Sexta-feira, milagrosamente fazia 16°C pela manhã. Gil e Sara aproveitaram que não estava tão frio quanto no dia anterior e resolveram, depois de tomar café, passar a manhã toda no Jardim Botânico Tropical de Lisboa. Nesse jardim botânico havia estufas antigas, pavões e outras aves em liberdade, além de muitas flores e muito verde.

Ficava a vinte e cinco minutos do hotel onde estavam. Resolveram levar cada um livro pra ler em meio aquela natureza maravilhosa, seria um bom passatempo além de passear por todo o jardim.

— Sabe quem ia adorar esse lugar?- Gil perguntou enquanto entravam e andavam pela estradinha rodeada de árvores.

— Quem?

— A Abby. Parece um jardim encantado.

— É verdade.- sorriu. — Imagina isso aqui na primavera!

— Nossa, deve ficar lindo. Agora está meio sem cor, confesso, mas mesmo assim é bonito.

Deram uma volta no parque inteirinho, ligaram para Hank e Abby no trajeto pra saber como eles estavam e foram sentar na incrível árvore que eles viram no caminho. Ela era bem grande e suas raízes no chão eram bem evidentes. Gil e Sara sentaram nelas e se encostaram no tronco e ficaram muitos minutos ali, lendo seus livros. Aquele lugar esbanjava uma completa paz interior. Aquela parte do jardim estava deserto, não havia ninguém, eles só ouviam o som da natureza, e aquilo era terapêutico. Chegaram lá às oito da manhã e ficaram até o meio dia. Foi um passeio muito agradável. Voltaram e foram direto pro hotel almoçar no restaurante e em seguida passaram na The Fifties Diner pra tomar um sorvete. Amaram demais aquela lanchonete, se não servissem só fast food eles comeriam ali sempre, mas precisavam manter a alimentação saudável, não eram mais adolescentes que só comem hambúrguer e salgadinho e tomam refrigerante todo dia. Aliás muita gordura e açúcar faz mal.

— Que horas a gente vai pra torre mesmo, amor?- Sara perguntou depois de comer um pouco do sorvete na taça que eles estavam dividindo, sentados na mesma mesa do dia anterior.

— Não sei, o que você acha?- ele devolveu com outra pergunta e também deu uma colherada no sorvete. —  A gente descansa um pouquinho pra digerir o almoço e umas duas e meia a gente vai?

— Pode ser. Eu queria tanto ver o pôr do sol de lá, mas aí íamos ter que pegar a fila de novo.

— A gente pode ir só pra ver o pôr do sol então.

— E o que a gente vai fazer até lá?

— Certo, vamos fazer o seguinte... Hoje é sexta feira, não deve ser tão cheio quanto o fim de semana. Assim espero.- sorriram. — Nós vamos no horário que planejamos, se a fila estiver muito grande nós esperamos e vamos só no fim da tarde, se não estiver vamos na hora.

— Aí vamos no café e ficamos lá até às cinco e pegamos a fila de novo.

— Isso.- sorriu. — Passamos na Praça do Comércio às sete e meia, quando estivermos voltando e voltamos pro hotel pra arrumar as coisas.

— Nosso voo é às nove e meia, né?

— Uhum.- murmurou, pois estava de boca cheia.

— Fechou!- Sara levantou a mão e deram um high five.

Terminaram o sorvete, pagaram e foram pro hotel. Assistiram TV, tomaram um banho e duas e meia, como planejado, pegaram o táxi, mas em vez de irem pra torre, foram novamente pro Jardim Botânico, pois Sara não tinha tirado foto da árvore e ela queria voltar pra tirar. O bom era que o Jardim era perto da torre e podiam ir andando pra lá, Gil não chiou só por causa disso. Depois, seguiram pra Torre de Belém, uma torre fortificada medieval com terraço e vista para o estuário, localizada em uma ilha fluvial, na beira do Rio Tejo. O bom de ir andando era que assim conheciam mais o lugar. Levaram vinte minutos pra chegar lá, passaram pela praça império, atravessaram a linha do trem e passaram em frente a doca de Belém onde ficavam vários barcos e lanchas pra você poder passear pelo Rio Tejo. Seguiram reto pela Doca do Bom Sucesso que continha a mesma coisa que a de Belém, e seguiram mais três minutos até a torre. Chegaram lá três e meia da tarde e a fila pra entrar estava grande, mas nem tanto, imaginaram que ia estar maior, resolveram esperar. Uma hora depois estavam entrando na torre, Gil até já reclamava de dor nas pernas. Mas independente da quantidade de pessoas na fila, vale a espera, e foi exatamente o que Gil disse apesar da dor nas pernas.

— É verdade.- Sara concordou. — É lindo demais aqui.

— Nós com certeza vamos voltar pra ver o pôr do sol, quero nem saber o tamanho da fila.

Sara riu do jeito que ele falou e o puxou pela mão pra verem mais um pouco da torre, esperaram uma hora e iam ver ela inteira. Exploraram até umas cinco e vinte já iam esperar pra ver o pôr do sol ali mesmo quando ouviram que o sol iria se pôr depois das sete da noite.

— Quê??- disseram juntos.

— Ah, vamos pro café então, a gente come e espera lá.

Gil concordou com Sara e ambos desceram para o Café do Forte que era bem do lado da torre. Era bem baratinho, aconchegante e casual. Sentaram numa mesa lá dentro e pediram alguns salgados, Gil uma empada de frango e Sara um croissant de queijo, também pediram um pastel de Belém pra provarem juntos. Gil não gostou muito, já Sara adorou.

Depois que comeram, o casal resolveu sentar numa mesa do lado de fora, debaixo de umas árvores.

— Griss, olha…- Sara apontou com a cabeça para uma mesa um pouco afastada e Grissom seguiu seu olhar. Eram dois homens conversando. — Estão falando em linguagem de sinais.

Grissom prestou atenção e eles falavam algumas coisas diferentes, de modos diferentes.

— Interessante.

— O que?

— Ele disse uma palavra de um jeito diferente do que eu estou habituado. É legal ver as diferenças.

— Achei que era tudo igual.

— A língua de sinais varia de cada região. É como se fosse sotaque, sabe?

— Ah sim, bacana! Você teve dificuldade pra aprender tudo?

— Até que não. Mas eu falo desde criança, então com o tempo eu fui aperfeiçoando.

— E quando é que vai me ensinar?

Grissom sorriu.

— Quando você quiser.- Sara retribuiu o sorriso. — Aliás, falando nisso, você precisa conhecer minha mãe, ainda não apresentei vocês.

— Onde ela mora?

— Ainda mora em Santa Mônica. Já tem um tempo que não falo com ela.

— Você precisa me preparar antes de avisá-la sobre esse encontro. Não quero fazer feio.

— Ela sabe ler lábios, Sara.

— Mesmo assim, eu quero conseguir me comunicar com ela.

Grissom achou fofo ela se preocupar com isso, querer aprender sinais pra conseguir falar com sua mãe sem a ajuda dele.

— Você é um amor mesmo.

Sara sorriu tombando a cabeça. Amava quando ele fazia isso e pegou essa mania.

— Estou louco pra contar pra ela. Ela vivia me perguntando se eu ia continuar sozinho. Vai ficar feliz quando eu disser “mãe, eu encontrei o amor da minha vida e ela é perfeita”.

Sara abriu um lindo sorriso e os olhos de Gil brilharam com isso. Os de Sara se encheram mais ainda de amor. Se tinha sentimento mais forte que aquele ela desconhecia.

— Como se diz “eu te amo”?

Ele sorriu com a pergunta dela e fez o gesto com uma das mãos. Sara ficou confusa.

— Ué! Como se diz “Rock N’ Roll” então?

Grissom não aguentou e começou a rir. Sara amou aquilo, mas era sério, ela queria mesmo saber.

— É uma pergunta séria, seu bobo.- riu. — Como fala “rock n’ roll” se “eu te amo” é a mãozinha do rock?

— A mãozinha do rock é com o polegar fechado, Sara.- respondeu ainda rindo um pouco.

— Ah tá.- riu também.

E às seis e meia lá estavam eles na fila novamente, mas dessa vez foi mais rápido. Subiram pro topo da torre e esperaram o show acontecer. Tinha opções de vinho e outras bebidas para se assistir o pôr do sol também e eles escolheram o vinho pra ser mais romântico.

E que show que viram! Era incrível ver o pôr do sol dali, ficaram hipnotizados.

— Nossa, é lindo demais!- Sara comentou com seus olhinhos castanhos brilhando enquanto sua cintura era abraçada por Gil.

— Acha que essa visão supera a sua beleza?- perguntou pertinho de seu ouvido.

— Com certeza. Olha pra isso, Gil. Tem coisa mais bela que isso?

— Ah tem. Estou agarradinho com ela agora.

Sara riu baixo e lembrou quando elogiava o talento de Rayle e ela respondia “e olha que eu nem te paguei pra babar meu ovo”.

— Está vendo o tamanho e beleza infinitas desse céu?- a morena perguntou e continuou ao ouvir o “uhum” dele. — Não chega nem perto do tamanho e beleza do meu amor por você.

Grissom sorriu e pegou duas taças de vinho que lhe foram oferecidas. Brindaram àquele momento, beberam um gole e depois trocaram um beijo terno e apaixonado. Antes que o sol se pusesse por completo, eles obviamente capturaram aquele momento, o sol e seus rostos felizes e completos. Depois, saíram da torre.

Pegaram um ônibus e em meia hora estavam na Praça do Comércio que era bem mais bonita à noite. Linda! Com isso, tiraram mais fotos da praça e foram pro hotel, não deu pra ficar muito já que o pôr do sol foi tarde e eles precisavam ir embora. Arrumaram a mala rapidamente, pois estavam atrasados, fizeram o check-out no hotel e foram pro aeroporto com meia hora de antecedência, por sorte deu tempo. O voo saiu no horário certinho às 21h30min e com suas quase três horas de duração chegaram à 00h20min em Roma.

Tremeram da cabeça aos pés ao saírem da aeronave com os 4°C que fazia na Itália.

— Jesus Cristo!- exclamou Sara agarrando o braço do marido. — Disseram que ia estar frio esse horário e não estavam brincando.

— Estou rezando pra chegar logo no hotel, não consegui dormir com aquela criança berrando o voo inteiro.

Sara deu risada.

— Gil Grissom estressado com uma criança, olha só.

— Ah, Sara, estava insuportável aquele choro.

A morena deu risada e concordou, realmente estava.

Pegaram o táxi em frente ao aeroporto e foram para o MEININGER Roma Termini que ficava a trinta e cinco minutos de distância.

Ficaram encantados com o hotel inteiro, aquele sim era um espetáculos aos olhos do casal, todo na temática cinema, os corredores tinham tapete vermelho… Não pararam de suspirar até chegarem no quarto. O quarto deles havia a cama, uma mesa de escritório, um sofázinho e algumas prateleiras. O hotel tinha Wi-Fi gratuito, TV de tela plana, ar-condicionado, aquecimento, roupa de cama e banheiro com chuveiro e secador de cabelo. O buffet de café da manhã é cortesia, o que eles adoraram. Outras comodidades incluem um bar descontraído, restaurante e uma sala de jogos.

— Ele é simples e ao mesmo tempo não é.- comentou Gil.

— Sim, não é luxuoso e mesmo assim consegue ser mais que o de Lisboa, que é de luxo. Como pode?

— Acho que a temática que encantou a gente, amor. As pinturas nas paredes, as cores… As acomodações mesmo são como de qualquer outro.

— Eu quero morar aqui!

Riram.

— Pena que só vamos ficar hoje aqui.

— É. Vamos aproveitar muito esse hotel então. Vou tirar umas fotos e mandar pro Greg, quero ver a reação dele.

— E eu vou pôr meu pijama, estou cansado.

Enquanto Sara falava com Greg e Nick por mensagem, Grissom trocava de roupa e se deitava. A cama era confortável, mas nem tanto quanto a de Lisboa, naquilo Portugal tinha ganhado da Itália.

Passaram-se alguns minutos e nada de Gil conseguir dormir, se revirava na cama o tempo todo.

— O choro daquela criança ainda está ecoando na minha cabeça.- Sara ouviu Grissom dizer enquanto saía do banheiro vestida com seu pijama. Ela riu.

— O lado bom é que não deu enxaqueca.- comentou calçando as meias. Estava um frio danado, mas no quarto nem tanto por causa do aquecedor.

— Não consigo achar uma posição confortável pra dormir de jeito nenhum.

— Acho que sei qual é o problema.- disse ela subindo na cama e engatinhando até ele.

— Qual?

— Eis o que estava faltando!- apontou para si mesma e Grissom sorriu puxando sua nuca devagar para beijar sua boca. Poderia fazer isso vinte e quatro horas por dia pra sempre que não cansaria ou enjoaria.

Ele deixou a mente voltar enquanto a beijava, quando ela lhe dizia que tudo o que estavam vivendo parecia um sonho e que se fosse, ela não queria acordar nunca. Alguns anos atrás sim, era um sonho, um sonho que o então supervisor desejava profundamente que fosse real. Ter Sara em seus braços, beijá-la, amá-la, cuidar dela, ser feliz com ela, fazê-la sorrir, abraçá-la forte por longos minutos, dormir com aquela sensação gostosa de tê-la do lado… E agora que tinha tudo isso mal podia acreditar. Ele era, sem dúvida nenhuma, o homem mais feliz do mundo.

Assim que cessaram os beijos, Sara se aconchegou no peito dele, entrelaçou suas pernas e o abraçou pela cintura.

— Melhorou?

— Agora sim.- sorriu, beijou a testa dela e a abraçou de volta.

Sara também sorriu e ambos não demoraram pra pegar no sono.

~ ♥ ~

Amanheceu e lá estava Sara acordando Grissom com um monte de beijinhos no rosto.

— Bom dia! Bom dia! Bom diaaa!

Grissom sorriu e se espreguiçou.

— Essa é, com certeza, a melhor forma de acordar.- Sara sorriu ao ouvir isso. — Bom dia, honey!- retribuiu os beijinhos e Sara riu.

— Pronto pra tomar café e ir explorar Roma?

— Vamos no Coliseu primeiro, não é? Não vejo a hora de conhecer.

— Claro, vamos sim.- sorriu. — Troca de roupa pra gente descer.- beijou sua bochecha e se levantou para fazer a chamada de vídeo com Hank enquanto Gil se arrumava.

Não demorou para estarem tomando café no restaurante. Eles simplesmente amaram o ambiente.

— Sério, eu amei esse hotel.- disse Sara. — Eu quero morar aqui de verdade, não vou voltar pra Paris não.

Grissom riu.

— Acho que eu vou voltar sozinho e arrumar outra esposa então.

Gil recebeu um tapão na cabeça ao dizer isso.

— Você o quê??

— É brincadeira, é brincadeira...- ele repetia aos risos. — Isso doeu, sabia?

— Bem feito. Quem manda dizer uma coisa dessas.- ele riu mais uma vez. — Ai de você se me trocar por outra, seu corpo vai ser encontrado no fundo do Lago Mead.

Grissom não conseguia parar de rir do ataque de ciúme dela.

— Você não acha que está exagerando, Sara?

— Experimenta… só experimenta.- Grissom tentou não rir da ameaça. — Eu não esperei sete anos por você a toa não, me poupa.

Gil abaixou a cabeça na mesa pra rir, não conseguia nem comer.

— Eu estou falando sério, Gil.- não aguentou e riu também. — Principalmente se me trocar por uma mulher cujo as iniciais são HK.

E de novo ele riu.

— Eu sabia que uma hora você ia mencioná-la. Oh mulher ciumenta, meu Deus.- a agarrou pra lhe dar um beijo na bochecha.

Ela riu.

— Termina de comer logo, vai, esse assunto está me estressando.

Terminaram a refeição e saíram do hotel pra pegar um táxi. Em quinze minutos estavam no Coliseu. Todo mundo conhece esse monumento, mas, especificamente, o Coliseu é um anfiteatro oval localizado no centro da cidade de Roma, construído com concreto e areia, e é o maior anfiteatro já construído. Embora parcialmente arruinado por causa de danos causados ​​por terremotos e saques, o Coliseu é ainda um símbolo da Roma Imperial. É uma das atrações turísticas mais populares da capital italiana. Os olhos de Gil brilharam ao vê-lo ao vivo e em cores.

— Meu Deus! É lindo!- disse Gil admirado.

— Você realmente estava ansioso para vê-lo.- sorriu.

— É claro, é um monumento histórico. E eu nunca achei que fosse conhecer Roma.

Antes de entrarem, tiraram fotos juntos com o Coliseu de fundo e mandaram uma delas para Catherine. Não demorou nem dois minutos e chegou uma mensagem de texto da ruiva escrito: “Romaaaaaa! Não creio!”.

Eles deram risada e leram a próxima mensagem que chegou.

“Olha que coisa fofa o Gil sorrindo em foto. Aliás, olha o Gil APARECENDO em foto. Sara, você transformou esse homem, parabéns.”.

Deram mais risada ainda e Sara respondeu enquanto eles adentravam o Coliseu.

“Mas ele só tira se for comigo, quando eu falo que vou tirar uma foto só dele, ele corre hahahah Siiim, estamos em Roma e estamos bem empolgados, à noite mandamos mais fotos pra você”.

Conheceram todo o interior do Coliseu e depois foram direto para o Orti Farnesiani sul Palatino ou Jardins Farnésios que ficava a seis minutos a pé do Coliseu.

Os Jardins Farnésios, porque eu não sou obrigada a falar o nome difícil, é o nome de um jardim de Roma criado em 1550 na porção setentrional do monte Palatino pelo cardeal Alessandro Farnese. Foram os primeiros jardins botânicos privados da Europa.

Caminhos pitorescos na base do antigo Palácio Tiberiano incluem passagens subterrâneas e antigas esculturas, ou seja, passaram um tempinho explorando esse lugar e pegaram um táxi ao terminarem. Em dez minutos eles estavam na Piazza Navona.

A Praça Navona é uma das mais célebres praças de Roma localizada no rione Parione. A sua forma assemelha-se à dos antigos estádios da Roma Antiga. A praça dispõe ainda duas outras fontes esculpidas por Giacomo della Porta — a Fontana di Nettuno de 1574 na área norte da praça, e a Fontana del Moro de 1576 na área sul. Além da estátua Fontana dei Quattro Fiumi que ficava no meio da praça, entre as duas fontes.

— Que praça linda!- Sara comentou. — Ai, eu estou amando essa viagem.

— E olha que só estamos no nosso segundo destino.

— Eu vou enlouquecer quando chegarmos no terceiro.

Grissom sorriu e lhe deu um selinho. Também estava ansioso.

— Griss, tira uma foto minha na fonte?- ela correu e subiu na beira da fonte pra fazer pose.

— Amor, cuidado pra não cair.

— Está tranquilo.- ela respondeu.

— Não pense que eu vou correndo te salvar porque eu vou estar ocupado rindo da sua cara.- ele brincou pra ver qual seria a reação dela.

— Como é que é?- Sara ficou tão chocada que se desequilibrou e quase caiu dentro da fonte, bem na hora que Gil bateu a foto. Ela foi capturada com cara de susto e os braços abertos. Com isso, Grissom caiu na risada. — Não precisou nem cair na fonte.

— Hey!- Sara não se aguentou e também gargalhou.

Conheceram a praça toda e foram almoçar porque a fome já os consumia. Foram até o restaurante Vacanze Romane e sentaram lá dentro, pois estava frio demais pra comer do lado de fora. Quando terminaram a refeição e estavam saindo, Sara recebeu uma ligação e ficou feliz ao atender.

— Sara?

— Oi meu amor.- respondeu contente por ouvir a voz de Abby e sorriu olhando para Gil que logo soube de quem se tratava. — Como você está?

— Bem. Eu… eu liguei porque fiquei com saudade.- ela admitiu.

— Eu também estava com muita saudade de você.- não só Sara sorriu ao dizer como Grissom também.

— Dona Martha disse que eu estava sendo injusta e chata. Eu até concordei com ela um pouco. Desculpa.

Sara achou muito madura aquela atitude e ficou orgulhosa de “sua criança”.

— Está tudo bem.

— O Gil tá aí?

— Está sim.- respondeu olhando pra ele e colocando no viva voz. — Pode falar que ele está ouvindo.

— Oi Gil!- o saudou alegre.

— Oi princesa!- ele respondeu sorrindo. — Tudo bem com você? Já desculpou a Sara?- perguntou num tom provocativo e divertido.

— Mais ou menos.- ela riu ao ouvir o “Hey!” de Sara. — E que barulho é esse aí? Onde vocês estão?

— Estamos numa praça em Roma.- Gil respondeu.

— Em Roma???- riram do choque dela, foi quase o mesmo de Catherine. — É em outro país, não é?

— É sim.- Sara respondeu. — É na Itália.

— É onde eles falam “mamma mia” com a mãozinha balançando?- e mais uma vez o casal deu risada com jeito que ela falou.

— Isso mesmo.- responderam.

— Que legal! Eu queria viajar também.

Foi a deixa para Sara contar a ideia que teve.

— E quem sabe isso não aconteça.- trocou um sorriso com o marido. — Eu estava pensando em te levar pra minha casa em Paris no seu aniversário.

— É sério?- ela se entusiasmou.

— Aham, eu estava esperando você voltar ao normal pra contar.- riram. — Mas primeiro eu tenho que falar com a dona Martha e também saber como está seu desenvolvimento na escola. Mas a gente tem o ano todo pra ver isso aí.

— Tabom.- sorriu. — Ôh Gil! Você também quer que eu vá?

Ele se surpreendeu com a pergunta, mas respondeu sinceramente.

— É claro. Eu acho que vai ser bem legal. Contanto que continue se dedicando a escola.

— Eu vou, prometo.

— Então tudo bem.- Gil piscou para Sara que sorriu.

Ficaram mais um pouquinho na praça falando com a menina e foram andando uns dez minutos para outra praça, a Piazza del Collegio Romano que ficava perto da biblioteca que eles queriam conhecer. Da praça dava dois minutos para a Biblioteca Casanatense, numa rua estreita parecida com um beco. A biblioteca fica após uma construção em forma de arco que conecta os dois prédios das laterais.

Começaram a falar baixo assim que entraram e se surpreenderam com a beleza rústica e a grandeza daquela biblioteca, que estava quase completamente vazia. Gil amava frequentar bibliotecas, era um de seus lugares favoritos. Ali reinava uma paz e um conhecimento absurdo, ele sempre se sentia em casa ao entrar numa biblioteca, principalmente em uma tão linda como aquela.

Deram uma olhada em várias prateleiras curiando todos os títulos e autores, até pegaram alguns pra ler alguns trechinhos do mesmo. Leram trechos de livros românticos e poéticos, cada um escolheu um trecho com uma frase significativa pra ler, tentaram fugir do óbvio — Shakespeare — que eles sempre liam.

Curiosamente, no mesmo lugar que eles estavam, um pouco mais distante, um homem conversava com uma senhora e uma jovem em linguagem de sinais. Mais uma vez, Sara apontou discretamente para que Gil visse.

— Eles fizeram algum gesto diferente dessa vez?- ela sussurrou.

Gil prestou atenção e sim! eles fizeram, sobretudo a senhora que parecia não ser surda, mas tinha auto conhecimento na linguagem. Isso o fez lembrar de Beth, com o diferencial de que sua mãe era sim surda.

— Vamos parar de ler um pouco pra você me ensinar como dizer algumas coisas?

— Claro.- respondeu entusiasmado. — Vamos lá, o que quer aprender a dizer?

— Primeiro os cumprimentos.

— Ok.- sorriu.

O tempo passou voando, aquela aula estava produtiva e divertida, mas nem viram a hora passar, quem se deu conta foi Sara.

— Meu Deus! Estamos aqui há duas horas já.

— Ah, se eu pudesse, ficava o resto do dia.- respirou profundamente o ar puro daquele lugar e pediu a sua amada esposa: — Vamos ficar só mais uma horinha? Por favor.

Sara sorriu. Não teve como recusar.

Assim que saíram da biblioteca, uma hora depois, foram a pé mesmo com o GPS conhecer rapidamente a Basílica de Santa Maria Maggiore e levaram meia hora pra chegar, mais meia hora que ficaram lá e mais vinte de volta pro hotel, pois depois de toda a caminhada e aventura o casal resolveu voltar pra descansar. Gil queria muito voltar ao Coliseu para ver como ele ficava a noite e Sara super topou, pois gostou muito de lá. Já eram quase seis da tarde e eles estavam exaustos.

— Vou mandar umas fotos pra Cath porque ela já me encheu de mensagens aqui. Deve estar de plantão ou de folga, sei lá, só sei que ela realmente está sem nada pra fazer.

Grissom riu da forma como sua esposa falou da amiga.

— Enquanto isso eu vou tomar um banho, tá?

— Tabom, amor.- Sara lhe deu um beijo e correu para o notebook passar as fotos e liberar memória.

Alguns minutos se passaram e assim que Gil saiu do banho, Sara lhe perguntou:

— Vamos ver a sala de jogos agora? Senão eu vou ficar com preguiça depois.

Grissom concordou, pois ele com certeza também ficaria com preguiça depois, e já que eles estavam no pique, por que não aproveitar mais um tour?

Se divertiram muito na sala de jogos até Grissom reclamar de cansaço.

— Gente velha é foda.- Sara zoou com a cara dele e recebeu um apertão na barriga em resposta. — Ai!!- deu um tapa no braço dele.

— Fica me chamando de velho. Eu não te dei permissão pra você falar a verdade, tá?

Sara deu risada e eles voltaram para o quarto. Capotaram na cama.

Caíram no sono e acordaram três horas depois, às nove da noite.

— Ai que sono gostoso. Eu raramente durmo à tarde, porque eu acordo confusa, mas é bom.

— Como assim acorda confusa?

— Sei lá, não sei explicar.- ele riu. — Para, besta, é sério.- ela riu também. — Preciso tomar um banho, mas quem disse que eu consigo levantar daqui?

Grissom riu mais uma vez.

— Vou checar o e-mail pra ver se tem alguma coisa.- levantou-se e foi até a mesinha pegar o notebook. Em seguida sentou-se no sofázinho.

— Eu esqueci completamente. Estávamos esperando os fundos da pesquisa e eu nem lembrei.

Grissom abriu o notebook e deu uma olhada. Como ele ficou em silêncio, Sara levantou e perguntou:

— Alguma coisa?- sentou-se ao lado dele.

— Na verdade sim, mas não é sobre a pesquisa. O e-mail é da minha mãe.- ele levou uma das mãos até o topo da cabeça e deu uma coçada. — Eu esqueci completamente de avisá-la do nosso casamento.- Sara fez uma careta como se dissesse que ela ia ficar chateada. — Faz um tempão que eu não falo com ela.- ele comentou enquanto lia o que tinha escrito. — E é claro que ela ia reclamar disso.- riu. — Olha o que ela disse.

Sara leu e também riu.

— “Queria saber como você está. Esqueceu que tem mãe?”. Isso é muito uma coisa que minha mãe diria se estivesse lúcida.- riu, mas depois fez uma cara de tristeza ao pensar onde Laura estava.

Gil em resposta a puxou para mais perto dele delicadamente, e docemente beijou a lateral de sua testa.

— Vamos arrumar um tempo pra ir ver as duas, tabom?

Sara assentiu sorrindo com o canto da boca.

— Vou conversar um pouco aqui com a dona Beth, colocá-la a par de tudo o que houve e... pedir desculpas né.- sorriu.

— Enquanto você conversa com ela eu vou tomar banho, tá?- levantou-se ouvindo a resposta positiva dele e quando já estava de pé, inclinou-se para beijá-lo. Após isso, seguiu para o banheiro.

Alguns minutos depois Sara saiu só de roupão do banheiro e perguntou:

— E aí? Como vai o papo com a sua mãe?

— Vai tenso, amor.- ele riu de nervoso. — Ela ficou decepcionada por eu não ter avisado, nem do casamento e nem que eu estava namorando você antes.

— Você nunca falou pra ela sobre mim?- surpreendeu-se e aproximou-se dele.

— Eu já falei de você pra ela, mas anos atrás, quando você era só minha subordinada e eu te amava em segredo. Óbvio que eu omiti essa parte, mas disse a ela o quanto você era encantadora.

Sara sorriu e sentou no colo dele.

— Você disse isso?

— Disse.- respondeu abraçando sua cintura. — E ela não me fez perguntas. Graças a Deus.

Riram com isso.

— Eu continuo sendo encantadora?- tombou a cabeça pro lado ao perguntar com um sorriso escondido.

Grissom sorriu com aquela visão. Os cabelos molhados criando algumas ondas, as bochechas rosadas, os olhinhos brilhantes…

— Eu preciso responder?

Sara sorriu e o beijou lentamente, com todo o amor do mundo. Ficaram daquele jeito por uns minutos e só se separaram quando faltou fôlego.

— Ti amo.- ele disse.

— Também ti amo, amore mio.- sorriram por falarem com o sotaque italiano. — Até que não foi tão ruim.

Ele riu e concordou.

— Quer ir ao Coliseu agora ou depois de jantar?- perguntou ela.

— O que você quiser, honey.

— Vamos jantar primeiro, estou com fome.

— Eu também.- sorriu.

Sara deu um beijo nele, se levantou e foi vestir uma roupa.

Em alguns minutos estavam no Massimo's Al 39 Restaurant que ficava um minuto a pé do hotel. O hotel é de esquina, o restaurante fica na mesma rua da lateral dele.

O restaurante era rústico com menus adequados para qualquer ocasião. O ambiente era pequeno, porém aconchegante e familiar. Pediram massa, ambos macarrão com molho e queijo ralado por cima, mas o de Gil era espaguete e o de Sara era penne.

Comeram batendo papo e umas dez e meia lá estavam eles à caminho do Coliseu novamente pra tirarem foto dele. Lindo! Logo estavam de volta ao hotel.

— Nossa, lindo demais à noite, muito mais que de dia.

Gil super concordou com ela, ficou encantado com as luzes.

Trocaram de roupa pra poderem ir pra cama, não estavam com sono, mas podiam aproveitar o tempo até o sono chegar. Podiam assistir TV, irem pro bar, pra sala de jogos de novo…

— A gente podia namorar um pouquinho, né?

E eis que Sara arrumou uma coisa melhor pra fazer.

Grissom sorriu com isso e ambos se deitaram juntinhos e passaram a trocar muitos carinhos e beijos. E ao final de um deles, Gil comentou:

— Olha, se tem coisa melhor que essa, eu desconheço.

— Acho difícil ter.- ela concordou e voltou a beijá-lo.

Passaram a noite inteirinha namorando e na manhã seguinte, às nove e quinze, Gil e Sara estavam na estação para pegarem um trem com viagem de quatro horas e dezoito minutos para a cidade dos amantes: Veneza.

To Be Continued…