Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 27
Apenas Voe


Notas iniciais do capítulo

Capítulo bem louco viu, gente. Tipo, literalmente falando.
Espero que gostem.



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A primeira coisa que Harley Quinn fez ao chegar em sua preciosa casa foi subir imediatamente para um banho. Ela viu de relance Coringa conversando com seus homens enquanto subia as escadas em direção ao seu quarto.

Era difícil correr depois de tudo o que aconteceu, foi o dia mais agitado que já tivera na vida. Ela não se importaria se isso não se repetisse, até seria grata por isso.

Após se limpar e se vestir, ela desceu as escadas afim de comer algo. Parecia ser preciosamente equivalente a um banho, parecia algo bobo em uma rotina, mas depois de experiências de quase morte, tais coisas pareciam grandiosas.

Assim que se deu por satisfeita, decidiu que deveria saber como o Coringa estava. Afinal, não o tinha visto desde que voltaram. Com duas batidas em sua porta, ela esperou pacientemente.

— Harley Quinn, se for você, não estou com paciência — Ele reclamou ainda do lado de dentro do escritório, sua voz estava um pouco abafada pela porta que se encontrava fechada

— Sou eu! Está bravo comigo? — Ela pergunta colocando seu ouvido em contato com a porta

— Não.— Ele dizia distraído, enquanto do lado de dentro, ele folheava alguns papéis

— Ótimo! — Harley sorri abrindo as portas

Coringa se assusta e junta suas folhas, afim de esconde-las.

— Mas que droga você está fazendo? — Coringa grita enquanto enfiava elas em um envelope

Harley Quinn desmancha seu sorriso ao reconhecer o envelope. Era o mesmo que ela havia encontrado a algum tempo, mas guardara aquilo para ela.

Coringa coloca todas as folhas no envelope de qualquer jeito e aperta os dentes, se levantando extremamente nervoso. Harley continuava olhando fixamente para o envelope na mesa, ignorando o homem que se aproximava furiosamente dela.

A visão de Harley é redirecionada imediatamente para o lado, quando Coringa se aproxima e sua presença rápida se torna perceptível. Ela o encara e reconhece seus olhos que transbordavam raiva, automaticamente ela dá passos para trás, o encarando assustada. Em um rápido e forte movimento, Coringa desvia um soco tremendo na bochecha esquerda de Harley, que caí no mesmo momento no chão.

Ela encara a parede e sua visão começa a se desfocar e escurecer, ela reconhece os pés do Coringa entrando em seu campo de visão. Ela se esforça para tentar se virar para cima, mas é interrompida pela sua tontura, que acaba a dominando. Involuntariamente, ela cai na escuridão, com seu rosto repousado no chão.

Coringa observa o corpo de Harley inconsciente no seu chão, ele move a cabeça de uma lado para o outro observando-a completamente desmaiada. Ele se abaixa e afasta uma mecha do cabelo dela de seu rosto, onde já estava visível a marca do soco que ele deu, onde logo estaria um enorme hematoma roxo. Ele sorri com essa imagem e tira sua mão de perto dela, se levantando e indo até sua própria mesa. Em uma de suas gavetas, ele encontra e segura uma caneta preta, logo em seguida caminhando novamente até ela.

Ao se aproximar novamente, ele segura o rosto dela em seus dedos, retirando a tampa da caneta com seus dentes metálicos. Como um artista focado em sua obra, ele faz rabiscos com a caneta pelas bochechas de Harley, lhe dando um sorriso que se estendia dos cantos da boca até seu recente machucado. Ele sorri com a tampa ainda nos dentes, ao vê-la machucada, inconsciente e lhe esboçando um sorriso dado por ele.

Rapidamente ele puxa a cabeça de Harley para o seu colo, a depositando sobre suas pernas. Ele cospe a tampa da caneta no chão e começa a desenhar por todo o rosto dela. A bochecha dela fica cada vez mais inchada e com um pouco de atenção, ele poderia notar como ela estava quente. Mas ele apenas estava focado em seus desenhos, que corriam por toda a pele dela. Sempre sorrindo, ele termina seus rabiscos, usando sua risada sinistra para mostrar como estava satisfeito.

Com os olhos fechados, Harley vagava em alguma escuridão vazia, enquanto seu corpo gritava a ela para acordar.

(...)

Coringa organizava seus papéis murmurando alguma coisa, completamente despreocupado. Harley ainda estava no chão com o rosto completamente desenhado, ela estava inconsciente a quase dez minutos, e sua bochecha já estava completamente inchada.

Ele folheava e organizava os papéis, que mal sabia ele que Harley os conhecia muito bem. Ele garante que nenhum recorte dos jornais tenha tido nenhum dano, sempre cuidadoso ao deixa-lo em sua última gaveta. Ele suspira se relaxando na cadeira e fechando os olhos.

No chão, Harley começa a retomar lentamente a sua consciência. De início, ela não se lembra do que aconteceu, mas seu rosto lateja de uma forma que traz todos os seus pensamentos e lembranças de volta. Ela tenta abrir a boca e mover seu maxilar mas acaba soltando um baixo gemido de dor, apertando seus olhos com força, ela tenta tocar a bochecha e percebe como ela está enorme.

Coringa abre os olhos ao ouvir os movimentos de Harley.

— Acordou! — Ele comemora se levantando — Você precisa ver como está linda! — Ele se aproxima sorrindo

Harley dobra suas sobrancelhas e mantem sua mão no rosto, rapidamente sentindo seus olhos se enchendo. Como sempre, aquela mistura de dor física e emocional.

— Por que você...? — Ela se esforça para dizer, sua boca e sua voz também estava influenciada pela forte pancada

Coringa pisca para ela sem entender.

— Por que o que? — Ele pergunta encarando ela

Harley derruba duas lágrimas.

— ... Me bateu. — Ela fala com a garganta seca

Coringa abre a boca em um "aaah" como se lembrasse de alguma coisa. Ele rapidamente encara ela com raiva.

— Por que entrou sem bater? — Sua voz se torna fria e ríspida, fazendo Harley se encolher

A dor que ela sentia parece apenas aumentar a cada momento. Harley abre a boca para falar mas a fecha novamente, pelo tanto que sua bochecha latejava. Até mesmo sua visão estava turva por causa dela.

— Está... Doendo. — Harley diz desviando o olhar para baixo, ela logo pensa em tudo o que havia acontecido com mais clareza — Você... — Ela abaixa a mão do rosto — ... Me perdoa?

Coringa encara ela dessa vez mais calmo, se esvaziando de sua raiva. Com um olhar tranquilo, ele passa a ponta de seus dedos pela pele desenhada de Harley. Enquanto a mesma esperava por uma resposta, sua dor continuava aumentando. Ele puxa a cabeça dela para si, a encostando em seu próprio peito, sendo a bochecha normal dela em contato com ele.

— Eu te perdoo dessa vez, monstrinha. — Ele diz passando a mão pelo cabelo dela, como se ela fosse uma grande boneca

Harley chora pela dor que sentia, mas se sentia reconfortada pelo Coringa e seu contato com ele. Ela sempre se sentia recompensada após esses momentos de fúria dele, quando ele dava algum sinal de que se importava.

 

Então ela tem uma ideia, parecia loucura, claro que sim. Mas o que a motivou foi o seguinte pensamento: "Já estou machucada mesmo".

— O que eram... Aqueles papéis? — Ela pergunta ainda escorada nele, ignorando a dor que sentia ao movimentar seu maxilar

Coringa desmancha seu sorriso e a olha com desdém, puxando-a para trás pelo cabelo que antes ele acariciava. Harley é obrigada a encara-lo enquanto ela levanta a mão até a mão dele, em uma tentativa falha de o controlar.

— Nada que te interessa. — Coringa responde sério

Harley respira pela boca enquanto sentia seu rosto e sua cabeça doerem de forma impensável, ele a solta, ela rapidamente bate no chão. Ele se levanta e começa a andar assobiando até sua mesa. Harley Quinn segura sua cabeça ainda caída no chão, incapaz de se levantar.

— E não quero mais você aqui, amor.

Ele avisa abrindo as portas do escritório e se retirando.

Harley chora baixo enquanto sua cabeça e seu rosto latejavam de dor. Ela ouve o Coringa assobiando pela casa e tenta reprimir um soluço.

Após alguns minutos, Coringa retorna ao escritório. Harley ainda derramava lágrimas pelo chão.

— Não acredito — Ele revira os olhos — Ainda está aí? — Ele fecha as portas

Ele para na frente dela e olha para baixo, logo suspirando.

— Dá para sair?

Harley olha para cima, encarando o rosto dele. Ela abaixa o olhar e se esforça para se sentar e em seguida se levantar, suas lágrimas acabaram borrando as escritas do Coringa, que repara e fica irritado.

— Não brinca! — Ele reclama indo na direção dela

Ele segura o rosto dela com força, que grita de dor. O rápido movimento dele em sua bochecha a causa muita dor. Ele bufa de raiva.

— Tinha mesmo que chorar? — Ele pergunta indignado — Isso nem deve estar doendo!

Harley Quinn arregala os olhos e engole as lágrimas, se irritando.

— Tira as mãos de mim! — Ela grita, a raiva anestesiou a dor pelo momento

Ela aperta suas unhas nas mãos dele, empurrando-as para trás. Coringa retira suas mãos de perto dela, olhando ela de forma confusa.

— O que disse? — Ele fala tombando a cabeça e dando passos curtos

Harley Quinn se assusta e começa a chorar mais.

— Me desculpa! — Ela pede colocando as mãos nos olhos — Eu não quis dizer isso, você estava me machucando!

Coringa coloca sua mão em sua própria testa, se esforçando para pensar no que fazer. Harley abre os olhos e percebe suas mãos manchadas e cobertas de tinta pretas, que já havia escorrido por seus braços e seu pescoço. Confusa e com a vista ardendo, ela passa a mão pelo rosto, borrando tudo e fazendo sua dor aumentar.

— Vamos sair! — Coringa diz puxando a mão de Harley

Ela tenta se manter no lugar.

— Mas o que? Para onde?

— Anda logo! — Ele diz aumentando sua força ao puxa-la

Ela quase tropeça mas segue o Coringa para fora. Com o rosto borrado, assim como suas mãos, seus olhos vermelhos, sua bochecha inchada e o cabelo bagunçado, ela sai da casa.

— Para onde vamos? — Harley pergunta contornando as árvores

Coringa a ignora e se nega a responder sua pergunta, Harley apertava os dentes de dor.

— Pode ao menos me dar algum remédio para dor? Acho que vou desmaiar — Ela escora na parede lateral da casa, fechando os olhos

Ao abri-los novamente ela percebe como um de seus olhos estava pesado, consequência da pancada que levou. Harley escuta o som do motor do carro do Coringa e ele logo aparece, com o rosto sério. Ela caminha rápido para dentro do carro.

Ao se olhar no espelho retrovisor do seu lado do passageiro, ela se assusta ao se ver naquele estado. Com o rosto rabiscado, borrado, inchado e ainda coberto de lágrimas. Fora seu cabelo e seus olhos que estavam em uma completa bagunça.

O carro parte em direção a Gotham.

(...)

Coringa e Harley Quinn haviam acabado de chegar ao telhado de um grande edíficio comercial. Como sempre, Coringa se livrara de qualquer fechadura que impedisse a passagem de ambos.

Harley caminhava se encolhendo e se abraçando pelo frio e o vento que passava por lá, enquanto Joker andava livremente até a beirada do prédio, que possuía incríveis 20 andares. As lágrimas de Harley haviam secado, junto com a tinta fixada em seu rosto, a dor que ela sentia a impedia de tentar limpa-la.

— Eu preciso que faça uma coisa por mim. — Coringa diz se apoiando no parapeito a beirada do prédio

Harley estufa os olhos ao vê-lo tão próximo do fim daquela estrutura.

— Cuidado! É perigoso. — Ela dá dois passos para frente, erguendo uma das mãos

— Eu sei — Ele se levanta e se vira para ela — Por isso estamos aqui — Ele dá passos na direção dela, se aproximando com seu jeito calmo — Você confia em mim?

Harley pisca algumas vezes, olhando para ele.

— Eu... — Ela se perde nas palavras, mas sabia o que ainda sentia — ... Confio.

— Ótimo. — Ele dá um sorriso satisfeito

Coringa ergue a mão para Harley, que olha para ela. Receosa, ela leva sua própria mão até a mão dele. Ele começa a dar passos para trás e guia-la com delicadeza.

Ela começa a se preocupar com a aproximação deles daquela ponta alta, são 20 andares. Coringa a olha de forma carinhosa e reconfortante, e ela por um momento esquece que estão a vários metros do verdadeiro chão. Ele para ao lado do curto parapeito e deixa a mão de Harley Quinn sobre ele.

— Pula. — Ele diz sem desvios, sem enrolação, apenas diz firme e sério.

Harley por um momento acha que ele não estava falando sério, mas tal sentimento dura apenas alguns segundos. Ao ver seu rosto sério, Harley o encara assustada.

— Mas... O que vai acontecer? — Harley pergunta e se arrisca a olhar para baixo

Ela vê alguns carros passando com seus faróis ligados, a lua já brilhava intensamente.

— Eu não sei — Coringa diz olhando ela nos olhos

Harley Quinn olha novamente para ele e novamente para baixo, se sentindo incapaz de fazer tal coisa. Mesmo a lembrança dela pulando nos tonéis tóxicos e ele a acompanhando, nessa situação não haveria nenhum tipo de salvamento. Ela se pergunta se seria algum teste, se alguns de seus homens estaria lá embaixo esperando por ela, mas não havia ninguém, no fundo ela sabia.

— Eu... Não posso. — Ela diz com a voz um pouco abafada pelo machucado

Ela não conseguia dizer muita coisa pela dor que sempre sentia ao mover seu maxilar.

— Achei que você confiasse em mim. Já fez isso antes. — Coringa fala sério, seu rosto não mostrava expressões

Harley olha mais uma vez para baixo, e se for uma maneira dela finalmente morrer? Seria isso considerado por ele? Ela estaria disposta a isso?

— Apenas... — Coringa coloca as duas mãos nos dois lados da cabeça de Harley, mantendo seu cabelo junto a ela — ... Voe.

Ela pisca algumas vezes, sempre hipnotizada pelo verde que brilhava em seus olhos. Aquele vento frio passava por eles, enquanto ambos possuíam uma ampla visão daquele brilho que emanava da lua. Era uma bela noite.

Harley Quinn estaria disposta a fazer isso. Se isso significava morrer a pedido dele e deixar todo esse sofrimento para trás, ela estaria disposta. Ela por um momento desiste em tentar continuar, forçando algo que ela sabe que ele jamais sentirá, seria tudo mais fácil se ela entregasse seu corpo para a escuridão.

Sem pensar, ela começa a subir no parapeito do prédio, seus cabelos voam pelo vento. Os carros passavam rápidos lá embaixo, aparecendo apenas os riscos de seus faróis ligados. Ela sente seus olhos marejando e se senta no parapeito do prédio, suas mãos começam a soar enquanto ela as apertava contra aquele concreto.

Coringa observava ela com certo pesar, mas com muita determinação.

Ela deixa uma lágrima cair, que corre pelo prédio até finalmente bater no chão. Parecia que tudo de repente estava em câmera lenta. Harley repassa sua vida pelos olhos e sente tudo o que se lembrava, ao se lembrar do dia em que visitou aquela fábrica, que era sua lembrança favorita até o momento, ela deixa mais uma lágrima correr ao sentir que sim, ela amava ele.

— Coringa, eu não poss...

Harley se vira para dizer mas é interrompida por um forte empurrão, fazendo-a se impulsionar para frente. Ela grita quando sente seu corpo sendo puxado pela gravidade, em um rápido movimento ela se segura no parapeito do prédio.

Harley sente o vento frio passar novamente, levantando seus cabelos. Ela balança as pernas sem sustentabilidade alguma, enquanto fechava os olhos e se segurava com toda a força possível, como se a canalizasse apenas nas mãos.

— Coringa... Por favor! — Ela grita chorando, enquanto sente o suor em seus dedos empurrando-a para baixo — Por favor, me salve! Por favor!

A força que ela usava parecia ser cada vez mais necessária, enquanto ela apertava os olhos com força. Sabia que se olhasse para baixo, automaticamente cairía.

Coringa olhava suas mãos apertando o concreto e aperta os dentes, fechando os olhos. Ele a ouvia implorando e apertava com mais força seus olhos, apenas queria que aquilo terminasse rápido. Em um silêncio rápido, ele abre os olhos. Não era ela gritando ao cair, era apenas um forte silêncio.

Ele corre até o parapeito e se ergue para olhar para baixo. Ele reconhece uma capa preta voando em direção ao chão. Ele faz movimentos negativos com a cabeça, enquanto via o Batman segurando Harley Quinn nos braços. Eles ficavam cada vez mais distante a medida que desciam.

Com a raiva queimando seus olhos, ele grita sacando sua arma e descendo em direção a eles. Tudo menos isso.


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Notas finais do capítulo

Amiguinho bats bats voltou.
Me desculpem pelo atraso, era para ter postado ontem. Mas esse capítulo acabou ficando grande, huh?
Esse fim de semana não vou estar em casa e só voltarei no domingo, assim não posso prometer que postarei antes disso. :c
Podem xingar o Coringa a vontade sim.
E um agradecimento enorme a todos os leitores, que de coração, me desejaram melhoras! Eu fiquei me sentindo extremamente honrada e vocês com certeza me ajudaram. Eu espero voltar a nossa rotina normalmente a partir da segunda-feira.
Até o próximo, mamãe ama muito todos vocês ♥