa o nada em silêncio, sentindo um aperto persistente no peito.

(...)

Belle Reve

— Hora de comer! — Um homem grita, abrindo a abertura da porta de aço

Harley Quinn se assusta e olha para ela. Pela luz era possível ver as olheiras profundas de Harley, seu ar abatido, o medo e a dor estampado tão visivelmente. Ela ainda não compreendeu que a única forma de sobreviver a esse lugar era sendo forte, ela estava morrendo aos poucos.

— Ah, não — O homem sorri do lado de fora ao ver o prato do dia anterior da mesma forma que o colocou, completamente intocado — Código 39. — Ele diz em um walk-talk preso ao ombro

Harley firma seus pés no chão e se esforça para caminhar na direção da porta. 

— Tem que comer, querida. — O guarda sorri fazendo movimentos negativos com a cabeça, enquanto a mulher se aproximava

Em um único movimento, Harley se joga contra a porta, apertando firme as barras de aço daquela passagem. Ela aperta os dentes e o encara com raiva, o homem se afasta por instinto.

— Eu como o que eu quiser. — Ela diz entre dentes

O homem dá um riso debochado.

— É sua escolha, veremos quanto tempo essa greve de fome irá durar.

Vários agentes aparecem dos corredores, todos seguram suas armas. Eles caminham até a porta da cela de Harley, que dá curtos passos para trás. Um dos agentes passa um cartão na porta e digita um total de doze números, sons contados por ela.

Assim que a porta é aberta, eles erguem suas armas, entrando na cela escura. Alguns deles pisam na comida, olhando apenas para a mulher perigosa a frente.

— O que foi? Vão me obrigar a comer ervilhas? — Harley debocha com um sorriso, todos permanecem imóveis

Seguindo o protocolo, eles lançam um taser de choque de quatro fios em direção a Harley Quinn. As agulhas entram em seu tórax e pernas, a descarga elétrica faz Harley cair no chão e se contorcer, imediando-a até mesmo de gritar.

Assim que a carga elétrica termina, eles se aproximam e carregam o corpo desacordado da mulher para fora. O efeito só irá durar alguns minutos, aquele era o protocolo de transferência da maioria dos prisioneiros, seja para alguma instalação lá dentro ou até mesmo outra cela. Nenhum agente irá ficar cara a cara com uma pessoa presa por Belle Reve sem segurança.

Os funcionários sorriem ao ver o corpo de Harley Quinn sendo amarrado a mesma cadeira que retiraram seu sangue, eles gostavam quando um dos prisioneiros se negava a comer. Aquele era o laboratório dos prisioneiros, se precisam de exames, colher amostras, dar remédios e afins, aquele era o lugar em que eram amarrados.

A consciência de Harley retorna com dificuldades, a mente dela precisa de um descanso e estava difícil abrir mão disso.

— Já peguei as poções mágicas. — Um dos funcionários sorri, colocando dois potes brancos em uma mesa de metal ao lado dela
Harley foca seu olhar nele e em suas mãos, sua mente acorda totalmente frente ao desconhecido.

— Temos chocolate e morango, quer escolher? — O funcionário se aproxima do rosto de Harley, ele usava o mesmo sorriso cínico

Ela aperta os dentes contra a mordaça, os braços e pernas totalmente presos, impedindo-a de mover um centímetro sequer. Aquelas amarras intensificarão a roxidão de sua pele, afinal dessa vez ela tentava se mover, mesmo que em vão.

— Tudo bem, eu escolho. — O homem coloca uma luva de borracha branca

Todos os equipamentos eram limpos e sofisticados. Afinal, a penitenciaria não irá lidar com nenhuma infecção. Ele pega uma seringa e para em frente a mesa novamente.

— Muito bem. — Ele aponta com a seringa para os potes, como se decidisse qual das dois suplementos irá utilizar

Aqueles eram suplementos alimentares, com as vitaminas necessárias para substituir as refeições do dia. Em outras prisões e confinamentos, quando o prisioneiro se recura a comer, o mesmo tratamento é dado a ele. É apenas uma forma tortuosa de manter a pessoa saudável, independente de suas escolhas.*

O homem pega um dos potes e coloca a seringa nele, puxando parte de seu conteúdo. Ele se vira sorridente para Harley e coloca a agulha contra seu pescoço. Harley aperta os dentes contra a mordaça pela dor que sente, o suplemento se espalha em seu sangue.

— Pronto! — Ele retira a agulha e a deixa na mesa, puxando suas luvas — Você pode não querer comer, eu entendo, tem uns machões que realmente não comem. Mas se não comer, irá vir aqui todos os dias, ser alimentada por uma seringa, não que seja algo ruim... Para mim. A escolha é sua.

Harley Quinn encara ele com raiva, uma pequena gota de sangue escorre de seu pescoço. Ao seu lado um agente tira uma foto dela para enviar em seu grupo de amigos, em seguida ele se coloca na foto também, sorrindo. 

— Até amanhã, problemática. — O funcionário que aplicou a dosagem nela abre a porta do laboratório, indicando para o lado de fora

O agente ao lado da cadeira guarda o celular no bolso, rindo de alguma piada que enviou juntamente com as fotos. Ele pega novamente o taser elétrico e dispara contra o braço de Harley, que aperta os dentes e os olhos com força.

Ela é encaminhada novamente para a sua cela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Na America, há mesmo prisões que alimentam seus prisioneiros a força. Eles protestam contra o confinamento solitário e fazem greve de fome, as formas usadas para "apenas mante-los vivos" vão de mal a pior, sendo por seringas e até tubos nasais.

Vocês se preocuparam se eu irei parar a história e não! Eu não pretendo. Mas posso afirmar com toda a certeza que abandonar eu jamais irei fazer. Aproveitando as certezas da vida, a história já passou da metade e tenho uma estimativa de escrever 30 capítulos, talvez mais. Também estou pensando em escrever uma one-shot independente, vocês gostariam?

Até o próximo. ♥