Love Story escrita por Fofura


Capítulo 156
Cidade Fantasma




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Uma semana se passou e Sara falava com Gil sempre que o tempo permitia. Quando não estava trabalhando, na pausa pro lanche ou quando Gil não estava na universidade. Os horários batiam quase sempre, e quando não batiam eles sempre trocavam mensagens.

Estava mesmo uma loucura naquele laboratório, muitos casos sem conclusão, principalmente os que Riley deixou em aberto antes de sair. Quem cuidou deles foi Sara, então ela ficou essa semana toda que passou, ocupada. Mas nem por isso deixava de falar com o marido que já estava morta de saudades. Via Hank também pelo Skype algumas vezes.

Naquele turno, 01 de outubro, quinta-feira, a equipe pegou dois casos, um senhor que tinha os intestinos amarrados como um laço, caso de Catherine e Ray. E o de Nick, Sara e Greg, uma moça que havia achado o ficante morto na banheira de sua casa e ao sair correndo achando que o assassino ainda estava na casa, foi salva por um vigia noturno que passava. Suspeitavam de um voyeur que andava pela região. Seguiram uma pista que levaram até a casa dele. Um adolescente que gostava de usar muita maquiagem, no estilo Marilyn Manson.

O garoto tinha cara de marrento, agia de tal forma e ao que parecia, odiava policiais. O quarto dele era uma coisa de louco, Nick e Sara nunca tinham visto aquilo. Estilo gótico, não entrava luz do sol ali, tudo escuro, uma zona, máscaras e mãos de borracha, posters de rock… O som que tocava era ensurdecedor. E o cheiro? Terrível. Sara achou o motivo disso.

— Urg!- pegou o saco e se segurou pra não vomitar.

— O que é isso?

Sara se levantou para mostrar a ele. Era um corvo morto, ainda tinha sangue no saco.

— Urg!- ele também grunhiu.

— Os satânicos guardam corvos mortos pra manter o cheiro de morte por perto.

— Como sabe disso? Grissom?

Tudo o que as pessoas falavam de estranho, Nick achava que Grissom que tinha ensinado. Mas dessa vez não foi ele.

— Ozzy Osbourne. Eu adorava Black Sabbath... Por um verão.

— Hm, nesse caso, temos sorte desse aqui ainda estar com a cabeça.- Sara riu e Nick então viu algo embaixo da cama. Era uma mão com sangue. — Sara… O Ozzy disse alguma coisa sobre guardar cadáveres?

Meio assustada, Sara agachou lentamente para averiguar, mas era apenas uma mão de borracha. Suspirou aliviada e sorriu.

— Máscaras de terror, mãos de borracha, artes e ofícios…- levantou-se. — Como é mesmo o nome desse garoto, hein?

— Craig… Mason.

E aí veio o momento de clareza.

— Como o juiz Mason, conhecido como Paul Millander?- Nick então se tocou também. — Craig Mason é o filho adotivo do Paul Millander! É o filho do Millander!

— Caraca! Eu nem lembrava que ele tinha um filho. Espero que ele não esteja seguindo os passos do pai. Esse garoto é muito estranho.

— Eu falo com ele na delegacia enquanto você leva tudo pro laboratório.

Assim que Sara chegou lá, Brass foi falar com ela.

— Natureza ou criação, você escolhe. De qualquer forma, esse garoto Mason é uma aberração, não colabora muito. A única coisa que odeia mais que policiais são peritos, até mencionou o nome do Grissom algumas vezes.

— Bom, então não vou dizer que sou a senhora Grissom.- brincou e sorriu.

— Adotou o sobrenome dele?- perguntou surpreso. Não podia estar mais feliz por sua filha postiça e por seu melhor amigo. Torceu para que isso acontecesse e aconteceu.

— Não.- ela balançou a cabeça ainda sorrindo por conta da pergunta, e voltou ao foco. — Acontece que não temos a arma do crime, segundo Wendy o sangue na navalha de Craig não corresponde ao da nossa vítima.

— Bom, talvez tenha mais de uma faca. Vou chamar o k9 e mandá-los para a cena do crime.

— Obrigada.

Brass se afastou e a mãe do garoto foi até Sara furiosa dizendo que o filho não era nenhum monstro, que o pai dele era um juiz e não um serial killer como todos diziam, que Craig não deveria pagar pelos pecados de Millander. Mas Sara deixou claro que só estava coletando evidências, fazendo o trabalho dela, e deixou claro também que Craig só seria punido se tivesse infringido a lei. Pediu licença e logo em seguida entrou na sala para pegar o DNA do garoto. Ele estava debruçado à mesa, com a cabeça abaixada e coberta pelos braços.

— Craig, oi! Preciso das suas roupas e de uma amostra de DNA.- o garoto não se mexeu. — Olha, não me faça fazer isso do jeito difícil, dá pra sentar direito?!- e ele ainda não se moveu. Sara tentou ser amigável, mas ao que parece isso só o irritou. — Eu sei que teve uma infância difícil e deve ter sido analisado em toda escola em que esteve, e pra você eu devo ser só mais uma pessoa que…- ela a interrompeu.

— Cala essa boca! E pega o meu DNA!

Sara o olhou com vontade de dar um soco nele, mas se conteve. Craig abriu a boca, debochadíssimo, e Sara passou o cotonete.

Enquanto isso acontecia, outro corpo foi achado, com o mesmo ferimento da primeira vítima, e nos noticiários dizia que era possível ter sido o mesmo assassino. A mãe de Craig estava assistindo ao noticiário na delegacia enquanto o esperava ser fichado e mesmo querendo acreditar que Craig era inocente, ficou receosa, principalmente depois viu Craig saindo da sala de interrogatório com aquela roupa laranja. Perguntou para onde estavam o levando e Sara a deixou a par. Disse que encontraram evidências de que ele esteve na cena do primeiro homicídio e por hora estavam o prendendo pelo crime 200.603 que era bisbilhotar. A mãe de Craig o olhou decepcionada e não pagou a fiança dele, o olhou como se ele fosse realmente culpado e chorou, mesmo com Craig gritando que não tinha sido ele enquanto o policial o levava pra cela.

Porém, a única prova que tinham contra Craig era que ele esteve na casa, mas não dentro, apenas provas de que ele estava bisbilhotando as garotas fazendo os showzinhos delas na webcam, nada que comprove que ele matou alguém. E de fato não matou.

Ray fez uma observação bastante interessante que os deixou pensativos.

“E se Craig não fosse mórbido, e se… o pai dele não tivesse vindo atrás de Grissom, os levariam em conta?”

Ray conseguiu provar que Craig não conseguiria fazer aqueles cortes nas gargantas das vítimas e por hora estava inocentado, mas continuou na cela até concluírem o caso. 

Nick e Sara enfim analisaram as roupas com sangue da garota e do vigia noturno e encontraram um padrão diferente na do último. Área do ombro, ampla, gotas grandes de sangue numa linha única: jato de artéria. O que provava que o vigia noturno que “salvou” a moça e chamou a polícia, era o assassino. Ele se rendeu depois de muita relutância de Brass e seus policiais.

Quando conseguiram fazer a prisão, puderam libertar Craig, e Sara quem foi fazer isso.

Ao vê-la, ele não esboçou nenhuma reação.

— Pode ir assim que acabarmos de fichar você.- ele parecia bravo, mas mesmo assim, Sara se aproximou e sentou ao lado dele. — Craig… se… fizemos você se sentir como se estivesse pagando pelos crimes do seu pai… me desculpe.

Craig resolveu baixar a guarda e contar como tinha sido pra ele tudo aquilo, pois Sara pareceu confiável. Suspirou.

— Sabe, eu nem sequer conheci o senhor Millander. Mas eu... estou mais pra Millander do que Mason. Deve se perguntar como aconteceu.

— Eu cheguei a pensar nisso.- Sara ficou feliz por ele confiar nela pra contar aquilo, e escutou.

— Sabe, o meu pai, Doug Mason, me levava à loja Halloweird uma vez por mês, disse que o dono, Sr. Millander, era amigo dele.- sorriu ao se lembrar. — E lá dentro o meu pai brincava comigo como qualquer pai brincaria com o filho. Eu brincava com as coisas do Millander…- Sara sorriu ao presenciar o carinho dele por essas lembranças. —.. e eu dizia ao meu pai toda vez que íamos, pra dizer ao senhor Millander que ele era um gênio. E então um dia tudo parou, perdi os dois, o meu pai e o meu ídolo. Fazer máscaras e mãos de borracha é o meu jeito de manter essa ligação viva.

Sara assentiu, compreendendo o lado dele sem julgá-lo mais. Como ela não disse nada, ele mudou de assunto.

— A minha mãe veio pra me buscar?

Sara fez uma cara de que não sabia como dizer que ela não tinha nem sequer ligado pra saber do andamento do caso, que nem sequer apareceu lá.

— Eu posso te dar uma carona.

Com isso ele entendeu. Sara ficou com dó da carinha de decepção que ele fez, e o chamou quando percebeu que ele não a seguiu.

Craig trocou de roupa, esperou que terminassem de fichá-lo e acompanhou Sara até o carro dela.

— Sabe que… Peritos não são tão ruins assim?!- ele comentou para quebrar o clima tenso já que Sara estava sendo legal com ele.

Sara sorriu.

— É bom saber que mudou de opinião.- foi para o outro lado do carro e disse que ele podia entrar.

Já com o cinto colocado, Craig olhou para Sara que ligava o carro para dar a partida.

— Aí… é CSI Sidle, não é?

Ela sorriu.

— Sara.

— Sara…- ele repetiu. — Valeu pela ajuda e… desculpa o jeito que falei com você naquela hora.

— Está tudo bem, Craig, não se preocupe. Já ouvi coisas piores.- riu pra descontrair.

Ele também.

— Você… chegou a conhecer o Grissom?

— Bom, na verdade…- Sara mostrou sua aliança pro garoto enquanto escondia um sorriso.

Craig abriu a boca surpreso.

— Não brinca! Você é esposa dele??

— Uhum.- ela murmurou sorrindo.

— Nossa… Não imaginava.

— Gil me contou uma vez que quando te conheceu, você tirou uma fotografia dele.

— É. Ficaria surpresa se eu disser que ainda tenho a foto?

Sara sorriu.

— Não, mas ficaria se dissesse que não tem nenhum tipo de animal morto perto dela no seu quarto.

Craig riu.

— Grissom é uma pessoa incrível, devia conhecê-lo melhor.

— É, talvez.

~ ♥ ~

Sara deixou Craig em casa e seguiu direto para o lar adotivo de Martha. Não viu Abby desde que chegou na semana anterior e nem sequer contou que estava na cidade. Seria uma grande surpresa pra ela.

Não falou com Gil desde que pegou o caso Mason, então ligou pra ele no caminho. Por sorte ele já estava em casa. Deixou no viva voz enquanto dirigia.

— Oi moça curiosa!- ele atendeu contente em falar com ela.

— Oi cara dos insetos!- sorriu. — Tudo bem?

— Tudo bem, e com você?

— Com saudades, mas bem.- ele sorriu. — Você não vai acreditar em quem eu investiguei esse turno.

— Quem?- perguntou curioso.

— Craig Mason.- disse só o nome pra ver se ele se recordava.

— Esse nome não me é estranho.

— E não é mesmo. Pelo que me disse, ele até tirou uma foto sua quando ainda era criança.

— Meu Deus, o filho do Millander??

— Bingo!!- ela sorriu.

— Não me diga que ele seguiu os passos do pai?!

— Não no sentido de matar, mas ele faz máscaras e mãos de borracha do mesmo jeito que ele fazia.

— Estou pasmo. E como ele é socialmente?

— Um porre! Tinha que ver a marra quando entramos no quarto dele pra levá-lo sob custódia, e depois na sala de interrogatório quando fui pegar o DNA dele. Mas depois que entendemos ele, ficou mais fácil de conversar, e ele ficou manso depois, um garoto normal com problemas interiores, só isso. Inofensivo. Te conto detalhes quando chegar em casa.

— E onde está?

— À caminho da casa de Martha. Vou ver a Abby.

— Já ia te perguntar sobre ela.- sorriu. — Manda um beijo pra ela. Quando chegar em casa me avisa.

— Está certo. Até mais.

— Tchau.

— Hey!- ele esperou antes de desligar e ela percebeu que ele ainda estava na linha. — Amo você.

Grissom sorriu lindamente, sabia que ela não ia desligar sem antes dizer isso.

— Também amo você.

Sara também sorriu e finalizou a chamada.

Mais dez minutos e estava em frente a casa sendo recebida pela anfitriã e pela menor.

— Sara!- como todas as vezes, Abby correu para abraçar a amiga, surpresa por vê-la ali, com o diferencial de que agora Sara não conseguia mais pegá-la no colo. — O que faz aqui?

— Vim passar um tempinho em Vegas e aproveitei pra te ver.- respondeu e desfez o abraço.

— E cadê o Gil? Ele não veio?

Sara explicou.

— Não, Gil está dando aulas em Paris. Eu vim ajudar no CSI e vou voltar pra lá daqui uns dias. Não pude deixar de vir te dar um beijo antes.- a agarrou enchendo seu rostinho de beijos e fazendo-a rir com isso. — E aí? Contou suas aventuras em Paris pra Martha, fora as ligações semanais?

— Contei tudinho. Ela disse que estava feliz por eu ter me divertido. E eu me diverti mesmo!

— Você gosta muito dela né?

— Eu amo a dona Martha como eu amo você.

— Que bom, porque nós também amamos você.

Abby sorriu, Martha também, e a menina abraçou Sara de novo, seguindo pra dentro da casa depois.

— Os dias foram muito tristes sem mim?- ela brincou.

Sara riu.

— Nossa, foram terríveis, eu chorava toda noite dizendo “ahhhh, cadê a Abby pra me pôr pra dormiiir?”.

Abby gargalhou.

Sara ficou lá com ela por algumas horas e depois se despediu.

~ ♥ ~

— Espera… Faith achou que ele era culpado?

Sara estava deixando Grissom a par de tudo o que testemunhou naquele caso, enquanto preparava alguma coisa pra comer. E ele estava achando muito interessante.

— Sim, ela não pagou a fiança dele, como se fosse melhor ele ficar lá, sabe? Ela meio que agiu como todos nós, com pensamentos precipitados só porque o garoto é meio esquisito.

— E ele usa maquiagem no dia a dia?

— Usa, bem estilo Marilyn Manson mesmo, as pessoas aparentemente tinham medo dele. Quando Brass foi interrogá-lo, ele me disse que Craig mencionou seu nome algumas vezes. Disse que ele odiava peritos mais que odiava policiais, mas ele me disse no final das contas que nós não somos tão ruins.

Grissom sorriu.

— Craig ficou amargurado, não é? Com o passar dos anos, com toda essa coisa de pai serial killer.

— Fiquei um pouco emocionada com o que ele me contou sobre como ele se divertia na Halloweird e como ele gostava das coisas do Millander. Tadinho, ele teve uma infância difícil e parece que a adolescência está sendo pior. Acho que ele é depressivo, tem tantos cortes nos braços dele.

— Coitado. Como foi a reação dele quando soube que você é minha esposa?

— Ficou chocado.- riu. — Foi engraçada a reação dele.

— Queria tê-lo visto.

— Ele disse que ainda tem a fotografia.

— Está de brincadeira?!

— Não.- riu.

— Ok, agora fiquei com medo.

Sara gargalhou.

— Calma, eu protejo você.

— Claro que sim.- sorriu ao dizer. — Quando é que minha protetora volta pra casa?

— Só mais uns dias, meu amor, prometo.


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