— O jantar foi ótimo!

— Foi sim. - ele concordou.

Haviam ido num restaurante jantar juntos naquela noite. Estavam sozinhos no elevador esperando chegar no andar de Sara. Foi difícil acharem um restaurante que as pessoas que conheciam não frequentavam, principalmente no centro. Pensaram em jantar em um lugar afastado, mas como estavam de plantão não seria uma boa ideia.

O restaurante era até bem chique e, como conheciam seus amigos, sabiam que eles só iriam num restaurante assim em ocasiões especiais. Não havia nenhuma. Não só para os amigos - que com certeza iam preferir dormir do que jantar num restaurante - mas pro laboratório inteiro, incluindo os superiores. Porém, eles pensavam que se alguém os visse, era só um jantar entre amigos, não tinham como provar que estavam tendo alguma coisa.

A cidade estava uma calmaria só! Apenas Warrick estava trabalhando num caso pessoal e Catherine o supervisionava. Nick, Greg, Sofia e os dois estavam sem fazer absolutamente nada naquela noite. Bom... Gil e Sara talvez fariam…

A morena abraçou seu namorado por trás e beijou sua nuca. Ele estava um charme naquele terno.

Grissom sentiu seu corpo todo arrepiar.

Com tanto trabalho naquele laboratório eles mal conseguiam ficar juntos intimamente e ele estava cheio de saudades dela. Não era homem de ficar pensando em momentos íntimos com a namorada, mas com aquele vestido vermelho no corpo, era impossível não querer fazer loucuras com Sara naquele momento.

Sara sorriu ao perceber que havia causado uma reação positiva nele com esse gesto.

— O que vamos fazer hoje, Griss?

— Eu não sei. - ele respondeu quase suando. Sara o deixava sem jeito. _ Estamos de plantão, pode surgir alguma coisa. - ele desconversou.

— E se não surgir alguma coisa?

O elevador abriu no mesmo instante em que Sara fez aquela pergunta.

Gil pigarreou um pouco.

— O que você sugere? - perguntou ao sair do elevador sendo seguido por ela.

— Não sei ao certo.

Eles seguiram o corredor e em vez de pegar a chave na bolsa, Sara resolveu pegar a reserva na planta só pra provocar Grissom na hora de abaixar.

O supervisor engoliu a seco e ficou quieto.

Sara ficou em pé direito e abriu a porta na maior naturalidade, como se não tivesse pensado em provocá-lo.

Entraram e Gil foi logo tirando o paletó, e Sara o salto.

— Que bom que não tinha nenhum conhecido por perto. - ela foi até ele e levantou a gola de sua camisa pra tirar a gravata.

— É, foi um alívio. - disse ele. _ Se alguém visse a gente eu não saberia o que dizer.

— Ué. Seríamos só dois amigos jantando, qual o problema nisso?

— Vestidos assim? - ele olhou de relance para os trajes de ambos. Muito elegantes para um simples jantar entre amigos.

— Assim como?

— Sara!

Ela riu.

— Não acho que alguém imaginaria nós dois juntos como um casal.

— Por que não?

— Griss, você vive pro trabalho e nunca sai. Se vissem você comigo não seria tão estranho quanto com uma desconhecida, ficamos o tempo todo juntos.

— É… Pensando bem…

Sara se virou ficando de costas pra ele.

— Abre o zíper pra mim?

Grissom sorriu e em vez de fazer o que ela pediu, ele abraçou sua cintura e chegou perto de sua orelha falando normalmente:

— Eu acho que sei o que quer fazer.

Sara sorriu ainda surpresa pelo abraço.

— É?

Grissom a virou novamente pra ele e tornou a abraçá-la pela cintura.

— Pegou a chave reserva pra me provocar, não foi? - agora sim ele fez o que ela pediu.

— Eu??- ela fingiu estar chocada com a pergunta. _ Não, claro que não.

Grissom cerrou os olhos com um meio sorriso e ela não aguentou ficar séria, apertou os lábios pra segurar o riso.

Ele balançou a cabeça sorrindo e ela soltou o sorrisão. Gil não resistiu e a beijou.

Abraçada ao pescoço dele, Sara se deliciava com o gosto daquele beijo. Irresistível!

O beijo foi finalizado e ainda com seus rostos colados, Sara sussurrou:

— Quero te sentir mais uma vez.

Foi mágica a noite em que se entregaram um ao outro, e naquele momento Sara ansiava ter seu corpo junto ao dele daquela forma.

Grissom também queria. Ter Sara em seus braços e possuí-la foi uma das melhores coisas que já aconteceram em sua vida, e repetir aquele ato de amor seria algo que ele nunca se cansaria.

Estavam bem do lado do sofá e, foi ali mesmo que ele a deitou e voltou a beijá-la.

Assim que separaram seus lábios, Sara o olhou.

— No sofá?!- perguntou ela.

— Quer ir pra cama?

— Não. - ela sorriu e voltou a beijá-lo abraçando seu pescoço.

Grissom passeava uma das mãos pelo corpo dela. Do braço à cintura, da cintura ao quadril, do quadril às coxas, das coxas às nádegas e, das nádegas à perna direita puxando-a pra cima quase enlaçando sua própria cintura.

Sara interrompeu o beijo meio ofegante.

— Griss… Tenho que ir no quarto.

— Fazer o que?

— Pegar o preservativo.

— Ah é… Quer que eu vá?

— Não, eu vou. - deu um selinho nele e se levantou. Correu pro quarto na mesinha de cabeceira pra pegar a camisinha, não podiam esquecer de jeito nenhum.

Voltou na mesma velocidade e ficou por cima dele daquela vez. Que nenhum crime surgisse, pois iriam ter uma boa noite de amor, não estavam afim de interromper pra ir trabalhar.

E não interromperam. Consumiram o ato perfeitamente e no tempo que quiseram que durasse. Mais uma noite de amor intensa e maravilhosa das muitas que viriam.

…

“Céu, eu estou no céu

E meu coração bate tanto que mal consigo falar

E eu pareço encontrar a felicidade que procuro

Quando estamos juntos” ― Lady Gaga

Enrolados no sofá do apartamento silencioso de Sara, ela e Gil recuperavam o fôlego depois daquele momento delicioso no mesmo.

— Griss?

— Oi.

— E São Francisco? - ela o olhou. _ Vai mesmo comigo?

— Se quiser que eu vá, eu vou. Você quer?

— Quero. - sorriu.

Ele também.

Sara o abraçou e perguntou:

— Que desculpa vai dar pro Ecklie?

— Não faço ideia. - ela sorriu. _ Bom, a sua vai ser real, vou dizer que sua mãe está doente e que você precisa ficar com ela, agora a minha… Não tenho a mínima ideia… Mas vou dar um jeitinho. - ele a olhou e sorriu de lado.

Sara fez o mesmo.

— Obrigada. - ela disse acariciando seu rosto. _ Por tudo.

Ele sorriu mais uma vez e beijou a palma de sua mão.

— Não precisa agradecer.

…

— Se esse não foi o melhor turno, eu não sei qual foi. - Greg comentou se jogando no sofá da sala de descanso.

Foram chamados às seis da manhã, pois houve um homicídio num quarto de hotel e acharam o corpo naquela manhã. E como o turno da tarde já havia acabado e o diurno não havia começado ainda, tiveram que responder, porque estavam de plantão. O turno acabaria três horas depois.

— Mas se o caso for difícil de solucionar, não poderemos ir pra casa quando o turno acabar, bonitão.

— Ah qual é, Sarinha! Nada melhor do que um caso bem difícil pra levantar o astral. Ficamos de plantão a noite toda.

— É, parece que alguém aqui está louco pra voltar a trabalhar. - Sofia comentou sorrindo.

Grissom tinha ido falar com Jim e estava voltando à sala quando ouviu a frase de Sofia.

— E é isso mesmo que ele vai fazer hoje. Corpo no Tangiers. Vocês três cuidam disso, eu tenho que falar com o Ecklie. - lançou um olhar discreto para Sara que tentou não sorrir e desviou o olhar.

O trio levantou e seguiu o corredor direto pra saída, mas Sara foi chamada por um policial na recepção.

— Hey Sidle!

Ela se virou.

— Oi Mitch! - olhou para os amigos e disse que os encontrava lá e voltou a atenção ao policial.

— Tem alguém querendo te ver.

Assim que o oficial Larry Mitchell disse aquelas palavras, a pequena apareceu e correu em direção a ela.

— Sara!

— Abby?!

Abby pulou no colo da amiga CSI e abraçou forte seu pescoço.

— Oi pequena! - Sara a abraçou na mesma intensidade e a colocou no chão. _ Devia estar na escola, o que faz aqui? - olhou para ambos ao fazer a pergunta.

Mitch explicou.

— Estava passando com a viatura em frente a escola e ela me parou perguntando por você. Ela conseguiu me convencer a ir ao orfanato pedir permissão para trazê-la aqui.

— Ele é policial, não iam dizer ‘não’ pra ele. - Abby concluiu a fala do policial e sorriu.

Os dois adultos fizeram o mesmo.

Grissom observava tudo da porta de sua sala.

— Essa menina é esperta.

— E como, Mitch! - Sara riu. _ Pode deixar que eu levo ela de volta.

— Certo. Se cuida, mocinha. - ele se despediu de Abby.

— Tabom. Tchau Mitch!

O policial saiu de lá sorrindo e Abby voltou a abraçar Sara que retribuiu.

— Senti sua falta. Esqueceu de mim?

— Eu também senti. Não, nunca esqueceria de você. - Sara se agachou pra ficar da altura dela. _ Desculpa não ido te ver nos últimos dias. Minha vida teve uma pequena reviravolta.

Grissom sorriu e resolveu chamar a atenção delas.

— Psiu!

Ambas olharam para o homem grisalho e foram até ele.

— Greg e Sofia já foram. Eu tive uma pequena surpresa antes de sair. - a morena sorriu e acariciou a cabeça de Abby. _ Esse é meu chefe, Abby.

— Você é o Gil?

— Sou sim. - o supervisor sorriu de lado, mas estava surpreso por ela saber quem ele era e mais surpreso ainda por Sara manter contato com ela. Não achou que Sara tinha se envolvido tanto no caso dos Fisher. _ É um prazer conhecê-la, Abby.

— O prazer é meu. - respondeu a pequena. _ Sara, a gente pode ir tomar sorvete?

— Ah querida, eu estou trabalhando.

— Tudo bem, Sara, pode ir. - ele resolveu dispensá-la. _ Só não demore, podemos precisar de você.

— Sério? - a morena estranhou, mas sorriu.

— É. Podem ir.

— Ok. Qualquer coisa me liga.

— Certo.

— Eeeeh! - Abby comemorou fazendo ambos rirem. Puxou Sara pela mão e as duas saíram do prédio.

— Eu devia estar te levando de volta pra escola e não pra tomar sorvete.

— Sara, eu perdi minha família e não tenho casa nem amigos, eu mereço um sorvete.

Sara sorriu sem acreditar no que ouviu.

— Tem certeza que tem cinco anos? - Abby riu. _ Entra no carro vai. - abriu a porta traseira pra ela e esperou que ela entrasse.

— Eu quero ir na frente.

— Crianças não andam no banco da frente. - sorriu. _ Entra. - Abby fez o que Sara pediu e sentou-se direitinho no meio do banco. Sara colocou o cinto nela e disse: _ E nem pense em tirar o cinto, mocinha.

Abby deu um sorriso sapeca e fingiu que iria soltar o cinto.

— Abby!

Ambas riram.

…

— Dois dias de folga? Pra quê? - o assistente de direção do laboratório quis saber o motivo do supervisor querer folga pra ele e Sara no mesmo período de tempo.

Gil e Sara tinham folgas no mesmo dia, mas quase nunca as tiravam, e o mês acabou de começar, eles só teriam folga no final do mês. Ecklie quis saber porque adiantar.

— Sara soube ontem à noite que a mãe está muito doente e precisa dela em São Francisco. Quanto a mim…

Ele tinha pensado numa desculpa maravilhosa, e como tinha visto na internet o que ocorreria, foi a desculpa perfeita.

— … Vai ter uma corrida de baratas épica em Duluth, eu não posso perder de jeito nenhum.

— Corrida de baratas? Sério Gil?

— Você não entende que eu sou entomologista? - Gil tentou convencê-lo. _ Da última vez que fui, minhas baratas não chegaram em primeiro lugar. Sofia vai chefiar o turno da noite enquanto eu estiver fora.

— Certo. Eu posso colocar alguém do diurno pra ajudar na sua ausência. - cedeu em desagrado.

— E quanto a Sara?

— Eu não sei. - estava difícil ser legal com Sara depois da suspensão dela.

— Conrad, é a mãe dela. Não pode negar isso a ela. Além disso, hoje é dia das mães. Como se sentiria se passasse essa data longe da sua mãe? Que está doente ainda por cima!

Ecklie suspirou.

— Tudo bem. Me convenceu.

Grissom apenas assentiu, mas por dentro estava soltando fogos.

— Trabalhem hoje e ao fim do turno seguinte vocês podem ir. Mas quero ambos de volta na quarta feira, fui claro? Vencendo ou não a corrida de baratas, a mãe melhorando ou não da doença.

Meu Deus! Como podia ser ranzinza? Que insuportável!

— Obrigado. - Grissom se levantou e foi até sua sala adiantar tudo o que fosse preciso para que assim não houvesse nenhum imprevisto na sua viagem para São Francisco. Sua namorada ficaria feliz em saber de seu êxito no plano. Viajariam segunda de manhã.

…

Depois de tomar sorvete com Abby e bater papo com a mesma por quase duas horas, Sara levou a menina de volta pro orfanato e voltou ao laboratório para ajudar Greg e Sofia no caso. Havia ligado para Greg do carro quando saiu do laboratório com Abby pra dizer que não iria pra cena, mas que se precisassem de ajuda era só ligar que ela iria. Eles não precisaram, mas Sara levou Abby pra casa e voltou pra lá mesmo assim. Não podia ficar muito tempo com Abby e sabia que seu namorado só a havia dispensado pra não magoar a menina.

Aquela garotinha lhe fazia um bem danado e era ótimo cuidar dela, lhe dar proteção e principalmente sua amizade. Abby não só precisava, como adorava passar um tempo com Sara, desde que ela lhe ajudou quando sua família se foi.

O domingo das mães foi tranquilo e na segunda de manhã todos já haviam sido dispensados. O diurno começaria em alguns minutos.

Grissom ficou para acertar tudo com Ecklie, não queria que ele tivesse qualquer motivo para não liberar Sara e ele como havia dito que faria.

…

Sara esperava ansiosa pela chegada do namorado na casa do mesmo. Ele havia lhe dado a chave antes de sair e quando chegou no apartamento deu de cara com Victória, a babá de Hank. Ela estava chegando do passeio com ele. Sara se apresentou para a jovem e ambas conversaram um pouco. Victória foi embora minutos depois e Sara ficou com Hank esperando pelo anfitrião.

Gil chegou por volta das dez, uma hora depois que todos saíram.

Sara se levantou do sofá imediatamente.

— E aí? - perguntou esperançosa.

Grissom fez cara de nada deu certo e Sara já achou que tudo tinha mesmo dado errado.

— Eu consegui! - ele sorriu.

— Jura? - seu sorriso foi de orelha a orelha.

— Juro.

— Ah! - ela o abraçou pelo pescoço. _ Obrigada Griss!

— De nada! - sorriu abraçando sua cintura.

Sara se separou dele, pegou sua mão e o puxou pro quarto.

— Vem! Vamos ver as passagens!