Harley e Hera ainda estavam em um minuto de glória e comemoração, principalmente Harley.

— O que vai fazer com essas coisas esquisitas agora? — Harley pergunta fechando a caixa de madeira 

— Não fala desse jeito, essas "coisas esquisitas" foram o que nos trouxeram até aqui — Hera diz com ar superior — E o que você vai fazer com um diamante de $3.000.000?

— Então você sabe quanto ele vale! — Harley diz sorrindo — Espero que não tente me rouba-lo, amiguinha. 

— Se eu quisesse esse diamante, eu mesma teria pegado, não?

— Talvez você fosse pega-lo e me encontrou lá, quase frustrei seus planos? — Harley diz inteligente como sempre foi

— Se tem tantas dúvidas por que não me manda te devolver? — Hera diz sorrindo

— Pode devolver meu diamante, por favor? 

Hera solta uma das mãos do volante e leva até seu ombro, retirando a pedra brilhante do meio de suas folhas.

— Pode me dizer para que precisa disso? Vai fugir do país ou algo assim? — Hera pergunta estendendo o diamante para Harley

— Não, vou entrega-lo ao Coringa. — Harley diz sorrindo, Hera puxa o diamante de volta

— Como assim vai entregar para o Coringa? — Hera pergunta colocando o diamante de volta em suas folhas

— O que está fazendo? Isso é meu. — Harley diz pulando em cima dela, Hera perde o controle do carro por um momento quando

Harley cobre sua visão com o corpo

— Vai me fazer bater o carro! — Hera alerta desviando dos carros 

— Não me importo! — Harley rebate 

Hera empurra Harley com o ombro, fazendo a mesma cair no banco devido a sua força.

— Dá para esperar? — Hera pede quase batendo em um ônibus

Harley pega a caixa de madeira de Hera e a coloca para fora da janela do carro.

— Sem diamante, sem caixinha mágica! — Harley grita

Hera olha momentaneamente para ela.

— Se nunca mais quiser ver esse diamante, eu não vou me importar, compro outra com o dinheiro e você fica sem nada. — Hera diz calma

Harley bufa de raiva e estende a caixa para Hera.

— Por que vai entregar para o Coringa? Ele mesmo não poderia pegar? E você está trabalhando com o Coringa, Harleen? Por que? — Hera pergunta inconformada

— Primeiro, é Harley Quinn, muito prazer — Harley diz sem paciência — E segundo, vai ser uma surpresa. 

— Roubou um diamante de $3.000.000 para dar de presente surpresa? — Hera diz ainda mais pasma — Andar com o Coringa te deixou com muitos parafusos a menos.

— Herinha, eu não ligo para o que você acha, apenas me dê meu diamante e eu vou voltar para casa. — Harley diz estendendo a mão

Hera pensa por um momento.

— Você tem sorte de que eu sou uma pessoa que não acredita nessa de "ladrão que rouba ladrão". — Hera pega o diamante e entrega para a Harley, que sorri animada

— Obrigada! Pode me deixar em qualquer lugar mesmo. — Harley diz colocando o diamante na bota esquerda

— Não, eu te levo. — Hera diz séria, Harley olha em dúvidas

— Não sei se o Mr. J quer que eu revele o esconderijo, sim, provavelmente não. — Harley diz dando de ombros

— Achei que já confiasse em mim.

— Não tem como confiar em você.

— E confia nele?

— Lógico!

— Por que?

— Porque ele me salvou!

— E eu não? — Hera diz séria, Harley arregala os olhos

— Visto por esse lado...

— Onde é, Harley?

— Fora da cidade. — Harley bufa revirando os olhos

Hera fica atenta a carros policiais, mas parecem que não conseguiram rastreia-las.

— Você tem certeza que quer isso? Com esse diamante você poderia ficar rica e ir para qualquer lugar. — Hera diz calmamente

Harley pensa por um momento, em parte seria uma grande solução por essa loucura toda, mas isso iria comprometer seu relacionamento e a melhor parte de sua personalidade, ela sabia que não havia mais saídas para isso.

— Não quero ir para nenhum outro lugar, Hera. — Harley diz sorrindo

Hera percebe o brilho em seu olhar ao dizer essas coisas.

— Eu te avisei para não deixa-lo te enganar, ele vai ficar obcecado por você, se já não estiver. — Hera diz séria, contrariando Harley

— Me enganando? Ele nunca me enganou, eu sempre tomei as minhas próprias decisões!

— E foi ele quem deu as opções, não é? 

Harley pensa por um momento, de fato as opções "fugir" "me seguir" foram dadas por ele, mas... Ele não a enganou, ele deixou ela escolher.

— Ele me deixou escolher...

— Ele manipulou você! Não importava a sua decisão, ele sempre soube o que faria e sempre esteve um passo a frente, como não vê isso? — Hera diz cada vez mais séria

Harley pisca algumas vezes.

— Chega! Para de tentar me confundir, não vai funcionar! É você quem está tentando me manipular! Achei que fosse minha amiga...—  Harley diz com a voz chateada

— É por isso mesmo que eu estou te alertando! Olha... Eu o conheço...

— Não conhece! Ele mudou, Hera! 

Hera olha para ela com desconfiança.

— Isso é impossível, Harley Quinn. — Ela diz saindo da cidade

Nem Harley acreditava mesmo nisso.

— Mas ele vai... Quando eu entregar a ele esse diamante. — Harley fala cruzando os braços

— Roubou isso para que ele possa gostar de você? Harley, ele já te machucou? 

As palavras de Hera se tornam um vácuo na cabeça de Harley, que se lembra de todas as memórias ruins que já viveu nas mãos do Coringa. Momentos que ele se alterou e quase passou do limite.

— Ele não vai mais fazer isso — Harley diz com lágrimas se formando

— Não acredito nisso, aquele desgraçado! — Hera bate a mão no volante

Harley olha para ela.

— Eu sei que não acredita, mas eu acho que ele gosta mesmo de mim, Hera. Ele pode mudar. — Harley diz baixo, Hera percebe a tristeza em seu olhar

— Você está certa, eu não acredito — Hera diz respirando fundo — Para onde devo ir?

Harley mostra a direção a Hera, enquanto tentava se animar com a possibilidade das coisas melhorarem, as palavras de Hera pesaram muito em seu coração, pois não tinha como nega-las completamente.

— É aqui. — Harley diz apontando, seu coração se acelera

— Só tem um monte de árvores! — Hera diz olhando para os lados

— Por isso é um esconderijo, flor. — Harley diz sorrindo e abrindo a porta

— Espere! — Hera segura o braço de Harley, que se vira para olha-la — Se você precisar de alguma coisa, que eu sei que vai precisar, meu número é 586-954-789. Ainda dá tempo de você fugir, Harley. — Hera quase suplicava

Harley suspira.

— Você não entende, Hera — Ela sorri fraco — Obrigada pela ajuda.

Harley dá as costas e entra pela floresta, dentro do carro, Hera tem um mal pressentimento e bate no volante, se perguntando se devia descer.

Assim que avista a casa, Harley sorri e seu coração se acelera mais. Então a luz de dentro se acende e o sorriso de Harley desaparece devagar, a porta é aberta e o Coringa aparece com uma cara de poucos amigos. Harley fica entre a felicidade e o medo e arrisca se aproximar.

— Tenho um presente para você. — Harley diz parando em sua frente

Coringa ergue o olhar e aperta os dentes com força, quase quebrando o próprio maxilar.

— Por favor, deixa eu explicar — Harley pede vendo o olhar assassino que crescia em seu rosto — Mais cedo você tinha dito que eu era inútil então eu trouxe uma coisa que vai mudar sua opinião, está aqui. — Harley se abaixa para pegar o diamante em sua bota

Coringa pega os cabelos de Harley pela raiz e a joga para dentro, Harley grita de dor, ele bate a porta e vê que em seus dedos ficaram vários fios de cabelos da loira, ela tenta ainda no chão se afastar.

— Por favor, me escuta! — Harley implora se rastejando para longe

Coringa aperta a própria mão para não socar o rosto dela naquele momento.

— Eu roubei um diamante para você! — Harley diz quase chorando

Coringa se abaixa e segura o rosto de Harley com força, que escorre sua primeira lágrima.

— O que importa? — Ele diz frio 

Harley arregala os olhos e tem seu rosto batido no chão com uma força enorme, era como se tivesse caído da escada novamente. Ela se sente tonta e sua cabeça dói, ela tenta se virar mas sua visão não a ajuda. Ela vê de relance o Coringa sacando sua arma.

— Eu só... Queria que você gostasse de mim. — Harley diz com a voz fraca

Coringa se abaixa em sua direção.

— Eu jamais vou gostar de você.

As palavras do Coringa saem como uma facada forte em Harley, que sente seu rosto doer e lágrimas fortes se formarem. 

— Me deixe ir. — Harley pede em um fio de voz

— Você devia ter continuado como a prisioneira inútil que sempre foi. — Coringa diz com raiva

Harley morde a própria língua para não soluçar, suas palavras sempre doem mais do que qualquer trauma físico que ele já tenha feito. 

— Maldita seja a hora em que eu tirei aqueles cabos de eletrochoques. — Coringa diz alto, colocando as mãos na cabeça

Harley chora incontrolavelmente. Não tinha ninguém para salva-la e ela nem queria mais ser salva, apenas pedia mentalmente para que dessa vez ele a matasse.

— Acho que ainda podemos resolver isso. — Coringa diz tentando levantar Harley, que mal conseguia se manter sentada

Ele joga a mulher no ombro e se levanta em direção a porta.

— Eu sempre gosto do cheiro de carne queimada antes do amanhecer. — Coringa diz abrindo a porta

Harley luta para chorar em silêncio, observando suas lágrimas caindo no chão de folhas assim que saem da casa.

— O que está acontecendo? — Uma voz feminina grita de longe, Harley não consegue ver quem era pois estava com o rosto nas costas do Coringa e a pancada na cabeça não ajudava muito 

— Só pode estar brincando! — Coringa diz rindo alto — A samambaia também fugiu?

Harley arregala os olhos, Hera!

— Você vai solta-la. — Hera diz firme, se aproximando

— Sim, claro. — Coringa diz levantando a arma e atirando

Uma fumaça sobe assim que Coringa dá o primeiro tiro, ele para e olha ao redor. Harley tenta juntar suas forças e se erguer, jogando todo o peso do corpo para trás. O peso tão repente faz Coringa involuntariamente soltar ela, que cai no chão.

A fumaça se espalhando chega até os dois e faz tudo parecer um grande nevoeiro roxo, Harley sente mãos em suas costas e abaixo dos joelhos levantarem ela e ela pede que por tudo que seja mais sagrado não seja o Coringa novamente. Ela fecha os olhos.

Coringa dá passos raivosos para trás olhando ao redor, só havia fumaça e mais nada. A fumaça começa a diminuir e Coringa corre para frente, na direção em que Harley caiu, a fumaça do chão desaparece e dá espaço a um grande espaço vazio. Ele aperta os dentes com força.

— Hera! — Ele grita com toda a força e raiva que estava sentindo, fazendo o grito ecoar por todas as árvores 

Harley abre os olhos e sente o conforto do carro de Hera, que dirigia. 

Ela se lembra de tudo o que aconteceu e sente suas lágrimas voltando, ela aperta os olhos com força e sente uma decepção que jamais sentira antes, o mundo dela havia desabado completamente. 

Agora não restava mais nada.