E lá estava ela em Las Vegas uma semana depois. Já fazia um mês e meio que tinha voltado a trabalhar lá, e estava tudo tranquilo por enquanto. Se sentia aliviada por se livrar de toda a dor que sentia quando estava naquela cidade, agora nada a machucava. Só a saudade de Gil que as vezes batia, quando estava em casa sozinha.

O turno da noite investigou dois casos naquela semana. Ray ficou com um e o resto da equipe com o outro: uma cabeça havia rolado junto com as bolas em uma pista de boliche. Estava rolando uma partida quando um dos jogadores, em vez de colocar a mão numa bola pra poder fazer a próxima jogada, colocou, sem ver, na cabeça decepada de um conhecido.

Greg, Sara e Nick foram os primeiros na cena, junto com Brass, para examinar local e suspeitos. O mais novo e o texano adoraram o fato de investigarem um crime ali, pois os dois adoravam boliche e eram muito bons no esporte.

Logo depois de examinarem tudo, Sara foi pra delegacia falar com a namorada da vítima que é garçonete no salão de boliche.

Foi um rolo, pistas apontando pra tudo que é lado, mas finalmente conseguiram fazer com que os dois culpados fossem pegos. Chevy, o jogador, matou o cara, e Shea a namorada dele, foi quem cortou a cabeça e jogou no meio das bolas. 

Assim que Sara fez o interrogatório final de Shea fazendo-a confessar e a mesma foi presa, todos foram direto pra sala de descanso escrever os relatórios. Era sábado a noite, perfeito pra sair em grupo.

— Esse caso me fez ficar com vontade de jogar boliche. Bateu saudade.

— E você sabe jogar boliche?- Sara fingiu duvidar para prová-lo.

— Claro, e sou muito bom, tá?- Nick fez cara de convencido e Sara riu.

— Eu odeio boliche.- disse Cath.

— Por que, ruiva?

— Eu nunca acerto os pinos.

Todos deram risada.

— Eu gosto, apesar de ter jogado poucas vezes.

— Ah, queria ver vocês duas jogando boliche.- Greg comentou sorrindo.

— Ala, ele espera rir da gente, Cath.

— Deixa ele rir de mim que eu dou na cara dele.

Riram novamente.

— A gente podia juntar a equipe toda e ir, né? Nos divertir um pouco em família, tomar uma breja…

— Boa ideia, Nick, eu topo.- Greg deu um high five no amigo que sorriu.

— Ok, vou mandar mensagem pra galera.- Sara se adiantou.

— Pro Jim nem precisa, olha ele aí.- falou a supervisora vendo o detetive se aproximar.

— Vim tomar um café, o da delegacia está horrível.

— Ninguém resiste ao meu café caro.

— Menos, Sanders.

Sorriram e convidaram Jim que recusou se queixando de dor de cabeça.

— Dessa vez eu passo, pessoal, preciso descansar.

— Vamos sentir sua falta lá.- Sara o fez sorrir e dar um beijo no topo da cabeça dela.

— Quem sabe na próxima. Até logo.- despediu-se e foi embora.

— Ele parece mesmo cansado.

— É.- Sara concordou com Ray e recebeu algumas mensagens ao mesmo tempo. — Opa! Wendy, Hodges, Dave e Robbins toparam.

— Fechou!- disse Nick.

— Ok, fala pra eles que nos encontramos lá em uma hora e meia.

~ ♥ ~

Duas horas mais tarde, lá estavam eles com a pista alugada, um cantinho só pra eles, cada um com uma bebida na mão, esperando só Greg e Ray chegarem. Sara falava com Ray no telefone pra saber onde ele estava enquanto Catherine tentava fazer sua bela jogada. Infelizmente, ela não chegou nem perto de um pino.

— Ahhh…- eles lamentaram.

— Ai, eu quase consegui! Eu odeio quando isso acontece, eu odeio, acontece sempre!!- ela pulava rindo pra chorar e voltando ao seu lugar. — Não quero mais jogar!! Tô fora!

— Olha só, não pode ter medo de arriscar o lançamento, garota.

E lá vai Hodges ensinar a ela como é que se faz, porém com as duas mãos, agachando com a bola entre as pernas, todo errado, mas o importante é que acertou.

Enquanto isso, Sara já pegava sua bola e dizia a Ray que daqui a pouco era vez dele.

— Cadê você? A festa já começou.

— Estou aqui, Sara, estou pegando os sapatos.

— Espera aí, segura aí…- ela pediu pra ele esperar na linha enquanto jogava a bola. Depois que jogou, se virou e voltou pro banco, nem viu se acertou. — Langston já está aqui, gente.

— Opa!- Nick se surpreendeu com a jogada dela. — Que beleza!

Só tinha ficado um de pé.

— Sara, aquele pino está dando o dedo pra você.- comentou Wendy fazendo Catherine dar risada.

O seguinte foi Albert.

— Mostra pra gente, doutor!

— Vamos ver se ele consegue.

— Vai lá, vai lá!

Era uma gritaria danada, ora de apreensão, ora de comemoração, sempre que alguém fazia a bola rolar pela pista. Risadas e comentários o tempo todo, estava muito divertido.

Albert deixou apenas três ou quatro pinos e disse que foi mais ou menos. Mas todo mundo comemorou e bateu palma pra ele.

— Uhuuu! Ele é o mais sexy!- alguém gritou.

Ray chegou com os sapatos pra colocar e Sara lhe ofereceu uma cerveja, que ele aceitou e agradeceu.

— Aí está ele. Hora do brinde.- disse o texano. — O boliche é um esporte familiar, então eu quero fazer um brinde à nossa família CSI.

Todos levantaram suas bebidas, gritaram “saúde” e deram um gole em seguida.

— Mas, infelizmente pra vocês, está na hora de dar uma surra na família!- ele sorriu e foi pra frente da pista fazer sua jogada.

— Ihhh!! Sério?

— Em todos nós?

— Estamos prestando atenção, Nick, cuidado pra não falar demais e engolir mosca.- Ray fez todos soltarem um “uuuhh” como se aquilo tivesse doído. Mas Nick de fato acertou todos os pinos.

— Oolhaa! Falou e fez!

— Arrasou Nick!

— Droga!- disse Ray.

— Esse é dos meus!- falou Sara.

Ray se levantou e disse que ia trocar os sapatos, pois pediu o tamanho errado. E foi nesse momento que Greg chegou. Ele trazia uma bolsa na mão.

— Aí, desculpem o atraso, eu não achava a minha bola.

— Uhh, ele tem uma bola!

Quando Greg a mostrou, todo mundo assobiou.

— Olha só, bola especial!

— Nossa, que bola é essa!

— Tempo!- Nick ficou surpreso. — Eu pensei que você não ia jogar.

— É, mas eu mudei de ideia.- sorriu.

— Ele ganhou isso da avó dele.- Sara expôs.

— O espelho traseiro de alguém é um pouco luminoso.- disse Hodges falando eles rirem enquanto Greg se preparava pra jogar.

— Isso é legal?

— Não se assusta, Nick.- disse a ruiva ao ver a falsa indignação dele. Ele que pensava que ia ser o campeão da noite haha.

— Aposto dez pratas como ele consegue!- gritou Hodges.

— Apostado.- responderam Wendy e Dave.

Esperaram Greg jogar e foram a loucura quando ele acertou tudo também.

— Caaraamba! Foi bom mesmo!

— Arrasou hein!

Ray observava de longe a família que havia ganhado. Que equipe fantástica! Ali não havia falsidade, nem intrigas, eles apenas se amavam, se respeitavam e eram unidos. O ex médico lembrou-se de quando Grissom lhe ofereceu o emprego, dizendo que não faziam aquilo pelo dinheiro, que ele seria de grande ajuda ao CSI e que ele poderia gostar de trabalhar lá. Ele acertou. Teve um pouco de dificuldade pra socializar como Hodges, mas no fim até que estavam se dando bem, muito bem aliás.

— É, hoje não é meu dia, todo mundo acertou, menos eu.

— Não fica assim, Cath, tenta de novo.

— Eu não!- deu risada.

— Cadê o Ray, hein? É tão difícil colocar um sapato?

Caíram na gargalhada com o que Hodges disse e Ray voltou pra perto do grupo na mesma hora.

— É minha vez?

— Aleluia!- gritou o técnico. — Vai lá, arrebenta!

Ray fez sua jogada e deixou dois pinos de pé.

— Não foi tão ruim.

— Fora Nick e Greg que são experts…- comentou Dave. — A Sara ganhou de todo mundo.

Sara fez cara de convencida jogando o cabelo pra trás e todos deram risada.

De repente foram pegos de surpresa por uma voz conhecida.

— Tem espaço pra mais um?

— Gil!!- todos gritaram surpresos e felizes em vê-lo, principalmente Sara.

Os que estavam sentados levantaram-se rapidamente para cumprimentá-lo e quem estava em pé já foi primeiro. Sara resolveu ficar por último. Seu sorriso era bobo enquanto o via cumprimentar os amigos calorosamente ouvindo frases como “Que surpresa!”, “Caramba! Quanto tempo!”, “Que saudade!”, “O que faz por aqui?”, esse tipo de coisa.

Depois que Gil terminou de cumprimentar Ray foi que Sara se aproximou dele, como uma filinha indiana onde ela era a última.

— Oi linda!

— Oii!!- ela respondeu ainda boba e o abraçou perguntando: — O que faz aqui?

— Quis fazer uma surpresa e matar a saudade de Vegas também.- ele respondeu e desfez o abraço. — Gostou?

— Amei.- sorriu e, sem se importar com a roda de amigos os observando, lhe deu um beijo super meigo.

Foram interrompidos pelo “awn” de Wendy e pelo comentário de Hodges.

— Ainda não consegui me acostumar com isso.

Todos riram. Gil e Sara olharam para Catherine, pois ela estava com a mesma cara de boba de Sara.

— O que foi?- perguntou Sara sorrindo.

— Vocês são tão bonitinhos!

— Acho que ela já está bêbada, honey.

Todos riram do comentário de Grissom que levou um tapa da ruiva no braço.

— Como soube que estávamos aqui?- a morena perguntou ainda abraçada a ele.

— Fui até o laboratório e não tinha ninguém, em casa você também não estava, então liguei pro Jim e ele me contou que vocês tinham vindo jogar boliche. Até perguntei por que ele não veio.

— Ele disse que estava com dor de cabeça.

— Pois é. Aí eu vim direto pra cá. Ainda bem que você não me ligou depois do turno, eu nãi ia saber mentir.

Sara sorriu e lhe deu um selinho.

— Trouxe o Hank?

— Trouxe, deixei ele em casa.

— Bom, chega mais, Gil, pega uma cerveja, senta aí com a Sara que eu sei que você não vai desgrudar dela.- Nick fez todos rirem e prosseguiu. — E vamos botar o papo em dia.

— Como é que está se saindo o novo entomologista da equipe?- Grissom sorriu ao perguntar. Ficou chocado quando Sara lhe contou que Nick foi cursar entomologia e era o novo especialista do CSI em seu lugar. — Fiquei surpreso quando Sara me contou e chateado por você mesmo não ter me dito.

— Ah, desculpa, eu esqueci completamente.- confessou sem graça.

— Ele tem sido muito útil, Gil.- respondeu a supervisora. — Inclusive, eu lembro de você sempre que ele fala aqueles nomes esquisitos.

— Como sempre, estou muito orgulhoso.- Grissom sorriu e fez Nick sorrir também, sem graça.

— Olha só, eu estou começando a ficar com ciúme.- disse a ruiva e todos riram.

— Você é a pessoa que eu mais me orgulho, Catherine…- parou quando Sara pigarreou. — Depois da Sara, claro.

Todos riram novamente com essa desviada dele.

— Fiquei sabendo que vocês estão atrás de um novo serial killer.

— Sim, o Doutor Jekyll.- respondeu Ray.

— Sara me contou. É sério que ele enrola os intestinos das vítimas num laço?

— Bizarro, não é?- indagou a morena. — Eu também fiquei pasma.

— Ainda não temos muitas pistas de quem possa ser.- disse a supervisora.

— Mas tenho certeza que vão descobrir logo, vocês são a melhor a equipe do mundo. Afinal, eu acredito nos CSI’s que eu treinei.

— Vivaa!- gritou Nick fazendo todos sorrirem e brindarem pela frase de Gil.

Divertiram-se bastante, conversaram muito, brincaram muito. Gil também jogou boliche e também interagiu bastante com todos eles. Algumas vezes ele e Sara ganhavam a atenção de todos, mas ora eram os que prestavam atenção também.

Foram tarde pra casa, nenhum bêbado — pois Catherine não deixou que eles bebessem além da conta — e todos saciados com esse encontro nostálgico, até brindaram a Warrick que não pôde estar ali com eles fisicamente, mas que certamente estava em suas memórias e em espírito.

Os dias se passaram, Sara ganhou um tempinho de folga pra ficar com Gil em casa. Ficou feliz que ele tinha conseguido uma semana de folga da universidade e escolheu passar esse tempo com ela e os amigos em Vegas. Mas quando não dava pra ficar em casa, ele ia junto com ela pro laboratório. Conseguiu uma credencial de consultor pra poder ficar lá e até dar pitaco nas investigações, usando sua experiência pra ajudar.

Na quinta-feira, dia 26 de novembro, passaram o dia de ação de graças juntos também, na casa de Catherine, pois Lily sentia falta de estar rodeada de gente, e a ruiva ajudou a mãe com os preparativos, assim como Gil e Sara também deram uma mãozinha.

Conversaram sobre inúmeras coisas, incluindo as ruins, como quando eles ficaram cara a cara com serial killers ou perseguidores, perigos em geral. Catherine contou de quando foi atacada na cena do crime, de como Lindsey foi sequestrada, como ela acordou nua no motel também. Nick contou sobre quando foi jogado da janela pelo stalker e relatou como foi ser enterrado vivo, Greg também falou de quando ele foi espancado, e o assunto chegou no sequestro de Sara quando o nome de Natalie veio a tona novamente. Sara confessou que até aquele momento não teve coragem de ver a miniatura de sua morte e que nem tão cedo gostaria de ver, mas o assunto “visitar quem quase a matou” não foi mencionado.

Ray ficou chocado com os relatos, imaginou que ser perito/fazer parte da equipe de polícia poderia ser perigoso, mas jamais imaginou que chegaria a esses pontos que ouviu.

Ao fim do dia, alguns voltaram pro laboratório e outros foram pra casa, Gil e Sara estavam na lista dos que foram pra casa. Já no lar, Gil e Sara tomaram um banho e foram pra cama. Gil iria embora no domingo, então aproveitaram esses últimos dias pra ficarem juntos o máximo possível. Catherine só chamava Sara quando era urgente.

Ficaram em silêncio por alguns minutos e Gil quebrou a quietude.

— Amor?

— Hum?- ela o olhou.

— E a Natalie?

Sara suspirou, tinha esquecido que Gil ia levá-la até a prisão para vê-la.

— Eu não sei, Gil, não sei se consigo vê-la de novo.- viu Grissom suspirar também entendendo a insegurança dela. — Eu esqueci que você fez uma promessa por mim.- brincou pra quebrar a tensão.

— Eu só fiz isso pra ela não se matar.

— Eu sei, amor, estou brincando.- acariciou o rosto dele e suspirou. — Olha...- ela parou um pouco e depois prosseguiu. — Não me preparei psicologicamente pra isso, mas...- suspirou. — Se você vai comigo, eu me sinto mais tranquila. Você consegue vir no fim de semana que vem?

Ele sorriu pelo esforço dela de tentar enfrentar os medos e encará-los, ela sempre se esforçou pra isso e ele tinha muito orgulho dela por ser tão forte.

— Consigo.- ele respondeu pegando a mão dela que ainda estava em seu rosto e deu um beijo na palma.

— Está bem, irei vê-la no próximo sábado.