Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 42
Estrada Para o Inferno


Notas iniciais do capítulo

Queria me desculpar mais uma vez pelo atraso e avisar que a história está apenas entrando em uma fase um pouco mais... Sombria. Se você se ofende com o tipo de material apresentado nesse capítulo, me avise.
Espero que gostem.



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As estradas escuras eram iluminadas apenas pelo grande farol do carro, uma neblima sinistra deixava tudo ainda mais assustador. Árvores secas, mórbidas, era a única paisagem ao redor. Harley Quinn se encolhe como pode, com as mãos presas para trás e encarando a meia dúzia de homens armados ao seu redor. 

Uma pequena janela de metal separava o motorista do restante deles. Harley já havia decorado cada pedaço do veículo onde estava, além de já ter feito contas mentais de quanta munição esses homens carregavam, ainda assim não conseguia encontrar nenhuma saída. Parecia mesmo que tudo estava bloqueado dessa vez, era assustador e lógico imaginar que dessa vez, ela estaria mesmo presa.

(...)

Kingdom

Coringa chega empurrando a porta, provocando um estrondo que faz todos os homens lá dentro olhar para ele, alguns apontam armas instintivamente. Ele olha para todos lá dentro, seu olhar transmite uma raiva que faz todos se preocuparem, principalmente quando notam que Harley não entraria atrás dele.

— Ele a pegou. — Coringa diz apertando os dentes, olhando para o nada

Alguns homens se entreolham, Rocco toma a frente. Por ser o mais novo braço direito do Coringa, ele toma tal coragem.

— Senhor... Onde ela está? — Não é como se ele ligasse para a Harley, é mais sobre cumprir ordens, apesar de já ter passado alguns momentos com ela

— Vá descobrir. — Coringa continua olhando para o nada, totalmente sem expressões

Suas roupas ainda pingavam água pelo chão.

— Batman? — Rocco dá mais um passo para frente

Joker nada responde.

— Talvez... Ele a tenha levado para o Arkham, é um lugar em que podemos...

— Exatamente! — Coringa levanta o olhar, a raiva parece voltar — Ele já foi idiota para me jogar naquele lugar, acha que vai cometer o mesmo erro com ela?

Todos permanecem calados, Coringa passa o olhar por todos eles.

— Vocês tem até amanhã para me darem o endereço e até a cela em que ela está, sem erros. — Ele se recompoe, passando com a mão o cabelo para trás e o colocando no lugar

— Vamos fazer isso, senhor. 

Coringa olha novamente para o nada e se coloca para andar, em direção ao elevador.

(...)

Entrada Principal de Belle Reve

A van para frente ao portão de aço, o sol já estava começando a nascer. Eles tinham viajado a noite inteira e a Harley sequer fechou os olhos, não havia como dormir.

O motorista diz alguma coisa a uma pessoa do lado de fora do carro e o portão parece se abrir. O carro se coloca novamente em movimento, todos os agentes se remexem, preparando suas armas. Assim que chega ao pátio principal, o motorista para o veículo e se prepara para sair. De repente a grande porta vertical traseira se abre, os olhos de Harley se incomodam pela fraca luz que havia do lado de fora.

Os agentes começam a descer, enquanto um deles segura o braço de Harley para guia-la para fora. Ela observa tudo com bastante atenção, mas havia mais uma dúzia de agentes do lado de fora, a não ser que seja a prova de balas, não havia como escapar. 

Todos apontavam armas para ela, enquanto a guiavam para os enormes edifícios de concreto que formavam Belle Reve. Era como se Harley Quinn encarasse a figura que esteve em seus livros desde começou a estudar psiquiatria. Mas aqui não era um manicômio e muito menos uma prisão comum, é apenas a penitenciária mais tecnológica e resistente dos Estados Unidos, criada para meta humanos e os vilões que a humanidade mais teme.

Era desconfortável e curioso a razão dela estar ali, afinal, bom... Ela é uma criminosa, mas será que a humanidade teme tanto a liberdade dela?  Subestimaram a importância do Coringa estar aqui e de repente eles trazem a namorada dele?

Alguns homens passam um cartão que dá acesso ao interior do prédio, era como a ala de segurança máxima do Arkham Asylum, porém aqui é preciso em qualquer porta que for querer atravessar. É muito mais sofisticado que qualquer penitenciaria deveria ser, se não fosse pelo clima de prisão, qualquer um poderia achar que é um prédio comum do governo.

— Por aqui. — Um homem aponta para uma sala grande de vidro

Tinha uma grande bancada com papéis e um imenso vidro com riscos horizontais indicando alturas. Os dois homens que estavam sentados se levantam ao ver Harley entrando na sala, acompanhada dos agentes.

— Podem solta-la. — Um deles diz, Harley olha em volta 

Eles soltam as algemas do pulso dela, que estava com fortes marcas causadas pelo aço e pelo choque. É um grande alívio sentir sua pele livre.

— Precisamos que você segure essa placa e fique parada ali. — O homem aponta para o grande vidro

Ele segura uma placa preta, provavelmente estava se tratando da foto que estamparia sua ficha criminal. Harley vê uma caneta na mesa, mas disfarça.

— Não ouviu? — Um dos agentes dá um passo a frente

Harley estende uma de suas mãos trêmulas para pegar a placa. A porta já estava aberta, apenas esperando ela entrar. Sem cerimônias ela entra e se coloca em posição. O cabelo secou bagunçado e sua maquiagem ainda estava toda borrada, a placa treme a medida que ela tenta segurar. Um grande flash aparece e os agentes puxam ela rapidamente para fora.

Harley vê novamente a caneta parada na mesa, pensando em como poderia pega-la.

— Agora coloque os dedos na tinta e os pressione nos lugares indicados. — O segundo homem aparece com uma pequena pasta 

— Sem gracinhas. — O agente ameaça, levantando a arma

Harley Quinn aperta dedo por dedo na tinta preta e preenche toda a folha com suas impressões digitais. Um dos homens pega a caneta que ela tanto observava e ela o encara irritada. Ele escreve alguma coisa na pasta, como a data e a hora. Ele devolve a caneta para a bancada, dessa vez mais longe de seu alcance.

— Podem leva-la.

Os agentes puxam com força o braço de Harley, tentando colocar de novos as algemas em seus pulsos machucados. Uma arma estava apontada para sua cabeça, havia mais agentes do lado de fora. Não havia jeito, qualquer tentativa só causaria problemas. Aliás, quem já conseguiu fugir de Belle Reve? Harley pisca para impedir uma lágrima de cair, a cada momento ela só se sentia mais derrotada.

Eles guiam ela para mais uma ala da penitenciária, dessa vez era um grande espaço branco, sem janelas e com uma única porta. Uma mulher esperava com alguns objetos em uma mesa de metal. Os agentes bloqueiam a porta e empurram Harley Quinn para frente, que com a força quase caí no chão, mas consegue se equilibrar. A mulher encara ela, Harley dá um passo para trás, se encostando na parede.

Os agentes ficam na porta, atentos com suas armas em punho.

— Tampe os olhos. — A mulher diz levantando uma especie de mangueira muito grande

— O que? — Harley tenta perguntar, seus pulsos ardem a medida que se movimenta

A mulher aperta a alavanca e um jato forte de água é lançado, batendo forte na pele de Harley Quinn. Pela dor, ela grita e se encolhe no chão. A mulher se aproxima e continua com a água forte, que parecia mais queimar sua pele. Um zunido forte aparece no ouvido de Harley, indicando que a água atingiu seus tímpanos, ela aperta com força seus olhos.

A água para e a mulher dá as costas, Harley se sente incapaz de se movimentar. Toda o seu corpo estava molhado e dolorido, no meio da água no chão havia algum sangue, provavelmente de seus pulsos. A mulher volta novamente, dessa vez de luvas e com um algodão em uma das mãos. Ela segura o rosto de Harley, que estava totalmente mole.

A mulher passa o algodão no rosto dela, espalhando e retirando sua maquiagem. Harley olha para os agentes, eles ainda estavam em alerta. A mulher retorna mais uma vez com tesoura média, mas com as mãos machucadas e algemas de Harley em suas costas, seria impossível pegar aquilo.

Ela pega as mechas do cabelo de Harley e passa a tesoura.

— Ah não! — Harley diz baixo, lamentando

A mulher continua concentrada em seu trabalho, cortando de qualquer jeito as pontas coloridas do cabelo dela. Os fios coloridos caem em seus ombros e no chão, em uma completa e colorida bagunça. Assim que termina, ela dá novamente as costas. Harley tenta ver até onde ela cortou e nota que seu cabelo está muito mais curto.

— Vadia. — Ela encosta a cabeça na parede branca

Ainda de luvas a mulher retorna e retira todas as jóias do corpo de Harley, o último item a ser retirado é a gargantilha escrita "Puddin", Harley franze o cenho de tristeza em vê-lo sendo colocado em um saco plástico etiquetado. A última coisa que a mulher faz é retornar segurando algumas roupas laranjadas.

— Vista isso. — Ela estende para Harley

Harley olha para as roupas e em seguida para os agentes, a funcionária parece não se importar.

— Não posso fazer isso sem as mãos! 

Um dos agentes se aproxima e destrava as algemas mais uma vez. Harley puxa para si suas mãos e seus pulsos estavam mesmo muito machucados. A mulher estende mais uma vez as roupas para ela, que dessa vez as segura. Constrangida, Harley fica de costas para os homens, enquanto retirava seu vestido. Ela fica com as costas nuas, enquanto vestia a calça. Assim que termina de vestir a camiseta branca e o moletom laranja da penitenciária, Harley olha novamente para a mulher.

Um agente se aproxima para colocar as algemas novamente nela.

— Não! Eu não vou colocar isso de novo! — Harley grita, dando passos para trás

Os agentes se aproximam e um deles empurra Harley contra a parede, que bate seu corpo com força contra ela. Ele segura a nuca dela, pressionando o rosto dela contra a cerâmica branca.

— Quem disse que você manda em alguma coisa aqui? — O agente que segurava as algemas diz sorrindo

Harley sente a parede gelada e seus pulsos sendo apertados novamente contra as algemas. "Puddin" - Uma das vozes em sua mente clama por ele, segurando novamente uma lágrima.

— Vamos logo! — Eles empurram ela de volta para o caminho

Mais fraca, já se esforçando para ficar em pé, Harley tenta acompanhar os passos dos agentes. Após alguns corredores, todos param novamente em frente a uma porta de aço. Julgando ser o espaço das celas, Harley se alivia de pensar em finalmente conseguir se deitar.

Eles abrem a porta e todos conseguem ver uma grande sala escura, com uma cadeira com amarras e mais algumas pessoas. Harley sobra suas sobrancelhas, querendo chorar.

Eles forçam ela a se aproximar e se sentar, retirando as algemas e a prendendo na cadeira de ferro. Além de prender suas pernas e braços, eles prendem também a cabeça dela, junto a uma mordaça de couro. Já com dificuldade em manter os olhos abertos, ela se esforça em ver o que estão fazendo. Um homem se aproxima com uma seringa e a espeta contra seu braço, como estava frágil pelos recentes acontecimentos, Harley sente a dor nitidamente. Ele colhe seu sangue.

Após retornar a pequena mesa, ele carrega mais uma seringa, dessa vez com drogas. Eram soníferos e morfina, além de vitaminas para fazê-la aguentar até acordar. Ele coloca a agulha no mesmo furo que retirou o sangue, fazendo Harley apertar os olhos com força de dor, pela primeira vez uma lágrima escorre em seu rosto.

O sono começa a tomar conta de seus sentidos, a última coisa que vê é o homem retornando a sua mesa e recarregando mais uma seringa.

Talvez esse seja o fim, talvez ela não escape.

Não dessa vez. Não daqui.


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Notas finais do capítulo

O título do capítulo foi inspirado na música "Highway To Hell" (Estrada Para o Inferno) da banda australiana AC/DC.
Até o próximo ♥