Coleção de One-Shots escrita por Cherry Pitch


Capítulo 26
(THE FLASH) O Presidiário




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Eu não matei Nora, pensa Henry, encarando a parede da cela. Mas como ele poderia provar para todos ali? Ele era o único na casa, com exceção de Barry. Nenhum dos dois tinha matado sua esposa, mas como eles iriam saber?

 

Era a palavra de Henry contra os fatos.

A cabeça de Henry rodava. Nora Allen estava morta. Seria enterrada, seu coração tinha parado de bater. Aquele brilho, aquela vivacidade tinha ido embora dos seus olhos; Nora não sentiria mais alegria, amor, felicidade. Nem mesmo lágrimas escorreriam mais pelos seus olhos.

Henry preferia vê-la chorar do que pensar em seu rosto pálido, sem vida.

E era ele o culpado por matá-la! Como conseguiriam acreditar que Henry poderia matar Nora, a mulher que mais amou em toda a sua vida? Como poderiam acreditar que ele deixaria Barry viver sem os pais, mesmo que soubesse que Joe cuidaria de Barry tão bem quanto ele!

Henry fecha os olhos.

Barry. Ele ficaria sem um pai e sem uma mãe. Barry não pediria a ele conselhos amorosos, com as bochechas coradas. Nora não ia dar um tapa em seu braço, dizendo para ele parar de falar bobagem, e ela mesma começar a dar seus próprios conselhos. Eles não acabariam aquela conversa comentando sobre como se conheceram.

Os três não poderiam fazer passeios no parque de mãos dadas, sorrindo, como quase todas as famílias fazem. Henry não veria seu filho crescer, ele e Nora não cuidariam dos seus joelhos ralados, e nem ensinariam Barry a andar de bicicleta.

E sabia que não seria de fato o pai de Barry. Esse seria Joe. Toda a ligação que os dois teriam seria puramente biológica.

E Henry ainda estava contando que descobririam alguma prova qualquer para que soubessem que ele ao menos pensaria na possibilidade de matar Nora.

Se ele fosse libertado, o que demoraria bastante tempo, teria perdido toda a vida de seu filho, além da mulher que amava. Olhando para as paredes cinzentas da cela, Henry se pergunta se ainda vale a pena viver. Ele perdeu sua esposa, e, como se não fosse suficiente, perderia toda a vida de seu filho, sendo considerado culpado por um crime que não cometeu.

Henry sabia que continuaria refletindo se valia de fato a pena continuar vivendo por vários anos. Sabia que continuaria pensando em acabar com tudo durante todo o tempo que estivesse ali, encarando aquela parede cinza deprimente.

E também sabia que todas as vezes que colocava o telefone no ouvido e ouvia Barry falar sobre a sua vida, sobre como estava superando a morte da mãe, falando sobre suas paixões, sabia que, ao ouvir aquilo, a vontade de acabar com tudo diminuiria.

Sabia que Barry ficaria devastado ao saber que o pai tinha morrido. Barry ainda tinha um pai, mesmo que este não pudesse estar muito presente. Mesmo que tudo que tivessem fossem cinco minutos em um telefone, com um vidro entre eles. Um vidro de verdade, sem metáforas.

Partia o coração de Henry saber que eles tinha medo dele fazer alguma coisa. Esse era o motivo do vidro a sua frente, ele sabia. Eles tinham medo de Henry fazer algo como pular em cima de Barry e tentar apertar seu pescoço, ou algo do tipo.

 Pensavam em Henry como o assassino de Nora Allen, o assassino da esposa, algo que ele não era.

Tudo o que o fazia continuar vivendo naquela porcaria de cela deprimente era Barry. Era o garoto que amava ciências, que trabalhava na polícia científica, que era apaixonado por Iris West, a filha de Joe, que fazia Henry ter esperança de que poderia sair daquela maldita prisão um dia, e finalmente ver e falar com seu filho sem um vidro e telefones entre eles.


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