Harley Quinn dá um soco forte no vidro blindado do Batmovel. Sua mão imediatamente começa a sangrar pela força exercida, seus ossos pareciam ter sido quebrados. Ela aperta a mão contra o peito, fechando os olhos com a dor e tentando não demonstra-la ao Morcego, que dirigia com uma velocidade absurda.

— Não importa para onde me leve, meu pudinzinho virá atras de mim. — A voz dela parecia levemente alterada pela dor, pela forma que ela apertava os dentes

Mas a raiva dentro de si era muito maior e ela estaria disposta a socar aquele vidro até encarar sua liberdade daquele inferno negro. Mas claro que isso é impossível, o carro do Batman estava disposto a encarar um foguete em uma colisão.

Batman nada diz, apenas aperta o acelerador. Diferente do Coringa, ele passava por ruas menos movimentadas, onde havia poucos carros em circulação. E ele nunca deixaria ninguém para trás, mesmo que isso fosse lhe salvar. Seus pensamentos lhe lembram da noite em que o Coringa matou seu melhor amigo, seria errado, mas... Sua vontade era nesse momento, matar a Harley Quinn. Mas, como ele seria diferente dos bandidos que persegue todas as noites?

Foi este pensamento e essa vontade dentro de si que o fez quase mata-la no Arkham. Se ela morresse, o Coringa poderia ter uma noção do que ele sentiu. E de como sente até hoje a falta de seu parceiro. Olho por olho. Mas havia um senso de justiça e decência que não poderia ser tomado pelo Palhaço, ele não poderia tirar mais nada dele. Mas, ainda assim, a vontade dentro de si era atirar na mulher ao seu lado.

— Você ouviu, Bats? — Harley diz novamente, se ajeitando despreocupada no banco do carro — Ele não se cansará até me encontrar!

"É isso!"— Batman pensa em silêncio, abrindo bem os olhos por trás da máscara.

— Há um lugar que você não encontrará uma saída. — Ele diz se concentrando na estrada, uma vez que já estavam fora da cidade

Uma onda de preocupação percorre Harley Quinn, mas ela ignora, dando de ombros.

— Eu o conheço, ele não deixará de me procurar.

— Quer fazê-lo escolher entre você ou seu reino? — As palavras do Morcego fazem Harley se calar

Ela desliza os dedos pelo seu colar. Em sua mente, era óbvio que ele a encontraria, independente de onde o Batman a levasse. Mas... Há algo que o Coringa ama mais do que qualquer coisa que já vira: poder. Era assustador pensar que ela seria esquecida com o tempo, substiuída por mais dinheiro e litros de whisky, talvez passar o resto de sua vida em uma cela suja e escura de prisão. Mas não. O seu pudinzinho não a deixaria morrer assim.

Batman parece entrar em uma nova cidade, tão bem iluminada quanto Gotham. Os cabelos molhados de Harley Quinn e seu vestido grudado ao corpo a fazia querer apenas um banho e dormir tranquilamente em seu quarto, ao lado do amor da sua vida.

Parando imediatamente, Batman abre a sua porta do motorista. Harley Quinn avança para fugir pela mesma saída, mas é impedida por mais um soco no rosto. Dessa vez consciente, pela força menor que o Morcego exerceu, ela fica tonta ao ponto de ser carregada. Batman leva mais uma vez a mulher nos braços, parecendo entrar em algum lugar.

— O Coringa consegue socar com a mesma força sem usar luva super-protetora, você soca como uma criancinha! — Harley diz para o Morcego, em seguida rindo de modo largo

Há momentos em que ela considera o "Coringa" comandando, como quando ele bate nela ou a xinga. E há os momentos que ele é o seu "Puddin", quando ele demonstra se importar, quando a beija ou sorriem juntos. Em sua mente eram suas personalidades diferentes, assim como ela, as vezes a "Harleen" lhe diz para se acalmar, ela não está morta, ela está guardada. E há os momentos "Harley", em que nada importa, em que tem coragem o bastante para dar tiros e lutar contra qualquer um. Obviamente a segunda personalidade é a dominante, qual será a dominante em relação ao Coringa? Como se isso importasse para ela. Talvez seja por isso que os dois dão certo.

— Uh, que emocionante! Vou ficar no chão! — Harley sorri enquanto Batman a deixa em um chão frio branco, dentro do lugar em que entraram

Assim que retoma sua postura, Batman faz uma ligação. Harley presta mais atenção no ambiente ao seu redor, havia apenas corredores escuros, talvez esse lugar ainda estivesse em construção.

— Espero que você se comporte. — Batman fala em sua voz grossa modificada, ele dá breves passos para trás, indicando que dará as costas

Assim que o faz, Harley Quinn o interrompe.

— Está ficando louco? Vai me deixar aqui? — Ela sorri — Eu sabia que havia gostado do beijo, mas não a esse ponto.

Batman sorri de lado atras da máscara, dezenas de pessoas máscaradas entram no mesmo espaço que eles em um único som. Elas portavam armas grandes e se vestiam como agentes do governo, Harley continua sorrindo, sem se sentir intimidada.

— Eu não sou louco, e foi um péssimo beijo. — Batman diz, desaparecendo entre as pessoas

Todos mantém as armas apontadas para Harley, que continua sorrindo para eles, dessa vez pelas palavras do Morcego. Ela se escora na parede, todos os momentos com o Batman se tornam sempre uma grande diversão.

— Você está no comando. — Um dos agentes diz para outro ao seu lado

— Prendam-na. — O outro responde

Ele e todos permanecem parados. A risada da Harley aumenta.

— Vai logo, você tem quase dois metros! O que ela poderia fazer? É só uma garota desregulada. — O que parecia estar no comando diz para um outro agente

Todos permanecem parados novamente, incapazes de se aproximar e prender a mulher.

— Eu vou voltar para casa, e meu pudinzinho vai matar todos vocês. — Harley tomba a cabeça rindo

— Tudo bem, já chega. — Um agente se aproxima

Em um golpe rápido, Harley dá um chute na cabeça dele. Protegido pela máscara, o movimento doeu mais no tornozelo dela. Tomada momentaneamente pela dor, os agentes se aproximam para enfim domina-la.

Ela se debate algumas vezes e dá socos nos agentes, todos os seus movimentos doíam mais nela, mas ela parecia não se importar. Eles colocam uma algema preta firme em seu pulso, obrigando-a a ficar de pé.

— Acabou. — O agente no comando diz a sua frente, insinuando que agora ela estava oficialmente presa

Harley Quinn cospe na direção dele, a saliva acerta seu uniforme.

— Choque nela! — Ele grita enfurecido

As algemas pretas que prendiam seus pulsos disparam uma carga elétrica que a faz se contorcer de dor. Ainda havia áreas em seu corpo que estavam molhadas, fazendo a dor se intensificar. Mas não ao ponto de mata-la, o objetivo nunca foi esse.

Um dos agentes segura a nuca dela com força, obrigando-a a caminhar. Eles saem do lugar em que estavam, ao lado de fora havia uma dúzia de carros e vans pretas paradas, todas com símbolos do Governo Americano. Todos os agentes abriam caminho para que eles passassem com ela, eles iam em direção a uma grande van preta.

Harley Quinn pisca algumas vezes ao ver, em um pequeno reflexo de luz contra a van, um nome que ela conhecia bem. Sim, sem dúvidas. Ali dizia Belle Reve.