Apenas morna escrita por Maga Clari
Notas iniciais do capítulo
Escrevi ouvindo esta música e vendo este clipe maravilhoso ♥ https://www.youtube.com/watch?v=SWSz_PAfgNc
Freak.
Estranha.
Errada.
Esquisita.
Extraterrestre.
Não-desse-mundo.
Anormal.
Na-contra-mão.
Simplesmente estranha
mente freak
A estranha no meio
de tanto que vivo
A estranha
somente estranha
Jogada em Midgard
Prisioneira
Desmemoriada
da missão
que missão?
Que missão me foi
dada assim?
De onde vim?
Para onde vou?
O que faço aqui?
Salvadora ou condenada?
Vim para ajudar
ou ser ajudada?
Olho para este mundo
um sufoco
bem daqueles
bem apertados
Um sufoco estranho
estranho que nem eu
Um sufoco me faz questionar
tanta coisa
e sabe de uma?
Sou uma observadora
de fora
Observo tudo
fora do todo
só fico olhando
olhando tudo
Anoto, escrevo, desenho
faço registros imeeeensos
sobre a vida
ao meu redor
mas não me junto
não vivo
não rio
não choro
não amo
não pelo menos
não verdadeiramente
Enviada para registros
uma carimbadora
ou escrivã
condenada a registrar a vida dos livings
ao vê-los dançar
a música do mundo
e eu aqui
somente aqui
uma freak
uma wallflower
que chora segundo a segundo
o choro silencioso
que ninguém vê
porque todos
literalmente todos
são muito ocupados
com seu próprio mundo
sua própria vida
veem um décimo meu
somente as sombras
de uma freak
de uma wallflower
tentando
inutilmente
sair de sua função-casta
que é somente
uma flor de parede estranha
que não combina com a casa
ou seus moradores
Condenada a ver além
além das sombras
de um corpo inútil
Vejo apenas e somente
a áurea
o que faz parte
da luz
de uma alma imortal
Vejo somente
as mentes
pensantes e criativas e artísticas
que iluminam sorrisos
e dançam e cantam
a música tão envolvente
que nunca irei dançar
ou cantar
Escrevo sobre amores
nunca vividos
ou aventuras
nunca travadas
Sonho com um lugar
que tem um mar
que podemos amar
e não-amar
e dançar
e não-dançar
e cantar e chorar
e não-cantar e não-chorar
Sonho com este mundo
que estarei deitada na areia da praia
sob a luz das estrelas
o vento em meu rosto
e ao redor da fogueira
um violão
e ao redor do clarão
poesias declamadas
abraços
sorrisos
sem hora de acordar
sem papéis a cumprir
sem trabalho
sem escola
sem compromisso
sem horário
sem nada
Somente o sol se pondo
e o sol nascendo
e teorias da filosofia
sem nada disso aqui
somente as almas
as luzes
juntas sem julgar
E apenas choro
continuo chorando
até o dia
o certo dia
que não mais ficarei aqui
talvez um dia
que me levem de volta
ao certo lugar que não faço ideia
de onde eu vim
e aí
talvez aí
estarei junto aos demais freaks
às flores de parede
de uma casa tão estranha quanto a gente
talvez dancemos a música dos freaks
dos estranhos e esquisitos
dos errados e extraterrestres
dos anormais e na-contra-mão
de nosso próprio mundo
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Escrever isso foi libertador