Love Story escrita por Fofura


Capítulo 70
Bonecas de Luxo


Notas iniciais do capítulo

Um dos capítulos mais esperados dessa quinta temporada hsuahsa
E ele ficou meio grandinho hehe Espero que não fique cansativo
SARA DISSE "EU TE AMO" PRA ELE *-* MDS ♥
Enjoy ♥



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A tarde até começou bem naquele dia quando Grissom descobriu que Catherine, Nick e Warrick acharam dois corpos cobertos de piche. Ele imediatamente foi até lá ver. Ajudou Catherine a isolar os corpos do piche, mas quando tirou uma camada do mesmo de cima da segunda vítima, o crânio dela se despedaçou.

Gil olhou no relógio e tentou sair de fininho.

— Ih caramba! Tenho que começar meu turno. Boa sorte com o caso.

— Ah não! - reclamou a ruiva. _ Você não vai destruir esse crânio e fugir!

— Dá pra fazer um belo molde com a impressão.

— A minha equipe já está desfalcada, Gil!

— Acho que a Sara acabou de fechar um caso. Se precisar, ela é sua. - dito isso ele saiu de lá.

Catherine suspirou.

...

Sara foi até o locker guardar sua bolsa e quando chegou lá encontrou Greg todo arrumado, tentando ajeitar o cabelo.

— Uau! - disse ela. _ Fica bem de mauricinho! - sorriu. _ Eu não sabia que seu cabelo abaixava. - abriu seu armário pra guardar a bolsa.

— Eu pareço um idiota.

— Não, não. Parece um profissional, que é o que você é.- ela o corrigiu. _ Vou adivinhar... Audiência do Sherlock?

— É.

— E quem é o juiz?

— É o ... Dudley Anderson.

Sara fez uma careta engraçada com um sorriso bem forçado.

— Não é o cara mais inteligente do mundo. - tirou seu blazer, colocou no armário e olhou pra ele. _ Fale devagar, use termos simples e vai arrasar.

Greg assentiu e Catherine a chamou na porta.

— Sara! Está comigo hoje.

— Tá.

Catherine saiu de lá e Sara voltou sua atenção a Greg.

— O trabalho me chama. - sorriu.

— Ok. - ele sorriu nervoso.

— Relaxa Greg. Vem cá. - segurou seu rosto com as duas mãos e beijou sua testa. _ Boa sorte.

— Valeu Sarinha! - ele sorriu ao agradecer.

Sara foi atrás de Catherine que havia ido para sua sala.

— E aí? Qual o caso? - perguntou assim que entrou.

— Dois corpos cobertos com piche. Conseguimos tirar a de baixo intacta, mas Grissom fez o favor de destruir o crânio da de cima. Ou seja, precisamos de um molde do rosto.

— Legal! Meu trabalho será animado! O piche está na evidências?

— Está sim.

— Tá. Deixa comigo! - sorriu.

— Obrigada.

Sara foi até a sala de evidências, prendeu o cabelo, colocou o jaleco e começou a fazer o molde. Jogou o gesso líquido no piche e assim que secou começou a pintar.

Uma obra de arte! Pena que era de uma pessoa morta.

Assim que sara terminou o rosto, levou pra sala de descanso e esperou pelos amigos.

Assim que Catherine, Warrick e Nick entraram na sala, Sara tratou de apresentar a desconhecida.

— Senhoras e senhores, a anônima de cima.

— Meu Deus! - Catherine ficou impressionada com o trabalho da morena.

— Bom trabalho! - Warrick elogiou.

— Obrigada!

Catherine sentou ao lado de Sara e também agradeceu.

— Obrigada Sara. - a morena sorriu e Catherine olhou melhor pro rosto. _ O doutor Robbins disse que ela sofreu um trauma violento na cabeça, deve ser a causa da morte.

— Isso explicaria o sangue que o David encontrou na camisa dela. - disse Warrick. _ A Mia está analisando o DNA pra ver se bate com o da vítima ou de algum dos suspeitos.

— E não se esqueçam da mandíbula quebrada. - lembrou Nick. _ Isso é aço inoxidável 04 milímetros, usado em cirurgia pra imobilizar o maxilar.

Sara olhava as fotos enquanto os colegas falavam.

— O que houve com os dedos?

— As falanges distais foram cortas. - a ruiva respondeu a pergunta dela. _ Nas duas vítimas, nas duas mãos. Eu fiz o molde da ferramenta, é algum tipo de tesoura, uma lamina serrilhada e a outra lisa.

Sara assentiu.

— Se foi pré-morte, isso indica tortura. - observou o texano.

— Mas se foi pós, deve ter sido pra esconder a identidade. - Warrick concluiu o raciocínio.

Hodges apareceu na sala e informou que a vítima que debaixo estava lá há no mínimo cinco anos, e a de cima estava há apenas dois.

— Temos um assassino que abre uma cova, joga o corpo, cobre com piche, volta três anos depois, cava outra vez e joga outro em cima?!- disse a ruiva.

— Eu aposto que é abuso doméstico. - afirmou Sara. _ Espancada e silenciada.

Pronto! Já deu merda. Mesmo tentando aprender a lidar com esses casos, foi inevitável Sara não se deixar abalar por isso. E ela fez questão de ir checar em todos os hospitais pra ver se conseguia identificar o rosto do molde pelas fichas das vítimas de agressão que passaram pelo hospital.

Sara identificou a vítima como sendo Svetlana Melton e, ela e Catherine foram até a sala de interrogatório falar com o “ex-marido” dela.

Sentaram-se e ele tratou de explicar quem era a moça que lhe acompanhava, ela estava sentada do lado de fora.

— Me casei com Junny mais ou menos um ano depois da Svetlana fugir.

— E quando foi a última vez que viu Svetlana? - a ruiva perguntou.

— Há cerca de dois anos. Ela não voltou pra casa uma noite. Quando dei por mim a polícia estava batendo na minha porta. Achei que tinha acontecido alguma coisa com ela, mas estavam lá pra me prender por bater nela.

— Está dizendo que não bateu?

— Ficamos casados por três anos, nunca bati nela.

— E por que ela mentiria?

— Eu não sei.

Catherine estava sentindo a tensão naquela conversa. Sara estava olhando pro cara de um jeito muito estranho, e ela sabia do porquê. Estava sentindo que Sara ia ser rígida com ele.

— E o que aconteceu? - perguntou Catherine.

— Depois disso eu me cansei. Fui atrás dela pra assinar os papéis do divórcio, mas era como se tivesse desaparecido da face da terra.

— Ou foi enterrada embaixo dela. - Sara o alfinetou e Catherine se incomodou. Se Sara passasse do limite com o suspeito, não seria bom.

— Olha... eu publiquei anúncios no jornal todos os dias por um mês, ela nunca respondeu.

— E mesmo assim não deu queixa do desaparecimento?!- Catherine mais afirmou que perguntou.

— Eu fui acusado de abuso, ia pegar mal.- ele respondeu.

— Parece ligar muito pra sua imagem, senhor Melton. - comentou Sara.

Ele não gostou, mas não disse nada.

— Vamos precisar de uma lista de parentes e amigos da Svetlana. - pediu Catherine.

— Ela não tinha ninguém.

— Quer dizer que ela surgiu do nada? - perguntou Sara na ironia.

Ele explicou.

— Os pais dela morreram num tipo de acidente industrial em Odessa.

— Rússia? - indagou a ruiva meio confusa. Ele assentiu. _ E como se conheceram?

— Através de uma agência.

— Ah, então você encomendou uma noiva!

— Fomos apresentados por uma agência! - ele estava ficando irritando com Sara dizendo aquelas coisas pra ele, mas ela pegou pesado em seguida.

— E o que aconteceu? A agência russa negou seu pedido por outra esposa? - Catherine já não sabia onde enfiar a cara com a atitude da colega, até pôs a mão na testa. Ela já estava indo longe demais. _ Ou você perdeu o apetite por carne branca, dura demais?

— Quer saber, moça? Eu não vou me arrepender da minha decisão! Namorei mulheres americanas, como você. Elas não querem ser esposas ou mães de ninguém. - Sara olhou para Catherine enquanto ele falava e viu a cara de tacho dela. _ Quando elas ouvem a palavra doméstica, elas fogem. É bom sentir gratidão, não ressentimento.

— É, eu também acho escravidão doméstica muito sensual! - ela o provocou e a paciência esgotou.

— Quer saber? Pode achar o que quiser! - ele se estressou, se levantou e saiu da sala.

Catherine a olhou em reprovação.

— O que foi?

— Você foi longe demais, Sara. - Catherine se levantou e Sara a seguiu.

— Ah qual é! Vai me dizer que não acha que foi ele?

— A gente não trabalha com achar, Sara. Temos que ter provas.

Elas iam discutindo da delegacia até o laboratório. Entraram no laboratório ainda batendo boca.

— Olha, eu só estou pedindo pra uma viatura fazer checagens regulares.

— A mulher pediu ajuda?

Sara achou desnecessária aquela pergunta.

— Isso é meio difícil pra uma escrava sexual que não fala a nossa língua. Ela não conhece os direitos dela!

— Não pode prender alguém por se casar com a pessoa errada!

— Disso você entende!

Catherine achou o cúmulo aquele comentário da morena e fingiu não estar ofendida, fingiu não se importar.

— Se o cara for um agressor, se matou a primeira mulher, nós vamos montar um caso e vamos pegá-lo!

— Enquanto isso, ele fica usando ela como um saco de pancada??!

— Sara, eu estava lá! Não havia hematomas nela! - os tons de voz iam aumentando enquanto andavam.

O problema era que Conrad estava na sala de frente pro corredor, que foi exatamente onde elas pararam quando Sara disse:

— Que nós conseguíssemos ver, Catherine!

— Olha...- Catherine suspirou e perdeu a paciência. _ Sempre que temos um caso que tenha um indício de violência doméstica ou abuso, você fica perturbada! Afinal, qual é o seu problema??

Sara perdeu a cabeça e gritou com ela.

— Eu fico mesmo! E você deixa a sua sexualidade confundir seu julgamento sobre os homens, e eu vou ignorar sua ordem!

Catherine abriu a boca indignada e já ia responder quando...

— Sidle! - Conrad a repreendeu e Sara o olhou. _ Na minha sala. Agora!

Sara deu uma última olhada para Catherine, ambas com expressões de pura raiva, e seguiu Conrad até a sala dele. Os olhares daquele laboratório eram todos pra ela e Catherine.

Assim que entraram, Conrad já veio dando bronca.

— Você uma oficial da lei e representante desta cidade! Por isso, eu espero que se comporte de modo apropriado, dentro e fora do laboratório!

Sara o interrompeu.

— Se vai começar com o seu discurso de que é pelo bem do laboratório, não se dê o trabalho, sei de cor! - ela o olhou com deboche.

— Senta aí!

Sara não obedeceu e ele continuou a falar.

— Willows é uma supervisora e você deve tratá-la com respeito e não insultá-la na frente dos colegas...- Sara o interrompeu outra vez.

— Ela não é minha supervisora!

— Tá, é sua superior! - ele advertiu. _ Sara... você repreende testemunhas, desrespeita as pessoas com quem trabalha, foi pega dirigindo bêbada... Dê uma olhada! Tem meia dúzia de queixas no seu histórico. - Sara mantinha-se séria e calada, mas quando ele disse a próxima frase... _ E se Grissom documentasse mesmo o seu desempenho, provavelmente haveria mais uma dúzia. Não é o tipo de pessoa que eu quero no meu laboratório!

— Esse laboratório só é seu, porque o Grissom não bajula ninguém! - Conrad suspirou nada satisfeito. _ Você é péssimo em campo, mas é ótimo em política. Separou nossa equipe e agora fica vagando pelos corredores esperando que a gente erre!

Foi a gota d’agua pra ele.

— Sara, está suspensa por uma semana! Sem pagamento!

— Ótimo! - ela não se importou.

— E quando voltar vai pedir desculpas a Catherine.

Sara suspirou rindo.

— Não vou! - dito isso, ela lhe deu as costas e saiu da sala.

Pedir desculpas? Parece que ninguém escutou o que a ruiva disse, o insulto dela, só escutaram a parte em que Sara a respondeu. Que ótimo! A errada era ela então? Quando provassem que aquele cara era abusivo e que ele havia matado Svetlana, Sara ia jogar isso na cara dela!

Sara foi direto pra casa já que não tinha mais o que fazer ali, e Catherine foi interrogada por Greg no corredor.

— Oh Catherine! Eu ouvi dizer que o Ecklie suspendeu a Sara. - Catherine revirou os olhos. _ O que a gente pode fazer? - inocentemente perguntou, sem saber da discussão das duas.

— Nada! - ela respondeu.

— Nada??

Catherine, que tinha uma expressão de puro agrado por não poderem fazer nada, negou com a cabeça.

— A Sara sempre apoiou quem precisava dela. - Catherine revirou os olhos mais uma vez. _ Ela sempre me defendeu. E daí que ela se descontrolou um pouquinho?

— Greg, ela passou dos limites com o suspeito, foi insubordinada comigo e com o Ecklie, ela precisa descansar! - deixou o garoto sozinho no corredor com uma expressão indignada e seguiu seu caminho.

Greg achou aquilo o cúmulo. O que será que havia acontecido pra deixá-las tão bravas? Precisava falar com a amiga, já que a nova supervisora não estava mais nem aí pros amigos!

Porém, Sara não atendeu a ligação de ninguém. Estava brava e nervosa, não queria ser grossa com ninguém, principalmente seus amigos. O único que não podia evitar no momento era Grissom, que ficou sabendo imediatamente por Catherine e Ecklie o que aconteceu.

Grissom largou tudo o que estava fazendo e foi atrás dela.

Ele estava decidido em saber o que estava acontecendo com ela. Sua Sara não era assim. Bem, ela sempre teve esse gênio forte, sempre foi sensível, mas nunca foi tão explosiva. Alguma coisa não estava certa e ele descobriria o que era. Chegou a hora de saber porque a morena se envolvia tanto em casos assim.

...

Aquele ano estava sendo um horror. Uma coisa ruim atrás da outra.

A única coisa boa que havia acontecido era ter conhecido Abby. Poderia ter sido em circunstâncias melhores? Poderia. Mas infelizmente foi quando a pobrezinha perdeu a família na mão do pai.

Sara teria tempo de vê-la naquela semana já que estava suspensa.

Ela estava escrevendo pra relaxar, ouvindo uma música... Isso ajudava bastante. E claro, também tomava uma cervejinha. Quando de repente ouviu batidas na porta.

Levantou-se e foi até a mesma. Ao olhar pelo olho mágico pensou:

“Lascou!”

Abriu a porta com um sorriso simpático, como se nada tivesse acontecido.

— Bem, se veio aqui, boa coisa não é.- Grissom em sua casa? Não mesmo!

— Eu posso entrar?

Sara deu espaço e resolveu descontrair, sem sucesso.

— Vai perguntar se eu estou bêbada? - sorriu.

— Nós dois sabemos que esse não é o seu problema. - andou para perto do balcão da cozinha. _ Eu falei com a Catherine. - virou-se pra ela ao dizer.

— O Ecklie...? - ela nem queria saber da Catherine.

— Ele quer que eu te demita.

— Eu imaginei...- óbvio que ele ia querer isso. E pela seriedade do chefe, isso ia acontecer. _ Você quer alguma coisa? - no caso, algo pra beber ou comer. Seria o mais educada e calma possível, já havia perdido muito o controle.

— Claro. Uma explicação!

“Nossa!”

— Eu... perdi a cabeça. - resolveu sair de perto dele. Ele não ia entendê-la, ninguém iria. Foi para trás da poltrona.

— Isso tem acontecido com frequência. Você sabe porquê?

— Que diferença faz? Vou ser despedida.

— Faz diferença pra mim.

Sara arqueou as sobrancelhas. Não era necessário ele saber o real motivo de ela agir assim com os casos. Não precisava da pena de ninguém. Só o que ela queria era esquecer.

— Eu... tenho um problema com autoridade, escolho homens...- apontou para ele só pra provocar, na maior naturalidade. _ ... emocionalmente indisponíveis, eu sou autodestrutiva... Todas as anteriores.

— Você já passou uma semana sem dar desculpas?

“Ah, fala sério! Lá vem ele.”

Sara revirou os olhos e suspirou. Olhou novamente pra ele.

— É de “O Reencontro”. Um dos personagens explica o fato básico da vida...- enquanto ele falava, Sara deu a volta na poltrona e se sentou. _ ... que as desculpas são mais importantes pra nós do que... sexo até.

— Eu não estou dando nenhuma desculpa. - sua calma já estava quase evaporando. _ Eu passei dos limites com a Catherine e eu fui... insubordinada com o Ecklie. - deu até um amargo na boca ao pronunciar esse nome.

— E por quê?

“Ai que saco!”

— Deixa pra lá. - ela já estava querendo correr dali.

— Não Sara.

Ela se irritou um pouco.

— O que você quer de mim?

Opa Sara! Cadê a calma que você queria manter?

— Eu quero saber de onde vem a sua raiva. - apesar de toda a recusa dela, ele estava paciente. Não sairia dali sem saber o que estava acontecendo com ela.

Sara ficou olhando pra ele por alguns segundos.

— Não. - desviou o olhar.

— Por que não? Eu preciso saber.

— Não, não precisa. Não precisa mesmo. - sua expressão era de pura tristeza, controlando as lágrimas nos olhos.

— Preciso. Preciso saber o que está acontecendo, ou o que aconteceu pra te deixar assim tão explosiva. Essa não é você, Sara. - o tom de voz dele era de pura calma e carinho Até ele mesmo estranhou.

— Quer mesmo saber de onde vem a minha raiva? - estava impaciente. Ela não queria contar, sabia que choraria.

— Quero.

Sara respirou fundo.

— Eu era criança...- parou, pois a imagem daquele dia veio em sua mente.

— E o que aconteceu? - ele temia a resposta. Lembrou que Sara havia deixado escapar que a mãe era alcóolatra.

— Minha mãe matou meu pai. - olhou para ele só pra ver sua reação.

Grissom abriu um pouco a boca e os olhos. Era pior do que ele imaginara.

— Não imaginava, não é?

— Não... Meu Deus! - ele suspirou. _ Eu sinto muito.

— É, eu também... Ainda quer ouvir o resto? - ela se matinha forte e esperava que ele dissesse que não.

— Seria bom se abrir com alguém, não acha?

Pensando bem, seria mesmo. Seu psicólogo sugeriu que se abrisse com Grissom. E isso parecia o certo a se fazer.

— Senta. - ela apontou para o sofá e encolheu as pernas para abraçá-las. Isso lhe dava um pouco de segurança.

Grissom fez o que ela pediu e sentou- se no sofá. Manteve os olhos fixos nela enquanto esperava ela falar.

— É engraçado... As coisas que a gente lembra e as coisa que não lembra, sabe? Tinha um... cheiro de ferro no ar ... do sangue na parede do quarto. Um policial novato vomitando... Lembro da mulher que me levou pro orfanato, mas não lembro o nome dela. O que é entranho, sabe... porque... eu não largava a mão dela.

Ele não tinha muito o que dizer. Nunca imaginaria que Sara havia passado por aquilo quando era criança. Deve ter sido muito difícil pra ela e com certeza ainda era.

— Bem... a mente tem filtros. - disse ele.

— Mas eu lembro dos olhares. Eu virei a garota cujo pai foi esfaqueado até a morte. - olhou pra ele tentando manter o controle de suas emoções. Desviou o olhar e respirou um pouco mostrando sua mágoa. Olhou pra ele novamente, mas dessa vez o fitou. _ Acha que existe um gene do homicídio?

— Não acredito que genes determinem o comportamento violento.

Ela olhou para um ponto fixo a sua frente, seus olhos já estavam marejados demais. Ela sabia que não ia conseguir segurar.

— Pois parecia na minha casa. - sua voz embargou um pouco. _ As brigas, os gritos, as idas ao hospital... eu achava que todo mundo vivia daquele jeito.

Gil olhava pra ela, não desviava um segundo sequer. Ela estava se segurando pra não chorar na frente dele, ele sabia. Ele sentia que seria capaz de qualquer coisa pra não ver mais tristeza naqueles encantadores olhos.

— Quando minha mãe...- sua voz embargou mais. _ ... matou meu pai... Eu descobri que não viviam. - disse a última frase com raiva na voz.

Sara olhou pro lado e fungou tentando não chorar, mas sem sucesso. Apoiou o cotovelo no braço da poltrona, pôs a mão na testa e soltou o choro.

Era a primeira vez que Gil via Sara chorar daquele jeito. Aquilo doeu. Ele tinha que fazer alguma coisa.

A outra mão de Sara ainda estava em sua perna e ele a segurou. Ela imediatamente apertou sua mão.

Ele sentiu a grande necessidade de abraçá-la e passar-lhe segurança e apoio. Assim ele fez.

Ainda segurando sua mão, ele ajoelhou em sua frente.

— Hey... Vem cá. - disse carinhosamente. Ele estava meio receoso em fazer isso, mas precisava. Ela precisava.

Sara, ainda soluçando e chorando muito, se sentou direito na poltrona e o abraçou pelo pescoço.

— Vai ficar tudo bem. Não chore. - ele disse a ela enquanto acariciava suas costas.

Aquilo realmente estava machucando Grissom. Vê-la sofrendo assim o machucava.

Grissom conseguiu fazê-la respirar calmamente e parar de chorar. Assim que Sara se acalmou um pouco, desfez o abraço e Gil continuou ajoelhado. Suas faces estavam bem próximas.

— Eu... nunca contei isso pra ninguém, além do psicólogo. - por mais que tenha parado de chorar, sua voz ainda estava embargada e ela inda soluçava.

Gil secou as lágrimas do rosto dela.

— Só queria esquecer, não é? - ele a entendia.

— É. - fungou. _ Bom...- secou outra lágrima que caiu. _ Você... deve concordar com o Ecklie em me demitir, não é?

— Por que acha isso?

— Eu...- ela abaixou a cabeça.

— Hey...- levantou-a com o dedo indicador em seu queixo, o que ela estranhou, mas gostou. _ O que ele te disse, Sara? O que ele te disse pra você explodir com ele?

— Ele disse que... eu desrespeito as pessoas no trabalho... Ele até... jogou na minha cara aquele erro que eu me arrependo até hoje.

— Dirigir alcoolizada?

— Pode dizer a palavra “Bêbada”, Gil. É a mesma coisa. - disse triste e fungou. _ Ele disse que tem meia dúzia de queixas na minha ficha.

— Que exagero!

— E disse que se você documentasse mesmo o meu desempenho, teria mais uma dúzia.

— Que filho da...- Grissom ficou nervoso. Ele havia dito aquilo a ela? Que direito ele tinha? _ Ele não tem o direito de dizer isso de você. É uma das melhores CSI’s que já conheci.

Ela conseguiu sorrir um pouco com aquilo.

— Ele disse que não sou o tipo de pessoa que ele quer no laboratório Dele e foi isso que me fez perder a cabeça.

— Como Conrad pode ser tão ridículo? O que você disse?

— Disse que ele é péssimo em campo e ótimo em política. - fungou mais uma vez. _ Que só conseguiu aquele cargo porque é puxa saco.  E que ele separou nossa equipe pra ficar andando por aí esperando que a gente erre e nos puna.

— E ele, como sabemos, não conseguiu aguentar a verdade, não é? Santo Deus, que idiota!

— Acha que tenho razão? - ela o fitou.

— Claro que acho. Você disse mais alguma coisa?

— Depois que eu disse isso, ele me suspendeu e disse que quando eu voltar era pra eu me desculpar com a Catherine. Eu me recusei e saí de lá.

— Sabe por que ele não gosta de você? - voltou a segurar sua mão.

— Não. - respondeu balançando a cabeça.

— Porque você não tem medo dele. Você o enfrenta. Você não tem medo de dizer o que acha. E isso ele não admite.

Sara sorriu de lado.

— Ele não gosta de mim também, você sabe, não é? - Sara assentiu. _ Porque eu sou como você. Ele só não me demitiu ainda porque eu sou, modéstia parte, um dos melhores entomologistas do país. Porque comigo naquele laboratório, ele consegue mais, digamos, credibilidade. - um fato. _ Enfim... Minha equipe é a melhor, e se você sair... ela vai ficar incompleta, mesmo se outra pessoa entrar. - disse sinceramente.

— Está dizendo... que não vai me demitir?

— Não, não vou.

— Ficou com pena, não é?

— Não. Você é uma das melhores e eu preciso de você. Não vou te demitir por dizer umas verdades na cara do Conrad. - sorriu para que ela sorrisse de volta. Assim ela fez.

— Obrigada.

Sara olhou para suas mãos unidas, seus rostos ainda estavam próximos.

— Faz tempo que não é carinhoso assim comigo.

Ele nada disse.

Pela aproximação de seus rostos, podiam sentir a respiração um do outro. Iam juntar seus lábios quando Grissom recuou.

— Sara...

Ela o olhou.

— Ainda não estou pronto.

— Tudo bem. - disse triste e levantou-se em seguida, indo até o balcão.

Ele fez o mesmo.

— Mas estou tentando.

— Está mesmo?

— Estou, eu juro. - ele admitiu com timidez. _ Desde aquele dia que ficou brava comigo porque não te indiquei pra promoção e você foi...- ele não continuou, mas ela sim.

— ... Fui dirigir bêbada.

— É.- ele reprimiu os lábios.

Ficaram em silencio por alguns segundos.

— Eu só... preciso de mais tempo.

— Tempo...- ela repetiu tristemente.

— Me desculpa. - ele se aproximou mais dela. _ Sara, eu gosto muito de você. De verdade. Mas se você não quiser... não quiser mais esperar, eu... vou entender.

— Vou esperar.

— Certeza? Quase cinco anos. Qualquer uma já teria desistido. - disse com sinceridade.

— Eu te amo. - ela disse simplesmente, sem hesitar.

Foi a primeira vez que ela lhe disse isso, assim, com todas as letras. Por mais que já soubesse por conta das indiretas dela, principalmente a da semana passada, foi muito bom ouvir e saber que ela ainda esperaria por ele.

— E se você jura que está tentando, eu espero.

— Obrigado. - sorriu sem jeito.

Sabia que ela queria ouvir que ele a amava também, mas ele não conseguia dizer.

Nesse momento, seu telefone tocou anunciando uma mensagem.

— É o Conrad.

— Bom, é melhor você ir. Ele vai ficar uma fera por você não fazer o que quer.

— Pois é. Só que apenas eu tenho o poder de te tirar daquele laboratório. E isso não vai acontecer.

Sara sorriu.

— Só faça o seguinte, Sara: Tente evitar bater boca com ele. E fique o mais longe possível de confusão, porque ele pode e vai usar isso contra você, e eu não vou ter como te proteger. Eu sei o quanto seu gênio é forte.

— Pode deixar, chefe.

Sara o levou até a porta.

— Aproveite a semana. - disse ele.

— Você também. Depois me conta o que ele disse.

— Está bem.

Antes de ir ela o chamou e lhe deu um beijo na bochecha, o que o fez corar um pouco. Em seguida a morena agradeceu por Grissom tê-la escutado. Ele assentiu e sorriu. Depois despediu-se e foi para o laboratório.

“Não sabem como demora

Esperar por um amor como esse

Toda vez que dizemos adeus

Queria que nos beijássemos novamente

Vou esperar você, juro que vou esperar” ― Jason Mraz

Ao chegar lá, encontrou Catherine junto a Conrad na sala de descanso.

— Queria falar comigo sobre a Sara?

— Eu não recebi o relatório disciplinar. O que aconteceu?

— Bom, eu não vou demiti-la.

Nenhum dos dois gostou dessa resposta.

— E que atitude vai tomar? - perguntou a ruiva.

— Eu já tomei. - o supervisor respondeu.

— Gil, eu não fui claro?

— Você foi sim. É minha vez de ser claro. O comportamento da Sara é um resultado direto da minha liderança.

Afinal, se ele tivesse conversado com ela antes pra saber dos fatos, isso não teria acontecido.

— Então eu devia despedir você!

— Mas você não vai. - garantiu.

Conrad suspirou.

— Olha, Gil, eu sei como é. Somos humanos, nós nos apegamos às pessoas e tentamos resolver seus problemas. Isso não funciona. - tentou ser racional.

— Ela é uma ótima investigadora, Conrad, e preciso dela!

Queria tanto dizer não só pra ele, mas pra Deus e o mundo, que não era só na equipe que precisava dela!

— Tenho certeza que sim. Quer saber? - ele se levantou. _ Ela é imprevisível e perigosa, e ela é toda sua! - dito isso ele saiu deixando apenas Gil e Catherine na sala.

Se Conrad falou, tá falado, né? É toda dele! Pena que ninguém gravou. Se Gil e Sara resolvessem ficar juntos e ele reclamasse, era só jogar isso na cara dele que estaria resolvido.

Grissom fitou Catherine que fez aquela cara que dá vontade de pegar pelos cabelos e dar um tapa. (Tenho vontade de fazer isso com meu irmão sempre)

— Não gostou também?

— Posso viver com isso. - ela respondeu.

— Ótimo! - se virou para sair, mas ela o chamou.

— Gil!

Virou-se de volta pra ela.

— Por que você sempre a protege?

— A questão não é essa. Está certo que Sara errou ao dizer aquelas coisas a você. Mas você também errou, Catherine.

— Eu não errei coisa nenhuma!

— Errou sim!

— Onde? - ela quis saber.

— Ao dizer o que disse a ela sem nem saber o porquê de ela agir assim. Pensou em perguntar civilizadamente antes de cair matando em cima dela, Catherine? Sara tem um motivo pra agir dessa forma em casos assim. Ela não teria falado com você daquele jeito se você não tivesse jogado aquilo na cara dela, sem um pingo de sensibilidade!

Catherine ficou emburrada, sem argumentos.

— Sara está suspensa por uma semana. Vai ser um tempo bom para as duas porem a cabeça no lugar.

Dito isso, Gil foi para a sua sala e Catherine continuou lá, sem nem saber como rebater os argumentos do ex-chefe.

Se tinha um motivo, qual era?


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Notas finais do capítulo

Eeenfim! Aqui vos deixo com esse final lacrador! Chupa Catherine!
O que acharam?
Digam tudinho aqui pra mim ♥
O número de comentários tem diminuído ultimamente, mas tudo bem :/)



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