Love Story escrita por Fofura


Capítulo 125
Boneca Morta




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Depois daquela dor que nunca achou que fosse sentir na vida, Sara acordou minutos depois e estava em um lugar diferente. Seus olhos tentaram se acostumar com a luz vermelha que havia lá dentro. Sentiu seus braços presos por um zip tie e percebeu que a luz vermelha era de um farol. Estava dentro de um porta-malas. Precisava se soltar e como foi atingida por uma taser, imaginou que os dardos tivessem ficado grudados em seu colete, um deles sim, em seu ombro. Como foi parar lá se o tiro foi no peito? Não sabemos, mas enfim… Virou a cabeça e tentou tirá-lo de lá com os dentes, foi um pouquinho complicado, mas conseguiu. O cuspiu pra trás para conseguir pegá-lo com as mãos e tentar abrir o zip tie. Tarefa concluída com êxito.

Assim que conseguiu se soltar, abriu o porta-malas mesmo com o carro em movimento pra ver onde a estavam levando. Tudo escuro, não conseguia enxergar nada. Deduziu que era uma parte da estrada deserta, já que estava de noite e não havia luz, não era perto da cidade. Fechou o porta-malas e tentou sair de outro jeito. Arrancou o alto falante sem fazer barulho e tentou alcançar a alça do banco traseiro pra soltar. Natalie nem percebeu e isso fez com que a perita suspirasse aliviada.

Devagar, Sara passou para o banco de trás e se preparou para dar o bote. Quando a serial killer percebeu a presença de Sara ali, a mesma pulou em cima dela fazendo-a perder o controle do carro. Uma luta começou. Natalie tentou se soltar e ao fazer isso virou o carro, isso fez com que Sara fosse com tudo pra trás batendo a cabeça. O carro continuava rápido e Sara mais uma vez partiu pra cima de Natalie, dessa vez segurando firme na alça que ficava acima da janela pra não ser derrubada de novo. Pegou Natalie pelo pescoço, depois rosto e por fim a cabeça que fez acertar o vidro da janela, assim o quebrando e a cortando.

Como Natalie estava ferida na cabeça, Sara viu uma oportunidade de saltar pra fora do carro, rolou umas três vezes na areia e como estava fraca, não conseguiu forças pra levantar.

Seu rosto estava sangrando por conta dos ferimentos, seu corpo todo doía e estava tonta, viu o carro se aproximar e Natalie sair dele indo em sua direção. Sara tentou escapar, mas não conseguiu e isso fez com que Natalie ficasse mais esperta. Sara apagou de novo e a garota a levou de volta pro carro, dessa vez no banco de trás e bem amarrada para que pudesse ficar de olho nela. Colocou sonífero numa garrafa de água, misturou e a fez beber. Com isso, Sara despertou e tossiu enquanto a menina a forçava a beber a água pra dormir mais um pouco depois. A garota voltou pra direção do carro e Sara olhou em volta meio desorientada.

Não sabia o porquê de Natalie estar fazendo aquilo com ela, não sabia o que ela tinha a ver com tudo o que menina havia passado, mas estava prestes a saber. Com certeza ela havia feito uma miniatura de sua morte, já que era isso que ela fazia, e só o fato de imaginar isso a assustava. Tinha a leve impressão de já tê-la visto em algum lugar, logo soube onde. Tentou apelar pros sentimentos, se é que ela tinha algum.

— Natalie…- a garota ficou surpresa por Sara saber quem ela era, mas nada disse. Não era muito de falar a menos que precisasse. — Natalie Davis… Eu sei quem você é, sei muita coisa sobre você… Você faz miniaturas…- o silêncio dela era como um apito de está correto para Sara. — Eu já te vi antes, não vi? Trabalha no laboratório, na limpeza.- será que ela pode mudar de ideia? Vamos tentar. — Olha… desculpa por bater em você, eu acho que... tenho medo de porta-malas, no meu trabalho só encontramos uma coisa neles.- ok, essa tentativa de descontrair não deu certo. — Na verdade, temos muita coisa em comum, sabia? Também fui uma criança adotada...- agora pareceu ficar interessante para Natalie, mais uma vez ela se surpreendeu. —… Só com casa e comida. Eu sei bem o que é ser sozinha… com medo de que nunca tenha alguém pra cuidar da gente.

Sara por muitas vezes se sentiu sozinha, se não fosse Rayle e Grissom, até hoje ela se sentiria assim, ambos cuidaram dela quando ela precisou.

— Ernie cuidou.

Finalmente Natalie disse alguma coisa e Sara quem se surpreendeu com isso, não achou que ela lhe falaria alguma coisa.

— Sim, cuidou. É verdade, Natalie. Eu também perdi o meu pai…- Sara já estava começando a sentir o efeito do sonífero, mas continuou falando, fazia tempo que não tocava no assunto. — Eu sei que o Ernie amava você, ele não ia querer que fizesse isso.

— Ernie me amou mais do que Grissom poderia amar você.

Tudo ficou claro, mas ironicamente para Sara também estava ficando escuro.

— Grissom…? Ah, já sei do que se trata…- sua voz foi falhando, sua visão também. — Natalie, o que você colocou na água?- nada ouviu depois, pois mais uma vez ela apagou.

Ao acordar meio desorientada como da outra vez, notou que estava de bruços em algum lugar do deserto, e alguma coisa estava sendo colocada sobre ela enquanto Natalie assistia em sua frente.

— Natalie… Natalie, o que está fazendo?- parecia que estava bêbada, mas era só o efeito do sonífero acabando. — Natalie, o que você está fazendo? Ai não…- foi então que percebeu que era um carro, e nessa hora seu braço esquerdo foi quase esmagado pelas ferragens dele. Gritou. Com isso, Natalie sorriu. — Não faz isso!- pediu, a dor era muito forte, praticamente todo o peso do carro estava em cima de seu braço.

O esquerdo estava preso e o direito estava esticado pra frente, pra fora do carro. A dor era tanta que Sara não conseguia mudar de posição, era quase impossível. Viu Natalie se virar e ir embora, o que fez com que o desespero tomasse conta de si.

— Natalie?- a garota não podia ir embora e deixá-la ali, ela não fez nada pra merecer aquilo, nem mesmo Grissom fez. Ela estava equivocada. — Natalie!- Natalie não dava ouvidos a Sara. A mesma a ouviu entrar no carro e ligar o motor, o grito que soltou fez sua garganta doer, mas aquilo era puro desespero. — NATALIE!!!

E agora? O que faria? Como sairia dali? Seria mais fácil se seu braço não estivesse preso, aquilo com certeza foi proposital.

Estava sozinha. Ela, o carro, e o deserto totalmente silencioso. Ops, totalmente não. Sara ouviu um uivo e poucos segundos depois viu um lobo se aproximar do carro.

“Ai que droga!”- pensou. “Calma, lobinho. Amigo, amigo”.

Sara resolveu não mexer um músculo ou viraria o jantar desse lindo e faminto animal.

O lobo a olhou nos olhos, com certeza pensando “Eita que é hoje!”

Foi Deus — ou a raiva e desespero de Grissom do outro lado da cidade — que fez um trovão ser ouvido. O lobo se assustou com isso e foi embora.

“Por pouco!”

Era melhor um lobo ou uma tempestade chegando? Fica aí o questionamento. O toró caiu sem dó e só tendia a piorar.

No momento não dava pra se fazer muito já que Sara estava só na pura dor. Foi atingida por uma arma de choque, saiu de um porta-malas, lutou dentro de um carro em movimento pra fugir, se machucou ao sair dele, acabou de ter o braço quase esmagado e quase também foi atacada por um lobo. Não tinha forças pra nada ainda, então esperou olhando pra chuva que caia. Só o que queria era Grissom pra tirá-la dali.

~ ♥ ~

Voltando ao tempo real, no laboratório, após aquela conversa tensa na delegacia, Cath mesma distribuiu as tarefas já que Grissom não tinha cabeça pra isso. Ela e Greg com a cena do crime, Greg ficou de pegar as fitas de filmagens quando chegassem, Nick com o apartamento de Natalie, Warrick com o carro dela assim que acharem, Jim nas buscas e Gil um pouco em cada ficando a par de tudo.

Assim que levaram Natalie pra uma cela, Gil e Jim conversaram.

— Acabei de alertar o pessoal de busca e resgate. Tem uns três helicópteros com visão noturna e infravermelho. O tempo está esfriando então será mais fácil encontrar um corpo.

— Se Sara estiver embaixo do carro, o metal irá escondê-la.

— Talvez ela tenha saído.

A conversa foi interrompida, pois a atenção de Grissom foi para a meteorologia na TV. Estava chovendo, mas ia piorar, fortes tempestades iam assolar por várias regiões, incluindo o deserto, alagamentos já eram registrados. Mais uma vez o medo invadiu Grissom, ele foi rapidamente para o laboratório, até a sala de análises, e levou consigo um tubo de ensaio com água. Jogou devagar sobre a miniatura e como temia, a boneca ficou se afogando. Era o que iria acontecer com Sara se não a encontrassem logo ou se ela não conseguisse sair por conta própria.

Grissom nunca ficou tão desesperado em toda a sua vida, seu anjo estava no meio do nada, sozinha, prestes a morrer, precisava encontrá-la ou morreria também.

No deserto, Sara via a chuva engrossar e percebeu a mesma coisa, se não saísse de lá morreria afogada.

Tentava puxar o braço, mas não conseguia tirá-lo de lá de jeito nenhum. Já haviam sido tantas tentativas que seu braço não aguentava mais, doía muito, mas precisava continuar tentando.

No laboratório, Gil e Warrick olhavam o carro de Natalie quando Nick ligou pro chefe.

— O que descobriu?- perguntou ao atender.

— Um site de mapas. A Natalie tem passado muito tempo no deserto, cerca de doze lugares diferentes, todos fora das rotas principais, sem estradas, só lugares a esmo.

— Espera um pouco. Warrick? A distância da última viagem.

— Só um segundo, eu vejo isso agora mesmo.- ao fazer isso, Warrick respondeu: — 54 km, apenas ida.

— Nick.- Gil voltou a falar com ele. — Quero que passe todos esses lugares ao Brass. Peça pra ele concentrar a busca em qualquer lugar em um raio de 54 km.

— Entendido.

Desligaram e Gil também se desligou um pouco. A imagem dela veio em sua mente. A primeira vez que ela havia tocado seu rosto. O dia em que estava nervoso durante o caso que investigavam e ela “limpou a sujeira de sua bochecha”. Por mais que não sentisse falta do tempo em que ele era um idiota, os momentos que teve com Sara nesse período eram especiais. Queria tanto ela consigo, segura, protegida… Voltou ao foco porque só assim a encontraria.

As fitas chegaram e Grissom foi com Greg pro áudio e vídeo. Nunca uma filmagem de segurança machucou tanto seu coração. Ele conseguiu ver Natalie arrastando o corpo de Sara para o porta-malas e saindo em direção ao Oeste. Informaram Jim e saíram da sala.

No deserto, Sara continuava tentando desprender seu braço das ferragens e já estava começando a bater o desespero, pois a água embaixo do carro começava a subir mais e mais.

Seu pé estava preso também, mas pelo menos ele ela conseguiu soltar.

E mais uma tentativa ela resolveu fazer. Mal conseguia sentir seu braço, mas a dor que ela sentiu ao puxar mais uma vez… foi uma das piores. Seu braço quebrou, ela conseguiu até ouvir o barulho dos ossos se rompendo. A dor foi tanta que ela gritou alto e começou a chorar.

Santo Deus! Ela não ia aguentar aquilo por muito tempo, precisava de ajuda. E por ser no meio do deserto, Sara não tinha muitas esperanças de ser encontrada a tempo.

— Griss… me ajuda…- ela implorou enquanto chorava, mesmo que estivesse ali sozinha.

~ ♥ ~

Na garagem com o carro de Natalie, Warrick achava que estavam indo na direção errada.

— Grissom, olha, um zip tie aberto. Acho que a Sara saiu deste porta-malas. O auto falante foi arrancado por dentro, ela poderia tê-lo alcançado e soltado o banco traseiro. Também há sangue no vidro, pode ter havido uma luta.

Acertô miserávi!

— É, mas nada disso nos diz onde ela está. Precisamos de um recibo de uma loja ou de um estacionamento, alguma coisa que nos dê uma localização.

— Ela saiu deste carro, ela poderia nem estar no deserto. Podemos estar completamente errados.

— Não.- discordou Grissom. — Natalie completou a miniatura, vi isso nos olhos dela. Sara está debaixo do carro.

Hodges entrou na garagem.

— Esporos de pólen no parachoque e na cabeça de Natalie nos levam a Red Rock Canyon.

— Notificou as equipes de busca?

— Já estão seguindo a pista.

Enquanto isso, no deserto, a água já estava no pescoço de Sara quase deixando-a submersa, seu braço não parava de doer, mas ela não parava de lutar.

Prendeu o ar e mergulhou, era água com areia, seus olhos ardiam, mas ela precisava sair dali. Ficou sem ar e subiu. O recuperou, arrancou o espelho retrovisor interno e tentou mais uma vez. Puxou o ar e mergulhou. Cavou um pouco com a ajuda do espelho, bateu numa pedra pra tentar tirar dali e movimentar o carro. Tinha que admitir que a água ajudou nessa tarefa, pois deixou mais leve. Sentiu seu braço — que ainda estava doendo pra cacete — se soltando. Ok, estava quase lá.

Mergulhou novamente, cavou e voltou pra superfície tentando puxar o braço mais uma vez. Por fim conseguiu se soltar e sorriu com isso. Retirou seu colete com certa dificuldade por conta do braço e o pendurou em algum lugar lá de baixo. Caso chegassem até ali procurando por ela, saberiam que ela esteve lá. Deu sua última mergulhada para finalmente sair daquele carro.

Sara não estava aguentando de tanta dor, seu braço, suas pernas, sua cabeça, tudo doía. Mal conseguiu se levantar ao sair daquele inferno. Segurou seu braço com o apoio do outro, assim como o espelho que ela também não quis largar por um motivo inteligente, sabia que ia precisar dele quando amanhecesse. Se afastou do carro caminhando com dificuldade naquela tempestade que caía. Por muitas vezes caiu de fraqueza, mas sempre se levantou pra continuar. Precisava achar uma estrada pelo menos.

~ ♥ ~

Já havia amanhecido, Nick tinha passado a noite toda naquele maldito apartamento e nada! Não conseguiu encontrar nada do paradeiro de Sara, nenhum endereço, nenhuma pista, nada! E se recusava a sair de lá até descobrir algo.

Com raiva por não ter tido êxito nenhum na busca, Nick chutou os colchões da cama de Natalie gritando e se sentou em seguida. Sua maninha estava no meio de uma droga de deserto, sozinha, morrendo, e ele ali, sem nada pra ajudar a encontrá-la, um completo inútil! Estava doendo toda aquela situação, sua melhor amiga, que amava e queria proteger, vítima de uma serial killer. Nick sentiu seu peito apertar e o coração doer.

Lembrou da conversa que teve com ela um tempo depois de seu próprio sequestro.

“— Você acha que ela está viva. [...] Está agindo como se fosse resgatar uma pessoa e não recuperar um corpo, e… nesse trabalho... não é bem o que costuma acontecer.

Nick sorriu.

— Eu fui resgatado.

Ela sorriu também.

— Porque não era o seu dia de morrer. Quando chega o seu dia, é o seu dia, sabe?!”

Custava a acreditar que o dia de Sara havia chegado, ela ainda tinha muito o que viver. Chorou. Chorou por pensar em vê-la sem vida, chorou por não conseguir encontrá-la, chorou por imaginar a dor e o medo que ela estava sentindo, chorou por quem amava e não queria perder.

Olhou pra parede de Natalie e haviam vários desenhos de Sara, parece que Natalie a observou por um tempo. Haviam umas sete folhas penduradas, todas com o rosto de Sara e como Natalie queria que ela morresse. Nick se levantou e foi até lá. Olhou para dois deles e sorriu, por todas as lembranças que tinha dela, como se já sentisse a perda em seu coração.

Foi como uma súplica, fechou os olhos molhados pelas lágrimas e quando os abriu, viu alguma coisa em um dos desenhos.

“Desert Diamond Pátio de Carros (702) 555-0739”

Rapidamente foi checar na lista dos desertos que tinha e lá estava ele. Desert Diamond. Finalmente! Uma pista, um local!

Ligou para Jim para ele ir até lá rapidamente e em seguida ligou para Grissom pra avisar que já tinha passado o local ao detetive.

Brass chegou lá mais rápido do que o papa-léguas fugindo do coiote e foi direto ao ponto com o dono do ferro velho.

— Hey amigo, estou com pressa.- mostrou seu distintivo e depois a foto de Natalie. — Essa garota comprou um mustang vermelho do nosso lote de carros apreendidos.

— Sim.- ele confirmou. — Algumas semanas atrás, para arte.

— Como assim arte?

— Ela é uma artista e acha que tudo isso aqui é arte.

— E pra onde o levou?

— Eu não sei, estava escuro, eu segui as luzes traseiras…- Brass o cortou ficando nervoso.

— Você reboca um carro de mais de 1.500kg e não se lembra pra onde??

Era de Sara que estavam falando, “sua garotinha”, precisavam encontrá-la e o cara não sabia onde levou o maldito carro?

— Ora, o que está acontecendo?- perguntou o homem confuso.

Jim perdeu a paciência que lhe restava.

— Rebocou um carro para uma assassina serial, isso faz de você um cúmplice, ajudou a sequestrar um dos nossos! Agora, ou me diz pra onde o levou ou vai acabar em um hospital, e depois acabar na cadeia! E então?- o senhor tentou se lembrar, mas Jim gritou com ele. — Vamos!

— Ah, eu não sei... Ãhn…- lhe veio um lugar na cabeça e ele sabia que era esse. — Ice Box Canyon!

Mais nervoso ainda, Jim puxou um mapa do bolso e pediu que ele mostrasse exatamente onde era nele.

Com um local específico, várias viaturas e helicópteros estavam no meio do deserto juntos procurando por Sara. Nick foi no carro com Grissom, Catherine logo atrás, Warrick e Greg nos helicópteros.

Enquanto isso, Sara já havia se afastado daquela área, mesmo tendo certeza de que estavam procurando por ela, não podia ter a certeza de que achariam o local certo. Se ficasse lá perto do carro poderia morrer de qualquer jeito, então precisava pelo menos achar uma estrada pra pedir ajuda caso alguém passasse, ou até mesmo eles.

Ela devia ter ficado lá, pois eles acharam o carro, quase todo soterrado pela areia, mas acharam. Grissom e Nick saíram rapidamente do carro que estavam e correram até o mustang gritando por ela.

Começaram a cavar com a mão mesmo, desesperados. Até que Nick achou o colete dela. Droga! Ela esteve mesmo lá. Com o coração na mão, eles cavaram e cavaram pra ter certeza de que o corpo dela não estava lá. Com alívio, concluíram que ela havia saído. Gil encontrou as pegadas dela e chamou Catherine para seguir com ele enquanto o resto do pessoal terminava ali. Já Nick foi com Sofia e alguns policiais pelas estradas que haviam mais à frente.

Longe dali, Sara andava procurando por uma colina, um lugar alto para poder olhar em volta e saber pra onde ir. Mas assim que subiu e olhou ao redor… só deserto. Nenhuma estrada, nenhum prédio, nenhuma casa, nenhum ser vivo, só pedras, areia e matos secos. O desespero bateu.

Ao tentar descer de novo, Sara caiu e rolou colina abaixo. Por muitas dessas roladas ela passou por cima do braço que quebrou e ficou um tempo no chão por causa da dor da queda.

O sol estava queimando sua pele, a temperatura era de mais de 40ºC, ela estava sem água, seu braço estava ficando roxo, já estava naquele deserto há horas. A sorte era que estava com uma camiseta por baixo da camisa social que usava, teve que rasgá-la para fazer uma tipóia para seu braço, e também amarrou uma parte na cabeça como um lenço pra protegê-la do sol. Não podia ficar ali, precisava de forças pra continuar e tirou-as de um lugar completamente desconhecido por ela, mas tirou. Se levantou e continuou andando. Estava completamente perdida.

Do outro lado, Gil e Catherine não estavam mais vendo nenhuma pegada, mas com um binóculo Grissom enxergou três pedras, uma em cima da outra. Aquilo não era comum.

Foram até elas e Catherine sorriu.

— Isso é melhor do que uma pegada.

Sara viu que o vento na areia estava apagando suas pegadas, o que a deixou muito feliz, só que não. Então teve a ideia de empilhar pedras pra formar um rastro já que as pegadas não estavam mais dando certo. E ajudou. Gil e Cath as encontraram.

Acharam mais uma e Catherine sorriu mais uma vez.

— Garota esperta!- olhou em volta pra ver se via mais alguma e perguntou se Grissom estava vendo.

O que Grissom enxergou fez seu coração quase parar. Se já estava desesperado, aquele pé que viu perto de um arbusto seco só lhe deu mais desespero.

— Oh não…

— O que foi?

Grissom saiu correndo e Catherine foi atrás dele, ao chegarem no arbusto Grissom quis chorar. Não podia ser ela ali, não podia. O corpo já estava quase esquelético em decomposição. Ajoelharam, tentaram descolar o corpo do chão e ao tirarem a terra de cima, perceberam o cabelo grande e escuro e o coração apertou mais ainda achando que era Sara, já que o corpo estava debruçado na areia. Assim que o viraram viram que não era a morena ali e o ar de alívio foi solto. Que susto!

— Meu Deus…- Grissom sentou na areia e secou o suor da testa com o dorso da mão. — Por um momento eu achei...

— Eu também achei que fosse ela.- Catherine suspirou e tentou fazer sua respiração voltar ao normal. — Bom… precisamos saber quem é.

Verificaram a carteira no bolso e deram o nome para Brass checar o que ele fazia ali.

— O serviço do parque lhe deu uma permissão para acampar. Ele deveria sair para caminhar esta manhã.- Gil disse a Catherine o que Brass lhe informou.

— Deve ter sido pego pela enchente e não conseguiu chegar a um lugar mais alto.

Grissom esqueceu completamente dessa vítima que encontraram e voltou a pensar em sua Sara. Levou um baita susto achando que era ali e sentiu por alguns segundos o que era ter parte de seu coração levado daquela vida. Se Sara morresse, ele não saberia viver sem ela.

Suspirou olhando para aquele deserto enorme.

— Onde ela está, Catherine?!- a ruiva o olhou. Estava com uma dó de vê-lo daquele jeito, era de partir o coração todo esforço que ele estava tendo para encontrar Sara e nenhum sinal dela. — 43ºC, ela está aqui o dia inteiro… Está sem água, está desorientada, está… desidratada.

— Ela é uma sobrevivente.

Grissom a olhou e concordou com a cabeça. De fato era. Suspirou novamente olhando pro nada.

— Ela vai voltar pra você. Vamos continuar procurando, vem.- o pegou pelo braço e falou com os policiais atrás deles. — Liguem pros legistas pra tirarem esse corpo daqui.

— Sim senhora.

Distante dali, Sara continuava andando sem rumo, mal sabia mais onde estava, nem o que estava fazendo, ela só queria ir pra casa. Estava perdendo suas forças e nada de achar uma estrada. Falava consigo mesma para se manter acordada, pois tudo o que seu corpo queria era cair ali e descansar. Mas sabia que se desmaiasse nunca mais abriria os olhos. Precisava continuar.

— Continue… Não pare.- ela repetia para si mesma.

Estava ficando tonta e absolutamente nada estava ajudando ela a continuar de pé. Aquele sol, aquele lugar, a falta de água, as condições em que se encontrava, estavam matando ela aos poucos, e Sara sentia isso. Era ótima em matemática, tanto que era formada em física, mas estava tão fora de si, tão desorientada, que não estava acertando nem uma conta simples de multiplicação para se manter acordada.

— Dois, três vezes quatro, vinte. Quatro vezes cinco… vinte.- ficava repetindo para seu cérebro não parar, mesmo que errasse, tinha que tentar raciocinar. — Quatro… quatro vezes cinco…- caiu e gemeu de dor. — Quatro vezes cinco vinte…- apoiou-se para levantar e ordenou a si mesma que fizesse isso. — Levante.- conseguiu levantar, mas não conseguiu andar muito, pois caiu de novo. — Levante.- ficou de joelhos e suspirou com os olhos fechados, já não aguentava mais lutar. — Levante, não durma. Não durma!- andou mais um pouco, quase cambaleando, mas andou. — Fique… fique acordada.- olhou pra cima, aquele sol queimando sua pele. Não sabia o que era pior, quebrar o braço e quase morrer afogada naquele carro, ou ficar perdida no deserto debaixo daquele inferno. Sabendo ou não, já era seu limite.

Sara viu sua vista ficar embaçada, começou a ver duplicado e tudo começou a girar. Não tinha mais jeito, era ali que ela ia morrer, caída na pequena sombra de um arbusto seco.

Deixou o espelho do carro cair no chão, o mesmo aconteceu com seu corpo. Caiu de joelhos perto do arbusto, tentou de tudo para manter os olhos abertos, mas seu corpo não lhe obedecia mais, suas forças haviam se esgotado. Desmaiou.

Na estrada junto com Sofia no carro, Nick e a mesma olhavam para todo canto daquele deserto para ver se viam algo. Foi aí que o texano viu um brilho ao longe.

— Espera! Diminui, diminui.- Sofia fez o que ele pediu e o mesmo olhou através do binóculo. O brilho apareceu de novo. — Por ali!- apontou. — Rápido.

Nick teve uma ideia do que era, pois quando cavaram todo o lugar onde o carro estava, não só não encontraram Sara, como também o espelho retrovisor interno. Nick imaginou que Sara havia levado com ela. E foi muito bem bolada essa ideia, pois se Sara não tivesse pegado o espelho, Nick nunca teria visto o brilho que ele fez quando o reflexo do sol entrou em contato com o mesmo, como um sinalizador, avisando que era ali que ela estava.

Sofia dirigia na maior velocidade que podia, e estacionou um pouco antes assim que viu um corpo no chão. Nick desceu na hora do carro com uma garrafa de água e correu até ela.

— SARA!!!- deu uma rasteira na areia, ao lado do corpo dela por conta da velocidade em que estava correndo. Sofia veio logo atrás também com uma garrafa de água. — Sara, é o Nick, eu estou aqui, está me ouvindo?- checou o pulso dela e disse desesperado para Sofia: — Está sem pulso.

A loira imediatamente ligou o rádio e avisou pra todo mundo escutar.

— Encontramos a Sara.

Assim que Grissom ouviu a voz de Sofia dizendo isso, seu coração só acelerou mais e ele foi correndo com Catherine para o carro.

— Não se preocupa, a gente vai tirar você daqui. Vai ficar tudo bem, fica tranquila.- Nick repetia mesmo que Sara não conseguisse responder por estar inconsciente. Mesmo assim ele queria que ela soubesse que cuidariam dela.

— Você vai ficar bem, Sara.- a loira que tanto havia enciumado a morena também falou com ela mesmo que Sara não estivesse escutando.

Grissom dirigiu quase na velocidade da luz e ao chegarem, o helicóptero de resgate e os paramédicos que Sofia chamou já estavam com Sara. A detetive e o perito haviam jogado água por todo o corpo de Sara pra ajudar a refrescá-la já que ela estava há tanto tempo naquele lugar e desidratada daquele jeito. Sara não respondia, ainda estava sem pulso.

— Ela ficou aqui o dia inteiro, mais de quinze horas.- Nick informou aos paramédicos.

Grissom chegou perto quando um dos paramédicos chamava por Sara e dizia que ela não estava respondendo. Entrou em desespero mais uma vez. Ela estava sem pulsação? Sua linda princesa havia partido?

— Tudo bem, vamos entrar com o soro.- disse um deles colocando uma máscara nela.

O supervisor viu o estado em que Sara estava, coberta de areia nas roupas, coberta de sangue também, o rosto machucado, o braço quebrado... Meu Deus, como ela havia sofrido naquele lugar, sozinha. Secou o suor da testa mais uma vez. Aquele calor só não estava o matando mais do que ver Sara caída no chão sem pulsação.

— Temos um movimento, mas ainda não é o pulso radial.

Já era uma boa notícia, tinha chance dela acordar… não é?

— Vamos lá, levante o soro.- Nick fez isso. — Muito bem, vamos carregá-la. Cuidado com o braço dela. Comigo, um, dois, três.- levantaram Sara na maca e a carregaram até o helicóptero.

Gil não saia do lado dela e assim que os paramédicos responderam a pergunta de Catherine, que a levariam para o Desert Palm, Grissom já deixou claro que iria com ela.

Sofia e Nick fecharam as portas do helicóptero e o mesmo partiu em direção ao hospital.

Os três suspiraram pelo alívio de achá-la a tempo. Mesmo que Sara estivesse sem pulso quando a acharam, ela ainda estava viva pelo movimento que viram ter. Aliás, ela era uma mulher forte, se tivesse desistido facilmente talvez fosse tarde quando a achassem. E não foi, ela havia aguentado firme e ia ficar bem.

Sofia não resistiu ao comentário.

— Vocês viram como ele ficou? Já viram ele assim?

— Não.- responderam.

— Nem quando Nick foi sequestrado eu o vi tão desesperado.

— Valeu Catherine.- Nick brincou pra descontrair.

— Não, não que ele não se importasse com você, Nick, mas… Grissom agiu como se não fosse mais haver razões pra viver se não encontrássemos ela.

No helicóptero…

— Desert Palm, estamos a caminho. Chegada prevista para seis minutos.- um dos paramédicos informava o hospital sobre a situação da paciente que chegaria. Enquanto isso, Grissom olhava pra ela e só conseguia pedir a Deus que ela abrisse os olhos.

Quando ouviu que tinham encontrado ela, seu medo diminuiu, mas ao chegar lá e ver que ela estava inconsciente só fez o medo voltar. Agora ela já estava com a pulsação voltando ao normal e ele só queria ver seus olhos castanhos olhando pra ele pra ter certeza de que aquele pesadelo havia acabado. Sara era sua vida e só de imaginar o que ela havia passado naquele lugar fazia seu coração despedaçar. Estava aliviado e ansioso. Aliviado por terem a encontrado viva e ansioso para abraçar, cuidar e proteger ela em seus braços.

Segurou a mão direita dela e observou seu rosto.

Os paramédicos estavam ajeitando ela dentro da aeronave para que ela ficasse confortável até que chegassem ao hospital. Grissom então percebeu um movimento facial. Ela estava acordando, estava abrindo os olhos!

Sara saiu de seu estado inconsciente e voltou pra realidade, e a primeira coisa que viu ao fazer isso foi o nome de Grissom bordado em seu colete.

Piscou algumas vezes pra acordar de fato e esqueceu dos paramédicos que a cercavam, ela só via Grissom ali, olhando pra ela e sorrindo por vê-la viva. Sentiu uma compressa fria ser colocada em sua cabeça por um dos paramédicos, mas seu corpo aqueceu quando sentiu Griss apertar sua mão e finalmente, depois de tudo o que passou, sentiu-se bem. Mesmo estando toda machucada e com dor, ele estava ali com ela. Não imaginava que o veria outra vez… e ela ficou o caminho todo assim, não desviava os olhos dele.

O olhar que ele lhe direcionava gritava as frases “eu estou aqui”, “vai ficar tudo bem”, “eu te amo”. E era tudo o que ela precisava.

 


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Notas finais do capítulo

Gente, finalmente saiu esse capítulo terrível, eu peço desculpas por não ter postado no domingo passado e por ter ficado tão grande, mas como eu disse, a Sara é a minha neném e esse episódio me dói na alma, descrever ele com detalhes foi muito difícil e eu estava bem mais que duas semanas pra conseguir escrever. Os capítulos que estavam saindo pra vocês antes desse já estavam todos agendados, eu já tinha escrito eles, então eu fiquei mais de um mês nesse capítulo aqui pra ele sair. Vendo assim pronto não parece, mas eu sofri pra terminar ele. E mais um bem difícil se aproxima, o 131, então eu peço mais uma vez a compreensão de vocês ^^ mas até lá vamos comemorar que ela tá viva e vai receber todos os cuidados do Griss ♥ Já adiantei bastante coisa enquanto não conseguia escrever Boneca Morta, esse foi o único lado bom.
Essa última cena é muito iti malia, eu não aguento *~*
O que acharam do capítulo? Deixem suas opiniões, eu mereço depois dessa luta toda kkkkk
Abraço de urso e até o próximo :3



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